PRÓLOGO

2635 Words
CRISTAL A idade de ouro que tanto sonhei finalmente chegou, meus dezoito anos está aqui. Claro que já tentei me libertar antes mas foi em vão, porém eu reuni forças e ideias para esse momento. Essas ideias envolvem ser maior de dezoito anos e é claro, meu irmão Christian. Meu irmão sempre foi meu companheiro mais leal, fiel e amado. Amo o Christian com todas as minhas forças. Todas as lembranças que tenho dele, são dele me salvando. Principalmente da noite que ainda me causa pesadelos toda madrugada. Ainda acordo algumas noites, trêmula, com o coração na mão e em prantos, lembrando da mansão incendiada. Eu era só uma garotinha e me lembro de ver quando o fogo se alastrou, me lembro de correr em desespero em busca de ajuda e encontrar meu irmão. Christian é meu porto seguro. Corri até ele e fiquei ali, encolhida em seus braços. Chris era apenas um garoto também, com onze anos. Felizmente, antes mesmo da casa ficar tomada ele tinha conseguido me tirar de lá. Fiquei encolhida na grama gelada do lado de fora, assistindo minha casa queimar. Flashback on ~ — Onde vamos morar agora? — A mansão está queimando, minha casinha. Escondo o rosto abraçando o Chris. — Não sei, mas isso não importa agora, está bem? — Me abraça de volta. — Estou com medo. — Não precisa, estou aqui e nada vai acontecer com você. Você lembra quem somos? — Um pequeno sorriso aparece em mim. — Somos Chris e Cris para sempre. — Isso aí, maninha. Você confia em mim? — Ele é o único que eu queria estar agora, no meu momento de mais medo. — Sim. — Ótimo, então feche os olhos e logo isso já vai ter acabado. Vão tirar a gente daqui. — Promete me apertando em seus braços enquanto continuamos escondidos no quintal. — Você é o melhor amigo irmão do mundo, eu te amo Chris. Flashback off ~ Ele sempre esteve lá para mim, mas agora é diferente. É claro que ele vai negar o que tenho em mente, porém eu tenho ideias. Conheço aquele emburrado melhor que a mim mesma. — O que está fazendo aí? — Quase caio da cadeira quando escuto a voz de Jay me tirar de meus pensamentos obscenos. — Jay seu pedaço de mula, quase me matou do coração! — Aliso minha caixa torácica — Eu que te pergunto o que está fazendo no meu quarto em meio a festa. — Procurando a anfitriã é lógico, é a sua festa de dezoito anos tão esperada e você desapareceu. — Jay também é meu melhor amigo. Apenas ele e o Christian entraram na minha vida do sexo oposto, com o pai que eu tenho o Jay só se tornou meu amigo porque é neto de Joe, o antigo segurança, motorista, e grande amigo do meu pai. Joe começou a traze-lo aqui quando éramos crianças, eu estava pouco ligando do meu pai soltar fogo pelas ventas, queria um novo amigo. Aqui estamos hoje, apesar das tentativas falhas de meu pai para afasta-lo de mim, inclusive ameaçando fazer do Jay um eunuco. — A festa está planejada e é um sucesso, não vivo de passado, agora tenho outra coisa para planejar. — Ele se aproxima de mim franzindo o cenho em sua confusão. — O que? Estava fazendo mais croquis? Eu amo desenhar assim como minha tia Claire, terminei a escola ano passado e já estou na faculdade de moda. Faço a distancia é claro, meu pai não me deixa ir sozinha ao campus, até minhas provas são privadas apenas com a professora. Não o culpo por isso, nós somos os Patt’s, desde antes de eu nascer meus pais viveram épocas difíceis. O sucesso que vem de berço junto com nosso sobrenome que coloca um alvo em nossas costas. Vivenciei isso desde criança, infelizmente não é paranóia. — Não, acha que minha vida se resume a isso? Por Deus... Eu preciso de uma vida social. É algo ainda mais importante que meus desenhos para a faculdade no momento, olhe o que eu achei lá embaixo. — Entrego a ele um cartão que achei caído no chão da festa, próximo ao palco onde a banda contratada está agitando a mansão. — Dulce Prazer? Cristal, você não está pensando em... — Sim, eu estou! — Afirmo cheia de certeza e com um sorriso nos lábios sem nem esperar ele terminar. — Enlouqueceu de vez, garota? Isso vai dar merda e das grandes, igualzinho quando você me convenceu a te beijar quando você tinha dez anos só porque você queria saber como era. — Agradeça a seu avô por meu pai ter tanta consideração por ele, se fosse qualquer outro não estaria aqui para contar história, já teria batido as botas. — Jay me olha feio. — É brincadeira. — Acho bom, eu fiquei traumatizado e não beijei uma garota por anos, só conseguia ver a cara feia de seu pai e ele ameaçando me deixar sem meu querido amigo. — Olha Jay... em primeiro lugar, desde quando meu pai ou qualquer um me controlou? Eu não vou desistir, muito menos agora que tenho minha chance. Segundo, até você perdeu a virgindade e é sexualmente ativo desde os dezesseis. — Me defendo. — Por que você não faz como uma pessoa normal e escolhe alguém, sai com ele e se estiver atraída você transa? — Fala, simples assim. — Muito trabalho e tempo, é mais difícil fugir do meu pai tantas vezes. Eu vou nessa festa, transo com um cara gostoso e experiente que vai me fazer ter contrações no ventre e ficar sem sentir as pernas e depois venho embora, nunca mais vou vê-lo. Prático e prazeroso. — Eu explico. — Você é louca, eu sinceramente desisto. Mas garanto que quando você estiver na merda vou dizer “eu te avisei”. Não vou ter pena de você, sua maluca. — Ele dá de ombros. — Não acredito que ao invés de aproveitar sua festa está aqui planejando f***r com um desconhecido. — Eu li sobre isso desde meus doze anos, todos aqueles livros eróticos... Não me culpe, culpe as autoras de livros assim. — Solto tentando me justificar. — Eu acabei de ligar para lá, disse que era secretaria de Christian De Lucca Patt e pedi informações. — E então? — Já não consigo conter a animação. Estou com o sorriso de orelha a orelha tentando não falar alto demais, a ansiedade já toma conta de mim. Falta apenas uma semana e se tudo der certo eu finalmente vou deixar de ser uma garota. Eu poderia trazer o lençol e pendurar na lareira. — É um clube do sexo mesmo, eles vão fazer um evento chamado Fascinação, uma noite tipo um... Bom... Tipo um baile de máscaras da f**a. Todos estarão de máscaras e com sua identidade protegida, é só escolher um cara e pronto. — Ele me escuta atentamente. — Depois nós que tratamos as garotas como um objeto. Como a Srta. Fogo na raba pretende entrar no Dulce Prazer e ir para a Fascinação? Acredito que um evento assim seja privado e vai precisar se um convite ou algo do tipo. — Jogo nele uma almofada que estava em cima da cama e ele gargalha. — Christian. — Christian? O seu irmão Christian? — Ele segura a barriga enquanto ri. — Agora você surtou de vez se acha que ele vai concordar com isso. — Descobri que ele já tinha sido convidado, meu irmão é m****o do clube. Então pedi um convite extra para uma acompanhante e voa-la, só preciso que o Christian aceite que eu vá. — A parte mais fácil. — Ele caçoa de mim. Coitado, já deveria saber que nunca se duvida de mim. — Quer apostar? — Estendo a mão com um sorriso travesso no rosto. — Que tipo de aposta? — Se interessa. — Quando eu conseguir, você me leva para Fascinação, me espera na frente até eu vir embora e se eu precisar de ajuda você me cobre. — Proponho. — E se eu ganhar, mocinha? — Seguro o riso, isso não vai acontecer. Mas penso rápido em algo que ele pode querer. — Te ajudo com minha professora de desenho. — Fechado. — Ele aperta minha mão sem pensar. — Aquela gostosa... Adoro mulheres mais velhas. — Prepare seu melhor terno, será meu motorista por uma noite e preciso de um elegante. — Em nenhuma circunstâncias, nunca, desafie Cristal De Lucca Patt. Grave esta frase. Após planejar meus próximos passos eu desci e aproveitei a festa como uma boa anfitriã. Foi uma festa incrível, meus pais me prepararam com todo o amor e cuidado que recebi desde criança. Foi tudo lindo e emocionante, teve show ao vivo, boate, o melhor buffet e decorações, contei até com fogos de artifício. Fiquei um pouco amedrontada, lembrando do incêndio quando os fogos explodiam, Christian apareceu e segurou minha mão. Agradeci por ter ele e toda minha família ao meu lado. Tenho muito, muito orgulho de onde eu vim, dos meus pais. Conheço a história deles e é como se eu fosse resultado de um lindo romance. Minha mãe é uma mulher forte, determinada e voraz, é um símbolo e um exemplo para mim. Tudo que quero é ser um pouco da mulher que ela é. Quando estava finalizando, eu tive que deixar a festa mais uma vez. Olhei para ver se não estava sendo seguida e continuei, subi a escadaria e caminhei até o escritório do Christian. Sim, meu irmão já tem um escritório. Desde os dezesseis ele começou a estagiar na Straklher e aos dezoito foi efetivado. O sonho dele é seguir os passos do papai, para a felicidade do nosso velho. Porém, no momento, ele não estava trabalhando. Sei exatamente o que Christian faz todas as festas, escolhe uma garota e leva para o escritório. Desde que eu era mais nova eu acobertava ele, mas por mais que eu deteste fazer isso é o único jeito. Essa festa é a minha chance e não posso perde-la. Olho mais uma vez para ver se estou sendo seguida e então entro no escritório do Chris. Desculpe meu irmão, mas é caso de vida ou morte. Talvez termine na minha morte mas eu estou determinada, talvez o Jay tenha razão, eu sou mesmo a Srta. Fogo na raba. Antes de voltar para a festa escondi meu celular, entro rápido e vou direto onde deixei, apoiado atrás de um porta retrato. — Não, não! Deixei aqui, onde está? — Tenho a péssima notícia de não achar. — Não é possível! Continuo procurando na esperança de eu ter me confundido, porque não sei o que fazer se eu perdi isso. Aquele celular com o vídeo é meu bilhete de loteria, minha passagem para o que eu mais desejo. — Procurando isso? — Ai, c*****o! — Dou um pulo para trás quando ouço a voz do Chris. Me viro lentamente com um sorriso cínico no rosto e encontro meu irmão com uma carranca segurando meu celular. — Eu estava vestindo minha roupa quando saí do banheiro e um reflexo dourado reluzente chamou minha atenção, escondido atrás do meu porta retrato. — Diz como se eu não soubesse o que ele faz aqui. Vestindo a roupa porque foi no banheiro? Ata. — Me devolve. — Ordeno ainda me recuperando do susto e ele sorri irônico. — O que pretendia com isso? — Pergunta errada, é o que eu pretendo com isso. — Enfatizo. — Eu disse pra me devolver. — Se não o que? — Se prefere assim, vamos colocar as cartas na mesa, maninho. — Caminho até me sentar na cadeira dele. — Eu sei o que você faz em todas as festas, trazendo mulheres para cá. Sabe o que papai pensa sobre isso dentro da casa dele, não é? — O que você quer, pirralha? — Ele caminha sem olhar pra mim até uma mesinha, serve um líquido amarronzado num copo redondo e começa a beber. — Dulce Prazer! — Digo séria para mostrar minha certeza e Christian explode a bebida para longe ao me olhar com olhos esbugalhados. Quase gargalho com seu susto mas me mantenho séria, mostrando maturidade. Estou fazendo uma negociação séria aqui. — Que p***a você está falando, criança? Como sabe disso? — Ele praticamente grita. — Shiiiu! — Faço sinal com o dedo indicador para que ele pare de gritar. — Não deixe papai ouvir. Não importa como eu sei, o que importa é que eu vou para a Fascinação. — Sabe o que acontece lá? Só pode estar ficando louca. — Sei exatamente o que acontece, eu não sou uma mocinha inexperiente como você pensa que sou. — Me defendo. Na verdade eu realmente sou inexperiente, mas não burra. — E é exatamente isso que estou procurando. — Tem coragem de vir aqui chantagear seu irmão e dizer que é exatamente isso que quer? Sexo? — Chris, por favor, eu também preciso de diversão. — Insisto. — Não esse tipo de diversão, aquilo não é lugar para você. — Se vira de costas evitando contato visual, levanto e caminho até ele. — Mas é pra você? — Paro de frente para as costas dele, que se vira de volta e me encara com o olhar sério. Tomo o copo de sua mão e dou uma golada enquanto ele me assiste, sinto o líquido queimar na minha garganta, é a primeira vez que provo whisky e eu adorei a sensação acompanhada de vitória. — Isso mesmo, sei que é sócio do clube. — Você é o capeta, é sério. — Ele toma o copo de minha mão e caminha passando a mão nos cabelos. Christian é como nosso pai, alto e de bom porte, malha tanto que tem um corpo compatível com o do grande Nathaniel Patt, um solteiro cobiçado de vinte e quatro anos que tipicamente nem pensa em ter uma b****a só. Seus cabelos num loiro médio e cheios combinam com a pele bronzeada e os olhos azuis. — Tem um convite para mim, quero que me dê assim que receber junto com o seu. Você não fala nada e eu também não. Estamos combinados? — Cris... eu não posso fazer isso, você é minha irmã. Por favor... Me entenda. — Ele apoia as mãos na mesa. — E você o meu irmão, você pode e eu também, direitos iguais. Além disso se você não me der eu procuro de outra forma e você sabe que eu não vou parar. Prefere que eu consiga com outra pessoa? — Ele joga seu corpão na cadeira ainda alisando a cabeleireira. — Tudo bem, te darei o convite. — O Chris finalmente consente, apenas sorrio vitoriosa. — Agora me devolva meu celular, apagarei seu vídeo e nós dois seguimos em frente como se nada tivesse acontecido. — Sem nem me olhar ele joga o celular na mesa, me aproximo e pego. Tento não ficar no olhar cabisbaixo dele, o Chris é tudo para mim e não suporto sua tristeza. Porém, eu preciso pensar um pouco em mim agora. — Quero o convite em mãos em quarenta e oito horas. — Sim senhora. — Levanto a cabeça e caminho para fora satisfeita. Eu consegui, consegui... Eu vou para a Fascinação, a noite mais importante da minha vida. — Acho bom você realmente estar pronta para o jogo que quer jogar. — Sua voz me faz parar. Lanço um sorriso caprichado para ele. Nasci pronta, sempre amei jogos, jogadores e vitória. Além disso, eu sou uma Patt e estou pronta para a a******a da temporada de jogos. Boa sorte a todos.
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