A viagem de Edgar foi cansativa, cheia de reuniões, contratos para assinar e desfiles importantes que lhe tomavam mais da metade das noites, quando voltou a sua cidade estava exausto fisicamente e mentalmente também. Era início da tarde ele passou pela porta, a casa estava silenciosa, provavelmente seu filho não estava em casa, ele foi para seu quarto e depois de um demorado banho deitou em sua cama apenas coberto pela toalha que envolvia seu quadril, Edgar liberou um suspiro alto, em todos aqueles dias não havia parado de pensar em quando estaria na cama com Alice novamente, havia ficado altamente atraído por ela, então decidiu que a noite iria novamente aquela boate.
A noite Edgar se arrumou devidamente, desta vez estava mais despojado, nada de terno, usava uma camisa preta e um jeans escuro, quando enfim estava pronto pegou seu carro e saiu em direção a tal boate, ao chegar lá notou a fila ainda maior que da última vez, mais uma vez ele usou de sua influência para entrar no local. Edgar começou sua busca por Alice, estava sedento de desejo como a tempos não se sentia por uma mulher, ele a procurou em cada canto daquela boate mas não encontrou, pensou que ela possivelmente estava com algum cliente, se estivesse ele a esperaria, mas para ter certeza ele perguntou a um dos funcionários da boate.
— boa noite, Alice está trabalhando hoje?
— não senhor, infelizmente Alice não trabalha mais aqui, ao que parece ela arrumou um namorado que a levou embora.
— bom, é uma pena para mim — Edgar sentiu-se entristecido, provavelmente não a veria mais e se visse não poderia mais tê-la em seus braços, a final ela havia arrumado um namorado, sem nada para fazer ali, ele foi embora um tanto frustrado.
Edgar seguiu com suas ocupações, aquele mês foi cheio, mesmo assim ele não deixou de lembrar daquela incrível noite, vez ou outra as lembranças lhe invadiam a mente, os gemidos ecoavam em sua cabeça e o tiravam de seu foco.
— pai, pai, papai — disse Nick alterando um pouco a voz para o retirar de seu transe.
— filho, não lhe vi entrar. — disse ele sem graça.
— percebi, tive que gritar para que notasse minha presença, bom, aqui os documentos que havia pedido.
— parece nervoso, algum problema?
— nenhum pai, na verdade é uma coisa boa.
— o que?
— a noite vou levar alguém muito importante para jantar conosco, por favor preciso que esteja presente.
— alguma namoradinha não é?
— bem mais que isso, encontrei a mulher da minha vida. — disse Nick em meio a sorrisos. — vou indo, vou pedir para que preparem um belíssimo jantar, não esqueça e não se atrase, quero lhe apresentar ela.
— não se preocupe filho, estarei lá.
Já em casa Nick pediu que preparassem a comida e que arrumasse devidamente a mesa já que teriam convidados, Magda governanta da casa estava animada, nunca havia visto Nick tão animado para trazer uma garota em casa, ela então se ofereceu para fazer daquele um jantar perfeito.
— querido, a tempos não lhe vejo assim tão animado — disse Magda.
— é o amor Magda, estou apaixonado por ela.
— ela deve ser uma moça maravilhosa.
— é sim Magda, doce, meiga, carinhosa e linda — Nick falava com tamanha admiração que era até bonito de se ver.— agora vou para o quarto, preciso me arrumar, prepara tudo Magda, vou me trocar em seguida buscar ela.
— claro querido.
Quando já estava pronto, Nick saiu em seu carro para buscar sua amada, ao chegar no apartamento onde ela estava a morar, tocou a campainha e sorriu ao vê-la.
— está maravilhosa.
— tem certeza Nick?
— nervosa?
— muito.
— não sei por que, você é a mulher mais perfeita do mundo, impossível meu pai não gostar de você, vamos. — disse ele estendendo a mão para ela.
— só vou pegar meu celular.
Edgar chegou em casa no início da noite e foi direto para seu quarto se preparar, quando estava pronto desceu a escada e na sala encontrou seu filho que havia acabado de chegar com a namorada, em seu rosto estava estampada a surpresa.
— Nick...essa é sua namorada?
— essa mulher é o amor da minha vida, pai essa é Alice, Alice esse é meu pai — a cara dos dois demonstrava o espanto, ela estava tão envergonhada que até ficou vermelha, mas tentou ao máximo disfarçar.
— senhor Edgar...é um prazer lhe conhecer. — disse ela claramente nervosa.
— o prazer é meu — disse ele um tanto descontente.
— vem, vamos sentar enquanto o jantar não fica pronto — Nick a guiou pela mão e Edgar os seguiu, estava preocupado com aquela situação, preocupado com seu filho.
Nick conversava animadamente, Alice apenas fazia gestos com a cabeça, Edgar olhava a cena tentando demonstrar normalidade, mas sua vontade era dizer ali mesmo que a namorada de seu filho era uma prostituta, ele estava com uma raiva inexplicável, mas não quebraria os sentimentos de seu filho de forma tão abrupta.
— eu vou no quarto pegar uns álbuns de fotos que tenho guardado, volto logo amor.— Nick levantou, deu um rápido selinho em Alice, Edgar desviou o olhar e só tornou a olhá-la quando seu filho subiu a escada.
— o que pensa que está fazendo? — Edgar questionou.
— nada, eu não imaginava que Nick era seu filho.
— nisso até acredito, mas que sinta algo por meu filho é difícil de acreditar.
— eu gosto do Nick, de verdade.
— me poupe, achou que seria fácil dar um golpe no meu filho? Mas eu não vou permitir.
— eu não estou querendo dar um golpe nele, eu o amo.
— você é uma p**a.
— não sou.
— não é? Senhorita prostituta, pois lembro muito bem de ter pagado para lhe ter em meus braços — ela desviou o olhar sentindo seus olhos se enchendo de lágrimas, então disse.
— eu não sou, não mais — com aquelas palavras ele lembrou-se do que o funcionário daquela boate havia dito a ele, sobre Alice ter ido embora com o namorado.
— se Nick soubesse o tipinho que você é, jamais teria se envolvido com você, imagino bem como o conquistou, mas pode ter certeza de uma coisa, nessa família você não vai entrar, irei fazer o que for possível para lhe afastar de Nick, não vou permitir que estrague a vida dele, sua golpista.
— demorei um pouco pois não estava encontrando os álbuns, Alice está tudo bem? — ele questionou ao ver sua namorada com os olhos vermelhos e lacrimejando.
— Nick...não estou me sentindo bem.
— quer que eu te leve pra casa? — questionou Nick, ela afirmou com a cabeça, já não podendo conter as lágrimas, que escorriam discretamente pelo rosto dela. — pai, preciso levar Alice em casa. — Edgar não disse nada, apenas ficou a olhar aquela cena enquanto se perguntava se havia pegado pesado demais. Nick sem demora segurou a mão de Alice e a guiou até a garagem onde estava seu carro. — Alice, aconteceu algo? — perguntou demonstrando sua preocupação.
— não, eu só...só não estou me sentindo bem — disse ela entre soluços de seu choro, então levou a mão a barriga sentindo uma pontada em seu ventre e se curvou um pouco, Nick a amparou e a ajudou a entrar no carro.
— vou te levar no medico.
— não precisa, é só cólica, me leva pra casa.
Nick dirigia rapidamente pelas ruas, Alice estava encolhida no banco com a cabeça encostada no vidro da janela, ele estava um tanto preocupado, mas não queria incomodá-la com perguntas que ela provavelmente não responderia, mas ele sabia que havia algo de muito estranho naquilo. Quando chegaram ao apartamento que Nick havia alugado para Alice morar, ela abriu a porta e juntos entraram.
— quer ficar sozinha não é? — ele questionou a dando um forte abraço.
— sim, você me conhece tão bem.
— eu te amo Alice, errado seria não te conhecer, fica bem ok, qualquer coisa me liga.
— tá — ele deu um beijo na testa dela em seguida saiu, Alice foi para seu quarto, lá ela se despiu e entrou no banheiro, em baixo do chuveiro sentiu mais uma vez aquela ponta no ventre, seguida de uma dor constante, ao olhar para baixo viu sangue escorrendo entre suas pernas, era um pouco mais do que costumava vir em seus ciclos menstruais, mas nada preocupante, ela atribuiu aquilo ao momento de estresse que havia passado.
Ao fim do banho, Alice colocou um pijama, tomou um remédio para dor e deitou em sua cama, estava chateada com o que havia acontecido e ao mesmo tempo tomada pelo medo de que Edgar conseguisse afastar ela de Nick.