Maria acordou sentindo-se revigorada, era 9h, não tinha saído no dia anterior por isso acordou cedo. Sentia-se feliz como se algo muito bom fosse acontecer em sua vida, colocou sua roupa de ginástica, Samara ainda não estava em casa, apenas Vitor.
- Bom dia Vitor!
- Nossa hein querida! Que felicidade é essa? O que aconteceu?Sonhou com um passarinho rosa?
Maria riu. Ah se ele soubesse.
- Ah Vitor você e seus passarinhos rosa! Respondendo a sua pergunta, sim, eu estou feliz!
- A razão para essa felicidade seria um padre loiro?
Maria apoiou-se no sofá e passou a mão pelo seu braço no lugar que ele tinha agarrado no dia anterior. Na face um sorriso sonhador, na mente o belo sorriso de seu padre loiro.
- Sim e não! Estou feliz por estar ajudando mais uma comunidade! E adorei as crianças dessa comunidade! Principalmente Analice! Ela é uma graça!
- Sim, essas crianças são muito educadas mesmo.
- Ah! Estou descendo para tomar café e depois caminhar, me acompanha?
- No café sim.
Os dois encaminharam-se para o restaurante do hotel.
- E como está minha agenda hoje?
- Tem uma sessão de fotos para VIVARA, a nova coleção de jóias. Ah! Deve estar magnífica! Você vai brilhar!
- Obrigada querido! Algo mais?
- Sim, hoje tem chá de bebê na casa de Mariana.
- Oh sim! Como fui me esquecer? Mason me mataria!
Mason era primo de Maria por parte de pai, o resto dos familiares por parte de pai moravam todos fora do Brasil. Ele foi um dos únicos primos que fizeram parte de sua infância e adolescência. As histórias cabulosas e aventureiras eram dignas de livros de histórias.
Maria se aproximou da mesa da cozinha olhando as frutas suculentas e maduras sobre a fruteira.
- Hum, esse melão está com uma cara boa, não vou resistir a uma fatia.
- Maria querida, cuidado, ontem já se excedeu na chácara com os bolos de Criseida. - Disse Vitor.
- Hum sim...Comi duas fatias. – Maria suspirou. – Parece que vou me exceder cada vez que for para lá.
Maria disse isso com um brilho lascivo no olhar.
- Maria, querida.- Vitor chamou a atenção dela que estava ‘viajando.’ – Você não está realmente querendo levar isso adiante, está?
- Isso o que? - Dissimulada.
- Essa atração pelo padre.
- Oh, isso... Não, não é isso querido, apenas quero ajudá-los.
- Sei Maria Lancaster!Esse seu ar viajante não é de hoje, tá querida? Está como quando conheceu seu ex-noivo, Jhonny!
Pronto, Vitor disse. Às vezes falar tudo sem pensar como ele fazia, não era lá uma coisa boa, às vezes ajudava a clarear a mente mas às vezes era como um balde de água fria.
- “Como com Jhonny...não, pior.” - pensou
- Desculpe-me Maria! Eu e minha boca grande, não devia ter mencionado o nome dele.
Sempre que mencionava o nome do falecido Maria ficava triste, mas aquele dia em especial, pra ela foi diferente.
- Não tudo bem querido. Olhe, vou caminhar agora, quando voltar tomarei um banho, almoçamos e vamos para a sessão de fotos ok?
- Tudo bem, vá lá.
Maria levantou-se animadamente e saiu para sua caminhada deixando seu funcionário confuso na mesa do café, ela não tinha que ficar triste? Não hesitou em falar pois realmente a semelhança da Lancaster que conheceu Jhonny, com a forma que conheceu Damon foi incrivelmente parecida em relação aos sentimentos.. Porém um pouco mais parte, os olhos adquiriram um brilho intenso.
Saiu para a sua caminhada no Leblon. Ah sim, adorava caminhar vendo o mar, as pessoas se divertindo nas areias. Corria pensando no que Vitor disse. Ela se sentia estranha sim desde que conheceu Damon, como nunca esteve por nenhum outro homem nos últimos tempos. Quando conheceu Jhonny lembra-se que se sentiu estranha, hipnotizada, mas não foi tão forte quanto com ele, Damon Spencer. O que significava isso? Qual o verdadeiro significado dessas sensações?
Corria perdida em seus pensamentos quando alguém a segurou pelo braço fazendo-a parar, um pouco ofegante, assustou-se com a pegada repentina.
- Ah! É você David! Que susto!
- Que susto digo eu. Você estava correndo na direção do poste, o que mais queria que eu fizesse?
Foi então que Maria olhou para frente e se viu parada à frente de um poste. Céus! Estava tão distraída que nem ao menos prestava atenção no caminho que seguia, se não fosse David se machucaria. David era um grande amigo, médico que a socorria em todas as horas possíveis. Era normal encontrá-lo pela cidade já que ele era amante da boemia. Ele era dono de cabelos ruivos naturais não tão grande ao ponto de tocarem seus ombros, mas tinha os olhos capaz de tocar o coração de qualquer mulher, não o de Maria, pois aquele sim já havia sido tocado, por um par de olhos azuis.
- Obrigada, estava realmente distraída.
- Pensando na vida?
- Mais ou menos.
- Acompanhe-me em uma água de coco.
- Claro, nesse calor é necessário me hidratar mesmo.
Os dois foram caminhando até um quiosque e David pediu as águas de coco.
- E então, seria um homem que ocupava seus pensamentos.
- Mais ou menos. – Ela riu. – Eu estava pensando em como me sentia com Jhonny, hipnotizada. Aquilo tudo pelo forte amor que sentia por ele, certo?
David é um velho amigo de Maria, na verdade... O médico que deu o atestado de óbito de Jhonny, quando o corpo dele foi encontrado, foi ele quem o examinou e deu a má notícia a Maria. Ele era amigo de Jhonny antes de tudo, David sabia tudo da história dos dois.
- E que amor, não?
- Sim. As sensações que sentia quando estava com ele eram únicas. Me diga, você acha que eu possa voltar a sentir aquelas sensações novamente? Com mais intensidade?
O Ruivo não entendia muito bem as razões dela estar perguntando aquilo, mas resolveu ser sincero.
- Claro que pode. Todos tem uma chance de amar uma segunda vez na vida Maria, principalmente no seu caso que teve seu amor arrancado de você tão brutalmente.
Maria bebia a água de coco enquanto pensava. Mas conhecia Damon há tão pouco tempo. Não, não podia ser.
- Me diga, acredita em amor a primeira vista?
- Amor? Não sei, paixão, sim, com certeza. Como a que senti por Hillary, mas acredito que a paixão aos poucos evolui para o amor. Pena que aquela cabeça dura me rejeite tanto.
Maria sentiu seu interior iluminar, não, não poderia ser. Poderia? Justo por um padre!?
Riu de sua situação como a do amigo também, essa paixão a qual ele mencionava, m*l sabia ele que é correspondida, mas a loira é cabeça dura demais.
- Me diga, vai no chá de bebê de Mariana essa noite? - ele indagou
- Ela estará lá?
David era completamente, irrevogavelmente e intensamente apaixonado por Hillary desde os tempos de faculdade. Mesmo que muitas mulheres tivessem passado por seu caminho, o aroma dos cabelos de Hillary sempre permaneceriam em sua memória.
- Quem?
- Oras, quem é Maria?
- Oh! Hillary? Sim, sim.Claro! Ah, uma dica David, Hillary gosta de se fazer de difícil. – Ela deu uma piscadinha para o amigo. – Agora tenho que ir, tenho uma sessão hoje a tarde.
- Vá lá, pode deixar que eu acerto aqui.
- Obrigada!
Ela saiu andando, mas antes que começasse a correr David a chamou.
- E Maria! Obrigado. – Ele sorriu para ela, ela retribuiu o sorriso e saiu correndo.
- “Obrigada você David, por tudo, sempre.”
***
O Sol raiou agitado no horizonte, os raios intensos logo cedo atingiram primeiro o parquinho das crianças e depois serviram de apoio para o crescimento das plantas, verduras e frutas na horta que já atingia a adolescência.
Damon preparava-se para celebrar a missa da manhã.
- Bom dia Damon, como dormiu?
- Muito bem tia e a senhora?
- Bem. Eu estive pensando nessa ajuda de Maria que veio em tempo bom, sabe o proprietário da chácara está querendo vendê-la, ele está passando por dificuldades, talvez com a ajuda dela poderíamos comprar a chácara e…-
- Não, tia, isso é pedir demais. Caso seja necessário vender a chácara nós daremos nosso jeito.
- Mas Damon! Não podemos nos arriscar! - ela insistiu. Aquela chácara
Damon aproximou-se de Criseida e colocou as mãos nos ombros da tia.
- Deus nos ajudará tia, ele sempre ajuda.
- Tudo bem querido, tem razão, seria pedir demais da bondade dela. Ela é uma bela garota não?
-“Bela? Não, magnífica.”
- Não é Damon? – Criseida reforçou a pergunta.
- E, é - Disse demorando a responder.
- É muito bondosa e as crianças gostaram dela.
- Sim, ela é. – É perfeita, a mulher que um dia sonhara para si mesmo.
Damon percebeu, Maria é tão bela tanto por fora quanto por dentro. As crianças rapidamente foram atraídas para ela e isso apenas a tornava mais encantadora. Quando Analice o mandou sentir o cheiro dela sabia que era um caminho sem volta, sabia que ia ficar a cada dia querendo vê-la mais, então devia apenas ter mantido distância, mas algo o atraiu. Não sabia o que, aquele sorriso por hora angelical, infantil...sedutor.
- Ei Damon! Não está me ouvindo? Estou falando com você a meia hora.
- Tia! Eu estou me preparando para uma missa, poderia me dar licença? – Ele falou irritado. Não com sua tia, mas consigo mesmo e estes pensamentos.
Tia, ele a chamou de ‘tia’ novamente. O que se passava na cabeça de seu sobrinho? Estava realmente intrigada.
Por que não estava conseguindo tirar Maria de sua cabeça? Deus não estava atendendo ao pedido dele? Mas ele queria que Deus atendesse aquele pedido?
◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇
Já era noite e Maria chegava no hotel com Vitor, estava exausta! VIVARA sempre exigia dela uma sensualidade absurda, claro para ela não é nem um pouco difícil ser sensual, mas sim quando sua cabeça estava tão cheia de pensamentos.
Uma mulher romântica, isso é o que Maria sempre foi. Acredita no amor sobre todas as coisas, mas com o passar do tempo percebeu que o amor era algo que crescia com tempo, não algo tão explosivo que tirava seus sentidos certo? Mas o que sentia naquele momento contradizia tudo o que ela conhecia e tinha como base.
-Ah! m*l posso esperar para ver as fotos! Você estava linda diva! Essa nova coleção da VIVARA está um arraso! - Vitor era sempre o mais afobado após os trabalhos de publicidade.
- Oh sim, está maravilhosa!
Chegaram ao apartamento de Maria.
- Vitor, ligue para Samara e Hillary, diga para passarem aqui que vamos juntas! Vou tomar um banho e me trocar. Não quero ficar perdida como na última festa!
- Isso vai lá.
Maria tomou um banho revigorante e por hora achou que seria melhor tirar aquilo tudo de sua cabeça e se divertir como sempre fazia.
Saiu do banho e vestiu seu roupão.
- Hum, deixe-me ver o que é mais apropriado para essa noite? Ah já sei!
Maria procurou, mas não achou.
- Vitor ! Onde está aquele meu vestido longo estampado?
- Vai vesti-lo hoje? Ótima escolha!Ué, não está no guarda roupa?
- Não acho!
A campainha tocou.
- Deve ser as meninas.
- Tem razão, procure o vestido enquanto eu atendo, sim?
- Ai, Maria você não seria a diva que é sem minha ajuda!
- Mas é claro que não! Por isso que te p**o tão bem, querido!
Ela saiu a caminho da porta para atendê-la. Eram sua amigas, agitadas e ainda por cima prontíssimas. Coisa que a modelo estava longe de estar.
- Maria! Não está pronta ainda?
- Ainda bem que viemos mais cedo!
- Acalmem-se meninas! É porque hoje fiz uma sessão de fotos para VIVARA.
- Oh está brincando! Por que não me chamou?
- Oras, você disse que ia passar sua tarde cuidando de assuntos da faculdade, não quis importunar.
Samara segurou as mãos da amiga.
- Não importa o que eu diga, uma sessão de fotos nunca será importuno, me ouviu?
- Ok, me desculpe...
- E eu por que não me chamou?
- Porque você está sempre ocupada com seus homens! Simples.
- Ah, hoje eu não fiz nada... Estou cansada desses ‘homens’. - Nem de todos, afinal, não poderia estar cansada de um homem que ainda havia tido em sua cama.
- Oras, arranje um fixo então!
- Querida, diga-me, quem?
- Ah, eu sei de um que está bem interessado!
- Quem, quem, quem?
- Oras, não vou falar, descubra sozinha!
- Aaah Mari! Que chata!
- Acredite, ele é maravilhoso!
- Querida, que dificuldade, mas achei o vestido! Credo, esse seu armário já está cheio demais, por que não dá um pouco de roupa para os carentes?
- Dar as roupas para os carentes Vitor?Está maluco, não é mesmo? Os vestidos de Maria não seriam nem um pouco úteis! - Exclamava Hillary.
Maria Lancaster encarou seu melhor amigo enquanto suas últimas palavras ecoavam em sua cabeça como um mantra, como se aquela fosse a saída que Damon e Criseida Spencer procuravam.
- Ahh sei lá, então faça um leilão, apenas livre-se disso.
- Leilão?E ganhar mais dinheiro que ela já tem? - Pimba, era isso. Um leilão.
- Esperem! - Maria estava pensativa. – Não há necessidade de mais dinheiro...para mim!
- Isso, você poderia fazer um leilão beneficente e...
- Ajudar a chácara Hope! Vitor querido, você é um GÊNIO! – Ela disse e pulou abraçando o assistente e dando um beijo em sua bochecha.