Acordei um pouco mais feliz, afinal conversar comigo mesmo me fez erguer a cabeça. Eu ainda sinto a dor da rejeição - não só eu mas Caleb também - tomei um banho demorado de espuma, e assim que sai coloquei uma roupa casual (foto na mídia) e fui preparar meu café da manhã. Fiz um café simples de torradas com geleia e um suco de laranja, antes de sair passei no quarto de mamãe que estava dormindo, dei-lhe um beijo na testa e a cobri direito com o lençol. Quando eu abri a porta Caleb se preparava para tocar a campainha.
- O que você quer aqui? - Disse um pouco rude.
-Eu... Será que podemos conversar?
- Eu já estou de saída.
-Por favor, por cinco minutos. - Revirei os olhos.
-Cinco minutos. - Falei. - Entra. - Caleb entrou e foi direto para sala, estou sendo rude porque ele era a última pessoa quem eu queria ver. - Pode dizer.
-Eu vim aqui pedir desculpas. - Ele começou. - Meu pai explicou tudo ontem e me mostrou o diário que meu tio tinha. - Não falei nada para que ele pudesse continuar. - Eu não sabia que meu tio tinha esse lado, e quando comecei a ler aquele diário eu fiquei perplexo com o que estava escrito.
- Por que você acha que eu nunca falei nada quando você me provocava ou me menosprezava? Eu sabia que você tinha uma boa memória do seu tio com ele sendo atencioso e amoroso como a maioria dos tios que existem.
- Se você tivesse me dito antes teria sido diferente Madison.
-Se eu te falasse antes, você acreditaria em mim? Porque no mínimo que me pediria para que eu provasse.
- Eu não sei, provavelmente sim.
-Provavelmente?! - Sorri irônica. - Você não acreditaria Caleb, você jamais ia pensar que seu tio iria fazer uma coisa dessas.
-Madison eu...
-Sabe de uma coisa Caleb. - Eu o interrompi. - Eu fiquei feliz por ter sido a sua companheira, eu pensei que poderia contar o que houve naquele dia e assim a gente pudesse ficar juntos como amigos e companheiros de alma, mas nem por um segundo você pensou em mim e acabou me rejeitando como se eu não fosse nada.
- Me perdoe Mad. - Ele veio rápido e me abraçou, um leve choque percorreu meu corpo mas eu o empurrei para longe de mim.
- Não me toque, pra você é Madison. Eu jamais irei te aceitar novamente, mas espero que um dia você ache alguém para amar de verdade, agora saia. - Abri a porta de casa. - Tenho muita coisa a fazer e você está me atrapalhando.
Antes de sair Caleb parou na porta e deu uma última olhada em mim e depois foi embora. Fechei a porta e respirei fundo para não chorar, fui pegar a minha bolsa quando mamãe apareceu.
-Você fez bem minha filha. - Ela veio me dar um abraço. - Eu pensei que você iria atacar ele.
- Não mãe, o tempo todo eu pensei que é melhor ser superior. - Sorri. - Bom, Dona Linda eu tenho que sair.
- Aonde você vai?
-Shopping. - Sorri. - E quando chegar mãe, precisamos conversar.
- Tudo bem. - Ela sorriu.
Peguei o meu capacete e fui até o shopping, me encontrei com Amy e ficamos o dia inteiro fazendo compras. O mais importante eu já comprei: uma mala. Como estou de moto pedi a Amy para que levasse algumas coisas pra mim no seu carro, inclusive a mala.
Já tinham se passado das sete da noite quando cheguei em casa, ajudei Amy com várias sacolas de roupas e eu peguei minha mala, mamãe saiu do escritório para ver o alvoroço todo que estávamos fazendo.
- Mas o que está acontecendo aqui?
-Shopping e roupas mãe. - Disse sorrindo.
-Espero que tenham trazido algo para mim se não ficarei muito brava.
-Calma tia. - Disse Amy, ela sempre chamou minha mãe de tia, Amy é como se fosse da família e minha mãe sente isso também. - Trouxemos várias coisas pra você.
Amy e eu entregamos umas seis sacolas para minha mãe e o resto era meu e da Amy.
-E o que significa aquilo ali? - Perguntou apontando para a minha mala.
-Essa mala é minha. - Falei. - E é sobre isso que quero falar com você mãe. - Minha mãe fez uma cara nada boa. - Eu decidi que quero morar sozinha.
- O que!!? - Disse mamãe surpresa.
- Estou querendo me mudar mãe.
-Você está brincando comigo Madison? Se for não tem graça.
-Eu não estou brincando mãe. - Disse séria. - Não quero mais ficar aqui.
- Eu não vou aceitar em hipótese alguma. De onde você tirou isso?
- Mãe eu não quero ficar aqui, eu conversei com Amy e ela também quer a mesma coisa. - Minha mãe olhou f**o para Amy. - Me deixe ir mãe. - Disse mais atenciosamente. - Esse não é mais o meu lugar e eu sinto isso.
- Não!! - Mamãe disse alto. - Eu não posso deixar você partir. - As lágrimas se formavam no rosto da minha mãe.
-Por favor mãe. - Fui até ela e peguei em sua mão a encarando. - Será melhor pra mim e a senhora sabe disso. Amy vai estar comigo então eu não estarei sozinha. - Ela olhou bem nos meus olhos e me abraçou forte e eu fiz o mesmo.
- Quero que me ligue duas vezes por semana. - Olhei para ela sorridente.
-Pode deixar. Eu estarei aqui quando Emilly voltar.
- Mas é pra estar mesmo. - Falou mamãe. - E tem mais uma coisa. - Ela foi até o escritório, e nesse momento Amy e eu nos abraçamos de felicidade, quando ela voltou ela me entregou um molho de chave. - É a chave do apartamento em que eu e seu tínhamos antes de eu ficar grávida de você. - Ela alternou o olhar entre mim e Amy. - Ele é um pouco pequeno, mas acho que dá para vocês duas ficarem se acomodarem bem.
- Obrigada mãe. - Eu a abracei e Amy não ficou de fora.
Austin
Estou a três dias de viagem para a alcateia Stone Haven, essa alcateia nos últimos anos vem crescendo muito, soube que houve uma cerimônia da troca de alfa, espero que o novo alfa seja tão bom quanto o antigo, sendo o supremo tenho que decidir se ele está apto ou não para exercer a função, e se não estiver passarei o cargo para o seu beta.
Eu tenho mais de 2500 anos, sou primeiro híbrido no mundo sobrenatural. E como me tornei híbrido? Simples. Eu tinha me tornado o Supremo Alfa e como todo lobo, temos a nossa companheira, e quando eu encontrei a minha companheira uma bruxa jogou uma maldição em mim me tornando um vampiro. Eu a matei me alimentando dela e as últimas palavras dela foram "Eu voltarei", eu matei uma vila inteira para que eu pudesse saciar a minha sede mas como todo novato era muito difícil, principalmente para mim por ser o primeiro da raça. Eu já tinha matado várias pessoas por um longo período, a gota d'água foi quando eu matei a minha própria companheira. Eu tinha me trancado numa cela e fiquei alguns meses sem me alimentar, mas a cela não me segurou e eu ataquei a primeira pessoa que encontrei e quando senti o seu cheiro uma dor insuportável assolou me peito e eu me toquei que tinha matado a minha companheira.
Naquele instante eu percebi que de qualquer forma eu tinha que dominar esse monstro dentro de mim, controlar a minha sede custe o que custar.
Com a ajuda de uma bruxa consegui me controlar, mas já tinham se passado vários meses e eu já tinha perdido de quantas vezes eu tentei mata-la. Graças a essa bruxa posso fazer o que eu quiser sem machucar um inocente.
Meu beta está junto comigo, ele tem 200 anos. Eu não o transformei ele era uma cobaia de uma bruxa totalmente maluca, para ser mais exato, sua mãe. E tudo que ela precisava era do meu sangue, um dos três vampiros originais. Ele estava pra morrer e a sua mãe já o tinha abandonado, ele estava no chão agonizando, não pude deixar de evitar e dei o meu sangue a ele, só deu certo pois a esclera (esclera é a membrana externa do olho, a parte branca) ficou preta.
Já tinha se passado três dias e eu havia chegado na alcateia Stone Heavem que fica dentro de uma mini cidade - como gosto de chamar a comunidade - o antigo alfa, Thomas, e seu filho vieram me buscar e me levar para a alcateia. Assim que pisei na alcateia fui recebido por todos com aplausos e uma mulher loira, bonita por sinal veio em minha direção.
- É bom revê-los novamente Supremo. - Fiquei um pouco confuso mas logo me lembrei de quem era, a esposa de Thomas.
-Nanda, é sempre bom te ver novamente. A idade lhe caiu bem. - Sorri.
-Obrigada. - Ela sorriu. - Esse é o meu filho Caleb, o novo alfa da alcateia.
- É um prazer enorme em conhecê-lo Supremo. - Disse me dando a sua mão.
- O prazer é todo meu. - O cumprimentei.
-Que tal darmos espaço a eles. - Disse Thomas. - Eles devem estar exaustos e com fome imagino.
- Com toda certeza.
Eles me levaram até sua casa, que não mudou nada, estabeleceram eu e meu beta no quarto de hóspedes. Fui direto tomar um banho, assim que sai coloquei uma bermuda moletom cinza com dois bolsos na frente e uma camisa polo branca. Assim que cheguei na sala meu beta já estava me esperando e a Família Mancini nos chamou para comer.
- A última vez em que eu vim aqui foi na cerimônia do Thomas. E pelo visto esse lugar não mudou nada. - Disse sorrindo.
- Não queria mudar Supremo. - Disse Thomas. - É sempre bom manter algumas coisa intactas.
- Estou vendo. - Falei. - Esse é o meu beta Stefan, na sua cerimônia não pude trazer ele.
-É um prazer em conhece-los. - Disse Stefan.
- Pelo que vi nesse período curto de tempo a alcateia só está aumentando, parabéns pelo trabalho Thomas, tenho escutado muito sobre você nas outras alcateias. Mas mudando de assunto e então cadê a luna? Deixe-me conhecê-la.
De repente uma tensão surgiu e eu não entendi, Thomas, Nanda e Caleb alternavam olhares e eu fiquei esperando por uma resposta.
- Eu a rejeitei. - Disse Caleb.
- Você fez o quê? - Perguntei novamente não acreditando no que eu ouvi.
- Eu a rejeitei.
Só de ouvir minha raiva foi tão grande que quase quebrei a mesa em que estávamos.
-Por qual motivo você a rejeitou? Você sabe muito bem que um alfa jamais rejeita a sua companheira.
- Bem, eu.... - Caleb ficou quieto, e isso só aumentou a minha raiva.
-Thomas. - Disse com uma voz nada agradável deixando transparecer a minha raiva. - Será que pode me explicar o motivo de seu filho rejeitar sua companheira?
-Sim.
Thomas me explicou cada detalhe da história, e quando terminou eu levantei da mesa e peguei Caleb pela nuca e o arrastei para fora de sua casa o jogando chão.
-Você sabe o que fez moleque? Por um ato de egoísmo da sua parte você a rejeitou. - Thomas e Nanda foram até Caleb e o ajudaram a se levantar, e as pessoas que moravam na alcateia começaram a se reunir. - Você já se colocou no lugar dela? Você foi atrás do motivo pra ela não ter feito nada. Você sabe o que é perder uma companheira? Você sabe o que é ter uma companheira?
-Austin, calma. - Disse Stefan.
-Não!!! - Gritei. - Esse i****a vai pagar por fazer a maior burrice da sua vida.
-Por favor não o machuque Supremo. - Implorou Nanda.
-Você foi atrás dela pelo menos?
-Sim. - Disse com uma voz recuada. - Mas ela me rejeitou.
Ele ficou encolhido atrás de seus pais, eu queria mata-lo mas não posso. Esse i****a merece morrer, mas já sei o que fazer.
- Te darei um ano para encontrar uma nova companheira, e dentro de um ano você não a encontrar você perderá a sua posição de alfa dessa alcateia. - Ele apenas fez um sim com a cabeça.
Depois disso eu fui dar um volta pela floresta na forma lúpus, e meu lobo se chama Ezra.
Como aquele b****a consegue fazer aquilo?.
-Eu não sei Ezra. Mas estou muito puto com o que ele fez.
Sinto falta da nossa companheira.
-Eu também, me sinto m*l por tê-la matado.
Você sabe que não foi a sua culpa, se não fosse aquela maldita bruxa, já estaríamos mortos e juntos com a nossa companheira.
-Mas mesmo assim... - Parei de falar só de lembrar.
Parei de correr e vi que eu me afastei muito da alcateia, mais a frente eu escutava uma corrente de água, fui até o local que era um riacho, havia muitas pedras e algumas estavam escorregadias. Eu estava para dar um passo a frente quando um lobo aparece, lobo não, uma loba. Ela era toda branca do tamanho de um alfa dos olhos vermelhos. Uma alfa? Pensei. Mas porque um alfa estaria nesse lugar? Mas ela não se parece com um alfa. Mas uma coisa era certo, ela era linda, meu lobo se agitou só de vê-la. Tentei me aproximar devagar sem fazer barulho, a loba estava tomando água, assim que dei um passo para fora ela olhou para a minha direção e sai correndo, eu queria correr atrás dela mas as pedras escorregadias não deixou e assim ficou.
Voltei para a casa do alfa e ele estava em seu escritório resolvendo algumas coisas e com o seu pai ao lado, pelo menos ele sabe fazer alguma coisa, assim que olhou para mim ele se encolheu. Acho bom, pensei, isso vai servir de lição para ele aprender, a sorte dele é que eu não o matei, antes se alguém fizesse isso, não teriam uma segunda chance, um ano será suficiente para ele encontrar sua companheira de novo. Assim que entrei no meu quarto meu beta me aparece.
- Já está mais calmo Austin?
-Sim. - Disse me sentando na beirada da cama. - Stefan você já viu uma loba do tamanho de um alfa com os olhos vermelhos?
- Se fosse um alfa seria muito provável mas se fosse só um lobo eu diria que é impossível. Por quê?
-Eu encontrei uma. - Disse e Stefan ficou ainda mais surpreso do que eu. - Eu senti que ela era de alguma forma diferente, especial.
- E porque não foi atrás dela?
-Eu até tentei mas ela estava do outro lado do riacho e correu bem rápido.
- Não tão rápido quanto o senhor.
-Não. - Sorri.
- Bom, qualquer dia você vai atrás dela porque agora temos um jantar a comparecer.
- De quem?
- O alfa Caleb organizou um jantar reunindo a alcateia inteira, como fosse para te apresentar para todos.
-Ótimo. - Suspirei e deitei na cama.
- Vai ser bom, assim poderemos conhecer a todos daqui.
-Está bom, tá bom, eu vou. Diga que as sete estarei descendo.
- Sim senhor.
Stefan saiu e eu fechei os meus olhos pensando naquela loba, eu preciso descobrir mais sobre ela. E assim que eu sair daqui com certeza irei atrás dela.
Eu conheço todos os alfas e ela não era um alfa, ainda mais do pelo branco o que era uma coisa rara de se encontrar hoje em dia, e assim eu cochilei pensando naqueles olhos.