Dante Pussent
— Não acredito que você realmente me convenceu a vir parar nesse fim de mundo — disse Lorenzo exaltando seu desdém, enquanto sorvia um gole de vinho em uma pequena bodega à beira da estrada — Ao menos o vinho deste lugar é delicioso.
— Duvido que você vai reclamar tanto, quando começar a f***r as provincianas — proferi, virando minha caneca em um só gole — Vamos embora, ainda temos 80 km de estrada à frente.
Conforme dirigia pela estrada de pedra, à minha esquerda, eu via o mar e sentia a sua brisa bater em minha face. À direita, o perfume cítrico da plantação de videira, exalava seu frescor em minhas narinas.
Eu nasci aqui.
Todas essas sensações deveriam ser recordações para mim, porém, não são. Fui escorraçado desse lugar quando ainda era um bebê. Renegado, deixado de lado pela pessoa que mais deveria me amar e me proteger.
Estou voltando para acabar com um passado que não vivi, mas que me atormenta dia após dia. A única coisa que a Sandra, minha madrasta, me ensinou, é que podemos aliviar nossas frustrações nas outras pessoas. A diferença de mim para ela, é que irei descontar na pessoa certa, na que merece e, não, em um inocente, como aquele poço de v***a maldita, fez comigo ao longo dos anos.
Sentado ao meu lado, Lorenzo só fazia reclamar. O mandei várias vezes para o inferno, ou que voltasse para casa, sabendo que ele jamais iria. Esse filho da p**a só abre a boca para encher a p***a do meu saco.
Mas é muito, muito amigo.
Em parte, o entendo. O cara é baladeiro de noitada e, aqui, nesta província, sua vida social será arruinada. Lorenzo é o irmão que não tive, um amigo em que posso confiar minha vida.
Não que essa vida valha muito.
— Chegamos. — O avisei, para que ele saísse da maneira despojada em que se encontrava.
Lorenzo levantou o assento, que estava deitado e desceu suas pernas, que estavam no painel do carro. Ao abrir o vidro, escaneou o lugar com uma expressão séria.
— Chegamos? — Lorenzo franziu o cenho — Ou é feriado, ou estamos em uma cidade fantasma. Cadê a população? Está de s*******m com a minha cara, não é, meu irmão? Que p***a de lugar é esse?
— Tem razão. Está tudo fechado e muito deserto para uma sexta-feira. Que estranho!
Estacionei o veículo e desci do mesmo, observando o local a minha volta. Uma praça com brinquedos e jardim bem cuidados. Algumas mesas feitas de alvenaria pintadas para jogos como xadrez e damas, típico lugar para a velharada encostar a b***a. Em torno da praça, lojas comerciais todas fechadas, até mesmo uma padaria. Não havia merda alguma funcionando.
Ao fitar na direção do veículo, vi o Lorenzo do lado de fora do carro, rodando com seu smartphone para o alto.
— O que houve?! — perguntei curioso.
— Sei lá. Algo estranho. Tenho sinal e consigo fazer ligação, mas não consigo acessar a internet. Queria pesquisar para saber se é feriado aqui — não aguentei e comecei a rir, fazendo Lorenzo emburrar sua feição — Está rindo de quê, seu palhaço?
— Cara! Você está no cu do mundo e quer que sua internet funcione? — continuei a achar graça — Agradeça, por ainda conseguir fazer um telefonema. Entra no carro, ainda faltam 3 km para chegarmos à pousada. Nossa sorte é que salvei as coordenadas, pois não teria ninguém para nos dar informações.
— Estou vendo que terei de ficar bêbado na p***a desse lugar todos os dias. Sem farra, sem internet… — resmungou bravo — E, se duvidar, sem xana.
— Deixa de ser escroto! É claro que tem mulher nesse lugar. — afirmei.
— Já estou até imaginando os “javalis do mato.”
Lorenzo sempre foi o meu lado divertido. Ao lado desse meu irmão de alma, esquecia as surras que levei sem merecer, as ofensas que ouvi e os castigos que me assombram até hoje.
Não tem nada aberto nesta pocilga. Voltei para o veículo sob os resmungos de Lorenzo, buscando a paciência que não tinha para ouvi-lo reclamar, mas que valia a pena, por tê-lo ao meu lado, naquele momento.
(...)
Ao chegar na pousada, estacionei o veículo na entrada. Não havia ninguém para abrir a garagem, já começou a f***r por aí. Então, saí do carro, deixando Lorenzo para trás e entrei na pequena recepção em estilo colonial, a encontrando vazia.
— Mas que merda... O povo não trabalha neste lugar? — resmunguei.
Observei que havia uma campainha em cima do balcão de madeira, apertei e o som era estridente. Logo ouvi um barulho de descarga e um homem saiu todo apressado de dentro do banheiro, recompondo a roupa.
— Graças a Deus! — juntou as mãos como em uma reza — Lorenzo Baldorini?
— Não. O Lorenzo está dentro do carro. Eu sou Dante. Dante Pu… — cidade pequena, se digo meu nome, em um rastro de pólvora, saberão que sou o dono da maior vinícola do estado — Dante Baldorini. Sou primo do Lorenzo.
— Tudo bem, senhor! Vou lhe dar o controle da garagem enquanto preparo as fichas de vocês. E já vou lá pegar as bagagens. — O homem falava com certa ansiedade.
— Só tem você trabalhando aqui? — perguntei, querendo saber o motivo da cidade vazia.
— Hoje, sim, senhor.
— Por que agradeceu quando cheguei?
— Pois só estava aguardando os senhores chegarem para sair.
Isso estava evidente.
— Sua saída tem a ver com a cidade toda deserta?
— Sim — o homem eriçou as sobrancelhas — Vocês não vieram por causa da festa da uva?
— Festa da uva?! — ao menos uma boa notícia. Pelo menos assim Lorenzo me encheria menos o saco. — Não. Definitivamente, não. Nem sabemos do que se trata.
— Agora está explicado porque chegaram tão tarde.
— Como assim, tarde? Faltam 20 minutos para as 4 horas da tarde. A festa já vai acabar? — aquele lugar era a definição de decadente.
— Não. Essa festa dura a noite toda.
Certo. A cidade não é bem a definição de decadente, porém, o coroa poderia ser mais direto e falar do que se tratava.
— Então...? — abri os braços, buscando entender a lógica do roceiro à minha frente.
— É que, em 20 minutos, as moças da cidade irão fazer o mosto. — o olhei com estranheza e continuou — É… Mosto, a base de preparo para o vinho.
— Eu sei o que é mosto — proferi de forma sarcástica — O que não sei, é o que tem de especial, em ver mulheres jogando uvas em um maquinário.
— Não. Não. Não. A tradição da festa é no modo antigo. Que esmaguem as uvas com os pés! — o roceiro falou com grande empolgação na voz, mas ainda não conseguia entender a graça daquela merda.
(...)
Logo após pôr nossas bagagens nos quartos, o homem saiu em disparada para a tal festa da uva. Nada muito longe, o local ficava a dez minutos de caminhada dali. Lorenzo e eu estávamos famintos, já que não tivemos serviço de quarto, teríamos que ir até a tal festa para arranjar o que comer. Então resolvemos ir até lá.
— Agora tenho certeza de que estou no cu do mundo, como você disse — relatou Lorenzo, balançando a cabeça para os lados — A cidade fica deserta para assistir um bando de mulheres com uma p**a falta de higiene, encher de chulé e bactéria, a única p***a que presta neste lugar. O vinho.
— Mas que merda! Quando é que você vai parar de reclamar? — o perguntei rindo. Ele apenas revirou os olhos, bufando sua impaciência.
As ruas da província eram todas de paralelepípedo. Para andar de carro é uma merda, mas, quando se faz uma caminhada, é possível observar a paisagem bonita junto às casas coloniais. O lugar arborizado ajuda a harmonizar ainda mais a beleza do caminho. Mostrando que, apesar de ser no cu no mundo, a cidadezinha tinha lá os seus encantos.
É. Eu gostaria de ter vivido aqui, esse lugar de tão lindo, parece o pedaço do paraíso. Entretanto, fui condenado ao inferno.
O fado em nível alto, denuncia que estávamos chegando na festa. Por mais que a celebração fosse um aglomerado de italianos, a tradição das mulheres de produzir o mosto com os pés, veio de Portugal. Portanto, o som alto que atingia os nossos ouvidos e nos dava boas-vindas ao local, era de origem portuguesa.
Esfomeado, Lorenzo já partiu para as barracas, que eram muitas, por sinal.
Filho da mãe esganado!
Foram só algumas horas sem comer! Porém, ele parecia crianças vindas da Etiópia.
Por conta do meu pai, aprendi a amar a produção de vinhos. Nunca havia visto o mosto ser preparado com os pés, nós usamos os maquinários. Foi movido pela curiosidade, que esqueci a fome e resolvi assistir, pela primeira vez, a cena.
O lugar estava cheio. Acompanhando a batida da música, o público batia palmas e gritavam para incentivar as mulheres. Mais adiante, no centro do povo, um conjunto de tinas, abrigava saltitantes as provincianas do local. Lorenzo iria descobrir que as “javalis do mato”, eram gostosas, maravilhosas e capazes de deixar um homem fodidamente duro de imediato.
Olhei ao meu redor, notando a quantidade de homens felizes, batendo palmas. Bando de filhos da p**a. Festa da uva é o c*****o. A maioria dos homens no aglomerado de gente, estavam apenas observando as saias das mulheres pularem, mostrando as coxas, a beirada gostosa da b***a e os s***s quase saltarem do decote. Elas, no entanto, pulavam sorridentes, avermelhadas pelo sol e esquecendo o cansaço, graças ao incentivo da dedicada plateia masculina.
Era um p**a show de exibicionismo gratuito, isso, sim.
Mesmo assim, resolvi observar. Admirar o processo e as visões. Até focar em uma em específico. No meio de tanta beldade a Deusa delas.
Segurando a barra da saia curta, ela se chacoalhava, conforme os incentivos que recebia. O branco do vestido rodado recebia gotas de escarlate, enquanto pulava. Os longos fios negros se esvoaçam, acompanhando o movimento. O quase pôr do sol lhe dava um tom rosado nas bochechas, junto a um sorriso de satisfação.
Para essa até meu saco batia palmas.
Quando percebi, era exatamente isso o que estava fazendo, batendo palmas para gostosa das coxas bonitas, imaginando a visão perfeita que seria, se os s***s escapassem do decote.
Sou um pervertido, igual ou pior do que os roceiros da Província.
Realmente. As mulheres daquele lugar, ela em específico, tinha o dom de fazer o meu p*u gritar e latejar dentro da calça.
Não precisava de muito esforço para ver o resultado da saia pulando. A curva intrigante da calcinha ficava exposta, mostrando um pedaço da b***a. Ela sumia e aparecia a cada salto. Isso me fazia lembrar que tinha outra coisa querendo sumir e surgir naquela maravilha.
E se eu segurasse naquela cintura fina e usasse a minha força para estocar a gostosa saltitante à minha frente, com a excitação que estava?
Matava a mulher de tanto trepar.
Iria subir p***a até para a cabeça e nem todo o vinho do mundo seria capaz de fazê-la ficar tão inconsciente.
Queria f***r aquela mulher! Contudo, meus pensamentos obscenos foram interrompidos, pelo jeito expansivo de Lorenzo.
— c*****o irmão! Eu te amo — falou com total empolgação — Aqui só tem gostosa e tudo no brilho.
— Já percebi. — proferi, apontando para as tinas, mas a Deusa não estava mais lá — Perdi ela de vista!
— Perdeu quem, Dante? — Lorenzo perguntou sem entender.
— Uma Deusa, gostosa pra c*****o, que estava ali na tina, esmagando uvas.
— Esquenta, não. Deusas, é o que mais tem aqui — proferiu de forma maliciosa, trincando os dentes para uma gostosa que passava por nós — Ela sorriu, irmão! Me dei bem — ele bateu em meu peito e deu uma piscadela — Vou nessa, enquanto tu fica aí chupando o dedo, procurando a Deusa perdida. — depois de me dar um tapinha nas costas, ele foi atrás do r**o de saia.
Acredito que seriamos a sensação da província. Cidade pequena, todo mundo se conhecia. Provavelmente, Lorenzo e eu seríamos novidades. Mulheres se sentiam atraídas, só em saber que éramos de fora.
Pau novo na área!
Passado alguns minutos, explorando um pouco mais da localidade, tentando achar algo do meu agrado para degustar, vi o objeto do meu desejo em uma barraca de drinks. Sem me conter, me aproximei, vendo ela entregar uma nota ao atendente e bebericar o drink, aguardando o que devia ser o troco. Quando cheguei bem perto, o homem lhe entregou algumas moedas. Antes que ela saísse e sumisse novamente da minha vista, eu perguntei:
— É gostosa? — me olhou em um movimento rápido.
— Oi?! — exclamou sem entender.
— A bebida. É ou não é gostosa? — apontei para sua taça.
— Para mim, uma delícia. — respondeu sorrindo.
Ah, e que sorriso!
— Vou querer uma igual à sua.
Que p***a que estava falando?!
— É só pedir na barraca a sua direita — proferiu com um certo sarcasmo.
— Só que não sei o nome desse drink. Pode me ajudar? — ela assentiu e sorriu discreta.
— Juliano! — chamou a atenção do barman. — Faça um Bellini para o rapaz, por favor. — pediu, ainda com um sorriso maroto no rosto — Bom, acho que já posso ir. Espero que goste da bebida. Tchau! — acenou, se virando.
— Espera! — a fiz desistir de ir e ela se virou de maneira brusca, fazendo seu cabelo e vestido balançarem com o movimento. Aquilo foi lindamente sexy — Não agradeci, nem me apresentei.
— Tudo bem. — devia estar agindo igual um i****a, pois ela continuava a sorrir.
— Prazer, Dante Baldorini! — Me apresentei, esticando a mão em um cumprimento, mas antes que ela pudesse corresponder, o barman me entregou a bebida.
— Vou aguardar você provar o Bellini e depois irei.
— Não sem antes me dizer o seu nome. — falei, enquanto provava um gole considerável da bebida doce e cítrica.
— Me chamo Luna — nome lindo igualmente a ela, além de ser gostosa ao extremo — Luna Taranto.
Engasguei com a bebida, ao ouvir o sobrenome da Deusa a minha frente.
Fodeu!
— Taranto?! É filha de Antonella Taranto? — perguntei surpreso.
— Não. Sou irmã dela. — respirei mais aliviado, enquanto ela fazia um muxoxo.
— O que houve? — perguntei ao ver sumir de sua face o leve sorriso que mantinha em toda nossa conversa.
— É que já sei o que veio fazer aqui. Quando alguém de fora, vem parar aqui neste fim de mundo e conhece a Antonella, é porque quer comprar a vinícola ou a fórmula do prosecco Gemelli. Não é isso?
— É, exatamente isso — ela mesma estava me dando a brecha para chegar até a v***a que me pariu — Mas, de antemão, vou lhe avisar… Antonella não vende por preço algum, nenhum dos dois.
A intenção era me aprofundar mais no papo, entretanto, uma mulher um pouco mais velha que Luna e igualmente linda, chegou de forma brusca, cochichou alguma coisa ao seu ouvido e a puxou pelo braço com ignorância, fazendo com que o drink derramasse no vestido da moça.
A amiga dela, o que tinha de gostosa, tinha de ignorante. A fim de saber quem era a outra mulher, dirigi-me ao barman.
— Juliano é seu nome, não é?
— Sim, senhor. Ao seu dispôr.
— Quem é aquela mulher que saiu arrastando a Luna?
— Ah, sim! É a irmã dela, Antonella Taranto.
— Não. Aquela não é Antonella Taranto — a mulher devia ser uns dez anos mais velha que eu. Aquela não é a p**a que me pariu. Impossível! — Existe outra Antonella Taranto na cidade?
— Não. Que eu saiba somente ela — o homem ergueu uma das sobrancelhas e pôs na face uma expressão parecida como a de Luna — Veio a cidade atrás da fórmula do Gemelli?
— É o tal prosecco… Na verdade, não. Eu vim atrás da vinícola Taranto inteira, mas adoraria experimentar o Gemelli, você tem aí?
— Tenho. Mas somente para fazer os drinks. Não o sirvo puro. Você pode experimentar na barraca dos Tarantos.
— Eles estão com uma barraca aqui. Que ótimo! Onde fica?
Muito prestativo, Juliano, o barman, me indicou a localidade, porém, não poderia ir até lá tirar a limpo essa confusão. Tinha que encontrar o maníaco s****l do Lorenzo que parecia uma c****a no cio. Ele é o cara certo para ir até a barraca dos Taranto, investigar. Minha cara já estava queimada.