perda

1176 Words
Os dias foram se passando, Nick foi morar com Alice, Edgar até tentou o convencer de que não fosse, mas aquilo só resultou em mais uma discussão, apesar daquela situação com seu pai o preocupar, estava feliz, vivendo o que por muitas vezes havia imaginado viver com Alice, as noites de prazer, acordar com ela seus braços, com gestos de carinho, como o café da manhã na cama que recebeu dela naquele dia. — Nick, acorda. — disse ela baixinho para não assusta-lo, ele passou as mãos pelos olhos e os abriu a vendo sentada a seu lado. — bom dia meu amor. — bom dia, não queria te acordar, você estava tão lindo dormindo. — ele sorriu e logo em seguida a deu um abraço apertado. — eu te amo mais que tudo nessa vida Alice. — eu também te amo, trouxe café da manhã pra você. — Alice levantou e sob a cômoda pegou a bandeja e logo colocou sob o colo dele. — você é incrível. Em sua casa, Edgar se preparou para mais um dia de trabalho, foi até a cozinha tomar seu café da manhã por lá mesmo, não fazia sentido a enorme mesa da sala de jantar sendo que a dias só comia sozinho, Nick era a única família que tinha e sem ele Edgar havia ficado ainda mais solitário. Já na empresa Edgar e Nick estavam a conversar sobre a contratação de uma nova modelo para uma campanha importante, aquilo não tardou muito, pelas fotos escolheram uma a que julgaram perfeita para o trabalho. — ela tem todas as características que precisamos para a campanha, Mariah, vinte e cinco anos, um e setenta e cinco de altura, cabelos castanhos e olhos verdes — disse Nick que logo em seguida entregou uma foto a seu pai. — também havia reparado nessa moça, já trabalhou conosco, mas o contrato foi só para algumas fotos, ela tem potencial, bom é ela, tem a cara da campanha. — bom, então agora é só entrar em contato e passar o contrato, um ano não é isso? — questionou Nick. — sim. — ok, vou entrar em contato com ela agora mesmo, estamos com o tempo corrido — Nick levantou da cadeira a qual estava sentado e foi em direção a porta. — filho, como estão as coisas? — está tudo bem. — você faz falta em casa. — também sinto sua falta pai. — talvez você tenha razão, eu não a conheço, espero que as coisas tomem seu rumo. — vão tomar pai, o fato de ter mudado de ideia já é início. — Nick se aproximou e deu um abraço em seu pai, mas logo em seguida o celular dele tocou, era uma mensagem de voz, nela Alice disse que tinha algo importante para o contar, Edgar escutou o tom doce e suave, aquela voz o balançou mais uma vez. — vou indo, vou pedir que entrem em contato com a moça, logo ela deve dar o retorno. Quase sete da noite, Edgar esperava pelo jantar que estava a ponto de ficar pronto, quando de repente o telefone tocou, como Magda não estava por perto para atender, ele mesmo se encarregou de atendê-lo. — alô, quem fala? — é da polícia, gostaria de falar com senhor Edgar Hader. — sou eu mesmo. — peço que tenha calma... — vamos, diga o que houve, está me preocupando. — ouve um engavetamento sob uma ponte em um rio, alguns carros despencaram da mesma, um dos carros retirados da agua está registrado no nome de Nickolas Hader é seu filho não é? — sim — o coração de Edgar batia acelerado, o olhos estavam lacrimejando, o ar lhe faltando, mas reuniu forças e formulou uma frase.— e meu filho, onde está? — senhor, o carro está em péssimo estado, o corpo não foi encontrado, provavelmente foi levado pela correnteza. — um silêncio se estabeleceu, mas logo foi quebrado pelo barulho do telefone caindo no chão. — senhor, está tudo bem? — questionou Magda se aproximando. — não, o Nick...ele, ele está morto. — disse Edgar em um tom de voz desesperado, não queria acreditar que aquele abraço que havia dado em seu filho a umas horas atrás seria o último. — como, o que houve? — perguntou Magda já em lágrimas. — o carro dele caiu de uma ponte, não encontraram ele Magda. — se não encontraram ainda existe uma esperança. — não sei... — tenhamos fé. Naquela noite mesmo se iniciaram as buscas, mas as esperanças de encontrarem Nick eram poucas, Alice ficou sabendo do ocorrido pela televisão, então seguiu atenta a ela na esperança de que boas notícias chegassem, mas ela não aguentava mais o medo, o desespero, então pela manhã decidiu ir até a casa de Edgar em busca de notícias. A campainha tocou, uma das empregadas da casa foi até a porta para abri-la, Edgar estava sentado no sofá da sala, mas não tinha ânimo para levantar. — entre senhorita — assim que passou pela porta Alice o viu ali sentado, sem muito ânimo e coragem se aproximou. — senhor Edgar. — Alice... — me diga que tem notícias. — não, ainda não acharam nada. — eu tenho esperança de que vão encontrá-lo bem. — Alice, é quase impossível, amanhã as buscas serão encerradas. — disse Edgar, voz estava falha e soava sofrida. — não, eu preciso dele aqui, eu estou...estou grávida. — grávida? — ela apenas afirmou com a cabeça enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto. — muito conveniente não acha. — que? — meu filho morre e você logo em seguida aparece grávida e eu até cheguei a pensar que meus pensamentos sobre você estavam equivocados. — acha que estou mentindo? — saia daqui. — mas... — saia, ele a segurou pelo braço e a puxou até a porta com um tanto de brutalidade e logo depois de empurrá-la para o lado de fora da casa bateu a porta com força. Em lágrimas Alice voltou pra casa, tudo que lhe restava era chorar e pedir a Deus que lhe trouxesse Nick de volta, mas Deus tem seus planos e por isso nem tudo que queremos nos é dado. No dia seguinte, exatamente onze da manhã, deram por encerrada as buscas, Nick não foi encontrado, para desespero de Edgar e Alice, a dor lhes parecia estar levando um pedaço da alma, as muitas lágrimas não aliviavam o desespero e tampouco o trariam de volta, o sentimento de perda, impotência por não poder mudar o que havia acontecido passaram a ser os companheiros que restaram para eles. — senhor, descanse um pouco, vai acabar doente — disse Magda. — não posso, tenho um funeral para preparar. — mas senhor... — não diga nada Magda, eu preciso, preciso de ao menos um lugar para chorar, para deixar minhas homenagens , mesmo que o corpo dele não esteja lá, sei que de onde ele estiver vai ver o quanto o amo e seguirei amando — Magda assentiu, então saiu deixando Edgar sozinho.
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