Capítulo 01

1848 Words
Aline narrando - mas o que é isso ? - grito em desespero - eu não acredito no que eu estou vendo não é possível- falo jogando um vidro que estava no aparador ao lado da porta do quarto - calma Aline eu posso explicar - Otávio diz e eu dou risada e saio batendo a porta enquanto ele vem atrás de mim Eu saio de casa correndo e entro no carro enquanto ele sai no portão me gritando, eu acelero pela pista enquanto as lágrimas caem pelo meu rosto - oi posso ir pra sua casa ?- ligo pra thalia minha amiga - claro o que aconteceu está tudo bem ?- ela pergunta preocupada - em 10 minutos eu tô aí - falo e desligo o celular jogando no banco do carro Um percurso que costumas levar pelo menos 30 minutos eu fiz em 10, o meu mundo simplesmente desabou, eu esperava tudo, menos após um dia cansativo dando aula desde as 7h da manhã, que eu chegasse em casa querendo meu lar, eu encontrasse o meu marido com a minha irmã na minha cama, isso eu nunca poderia imaginar Eu e minha irmã nunca nos demos bem, ela quer tudo do jeito dela, na hora dela, sempre teve tudo na mão, maltratava e desrespeitava os nossos pais, e nós sempre batemos de frente por isso, mas tem dois meses que eles faleceram e como ela acabou de fazer 19 anos e não faz absolutamente nada da vida, eu trouxe ela pra morar comigo e com o até então meu marido, Otávio Que desilusão, eu e Otávio estamos juntos desde a adolescência, ele foi o meu primeiro homem, já tivemos altos e baixos que chegamos a ficar separados, eu conheci outra pessoa, ele ficou com várias, mas acabamos voltando e nos casando, eu fui criada com uma base firme e sempre naquele nincho certinho, mesmo a minha mãe nunca abaixando a cabeça para o meu pai, então pra mim eu estava fazendo o certo, depois de tantas tempestades nós nos acertamos e nos casamos, ele é presidente do comitê do governador do Rio de Janeiro, tem um ótimo salário, moramos bem, a casa é própria, sempre vivemos bem, ele gosta muito do luxo e eu odeio o trabalho dele e como ele tenta impor as coisas sobre mim, eu sou professora e amo a minha profissão, amo as minhas crianças, eu dou a vida por eles Otávio sempre diz que eu não preciso trabalhar, que ele pode muito bem me bancar, eu posso viver vida de madame, e realmente, se for pra depender dele, eu posso viver a vida de madame, mas eu odeio isso, com todas as minhas forças, as exigências dele e me sentir uma prisioneira dele não daria certo nem por um único dia Eu amo ser livre e ter o meu dinheiro, o meu trabalho, é isso que me faz feliz, eu ter o meu direito de ir e vir e não ser controlada, com o que eu gasto ou o que eu faço do meu dinheiro, eu até tento ser parceira dele, mas ele gosta de ostentar e viver no mundo dele, é isso não me faz, eu gosto de estar na sala de aula com as minhas crianças, eu tenho 23 anos, acabei de me formar, viver o meu sonho me faz realizada de uma forma que com palavras eu não sei explicar, apenas sentir O carro que tenho hoje foi a maior guerra da minha vida, eu tinha um gol, simples mas maravilhoso, atendia todas as minhas necessidades, nunca me deixou na mão e era a minha realização pois eu havia comprado sozinha, financiei e fiquei 4 anos pagando, pagava com dinheiro de estágio enquanto vivia com meus pais, daí quando casei o bonito vendeu o meu carro e me deu um civic do ano, eu não fiquei feliz por isso, porque ele mentiu, falando que o carro dele quebrou e pegou o meu, aquele carro tinha um valor sentimental pra mim, foi fruto meu, do meu esforço, só eu sei o quanto eu ralei pra ter ele, daí ele me apareceu com esse, eu não n**o que é um carro maravilhoso, ele é, mas eu não precisava disso, de todo esse luxo, e o pior eu me senti desvalorizada, inferior, porque algo que eu suei tanto pra ter foi desmoralizado, é isso não é pelo carro e sim pelo meu esforço, eu trabalho em uma favela, Otávio odeia que eu trabalhe lá, mas você liga ? Porque eu não dou a mínima, continuo trabalhando lá, ele diz que eu ainda vou prejudicar muito a imagem dele trabalhando lá e se algo acontecer com ele ou até mesmo comigo a culpa é minha por estar me envolvendo com “aquele” tipo de gente, se ele soubesse o nojo que eu tenho quando ele se refere dessa forma ao povo lá do morro, que ao contrário da família e amigos dele, o povo lá do morro sempre me acolheu com o maior carinho Falo com todos os vapores, eles me chamam de dondoca, a professora dondoca, eu ajudo muito cria de lá que não sabia nem ler e nem escrever, e como eu já dava estágio lá, eles me conhecem de maior tempão, então eles perderam a prepotência em me chamar de dondoca pelo significado da palavra é virou uma zuera, um apelido carinhoso, tudo por causa desse bendito carro, e eu me dou super bem com todos, nunca tive problemas lá, o dono tá preso e o sub tem um rolo com a thalia, minha melhor amiga, que vive sofrendo por ele, é um bom homem mas adora a luxuria dessa vida, e a thalia não entende isso mesmo sendo cria de lá, ela ainda tem esperanças que ele mude por ela Thalia é minha paz, minha melhor amiga, ela vive me chamando pra curtir as coisas de lá, mas ela entende que a minha vida não me permite isso, além de eu ser casada, tem o cargo do meu marido e eu zelo pela imagem da pessoa que eu estou Mas parece que nem tudo é recíproco, ele acabou comigo, me destruiu da pior forma, eu nunca poderia imaginar uma traição com a minha irmã, eu sei que ele já me traiu algumas vezes e foi por isso que terminamos tantas vezes, mas algo sempre me levava a ele de volta, mas com a minha irmã? Isso não tem como de jeito nenhum A Jessica nunca foi uma adolescente fácil, ela era além das demais, adora subir os morros em bailes e ficar com os bandidos, isso não seria problema pra mim se ela respeitasse os nossos pais e corresse atrás de um futuro pra ela, porque agora que não tem mais eles, o que ela tem ? Nada, só tinha a mim, porque nem isso ela tem mais Entrei no morro e os crias como me conhecem liberaram a minha passagem mas um que eu dou aula depois do horário, (eu tenho uma turma com eles que não sabem ler ou escrever é isso é completamente voluntario), esse menino me para - fala Joel - digo abrindo o vídeo tentando disfarçar o choro e ele me olha estranhando - o que foi dondoca você aqui uma hora dessas ?- ele fala se inclinando na janela do carro- tava chorando porque fessora ? O que fizeram contigo ?- ele fala bolado - nada tá eu tô bem - falo fungando e secando as lágrimas que insiste em cair - fala fessora eu vou atrás pô tá doido - ele fala arrumando a arma na cintura- te machucaram fala quem foi fessora- ele fala preocupado - por favor foi um problema pessoal eu só vou pra casa da thalia - falo e ele me olha desconfiado - tem algum problema subir essa hora ?- pergunto já que eu nunca vim aqui a noite - não prof vai lá mas se precisar aciona que a tropa brota Jae - ele fala e eu concordo dando partida e indo pra casa da thalia O morro é lindo a noite, muitas pessoas e crianças na rua, bares todos com movimento, música, mas nada disso consegue me deixar feliz no momento, chego na frente da casa da thalia e ela está discutindo com o sub do morro que buzina pra mim e arranca com a moto - o que houve ?- thalia pergunta preocupada e eu me jogo em seus braços chorando - ei calma entra vem- ela me abraça e vai entrando comigo na sua casa Eu sento no seu sofá e só sei chorar, ela me faz carinho sem dizer nada, apenas me deixa colocar tudo pra fora - eu não merecia isso thali- falo e começo a contar tudo o que aconteceu mesmo em meio às lágrimas - eu sabia que a traira da sua irmã ia aprontar com você - ela fala p**a - aquele seu ex marido eu não esperava menos - ela fala e me olha - você não vai voltar com ele né ?- ela me pergunta e eu n**o imediatamente - minha irmã, thalia- falo p**a- é claro que eu não vou voltar pra ele nunca mais- falo revoltada - eu já perdoei muita coisa mas isso foi o fim eu tô acabada- falo e ela me abraça deixando eu chorar - desculpa se eu atrapalhei algo mas eu só tinha você a recorrer - falo e ela n**a passando a mão no meu cabelo - você nunca atrapalha- ela fala serena - você é minha melhor amiga eu estou aqui sempre como você está pra mim- ela fala e eu concordo - eu nunca mais vou pisar naquela casa thali- falo secando as lágrimas - eu começo do zero, mas eu não piso lá - falo e ela concorda - você fica aqui comigo tá bom - ela fala e eu n**o- amanhã discutimos sobre isso - agora vamos deitar vem hoje você dorme comigo na minha cama não vou te deixar sozinha - ela fala me puxando pro quarto Eu não tenho forças para nada, apenas sigo seu comando, eu tô completamente arrasada e toda hora minha mente me leva a minha irmã sentada em cima do meu marido transando com ele, a quanto tempo isso vinha acontecendo e eu nunca percebi, não é possível que eu seja tão burra é desprezível dessa forma Deito na cama com a thalia e me encolho toda em posição fetal sentindo a dor me consumir, ela me abraça e nos cobre e faz carinho para que eu durma mas é impossível, na minha mente só me vem toda a minha história com o Otávio, tudo que nós passamos até eu finalmente aceitar casar com ele, eu não merecia isso, não é justo que eu passe por isso, apesar de todas as diferenças com a minha irmã, isso foi, baixo, sujo, eu não consigo nem olhar mais pra ela Me remexo na cama com meus pensamentos me consumindo e tento dormir um pouco porque tenho que trabalhar
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