Yuri desce as escadas e encontra Aurelio se revirando no chão. Ele vai em sua direção e observa aquilo com prazer evidente.
_ O que foi Aurelio? Ah! Já sei, dizem que o amor machuca. - diz ele caindo na risada ao lado dele.
Aurelio queria xingar Yuri, mas a dor que ele estava sentindo naquele momento era bem maior que sua raiva. Mas aquilo não ficaria daquele jeito, Oksana lhe pagaria por tamanha afronta.
_ Acho que alguém não vai poder gerar herdeiros. - continua Yuri rindo do seu amigo.
_ Vai... se foder.... Yuri. - diz ele com dificuldade.
_ Não faz isso, se lembre que fiquei na maior saia justa por sua causa. - diz Yuri se jogando em uma poltrona.
Aurélio se levanta com dificuldade e se arrasta até uma poltrona, cada pequeno movimento fazendo sua região íntima doer terrivelmente.
_ Só tentei te ajudar, ingrato! - diz ele com a
mão na frente da calça.
_ Espere aqui. - diz Yuri sumindo pelo corredor. Segundos depois ele volta com uma bolsa de gelo e joga para Aurélio. - Por nada.
_ Isso vai ter troco Yuri. - diz ele chateado colocando a bolsa de gelo no meio das pernas.
_ Ela não fez por maldade, - diz Yuri ficando sério. - Oksana é muito desconfiada de todos, e seu histórico de namoro também não te ajuda muito.
_ Nunca namorei ninguém. - diz ele entre dentes.
_ Mas aprontou bastante, e isso deve estar pesando na forma que ela te trata. - Yuri estava certo, Aurélio não negaria aquilo, mas nenhuma das mulheres com quem ele tinha saído fazia seu coração disparar como Oksana fazia.
_ Eu sei, mas vou provar a ela que está errada a meu respeito. - diz ele com confiança.
_ Já vou te avisando que não será fácil, minha irmã é dura na queda, e eu vou adorar ver ela aprontar com você. - responde ele rindo da cara chateada de Aurélio.
_ De que lado você está Russo?
_ Do lado da minha irmã, se aprontar com ela eu mesmo desovo seu corpo Aurélio. - diz ele o fulminando com o olhar.
Um sorriso curva os lábios de Aurélio, ele podia entender seu amigo e se sentia feliz por ele cuidar bem da irmã. As tragédias que tinham acontecido em sua família o tinham feito desistir de ter uma família, isso até ele encontrar Ricardo e conhecer a Fênix, foi ali que os pensamentos de Aurélio tinha mudado, e ele passou a desejar ter sua própria família também.
Ele sai de seus pensamentos com o toque de seu celular, assim que vê o número seu rosto escurece, ele não poderia recusar aquela ligação.
_ O que você quer? - pergunta de forma ríspida.
Yuri olhava surpreso aquela mudança na voz de Aurélio, ele tinha o rosto sombrio e um dos punhos cerrados ao lado do corpo, Yuri nunca o tinha visto daquela forma.
_ Que se f**a você! - diz Aurélio irritado. - Isso vai acabar, espero que saiba disso.
Aurélio desliga o telefone com os olhos sombrios, ele apertava o telefone em sua mão imaginando o pescoço da pessoa que estava na linha segundos atrás.
_ Está tudo bem? - pergunta Yuri preocupado.
_ Vai ficar. - diz se levantando rapidamente, ele ignora a dor que sentia e caminha em direção a saída.
_ Aonde vai? - grita Yuri.
_ Matar alguém. - responde sem se virar.
Yuri assistia Aurélio deixar sua casa sem entender nada, ele estava sombrio e pela forma que saiu faria um estrago para aliviar a raiva.
Assim que entra no carro, Aurélio soca o volante com raiva, sua vontade era de gritar com tudo aquilo. O ar escapa de seus pulmões de forma audível enquanto ele sentia que poderia morrer sufocado, a impotência o tomava sempre que ele precisava fazer aquilo, até porque, se fosse ele realmente, jamais faria o que a pessoa tinha pedido ao telefone.
Um fantoche, era assim que ele se sentia sempre que o obrigavam a fazer algo que não queria. Ele arranca com o carro cantando pneu, quando mais rápido terminasse aquilo, mais rápido ele poderia voltar para sua vida, ao quase, ele se sentia apenas atuando sem poder expressar o que realmente queria, seus segredos o estavam matando lentamente, e não havia nada que ele pudesse fazer.
Naquela noite, quando Aurélio retorna ele estava coberto de sangue, seus olhos não tinham vida, era uma casca da pessoa que tinha estado rindo e brincando com todos naquele dia. No momento que desce do carro, Ricardo joga uma toalha para ele, com um pequeno gesto de cabeça ele pede que Aurélio o seguisse até o jardim dos fundos.
Ele queria poder ter evitado aquilo, não desejava seus amigos envolvidos em seus problemas, aquilo não era responsabilidade deles.
_ Posso imaginar o quanto o que teve que fazer está te custando, mas não vou perguntar nada. - diz Ricardo assim que eles se sentam em um banco no jardim da casa de Yuri.
_ Eu não posso. - diz ele em voz baixa, o peso da culpa o corroendo por dentro.
_ Apenas se lembre que não está sozinho, somos sua família Aurélio e jamais vamos permitir que algum faça m*l a você, então sabe o que vai acontecer se não nos contar a verdade. - ele sabia, para sua infelicidade seu amigo era o maior traficante de informações que havia, se ele quisesse saber da verdade precisaria apenas de alguns dias.
_ Não faça isso, Ricardo, eu tenho um bom motivo para não dizer nada a vocês. - diz ele jogando a cabeça para traz.
_ Isso está te matando Aurelio! - diz ele zangado.
Aquilo chama a atenção de Aurélio, a única vez que tinha visto Ricardo fora de si tinha sido quando Estela havia sido sequestrada, mas naquele momento ele estava nervoso por sua causa.
_ Eu..
_ Não diga nada, apenas saiba que isso vai acabar, te prometo meu amigo. - diz ele se virando para Aurelio e lhe entregando um pequeno aparelho enquanto apertava sua mão, Aurélio fica confuso e apenas acena. Ele não sabia como, mas de alguma forma Ricardo sabia de algo.