Soley
Acordei no meio da madrugada com uma dor de cabeça terrível, mas ao chegar na sala me deparei com Amélia e Edgar bebendo no sofá e rindo horrores.
— Eu… — Amélia levantou rápido ao me ver chegar e Edgar fez o mesmo.
— Minha nossa, que vergonha! — Sentei no chão apoiando as costas na parede enquanto minha cabeça doía. — Eu bebi tanto assim?
— Você caiu em cima dos cacos de vidros e se feriu um pouco. Eu te coloquei na cama e sinceramente, por que não me contou que conhecia o Edgar?
Será que ele disse alguma coisa sobre mim? Não que eu queira esconder isso de Amélia, mas nem tudo tem que ser dito, assim como ela também tem seus segredos.
— Será que eu posso lembrar disso depois? — Peguei a taça de vinho que Amélia estava bebendo e sorvi um gole, era vinho branco e eu detestava o gosto. — Você já teve escolhas melhores, Edgar.
— Pois faça-me lembrar delas, Soley. — Edgar ainda parecia sóbrio, mas Amélia já estava rindo a toa.
Alguns minutos se passaram até que Yan acordou para beber água e quando Amélia deitou pegou no sono junto a ele, então aquele foi o momento perfeito para conversar com Edgar sério.
— Bem… o que eu posso dizer a você? Já conhece a minha amiga, o filho dela e minha casa. O que mais quer saber sobre mim? — Perguntei enchendo o copo se whisky e sentando ao seu lado, mas antes mesmo que eu pudesse beber, Edgar pegou o copo da minha mão e bebeu todo o líquido de uma só vez.
— A verdade sobre você. Por que mentiu pra mim? Eu jamais quis me intrometer na sua vida, mas o fato de você nunca me dizer nada sobre você me deixou desconfiado e hoje eu tive a oportunidade de conhecê-la melhor. — Suspirei e decidi falar toda a verdade.
— Eu me meti nessa pra ajudar o meu noivo, quer dizer, ex-noivo e de certa forma criei um afeto por você. Eu precisava de uma grana extra pra pagar os custos dele no hospital, já que a sua família havia lhe abandonado após ele entra em coma e só ontem eu descobri o porque ele foi bater o carro, claro que não foi de propósito, mas ele estava nervoso e acabou batendo capotando o carro, mas eu sair ilesa e ele se ferrou. Depois disso, eu acabei me entregando a bebida de certa forma, era o que me deixava "aliviada" e eu não consigo me sair depois de um tempo. Mas, eu gostava de sair com você, hoje eu estava disposta a dar um fim no que tínhamos, mas parece que nem foi preciso eu ir até você. — Edgar nada disse, apenas cerrou os olhos e me beijou.
Eu estava entregue a ele. Edgar sempre foi carinhoso comigo, não tínhamos relações quando eu não estava me sentindo bem e ele respeitava isso. Eu estava quase prosseguindo, seria errado termos uma última noite de prazer? Não, mas eu não queria continuar com esse vínculo que tínhamos antes. Separei nossos lábios sorrindo, enquanto ele me olhava sorrindo também.
— A partir de hoje eu vou começar uma nova vida.
— Posso lhe dizer que estarei aqui sempre por você e por essa doidinha da sua amiga. Posso contar com você para sermos amigos a partir de hoje? Eu sei que não me quer, mas eu não me importo com isso, eu quero te ver bem e isso é o que mais importa agora pra mim.
— Por acaso está interessado na Amélia? Não é nada, é só que… vocês pareciam estar se dando tão bem e…
— Digamos que ela é uma mulher de garra e mulheres assim me chamam a atenção.
— Perfeito! Podemos ser amigos, claro, mas não quero que se preocupe comigo, eu estou bem e se caso não estiver irei ficar.
Conversamos um pouco sobre Amélia e eu vi os olhos de Edgar brilhar.
— Ela não sabe sobre o que tivemos, além disso ela é uma mulher forte e maravilhosa, posso dizer com toda certeza do mundo que é a pessoa mais maravilhosa que eu conheço nesse mundo e a que nunca larga a minha mão.
Entre conversa vai e conversa vem, eu não conseguia esquecer o Leonardo e o quanto eu queria ligar pra ele, mas percebi em seus olhos o quão chateado ele ficou com tudo que aconteceu e eu não o julgo, sei que a errada era eu e somente eu.
Marcelus
Minha mãe exibia um sorriso de canto a canto e quando ela está assim, é porque alguma coisa deu certo pra ele. Surpresa mesmo era ela estar aqui, pois eu pude ouvir todas as vezes em que ela dizia que eu era um fardo em sua vida.
— Não esperava vê-la tão cedo por aqui, o que quer? — Eu estava bem, até os médicos disseram que era um milagre eu ter acordado tão bem depois de anos. Algumas coisas eu ainda não estava raciocinando, mas pude ouvir muitas coisas também durante esses anos, apenas não podia falar nem abrir os olhos.
— Eu não posso visitá-lo? Além disso, acho que sua noivinha não vai mais vir aqui te ver depois do que ela soube.
— A senhora como sempre é cheia de novidades. Não espero nada bom que venha da senhora, Joeli.
Me virava na cama com um certo desconforto e enquanto a enfermeira estava na sala ela não falava mais nada, apenas sorria de forma maléfica e divertida, para ela.
Soley não veio ontem e nem hoje e isso me preocupa, pois de Joeli eu não espero nada de bom que venha dela, afinal, eu sei que Soley já sabia tudo sobre mim e me admiro muito dela ainda continuar vindo aqui, mas de uma coisa eu tenho certeza: não irei desistir dela depois que eu sair desse hospital, se hoje eu estou vivo não é graças a minha família, mas sim, graças ao amor que Soley tinha por mim e jamais me abandonou em momento algum. Eu precisava lhe dizer a verdade sobre mim.