Aurélio trajava preto, roupas tão negras quanto a sua alma naquele momento. O cigarro queimava nos seus dedos, os seus olhos não vacilavam e estavam atento a tudo a sua volta. Naquele lugar ele não era o Aurélio, Don da máfia Donati, não. Ali ele tinha um nome bem mais temido, um nome que ele tinha sido obrigado a criar por causa de um certo alguém que insistia em ameaçar a sua família.
Ele queria poder se esquecer que a sua vida durante todos aqueles anos estava em contaste ameaça, mas seus desejos não eram levados em consideração. Não, ele não tinha escolhe e isso acabava com ele, então naquele lugar era o único meio que ele tinha para se prevenir e garantir que aquela pessoa estaria protegida.
O mundo de Aurélio nunca tinha tido cor, e a medida que ele tinha percebido que não tinha escolha isso tinha piorado. Ele exala a fumaça do seu cigarro lentamente, aproveitando o efeito calmante que ele tinha sobre a sua alma perturbada.
_ Seytan! - grita alguém no escuro da noite. Aquele era seu nome, um nome adequado para sua personalidade.
Os homens daquele lugar o chamavam Seytan - d***o em Turco - ele gostava, condizia com a sua personalidade e com as coisas abomináveis que ele fazia. Ele percebe o homem caminhar até ele lentamente as suas mãos sempre ao alcance dos olhos dele. Eles tinham aprendido sedo que chegar armado perto de Seytan era morte certa, ninguém se aproximava se ele não permitisse.
Ele se vira para o homem sem nenhum expressão, não que ele vise de qualquer forma. A máscara que ele usava tapava todo o seu rosto, com excessão dos buracos para os olhos e boca. Manter a sua identidade em segredo não era apenas uma questão de sigilo, era questão de sobrevivência, se aquela pessoa descobrisse, alguém pagaria muito caro pelo que ele estava fazendo, e não seria apenas seus amigos.
_ Trabalho para você. - diz o homem ficando a uns dez metros de distância dele. Com um gesto da sua mão o homem se aproxima mais, algo que eles não gostavam de fazer.
_ Está ficando ousado Nathan, se esqueceu quem manda nessa p***a. - diz ele de forma tranquila, mas ele podia ver o homem tremer a sua frente de forma violenta.
_ Jamais mestre, estou aos seus serviços. - diz ele de cabeça baixa, ele não queria a atenção do homem a sua frente, ninguém queria.
_ Fale. - diz ele voltando a pôr o cigarro na boca.
_ Alguém pediu o seu serviço. - diz o homem já temendo a resposta do seu chefe.
Ele suspira e um ruído irritado deixa o seu peito, Nathan treme, mas permanece no lugar, seria pior se corresse. Seytan se levanta e caminha até Nathan com passos lentos, aquilo não era bom.
_ Alguém pediu. - repete ele circulando o homem de forma sombria. - Ninguém me diz que fazer, talvez eu devesse ir ver quem é o i****a que quer a minha presença.
Aquele era o problema, ninguém queria a presença dele, mas Nathan não era louco para dizer aquilo ao homem a sua frente. As pessoas contratavam os serviços de Seytan mesmo sabendo que poderiam ser uma da suas vítimas quando faziam o pedido, todos sabiam dos riscos, mas mesmo assim, dezenas de pedidos apareciam na sua porta todos os dias.
Babilónia, era esse o nome da boate onde Seytan estava, era ali que o pior do mundo do crime se reunia, era onde sangue se derramava e ninguém se importava. Apenas lunáticos visitavam aquele lugar, e eram poucos que conseguiam ao menos entrar. Ele era rígido com quem frequentava os seus domínios, e os seus homens sabiam bem disso.
_ Ele está oferecendo um bom dinheiro mestre. - diz Nathan tentando distrair o seu chefe. Ele tinha tido o azar de vir trabalhar justo no dia em que Seytan estava de m*l humor, e isso significava risco a sua vida.
Nathan pensava em como ainda não tinha enfartado trabalhando naquele lugar, toda a vez que precisava ir até o seu chefe ele sentia os seus nervos se retorcendo no seu peito, ele não sabia se sairia com vida daquele lugar, era sempre assim. Mas sempre que pensava na alta quantia que o homem a sua frente lhe pagava ele não hesitava em voltar, tinha pessoas que dependiam do seu dinheiro e Seytan era generoso nos pagamentos.
_ Sabe que isso não me compra. - diz ele parando atrás de Nathan, a sua mão envolve o seu cabelo puxando a sua cabeça para trás, ele encara aqueles olhos azuis que faziam seu corpo gelar.
Aquela era a única informação que eles tinham do homem a sua frente, ele tinha olhos azuis, e não era qualquer azul, era intenso e forte, como a sua personalidade escura.
_ Eu disse a eles mestre, mas estão dispostos a pagar até mesmo o triplo do valor para que faça o serviço. - diz Nathan tremendo diante do homem.
_ Isso é interessante, mas não é a primeira vez que recebo esse tipo de oferta. - diz ele soltando Nathan e voltando para a sua poltrona.
Nathan suspira aliviado, não seria aquele o dia da sua morte, o que não lhe garantia que não seria o próximo dia, sempre havia outro dia.
_ Eu sei mestre, mas ele foi insistente. - diz ele.
_ Para a sorte do nosso cliente, hoje estou afim de sair para brincar um pouco, e você vem comigo. - diz ele falando a última parte mais firme.
O tremor de Nathan retorna com tudo, ele odiava sair com o seu chefe. Ele matava tudo o que vinha pela frente sem se preocupar com os danos causados, mas o pior era risada que sempre escapava dos seus lábios quando ele estava trabalhando, e ainda tinha o fato de que se ele perdesse o controle poderia se tornar alvo dele. Aquilo já tinha acontecido, e Nathan não gostava de se lembrar dos meses que tinha passado no hospital colocando os seus ossos de volta no lugar.