Eles partem em direção à mansão, tinha algo que Aurélio precisava lidar que estava na sua cabeça desde o dia que tinham encontrado Dandara pressa no porão da casa de Luciano.
_ Preciso que reúna algumas pessoas e faça uma investigação para mim, Bernardo. - diz ele.
_ Sim Don, basta dizer o que deseja que seja investigado. - responde ele.
_ Quero saber o nome de cada pessoa que tocou aquela garota, quero os seus endereços, e principalmente, eu quero a cabeça de cada um deles. - diz ele de forma sombria. Aurélio podia ser considerado um monstro para muitas pessoas, mas havia algumas coisas que ele não tolerava, e o abuso era uma delas.
_ Será feito Don. - responde Bernardo.
Assim que chegam na Mansão Aurélio vai direto para seu escritório, mas ele não conseguia se concentrar na papelada a sua frente, a sua cabeça estava longe naquele momento. Pegando o seu telefone ele resolve perturbar alguém que já tinha dias que ele não ligava. Nada lhe dava mais inspiração do que tirar Yuri do sério.
_ O que você quer? - vem a voz de Yuri ao telefone depois de alguns toques.
_ Nossa! Que mau humor é esse russo, até parece que não tá pegando ninguém, - diz Aurélio rindo ao imaginar a cara de Yuri.
_ Vai se f***r Aurélio! Me ligou para encher o meu saco foi! - diz Yuri irritado.
_ Com toda a certeza, estava aqui sem nada para fazer e resolvi incomodar o meu russo favorito. - diz ele provocando-o.
_ Você não tem jeito. - diz Yuri com um suspiro frustrado.
_ Já escolheu o presente dos nossos afilhados? - pergunta ele sabendo o quanto Yuri era competitivo.
_ Não vou te contar o que comprei Aurélio! - diz ele.
Era sempre daquele jeito a conversa deles quando se tratava dos gêmeos de Síria, a competição era acirrada entre os padrinhos, algo que eles estavam levando a outro nível.
_ Você é muito sem graça Yuri, ainda com ressentindo por causa da última vez? - pergunta ele segurando o riso. A ideia de dar uma boate aos gêmeos tinha partido de Yuri, mas Aurélio o tinha feito mudar de ideia, então ele tinha acabado comprando dois cavalos puro sangue para as crianças.
_ Você foi muito sacana Aurélio, não vou esquecer isso! - diz ele bravo.
_ Qual é Yuri! Isso é passado esse ano é diferente. - diz ignorando as palavras de Yuri. - Estou pensando em alugar um parque de diversões por um dia inteiro, acho que seria legal.
Aurélio não estava mentindo para Yuri, ele realmente pensava em fazer aquilo, na Fênix tinha várias crianças e seria divertido vê-los num parque de diversões.
_ É uma ideia interessante, fique a vontade. - diz ele.
_ Eu vou mesmo, - responde ele. - Mas mudando de assunto, como andam as coisas por aí?
_ Um pouco tensas, a minha cabeça parece que vai explodir. - dia ele frustrado.
_ Problemas com o conselho?
_ Quem dera fosse, preferia mil vezes enfrentar os meus piores inimigos apenas com um canivete a lidar com isso. - diz ele.
_ Nossa! O que pode ser tão r*im para você desejar isso? - pergunta Aurélio surpreso.
_ Minha irmã, aquela louca vai acabar me matando! - responde ele e Aurélio já imaginava o russo puxando os cabelos.
Aurélio sabia que Yuri tinha uma irmã gêmea, mas ele nunca a tinha visto. Ele nunca ia até a casa de Yuri e a irmã dele não ia a reuniões que eles tinham normalmente na Fênix, então para ele ela era um grande mistério.
_ Finalmente alguém para te dar um pouco de dor de cabeça. - diz ele rindo.
_ Estou com tanta raiva que ninha vontade era ir aí e te esganar Aurélio! - responde Yuri.
_ Eu sei que você me ama Yuri, não precisa fazer declarações de amor. - diz ele rindo. Aurélio podia ouvir a respiração irritada de Yuri ao telefone.
_ Você é muito irritante Aurélio. - diz ele.
_ Fazer o que, é um dom. - responde tranquilamente. - Não esquente a cabeça com a sua irmã, tudo se ajeita com o tempo.
_ Eu sei, mas sempre vou me preocupar com ela. - responde ele.
_ Esse é trabalho de ser irmão, - diz Aurélio lembrando-se do trabalho que Emílio lhe dava. - Se cuida russo, sabe onde me encontrar se precisar de algo.
_ Eu sei, até mais Aurélio. - diz desligando.
A conversa deles sempre terminavam da mesma forma, e assim a amizade perdurava já tinha uns anos. Ambos sabiam que apesar das provocações eles estariam lá um para o outro em caso de necessidade, e isso era o que mais importava.
Algum tempo depois Aurélio ouve uma batida na porta do seu escritório.
_ Entre! - grita ele. Calebe entra em silêncio fechando a porta atrás de si. - O que foi Calebe?
_ Vim apenas agradecer por mais sedo Don. - diz ele de cabeça baixa.
_ Só fiz o que devia ter feito por um dos meus. - responde Aurélio voltando a examinar os documentos a sua frente.
_ Mesmo assim eu queria agradecer. - insiste ele. Aurélio deixa os papeis sobre a mesa e olha com atenção para seu soldado de confiança.
_ Gosto de você Calebe, é um homem leal e sabe ser grato por tudo que tem. Jamais permitiria que alguém se dirigisse a você como eles fizeram, como se fosse como esses homens escrotos que abusam das suas mulheres. - Aurélio odiava hipocrisia o que era um dos motivos pelo qual ele não gostava de frequentar as festas dos seus aliados.
_ Jamais a machucaria Don, - diz ele olhando fixamente para Aurélio.
_ Eu sei Calebe, confio em você. Não teria permitido que se casasse com ela se duvidasse do seu caráter. Apenas me prometa algo. - pede Aurélio chamando a atenção dele.
_ Claro Don. - responde rapidamente.
_ Jamais fique calado quando alguém te acusar de algo que você não fez, se defenda e mostre a eles com quem estão lidando. - diz Aurélio o encarando sério.
Aquelas palavras entram profundamente no coração de Calebe, e ali diante do seu chefe ele faz uma promessa a si mesmo, que jamais seria humilhado como naquele dia novamente.