Tudo tinha sido pensado nos seus mínimos detalhes, naquele momento eles estavam a bordo de um pequeno avião, era algo que não chamaria a atenção e conseguiriam passar despercebido. Aurélio olhava os seus amigos conversarem de forma animada no avião, nada os abalava e ir naquela missão era como um passeio no parque para eles.
_ Me diz Yuri, quando vai falar com Ricardo? - pergunta Aurélio com um sorriso de canto. Yuri o olha chateado, sabia bem que Aurélio apenas desejava o irritar.
_ Sabe que já falei com ele. - reponde Yuri.
_ Aquilo não vale. - diz Max sorrindo, ele gostava de ajudar Aurélio a chatear o russo.
_ Desde quando passou a ajudá-lo Max? - pergunta Yuri com a sobrancelha arqueada.
_ Desde que ele passe a te perturbar e não a mim. - aquilo faz Aurélio cair na risada no seu acento.
_ Mas ele está certo Yuri, não pode ficar fugindo dele. - diz Nico.
_ Já conversamos. - diz Yuri frustrado.
_ Não, vocês apenas fizeram um acordo para que a Sofia pudesse estudar sem se preocupar com casamento. - diz Síria sorrindo.
_ Detesto me meter, mas ela tem razão. - diz Klaus dando um beijo na bochecha de Síria.
Yuri olhava para os dois desejando aquilo também. Ele queria alguém para poder dividir os seus dias, mais especificamente uma linda morena de olhos castanhos.
_ Vou falar com ele, mas prometi que a deixaria livre para estudar e vou cumprir. - diz serio.
_ Não se preocupe, tenho certeza que ela não vai se apaixonar por ninguém na faculdade. - diz Aurélio piscando para ele.
Yuri olha para Aurélio com olhos escuros, ele não queria pensar naquela possibilidade, Sofia era sua e assim permaneceria até o resto da sua vida.
_ Você... - diz ele com os dentes trincados.
Aurelio ria da cara do russo. Ele sabia o quanto seu amigo poderia ser teimoso e se ele não colocasse algumas coisas na suas cabeça ele jamais tomaria uma atitude. Yuri era movido pela honra, algo que Aurélio não se preocupava muito, então a melhor forma de o forçar a agir era o pressionando da pior forma possível.
_ Apenas seja sincero com ele Yuri, Ricardo sabe que você gosta dela e vai ficar mais confortável se você fizer uma proposta formal. - diz Síria.
_ Já disse isso a ele. - responde.
_ Sim, mas foi num período onde eles estavam em risco e ele faria qualquer coisa para mantê-la segura, precisa pensar seriamente em fazer uma proposta mais formal. - diz Klaus.
Yuri se perguntava quando os seus amigos tinham se tornado um bando de casamenteiros, mas ele tinha que admitir a verdade por trás das suas palavras. Várias vezes ele tinha se perguntado por que ainda não tinha ido até Ricardo e a verdade era uma só, ele tinha medo de ser rejeitado por Sofia. Queria que ela o escolhesse, e não que se sentisse obrigada a estar com ele por causa de uma aliança entre as organizações.
_ Vou resolver isso assim que ela terminar o curso que esta fazendo. - diz ele de forma decidida.
_ Você vai gostar de saber que ela esta pensando em ir para a Rússia fazer a faculdade. - diz Síria sorrindo.
_ Serio?
_ Disfarça russo, se Ricardo te pega sorrindo ele te arranca os dentes. - diz Nico caindo na risada com os outros.
O resto do voo foi tranquilo e entre uma provocação e outra se ouvia uma ameaça de atirar alguém do avião, era daquilo que eles gostavam, aquela bagunça que os faziam sentir saudades quando estavam separados. Síria tinha um olhar preso a Aurélio, ela queria ter certeza que ele ficaria bem depois que se fosse.
Bernardo e Calebe tinham ouvido toda a conversa deles em silêncio apenas trocando olhares entre si na cabine do piloto, mas eles gostavam de ver o seu chefe mais tranquilo, e entendiam que aquele encontro era bom, para a sanidade dele.
Após mais uma hora de voo eles aterrisam na pequena pista de pouso clandestina, estavam numa região de extrema pobreza, a pista ficava num pequeno vilarejo cercada por uma floresta tropical, era o lugar perfeito para se esconder mercadorias ilegais.
Eles não pretendiam ficar muito tempo, mas estavam prevenidos, descem armados e com uma pequena mochila nas costas. Não iriam descuidar da sua segurança apesar do vilarejo parecer meio deserto. Eles caminham observando lentamente os arredores, ao avistarem um bar eles entram, as poucas pessoas que haviam ali se viram para eles curiosos com os recém chegados, eles vão até o bar enquanto Bernardo e Max cuidam da porta.
_ Não queremos problemas. - diz um senhor limpando o velho balcão do bar.
_ Isso depende. - responde Aurélio sentando-se numa banqueta.
_ Não entendo senhor. - diz ele ainda sem olhá-lo.
_ Vai entender, - diz com um sorriso de canto. - Perdi algo naquela pista de pouso e quero de volta.
Aurélio vê o homem tremer diante das suas palavras, ele sabia o que tinha acontecido, tinham dado sorte.
_ Não sei do que esta falando. - diz ele virando-se para lavar alguns copos.
_ Talvez você saiba melhor quando eu esfregar a sua cara nesta pia. - diz ele em tão tranquilo.
Rapidamente as pessoas no bar empunham a suas armas apontando para eles. Ninguém saca a sua arma, eles não queriam uma chacina de gente inocente, Aurélio queria apenas o responsável por tudo aquilo.
_ Não vamos deixar vocês fazerem m*l ao Bill. - diz um rapaz mais jovem dando um passo a frente.
_ Então isso significa que vão devolver a minha mercadoria, porque essa é a única forma dele sair daqui com vida. - diz Aurélio dando um passo em direção ao rapaz sem nenhum medo ao ver as armas apontadas para ele.
Um impasse acontecia ali, ninguém interferia na disputa de olhar entre os dois, apenas observavam com atenção enquanto ambos permaneciam irredutíveis.