Oksana e Hideo estavam escondidos num porto, os dois trajando preto com apenas os olhos aparente. Havia sido difícil convencer Dimitri a ficar, mas com muito custo Hideo tinha conseguido. Para o que iriam fazer eles não poderiam estar em grande número, afinal, eles estavam prestes a atacar um negócio de um importante aliado da máfia japonesa e estariam com sérios problemas se eles descobrissem quem eram.
Eles observavam com atenção a movimentação dos guardas naquele lugar, não poderiam correr o risco de que algo desse errado e os seus inimigos fossem alertados. Naquela noite chegava uma nova remessa de mercadoria e era justamente esta mercadoria que Hideo esperava interceptar.
No momento em que os guardas se distraem, Oksana e Hideo os acertam com dardos tranquilizantes os imobilizando, com sorte eles só acordariam no outro dia, e provavelmente não iriam gostar nada do lugar que estariam. Eles entram com cuidado e vão até o painel de distribuição cortando a luz do lugar.
Eles avançam lentamente apagando cada soldado que aparecia na sua frente, aquilo seria rápido, eles tinham investigado o lugar antes e sabiam bem onde estava naquele momento a carga que tinha chegado algumas horas atrás. Quando chegam no final do corredor do navio em que estavam, encontram uma porta fechada, Oksana faz um disparo quebrando o cadeado que a fechava.
Quando abre a porta Oksana prende o fôlego com o que vê, varias crianças de idades variados estavam encolhidas num canto da sala, algumas choravam se agarrando a outras. Elas estavam m*l vestidas e sujas, algumas tinham ferimentos pelo corpo que mostravam a crueldade que estavam sendo tratadas.
Algumas máfias trabalhavam com tráfico humano, na sua maioria das vezes aquelas crianças seriam usadas como escravas sexuais por algum pervertido, e quando não servissem mais, provavelmente as descartariam e comprariam outras, não era algo bonito e eles sabiam que fazer aquilo não impedia que outras organizações continuassem a tirar dinheiro explorando inocentes.
A Yakuza não se envolvia com tráfico humano, mas tinha alguns aliados que faziam aquilo e era algo que Hideo jamais aceitaria, como eles tinham um tratado de paz não poderiam se envolver diretamente naquilo, mas isso não significava que não fariam algo nas sombras, desde que não deixassem rastros ninguém descobriria.
Vendo as expressões das crianças, Oksana sentia o seu coração doer, por mais que não conseguissem parar com todo aquele mercado de tráfico infantil ela sentia-se melhor ao saber que aquelas crianças teriam um futuro melhor do que muitos. Hideo pega um telefone no bolso e faz uma chamada, ele conhecia alguns figurões da lei que repudiavam aquele tipo de coisa e que iriam ajudar a cuidar daquelas crianças.
As pessoas que recebiam informações de Hideo nunca sabiam de quem se tratava, o telefone não era rastreável e nunca encontravam imagens de câmeras de segurança para analisar de quem se tratava, mas uma certeza eles tinham, sempre que ele ligava lhes mandando um endereço eles encontravam coisas que faziam o seu estômago revirar, em pouco tempo o denunciador anônimo tinha se tornado sinônimo de confiança entre os policiais.
_ Vamos, eles chegarão em breve. - diz ele a Oksana. Ela apenas assente, entra na cela e entrega uma lanterna a uma das crianças que os olhava assustada, vira as costas e parte.
A uma distância segura, Oksana e Hideo observavam com atenção a operação da polícia que acontecia no navio mais a baixo, tudo tinha saído como o planejado e finalmente eles poderiam descansar naquela noite sabendo que aquelas crianças estariam seguras. Quando eles retornam já era tarde da noite, apenas Dimitri estava acordado os esperando, ele tinha um trabalho a cumprir e se sentia de mãos atadas quando Oksana o impedia de fazer aquilo.
_ Devia estar descansando. - diz ela assim que entra.
_ Como vou descansar quando você está nas ruas tarde da noite fazendo sabe-se la o que. - diz ele com o rosto fechado.
_ Não estava fazendo nada de mais, e voltei inteira. - diz ela sorrindo.
_ Jamais permitiria que ela se machucasse Dimitri. - responde Hideo ignorando o olhar chateado dele.
_ Vá descansar Dimitri, amanhã partimos bem sedo. - diz Oksana de forma tranquila.
_ Tudo bem, mas não saia mais está noite, ok. - diz ele.
_ Tudo bem. - responde ela. Ele acena e sobe para seu quarto.
_ Dimitri é leal, gosto disso nele. - responde Hideo servindo-se de uma bebida.
_ Sim, acho que ele leva muito para o pessoal as coisas que envolvem eu e Yuri. - diz ela.
_ Isso é porque ele ajudou a cuidar de vocês, acredito que para ele vocês são parte da sua família. - diz Hideo.
Dimitri era apenas um adolescente em treinamento quando Oksana e Yuri tinha perdido os pais, e desde então ele havia recebido a missão de os proteger, e mesmo sendo apenas alguns anos mais velho que eles tinha levado o seu trabalho a risco, ninguém se aproximava dos gêmeos sem que tivesse passado por ele antes, ele havia se sacrificado muito e colocado a sua vida de lado para garantir que Oksana e Yuri estivessem seguros, e aquilo era algo que por mais que tentassem eles jamais poderiam recompensar.
Oksana sobe para seu quarto e toma um bom banho, tudo que ela desejava era descansar um pouco antes de ter que partir no outro dia, mas em meio aos lençóis ela pega-se pensando em um certo mafioso de língua ferina. Aurélio tinha o poder de dominar a sua mente e causar sensações no seu corpo que ela não tinha controle.
A imagem do colar de Aurélio com a bala do tiro que ela tinha dado nele não saia da sua cabeça, jamais imaginava que ele guardaria aquilo como um presente, e aquilo a tinha surpreendido muito.
Aquele mafioso sádico e c***l tinha um coração, e ao que parecia um lado doce que poucos conheciam. Para muitos o fato dele ter guardado a bala de um tiro que tinha levado poderia ser loucura, mas para Oksana era doce e apaixonante ele ter feito aquilo, e ela estava descobrindo que ele podia amar e a sua intensidade a assustava às vezes.