Capítulo 2-2
999 Words
"CARL!!!" Luna Tammy gritou com todas as forças.
"O que foi agora?" Ele respondeu enquanto entrava na cozinha momentos depois. "Cadê o café da manhã?", ele franziu o cenho desaprovando ao ver a falta do mesmo.
"Papai! A Sierra estava espionando meu quarto!" Heather resmungou.
"E ela foi desrespeitosa comigo!" Tammy interrompeu.
Alfa Carl me olhou por um momento antes de passar seu julgamento. "4 marcas".
Eu sentia pedras afundando em meu estômago enquanto Tammy e Heather se iluminavam alegremente. Poucos momentos depois, o Gamma Tyler apareceu e colocou algemas de prata em meus pulsos, usando luvas grossas para não tocá-las. Prata e erva-loba eram as únicas fraquezas que os lobisomens possuíam. Ambas queimavam como o inferno. Eu já sentia minha pele começando a descamar enquanto Gamma Tyler me conduzia até o centro.
O centro era literalmente isso, o centro da matilha. É onde o Alfa Carl costumava aplicar todos os castigos. Havia um grande tronco de árvore com ganchos ao redor. Lá, um de seus guerreiros iria executar o castigo. '4 marcas' significava que eu receberia 4 marcações com um pedaço de metal misturado com prata. A prata adicional faria com que uma cicatriz ficasse. Lobisomens têm cura acelerada, duas vezes mais rápida do que a de um humano, sem deixar cicatrizes. Mas qualquer coisa com prata sempre deixa algo para trás.
"Você conhece o procedimento", disse o Gamma Tyler.
Infelizmente, essa não foi minha primeira marcação. Já tive outras 8 por outros 'delitos atrozes' ao longo dos anos. Uma vez por estar doente, outra por derrubar um copo quando Heather me empurrou, a lista continua. Nunca antes havia recebido 4 de uma vez. Levantei hesitante meus braços até o tronco, onde o Gamma prendeu as algemas a um dos ganchos. Ele levantou minha camisa, a puxou até o pescoço e jogou meu cabelo por cima do ombro. O guerreiro de plantão começou a colocar a marca de cinco polegadas de diâmetro no fogo quente. A espera agonizante começou. Eu podia sentir os membros da matilha se reunindo a certa distância para assistir horrorizados ou encantados, talvez ambos. Naquele ponto, eu não tinha certeza."Tu, Sierra Wilson, neste dia, deves receber 4 marcas por desrespeitar a nossa Luna e a filha de nosso Alfa." Proclamou Gamma Tyler.
Eu podia ouvir o guerreiro de plantão retirar a marca do fogo. Olhei estupidamente por cima do ombro, estava incandescente. Deusa me ajude. Minha respiração ficou superficial e pude sentir o sangue drenando do meu rosto. Voltei para o meu posto, me concentrando nas marcas de garras que, sem dúvida, eram minhas da última vez.
"Conta, escrava" sussurrou Heather no meu ouvido.
Não demorou um momento, senti a primeira marca queimar em minha pele. Minha pele estava quente ou fria? Não consegui decidir, pois a adrenalina entrou em ação e soltei um grito de dor.
"Conta!" Ela gritou desta vez.
"Um" eu disse com a respiração trêmula. Tive que me concentrar na minha respiração ou desmaiaria com certeza.
A segunda marca foi igualmente r**m, se não pior, atingindo o meio das minhas costas, sobre a espinha dorsal.
"Dois" mais uma respiração trêmula. "Ahh"
"Três" Deusa me ajude. Minha loba choramingou em minha cabeça.
"Quatro" disse baixinho, sentindo alívio ao saber que era isso.
"CINCO E SEIS" Heather gritou, marcando mais duas marcas em minhas costas já danificadas. Pude sentir minhas lágrimas fluindo livremente e a coriza escorrendo pelo meu rosto enquanto tentava me recompor e salvar o pouco de dignidade que me restava. Ouvi vagamente Gamma Tyler repreendendo Heather por ter adicionado duas marcas por conta própria, desobedecendo as ordens do alfa. Mas nada seria feito a respeito. Nunca era.
"Já está ficando sem espaço aí, escrava." Heather riu enquanto se afastava.
Uma vez que acabasse o espaço nas minhas costas, estaria terminado. Tipo, terminado mesmo, sentença de morte. Ordem do alfa. Não acho que já tenha conhecido alguém que ficou sem espaço, mas sabia que agora estava muito mais perto. Senti minhas algemas sendo soltas e caí no chão pela segunda vez hoje. Deusa, deveria ter ficado na cama e fingido estar morta. Quando disse que queria sair hoje, não era isso que tinha em mente.
Fiquei ali deitada por horas, o sol começou a se pôr e finalmente encontrei forças para me levantar. Teria uma montanha de trabalho para colocar em dia. Mas isso poderia esperar. Se essa fosse minha única oportunidade, eu a aproveitaria. Fui lentamente me arrastando pela floresta até encontrar um pequeno lago. Ele me chamava. Cuidadosamente, me desfiz das minhas roupas, sem me importar se alguém estava por perto ou não. Embora eu tivesse audição excepcional e soubesse que não havia ninguém por perto. Os únicos sons eram os da natureza e meu estômago se revirando. Meus pés foram os primeiros a entrar nas águas frias de setembro. O resto de mim seguiu o exemplo, indo devagar conforme minhas costas começaram a emergir nas águas escuras e geladas. Flutuei de costas, olhando para as estrelas enquanto minha dor começava a diminuir. Felizmente, eu parecia curar bem rapidamente, mais rápido do que um lobisomem comum, provavelmente por ser um híbrido.
"Como chegamos até aqui?" perguntei a ninguém. Minha loba estava em silêncio, sem dúvida ponderando sobre nossa vida como eu estava. Não éramos ruins. Talvez um pouco insolentes demais, mas por uma boa razão. Por quanto tempo você pode ser empurrado antes de empurrar de volta? Quanto tempo levaria para se respeitar o suficiente para se defender? Nunca recuei antes. Por que começar agora?
"Precisamos sobreviver", disse minha loba.
"Por quê?" Minha voz quebrou em minha própria cabeça.
"Nosso companheiro precisará de nós", Sienna choramingou.
"Não sabemos nem se algum dia o encontraremos." Essa ideia me deixou triste. Não era incomum os lobos nunca encontrarem seu companheiro destinado. Tantas matilhas, tanto território para cobrir. Muitos lobos acabam escolhendo um companheiro após certa idade. Não pensei muito no meu companheiro, já que dificilmente conseguia sair da sede da matilha. Talvez um dia as coisas mudem. Só posso sonhar.
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