Desejo Ardente - Livro 2 série Desejo

Capítulo 7

LARA

Descemos as escadas em um estranho silêncio. Blake tem um sorriso apagado nos lábios e começo a me perguntar se ele está arrependido de ter ficado comigo.

Sua mão direita está na base da minha coluna enviando arrepios acalorados para meu corpo.

Quando apontamos na sala, Melissa estava ao lado da escada e nos olhava com um pequeno sorriso.

Ela pega em minhas mãos e me leva para um pequeno cômodo reservado, abre a porta acendendo um interruptor.

O ambiente se ilumina revelando ser o banheiro. Ela vasculha uma porta do pequeno armário embutido e retorna para mim com um pequeno frasco em uma das  mãos.

Vira-me para o espelho e desliza seus dedos por alguns pontos vermelhos em meu pescoço.

Arregalo os olhos, mortificada. O que ela vai pensar de mim, me vendo nesse estado? Com certeza como uma oferecida por estar trancada no quarto com seu filho praticamente transando.

Ele passa uma base líquida por todas as manchas aparentes e suspiro.

— Mel, eu queria pedir desculpas. Vocês me convidaram e eu não… 

Ela me interrompe com um sorriso tranquilo nos lábios. Em seguida me vira em sua direção me olhando nos olhos.

— Ei, está tudo bem. Vocês são adultos, não precisa explicar nada — sussurra, arrumando alguns fios do meu cabelo, o jogando por cima dos ombros, uma tentativa de ofuscar ainda mais minha vergonha. — Eu só peço para irem devagar, meu filho é um bom homem. Nunca fará nada para magoar você. Mas há coisas que precisam ser resolvidas antes. Só tenha paciência com ele, ok? — Sorri. — Ele te falou algo? — Pergunta arqueando uma sobrancelha.

Acho estranha sua pergunta, mas dou de ombros mentalmente e respondo.

— Não. — Mordo o lábio sem graça— Não deu tempo de conversarmos.

Ela balança a cabeça massageando suas têmporas.

— Tudo bem. Uma coisa de cada vez. Vamos voltar para a sala e desfrutar do jantar que preparei. — Enlaça seu braço ao meu e me arrasta para a sala onde encontramos todos muito envolvidos em algo que um moreno, careca, falava.

Seus olhos castanhos deslizaram em minha direção e logo Bea fez as apresentações. Noah, seu noivo, é professor de literatura em uma universidade. Ele é bem-humorado, arrancava sorrisos de todos.

 O jantar correu super bem, e o auge dele foi quando o noivo pediu a mão da noiva para o pai. Adam, embora parecesse feliz, fez inúmeras recomendações para ele. Coisa de pai que realmente ama os filhos. Esse é o tipo de carinho e zelo no qual nunca experimentei. 

A mãe de Bea participou em um vídeo chamada, Ester e seu marido viajaram para comemorar o aniversário de casamento e deu um puxão de orelha no genro por não ter esperado eles voltarem. 

Mas ela não estava chateada e sim feliz pela filha, enfim, formará sua família.

Sorrio vendo o brilho apaixonado no olhar de Beatriz, é nítido que ele a faz muito feliz.

De soslaio percebo alguns olhares de Blake em minha direção. Sinto-me desconfortável, porque no jantar inteiro ele m*l abriu a boca e quando sorria não parecia ser verdadeiro e sim forçado.

Eu sei o que isso significa, está estampando em sua cara. 

Arrependimento!

Não consigo ficar no mesmo ambiente que ele e anuncio minha partida. Despeço-me e agradeço pelo convite e o carinho de todos. Vitória pegou meu número de telefone prometendo ligar para marcarmos algo.

Gabe se oferece para uma carona, mas Blake é mais rápido. Agradeço aos dois e informo que estou de carro. Quando me viro para ir embora ele me alcança agarrando meu cotovelo e mais uma vez aquela droga de sensação percorre meu corpo.

Afasto-me delicadamente do seu toque e ele me olha em uma súplica silenciosa.

Melissa se aproxima e sussurra algo em sua orelha, mas tenho a impressão que era algo relacionado a mim, Blake me olha rapidamente e abaixa a cabeça confirmando.

Ela deixa um beijo na bochecha do filho e sorri em minha direção.

Sigo para fora sentindo a brisa fria me arrepiar da cabeça aos pés. Atrás de mim, percebo sua presença, o calor exalava do seu corpo.

Em questão de segundos, sinto seus braços fortes me envolver. Leva uma eternidade para minha mente finalmente reagir e novamente me afastar dele.

— Não precisa me acompanhar. Estou bem, pode voltar lá para dentro — Murmuro, abrindo a porta do meu carro.

Ele a fecha bruscamente e se aproxima tocando meus braços.

— Lara… — Começa parecendo buscar as palavras certas.

— Blake, não precisa falar nada. Está estampando na sua cara que você se arrependeu do que rolou… entre nós! — Sussurro — Está tudo bem. Eu sou adulta, posso lidar com isso.

Ele me fita com os olhos arregalados.

Suspira correndo as mãos no cabelo. Já notei que sempre faz isso quando está nervoso, como agora.

— Você achou… — sorri balançando a cabeça.

Cruzo os braços arqueando uma sobrancelha.

Não entendo qual é a graça.

Quando abro a boca para falar algo, sou prensada contra a porta do meu carro e Suspiro quando sinto seus lábios macios nos meus.

Blake aprofunda o beijo deslizando as mãos pelo meu corpo, descansando-as na base da minha coluna. Sua ereção pulsando forte e sinto perfeitamente toda a sua anatomia.

Ele se afasta mordiscando meu lábio inferior.

Em seguida cola nossas testas com os olhos fechados.

— Eu não me arrependo de nada— Sussurra— Faria tudo de novo. Beijaria você, até não poder mais. Sentiria você gozando em meus dedos, em minha boca e… colo nossos lábios, excitada e envergonhada por escutar essas palavras saírem da sua boca.

Quando nos afastamos por falta de ar, ele me encara e me abraça.

— Lara, eu tenho muita bagagem comigo e antes de começar qualquer coisa com você, preciso resolvê-las. Por favor, não desista de mim. Sou um pouco complicado. — Murmura sorrindo.

Acaricio sua face e descanso minha cabeça em seu peito, escutando as batidas do seu coração— Eu nunca te magoaria, acredita em mim — Sussurra em meu cabelo e seu tom de voz pareceu angustiado.

Levanto a cabeça encarando seus olhos verdes, tão bonitos e sinceros que fazem meu coração saltar no peito. 

Nós despedimos e Blake afirmou que iria ao meu apartamento para conversarmos melhor. Não perguntei quando será, para não parecer desesperada, embora estivesse.

Teve despedida com um beijo de tirar todo meu ar e Blake se oferecendo para me acompanhar. Neguei, por mais que tivesse adorado essa ideia.

Pensar em Blake no meu apartamento, nós dois sozinhos. Nossa, me deu até calor! Mas escutei ele comentar que terá plantão no hospital logo cedo, não quis atrapalhar.

Dirijo todo o caminho cantarolando uma música de Adele. Chego em casa tirando toda minha roupa antes mesmo de chegar em meu quarto. Tomo um banho e me deito só de calcinha, me lembrando do toque quente de Blake em meu corpo e seus lábios deliciosos nos meus. E com essa lembrança adormeço completamente.

**********************

— Então, como foi o jantar na casa do doutor gato? — Emma pergunta tomando um gole do seu café.

— E o seu compromisso, se saiu bem? — Desconverso e olho por cima da xícara pegando o seu olhar semicerrado em minha direção.

Ela põe a xícara sobre a mesa delicadamente e aponta o dedo em riste.

— Okay! Te conheço não é de ontem Lara Lince Gurgel— Murmura e lhe envio um olhar de aviso com a pronúncia do meu último nome. Ela sabe que eu odeio e não costumo usá-lo.

— Ou aconteceu algo muito bom, ou muito r**m… então?

Balanço a cabeça soltando um pequeno sorriso. Não consigo deixar de sorrir, ainda mais quando me lembro de tudo que aconteceu ontem a noite.

 Menos a parte em que Blake ficou estranho.

Conto tudo que aconteceu para Emma que sorri maliciosa. Apesar de estar queimando de vergonha, ela é minha única amiga e confio plenamente nela.

Quando termino de contar ela fica séria como se analisasse os acontecimentos.

— Não vai falar nada? — Pergunto colocando minha xícara e a dela, dentro da pia.

Ela se levanta e se encosta na bancada atrás de mim.

— UAU! Primeiramente. Pelo visto você aprenderá muito com nosso doutor, principalmente sobre anatomia do corpo. — me lança um sorriso descarado e acabo jogando um pano de prato em sua direção. 

Ela cessa o sorriso e me olha.

— É… achei estranho a atitude dele após… você sabe, vocês dois— Emma toma uma pausa como se escolhesse as palavras e sei o que ele deve estar pensando, pois, confesso que eu estou pensando o mesmo.

— Tem certeza que ele não tem ninguém? Uma paquera ou um lance casual, que seja?

Suspiro profundamente sentindo meu estômago se contorcer.

Lembro-me das palavras da mãe dele e agora as suas, e tudo parece fazer sentido.

“ Ele nunca me magoaria.”

Emma me abraça percebendo o meu silêncio.

— Você disse que ele virá procurá-la, então converse com ele, tire suas dúvidas. Ele gosta de você, Lara. Aquele olhar que ele lançou em sua direção… já gostava mesmo não sabendo que era você naquele hospital!

Ela sorri e sinto meu coração acelerar.

Espero que eu não quebre a cara como inúmeras vezes já aconteceu. Não sou uma pessoa de confiar facilmente em ninguém. Ter o coração partido novamente, não será algo que eu possa lidar mais uma vez.

Dois dias se passaram e nada dele aparecer. Trocamos algumas curtas mensagens, e a cada dia que passava, aumentava ainda mais a minha ansiedade. 

Sinto que ele está me evitando e isso machuca, me obrigo a parar de pensar nele e começar a pensar em mim.

Tomo um banho e coloco uma blusa larga que uso para dormir e resolvo assistir um filme na Netflix. Alguma comédia, de drama já basta minha vida. Me lembrei que minha mãe sempre falava essa frase e como era divertido assistir a um filme em sua companhia. Emma está trabalhando feito louca e nunca para em casa. Não me restam alternativas, a não ser assistir um filme, solitariamente.

Preparo uma tigela com pipocas e um copo com refrigerante. Levo tudo para a sala e me sento procurando um filme pacientemente no catálogo da Netflix. Paciência é a chave.

Acabo escolhendo o filme Click, com Adam Sandler. Adoro esse ator, confesso que acho ele charmoso.

Com alguns minutos do filme rolando a campainha toca e franzo o cenho.

Não pode ser um visitante, seu Jorge, o porteiro, não interfonou. Levanto-me rumando até a porta. Pode ser até o próprio querendo informar algo. Abro a porta e meus olhos se arregalam.

Sinto meu coração pulsar quase saindo pela boca. Aperto a maçaneta com força e sorrio minimamente. 

— Oi!