Alguns minutos depois o velho levava Aurelio e os outros até uma velha igreja dentro da mata, olhando o local, Aurelio entendia o porquê dele o ter escolhido, ninguém chegaria de surpresa naquele lugar.
Aurélio deixa Bernardo na porta junto com Max para fazer a segurança, enquanto os outros o acompanham. Todos estavam ali, esperando com paciência e curiosidade o que os recém chegados queriam falar.
_ Esse é meu filho Eloy senhor. - diz o velho parando de frente para um homem alto mais a frente.
_ Vamos logo ao que interessa. - diz ele apenas acenando para o homem.
_ O que quer de nós? - pergunta Eloy encarando Aurélio desconfiado.
_ Quero minha mercadoria de volta, mas tenho uma proposta para vocês. - diz ele com um sorriso de canto.
_ Que tipo de proposta? - pergunta outra pessoa.
_ É bem simples, eu ajudo vocês a recuperar seus filhos e em troca vocês me dão o controle da vila. - responde ele de forma tranquila.
_ E como vamos saber que não vai fazer o mesmo que eles? - pergunta Eloy.
_ Eu não preciso deste lugar, vilas como essa eu tenho aos montes, mas não gosto quando alguém invade uma area que é minha, - diz ele com olhos sombrios. - Se concordarem vocês vão trabalhar para mim, darei treinamento e um salário equivalente com suas funções, e garanto que enquanto estivermos usando essa vila suas famílias estarão seguras.
A dúvida era nítida nos olhos de cada pessoa ali, mas Aurelio podia ver o cansaço que eles tinham no rosto, e principalmente tinha visto o quão pobre aquele lugar era, ele queria fazer algo por aquelas pessoas.
_ E nossas crianças? - pergunta outro morador.
_ Posso mandar construir uma escola aqui para eles estudarem e ficarem próximos da família, não tenho interesse em seus filhos, quero apenas o domínio deste lugar, se forem leais a mim, sempre terão minha ajuda e proteção. - diz ele e o burburinho se espalha por entre as pessoas.
_ E quem você pensa que é para nos dizer o que fazer! - grita alguém mais ao fundo fazendo o barulho parar.
_ Eu sou tudo de r**m que você tem na mente, e não me importo que saibam disso, mas se eu prometo algo jamais volto atrás com minha palavra. - Aurelio não iria explicar quem era para aquelas pessoas, eles viviam isolados e muito provavelmente não faziam ideia de quem eles eram.
_ Mas isso não responde a minha pergunta. - insiste a pessoa mais atrás.
_ Ele é Don Aurelio da máfia italiana, aquele loiro é Don Yuri, chefe da máfia russa, e nós somos de uma organização conhecida como Fênix. - diz Síria rapidamente, ela estava cansada daquela conversa e depois de saber que tinham crianças sendo mantidas em algum lugar prisioneiras, ela só queria as tirar de lá o mais rápido possível.
As pessoas olhavam uma para as outras sem saber do que eles estavam falando, era como Aurelio tinha imaginado, eles estavam isolados do resto do mundo naquele lugar, sem conseguir nenhuma informação de fora.
_ Vei, eu disse que não ia fazer diferença. - responde ele se escorando no púlpito da igreja. - Decidam, meu tempo é precioso.
As pessoas olhavam para Eloy esperando sua decisão já que ele era o líder daquela pequena vila, e ao ver a forma que os olhos deles estavam fixos no homem Aurélio sabia que eles confiavam muito nele.
_ Se quisermos sair disso depois. - questiona ele.
_ Não, é uma via de mão única, você só sai morto. - responde ele rapidamente sem enrolação, todos ali eram pessoas inocentes e ele não esconderia o teor do seu trabalho ou o perigo que corriam, eles precisavam saber dos riscos.
_ Nossos filhos.
_ Podem se unir a vocês quando tiver idade, ou ir para outro lugar, mas se contar qualquer coisa sobre nós, não vai ter lugar na terra que os esconda de minhas mãos. - diz ele sério, vendo os olhos de muitos se arregalar com suas palavras.
_ Se recusarmos?
_ Me devolvam a mercadoria que roubaram que vou embora imediatamente. - diz ele.
As pessoas olhavam uma para as outras assustadas com as palavras de Aurelio, mas a muito tempo eles tinham perdido a esperança de que as coisas poderiam melhorar para eles, eram um povo acostumado a sofrer e tudo que desejavam era uma vida melhor para seus filhos.
_ Vocês não... - diz o homem sem graça.
_ Quer saber se somos e**********s? - pergunta Aurelio sério.
_ Sim.
_ Fala sério! Eu tenho afilhados, e mataria qualquer um na minha organização que fizesse algo assim, seus filhos e mulheres estarão seguros com os nossos.
_ Ele não está mentindo, nenhuma de nossas organizações faz isso, levamos a sério a família. - diz Nico.
_ Somos criminosos e fazemos coisas que se vissem não dormiriam de noite, e não estamos aqui para esconder isso de vocês, se quiser nossa ajuda vai ser sabendo onde estão entrando. - diz Yuri.
_ Poderiam esperar lá fora enquanto decidimos? - pergunta Eloy.
_ Vocês têm dez minutos. - diz Aurelio virando as costas e saindo com os outros.
Aurelio tira um maço de cigarro do bolso e ascende um dando uma longa tragada. Ele precisava daquilo para se acalmar, não sabia que encontraria tanto problema quando fosse até aquele lugar. Ele não queria se meter em uma briga que não era sua, mas não deixaria crianças nas mãos de pessoas cruéis.
_ Isso vai acabar te matando. - diz Síria arrancando o cigarro da boca dele e jogando no chão.
_ Síria! - reclama ele, mas apenas uma olhada nela e ele muda de ideia. - Parei.
_ Acha que eles vão aceitar? - pergunta Nico.
_ Vão, não tem escolha e pela forma que eles nos olharam sei que não vão deixar as crianças correndo risco se podem fazer algo a respeito. - diz Aurelio dando de ombros.
_ Por que não disse a eles que iria ajudar de qualquer forma? - pergunta Síria com a sobrancelha arqueada.
_ Não quero que eles vejam o bem em mim Sí, não preciso disso, só preciso da lealdade deles e isso vou ter no momento que trazer essas crianças de volta. - diz ele com um sorriso astuto nos lábios.