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3241 Words
    Maria estava animada, excitada. Os olhares que trocaram pareciam eletrificados, o que quer que aquele homem tivesse a estava tornando inquieta e aquilo não era normal, não para ela. Era um sentimento que aquecia seu corpo inteiro, tanto por dentro quanto por fora. Era como se ela fosse puro combustível e o olhar dele fosse o fogo, incendiava. - Ah sim, você prefere conhecer a chácara antes ou as crianças? – ele pigarreou - Podemos conhecer as crianças antes, por que não? - Claro, me sigam por favor.            Merda. Tentava mas não conseguia, a única pessoa que conseguia dar atenção era Maria, seus olhos estavam vidrados nela. Tinha que parar com aquilo, ela estava ali profissionalmente, não porque tinha algum interesse especial por ele. Céus! No que estava pensando! E daí se tivesse interesse nele? Ele simplesmente não podia, já estava cometendo um pecado observá-la com olhares tão ambiciosos, se opondo contra um pecado que estava o consumindo aos poucos.           Caminhou até o parquinho, as crianças estavam ali brincando, tinha certeza que todas se encantaram com ela. Por sua beleza, delicadeza. Maria era como um anjo, dos mais sensuais. - Oh! Aqui tem um parquinho! – Exclamava maravilhada. - É... Se bem que tá bem sujinho e enferrujado né? - Vitor e sua enorme boca.  - Vitor! – Ela o repreendeu. A morena. - Que é?... -   Não há problema, ele está certo Srta. Maria, infelizmente não temos dinheiro para melhoras. – Ele ria do fato de Maria se sentir desconcertada com o assistente. - Entendo ! - Maria observou as crianças brincando, realmente as correntes do parquinho estavam enferrujadas, podia ser até perigoso se alguém se machucasse ali. Em um dado momento uma garotinha de cabelos loiros os olhou. - O padre! – Gritou e foi correndo até eles e abraçou Damon que a pegou no colo, ela era bem pequenininha, loirinha com os cabelos lisos e olhos de azul intensos. - Padre, quem é essa moça? – Perguntou apontando para Maria a pequena criança - Esta é Maria Lancaster. - Ela é bonita! – Exclamou admirada com a beleza de Maria. Aos poucos as outras crianças foram se aglomerando em volta deles. - É ela que o senhor disse que vai ajudar a chácara? – era um outro menino, parecia mais velho. - Sim, ela ainda está pensando certo Srta. Maria? -  Sim, mas é quase certo! – Maria estava encantada com as crianças, principalmente com aquela pequenina. Ela sorriu para a pequena criança que se chamava Analice e colocou o dedo no narizinho da criança. -  E essa? Quem é? - Disse outra apontando para Samara. -  Olá, meu nome é Samara! - Vai ajudar a chácara também? – Indagou Elisa Inocente - Não, eu não tenho tanto dinheiro, sou secretária da Maria. - Brincou - Por que seu cabelo é dessa cor? – Perguntou outra. Esta agora era Mirna, uma das menininhas que se escondiam na perna do padre, era tão pequenina. - Hãaaa – Samara estava sentindo-se perdida no meio de tantas crianças. - Seu cabelo. Por que é rosa? - Eu tingi. - Ela respondeu. - Eu gostei! - uma das crianças gesticulou. - Obrigada! - E esse homem gordo? -  O que??? Gordo? – Calúnia.     Ele era fofinho. - Shane! Não se deve falar assim, é rude! Este é Vitor outro ajudante de Maria! Eu vou mostrar a eles a chácara, alguém gostaria de me acompanhar? – Damon repreendeu o menino.      Todas as crianças elevaram as mãozinhas e gritaram: EU!!! Logo eles seguiram Damon para mostrar a chácara, no fundo Vitor ainda resmungava. - Não sou gordo, tenho ossos grandes! Que absurdo esses pestinhas! Humpf!                                                               ◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇                Seguiram animadamente. Damon mostrou a eles os alojamentos, que não eram tão ruins afinal, depois o refeitório que Damon diz que foi a prioridade dele e de sua tia ao montar aquela chácara para as crianças órfãs, e realmente de todos os lugares que visitou era o lugar mais bem estruturado, mas algumas melhorias poderiam ser feitas, como as mesas e cadeiras que as crianças deviam se sentar, mas em quesito higiene e comodidade estava tudo bem. Estavam passando pelo pequeno estábulo que ali tinha, Samara alegrou-se. - Aqui tem cavalos? - Indagou a rósea - Temos 3, doações de um fazendeiro e sua esposa – ele rebateu -  Ai que tudo! Pra que usam ele? - Para ser sincero não o usamos, quando os recebemos pensamos em vendê-los, mas os garotos e até algumas meninas gostaram tanto que os ensinei a montar. – Acariciava levemente. - Sabe montar um cavalo? - Maria ainda seguia atenta a Damon, cada palavra que ela pronunciava elevava sua imaginação a um nível jamais alcançado.  -  Sim, claro, é bom dar umas voltas por aí de vez em quando. - Senhorita de cabelos rosa, gosta de cavalos? - Sim! Muito! - Quer montar um? – Indagou vendo os olhos de Samara cintilarem - Sério mesmo?Eu posso? – Falou animada. Ela olhou para Damon que consentiu e depois para Maria. - Claro! Divirta-se! – Maria sabia da paixão de Samara por cavalos. -  Oba! Analice e outras crianças que gostavam de cavalos acompanharam Samara. Maria, Damon e Vitor continuaram seu caminho. Estavam a caminho dos banheiros quando de repente escutaram um barulho estranho. -  Ops, é minha barriga. Sabe o que é Mari? Gasto muita energia para manter os músculos, to com uma fominha. Não apenas as crianças, mas como Maria e Damon também dispararam a rir. - Tudo bem, não se preocupe, esse passeio pode ser mesmo cansativo. - Leve Vitor para Tia Crisseida. – Ordenou Damon -  Tudo bem! - Quem estiver com fome siga-os! – Sussurrou o loiro Em meio minuto outra parte das crianças se dissipou, estavam famintas. De repente Damon e Maria viram-se sozinhos apenas na companhia de Analice que segurava a mão dele e a de Maria. -  Estão todas cansadas! – sibilou a morena preocupada com as crianças Analice esfregou os olhinhos, afim de afastar todo sono e cansaço. - Eu também tô ficando cansada! - Não seja por isso querida, venha, eu te carrego. – Disse Maria estendendo os braços para a menininha. - Não! Que isso? Que folga! Você irá se cansar Srta. Maria! – Damon falou educadamente. - Deixe de bobagens Damon! Ela é leve! Venha querida. Maria estendeu os braços para Analice que logo estava no colo de Maria. Andaram até os banheiros, elai bocejou novamente.   - Eu to com sono... - Por que não vai dormir? - Spencer a questionou. - Não devíamos colocá-la na cama? - Pode deixar que eu vou sozinha!...mostra ela a horta ta? - Pode deixar. Maria abaixou-se e colocou-a no chão. - Maria, você tem um cheiro tão gostoso! – Cafungou os cabelos da morena. - Ah, obrigada querida. - Você já sentiu o cheiro dela,padre? O Padre petrificou-se com a pergunta inocente da criança. Nunca havia sentido mas ele tinha certeza que seria o melhor cheiro do mundo, tão inebriante quanto sua imagem.  - Não. – Na verdade já tinha sentido o cheiro de Maria de longe e achava melhor não sentir de perto. -Então sente! É bom! - Acho melhor não, vá dormir, menina sapeca. – Falou querendo livrar-se da situação incômoda que poderia surgir. - Não...Sente primeiro! – Protestou a pequena.        Ele e Maria se encararam, ela sentiu seu corpo tremer, como ele sentiria o cheiro dela? A abraçaria e daria aquela fungada no pescoço alvo ? Seu corpo estremeceu só de pensar. Damon desistente pela insistência da pequena Analice aproximou-se, pegou uma pequena mexa do cabelo de Maria e cheirou, fechou os olhos e inalou aquela deliciosa fragrância. Era melhor do que ele imaginava.        Maria arrepiou-se. É claro que ele não ia dar uma fungada nela. Mas o que ele fez foi tão melhor do que uma fungada, foi belo, sedutor. Se arrepiou com a proximidade, sentiu a fragrância masculina que ele exalava, perdeu-se nas sensações de ter ele tão próximo de si. Maria por sua vez tinha um cheiro tão doce. Seu corpo arrepiou-se, tocava uma fina mexa daquelas belas madeixas, o que seria ter em suas mãos mais do que uma mexa, o que seria pegar uma boa parte dos cabelos de Maria e afagá-los de mão cheia? Foi acordado pela voz da menininha. - Tabom né ? Vai deixar ela sem cheiro! Maria assustou-se, por quanto tempo eles ficaram ali perdidos naquelas sensações, não somente ela, mas ele também? Sentiu uma tremenda vontade de sorrir. Damon abriu os olhos e viu que as pérolas o encaravam e um sorriso sensual estava nos lábios da Lancaster. Recompôs-se. - Não é bom? – Perguntou Analice - Sim. – respondeu perdido nas pérolas. - To indo! Tchau -  Tchau querida! Maria acenou para a menininha de olhos claros, que saiu correndo, de repente ela virou-se para Damon. - irmão?   - Ah, é que ela antes de vir para cá tinha uma família que morreu em um incêndio, só Deus sabe como ela se salvou. Trouxeram ela pra cá e quando ela me viu disse que eu era muito parecido com o irmão dela, desde então me chama assim. - Não me impressiona. Ela também é loira com os olhos claros. - Pois é. Ela é assim hoje, mas demorou muito para se adaptar à perda. Maria aproximou-se de Damon e pegou sua mão. - Tenho certeza que você foi de grande ajuda.          Ele assustou-se com o toque das mãos macias e pequeninas. Não sabia o que acontecia, mas ficava simplesmente hipnotizado na presença de Maria.   - Temos também um confessionário ! – Cortou o silêncio. Andou pelo corredor amiúde fazendo A Lancaster o seguir e adentrar o grande salão onde aconteciam as missas – Aqui está.       Maria olhou para o bloco de madeira, devia confessar seus pecados ao menos uma vez, maia fora tantos que ficaria ali o dia inteiro. - Você os ouve ?     Ele assentiu. - Temos um padre de fora que vem ouvir  as pessoas mais também temos uma horta. - Bom! E de que horta ela estava falando? Damon despertou, sentia-se muito estranho. - Ah, não é exatamente uma horta. Tem de tudo, eu que planto, puro lazer. E é claro que o que colhemos é usado na preparação dos alimentos. - Humm... Vamos lá! Quero ver. Eles andaram mais um pouco e voltaram próximos à entrada, Damon encaminhou-se para um cercadinho e ali ela viu tudo plantado perfeitamente, a areia solta e escura com algumas pequenas frutas e verduras ainda novas que teriam muito o que crescer, o cercado de madeira feita de forma amadora mas ainda sim tão cuidadosa. Damon era tão cuidadoso assim ? será que ele seria tão cuidadoso assim com ela ? - Nossa Damon! Sua horta é linda! - Que isso Srta. Maria, não há nada de mais. - Ai meu Deus! O que é aquilo? Tangerina? - Sim. Gosta? - Eu adoro! Damon foi até a árvore e colheu uma. Abriu e entregou os gominhos para ela. - Experimente. - Oh! Ela pegou os gomos das mãos de Damon, estava fascinada. E ele encantado com o olhar tão infantil que ela adotara ao ver a fruta. Maria levou a fruta a boca deixando algumas gotas da frutose escorrer por seus lábios.  Merda, ele ficaria duro ali mesmo se ela continuasse. - Deliciosa! Ah... Fazia tempo que não comia isso! - Nossa! Agora sim, isso é impressionante. - Oh! É que como modelo não sou muito livre para comer o que bem entendo. Frutas engordam, o senhor sabia? – Falou em tom divertido. - Sim, mas também fazem um bem terrível à saúde. E agora quando a senhorita quiser terá um pé de tangerinas a sua disposição. Deus, ele falava como se ela realmente fosse ajudar a chácara, mas algo dentro de si falava que ela ajudaria. E uma voz gritava desesperadamente para que ela ajudasse e que aparecesse lá todos os dias. Viu um brilho magnífico no olhar dela. -  Oh sim, posso me acostumar com isso. Já estou aposentada de qualquer jeito. - Mas aposentada tão cedo? Maria suspirou. - Ser modelo é ótimo, mas é uma vida muito estressante. Agora os pequenos trabalhos que faço são apenas por diversão. - Entendo. Ela acabou de chupar as tangerinas. - Quer mais? – Concordava que vê-la com tanta vontade abocanhar uma fruta era estonteante. - Não, não. Apenas uma é o suficiente! - Então vamos, acho que nosso passeio acabou, lhe mostrei a chácara inteira. Ele já virava-se para sair. - Espere! Ele virou-se na direção dela, Maria aproximou-se de forma receosa. - Diga-me Damon... Posso te perguntar uma coisa? - Claro, qualquer coisa Srta. Maria. – Ele sentia-se nervoso. E ele deu aquele sorriso maravilhoso. - Por que... Por que tornou-se padre? - Damon a encarou com um olhar indagador, o que ela queria dizer? -Eu digo, alguns se tornam por causa de um chamado que sentem, simplesmente por gostar muito da religião, sei lá coisas assim...então diga-me, padre, por que um homem belo como o senhor decidiu-se por ser padre? O olhar que lançava para ele agora era lascivo, sexy, entorpecido. Ela colocou a mão no braço de Damon e acariciou os músculos que se contraíram. A garganta dele secou no primeiro contato daquelas mãos macias, se perguntava se todo o copo era tão macio quanto aquele toque.           Na hora que ela o chamou de padre sentiu como se fosse explodir, por que era tão mais sexy ela o chamando de padre? Não deveria ser.          Os dois ainda se encaravam e ela acariciava os fortes músculos, ela jamais faria o primeiro movimento. Por que ele não respondia?        Ela o tinha feito uma pergunta, e por que raios não respondeu? Por que sua voz não saía? Seu coração bateu com tanta força, seu estômago contraiu-se, queria tocá-la, queria senti-la. Não tinha forças para falar. Não sabia o que dizer. Apenas queria tocar a pele de seda, queria sentir... Uma de suas mãos pegou o braço da mão que o acariciava, ele levemente movimentou o polegar, sua outra mão dirigia-se às madeixas negras. -Maria!!! – Samara corria de encontro ao casal. Damon recuou suas mãos a tempo. - Procurei por vocês por toda a chácara! – Samara parou ofegante. - Criseida está nos chamando para tomar café, vamos? Maria aos poucos recuperava-se do choque do carinho do polegar de Damon e ouviu Samara.Ainda recuperando-se virou-se para a amiga para respondê-la. -  Vamos sim! Aquela tangerina me abriu um apetite! -  Então vamos antes que Vitor acabe com tudo! Os três caminharam juntos até a casa de Criseida onde Damon tinha um quarto bem simples. As crianças dormiam numa casa maior, eram cuidadas pelas irmãs que moravam na mesma casa que elas. Damon e Maria mantiveram-se em silêncio enquanto Samara contava a experiência da cavalgada. Nenhum dos dois entendia o que tinha acontecido naquele momento, mas talvez nem ao menos fosse possível entender.                                          ◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇   -  E então Maria?O que achou da chácara Já estavam dentro de casa se deliciando com os bolos de Criseida e o chá. Maria estava acostumada com um champagne, mas o chá estava perfeitamente adequado. - É linda Criseida! Só precisa de pequenas melhoras para o bem das crianças aqui ou ali. Como o parquinho, por exemplo. - Ah sim, aquele parquinho! Está um perigo! E as crianças? - Oh, são perfeitas! Educadas. As adorei! Vai ser com grande prazer que ajudarei as crianças de Hope! Criseida que estava em pé sentou-se. - Oh! Sinto-me tão feliz!    Transbordava em alegria. Damon olhou para Maria, seu coração acelerou, seu corpo esquentou, trocaram olhares e ela sorriu para ele. No seu mais íntimo Damon agradecia o fato dela ajudá-los, assim poderia vê-la novamente, mesmo sabendo que era um erro.                                                    ◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇           Maria dirigiu de volta para o apartamento,  passou a tarde inteira na chácara, primeiro o passeio  e depois ela e Criseida ficaram fazendo planos para a chácara, tinha que admitir que aquela mulher era insistente. Porém, é claro que não poderia esbanjar dinheiro na chácara, mas ajudaria da forma que pudesse, organizando eventos ou o que quer que fosse. Queria ajudar aquela chácara e muito, pelas crianças, mas sabia que era principalmente por Damon. Pelo toque de Damon. No fim, estava cada vez mais impossível tirá-lo dos pensamentos. Quando entraram no apartamento de Maria ela jogou-se no sofá. -  Ah... O dia foi ótimo! Vitor! Champagne! Temos que comemorar o meu mais novo projeto. - Damon Spencer! -  Pare sua boba! A chácara Hope! – Riu sem graça Os três brindaram animadamente. - Ah como eu queria ser assim viu amiga, beber champagne quando bem entendesse, xavecar um padre. - Oras! Pare agora! Não o chame de padre e sim Damon... Sim Damon... O nome de um grande homem que não tem nada para ser padre! Se bem que...foi interessante chamá-lo de padre. Maria comentou maldosamente, percebeu a reação dele.                                                            ◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇                Após Maria sair Damon foi passear a cavalo, espairecer um pouco, clarear seus pensamentos, principalmente sobre a Spencer. Ficou um bom tempo fora, porém de nada adiantou, sua cabeça estava uma verdadeira bagunça.              Voltou para casa e tomou um bom banho, depois dirigiu-se para o seu quarto para dormir.              Por que não respondeu a ela a razão de tornar-se padre? Uma promessa feita à mãe. E o que diabos ia fazer quando a tocou? O que diabos ia fazer quando agarrasse aqueles cabelos sedosos? Nem ele mesmo sabia. Apenas queria sentir. Sentir o toque da pele dela, sentir mais uma vez aquele turbilhão de sentimentos o dominando mais profundamente, apenas isso. Sentir! Parou para pensar no que ela disse. “Eu digo, alguns se tornam por causa de um chamado que sentem, simplesmente por gostar muito da religião, sei lá coisas assim...então diga-me, padre, por que um homem belo como o senhor decidiu-se por ser padre?”       E ela estava certa, todos os padres com quem conversava contava histórias interessantes pelo motivo de sua decisão. Mas ele apenas estava ali a pedido da mãe, cumprir uma promessa. Algumas vezes já se pegou imaginando como seria uma vida normal, se vivesse como quisesse, fora daquela chácara, com um trabalho normal, administrando os hotéis do pai. Cursou uma boa faculdade de administração, mas nunca colocou nada em prática. Como seria a vida longe daquele celibato. Certamente não usaria as mulheres e as jogaria fora, pois achava um absurdo, mas será que não iria gostar?         Sacudiu a cabeça com força. No que estava pensando?Senhor! Aquela mulher estava fazendo-o louco! Fazendo-o querer cometer pecados inimagináveis para um padre! Sua vida é a igreja e vive muito feliz assim, não poderia dar as costas a ela assim tão facilmente. Levantou-se da cama e ajoelhou-se antes da imagem que tem em seu quarto. -   Por favor pai, afaste de mim tudo aquilo que me faça fugir do meu destino. Deitou-se novamente, agora em sua mente a única coisa que veio foi a imagem de Maria e o brilho infantil em seu olhar ao ver as tangerinas e experimentá-las. Seu interior aqueceu-se, ele sentia como se algo nascesse dentro de si, aquela noite dormiu pacificamente.  
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