Capítulo Quatro

1253 Words
“ O amor e o ódio não são cegos, mas ofuscados pelo fogo que trazem consigo” Friedrich Nietzsche Point Of View Oliver Parker Mesmo do lado de fora é possível ouvir a música alta e o falatório da galera que está aproveitado a folga dos livros. Cumprimento, Robert, o cara encarregado de manter a coisa em ordem. Deus sabe quantas brigas e possíveis confusões envolvendo policiais esse cara conseguiu evitar nesses três anos de “Recanto”. Afinal, quem em sã consciência vai arriscar brigar quando um cara de um metro e noventa e cinco e cento e vinte quilos resolve-te dizer que você definitivamente não vai fazer isso? Eu não arriscaria a sorte. bar está movimentado, como se deve esperar de uma sexta a noite. Pista de dança está cheia de corpos dançantes, tem uma música de qualidade duvidosa tocando e o bar está cheio de jovens que futuramente estão muito perto de um coma alcoólico ou com os pulmões destruídos pelos cigarros eletrônicos que eles carregam. Caminho despreocupado até o bar enquanto tento passar no meio das pessoas pedindo licença na tentativa de não tomar um banho de bebida, mas é quase impossível. Quando finalmente alcanço meu objetivo percebo que há respingos cor de rosa de algum drinque qualquer, do que pelo cheiro forte reconheço estar cheio de vodka, no meu braço esquerdo e na barra da minha camiseta branca. Jay, o barman, está distraído atendendo alguns clientes, então eu apenas apoio as minhas costas no balcão e observo o movimento. Minha fase de baladas e bares agitados passou a um tempo, uns dois ou três anos, junto com a chegada de Melissa talvez. Não demora dez minutos para que eu veja uma cena que me chama atenção. A garota que eu quase atropelei e a amiga que estava com ela estão ocupando um dos sofás no canto em companhia de dois caras. Apesar de a iluminação do ambiente não ser totalmente clara, eu posso ver que ela parece se divertir, parece que me livrei de um processo. — E aí cara, como foram as coisas em West Palm? — A voz de Jay se faz ouvir a poucos centímetros. Me estendendo uma garrafa de cerveja, ele me lança um sorriso divertido e move a cabeça em um cumprimento informal e silencioso. Seus olhos escuros se movimentam para se certificar de que atendeu á todos antes de ouvir a minha resposta. — Tenho que admitir que foi mais tranquilo do que eu esperava, apesar de cansativo — digo em resposta antes de beber um gole da cerveja. — Não cheguei a encontrar Melissa o que nessa altura do campeonato já posso considerar um bom sinal e as coisas já estão devidamente empacotadas, devem chegar amanhã pelas dez ou onze da manhã. — Já tem ideia de quanto tempo vai ficar por aqui? — indaga segundos antes de se virar para ir atender uma garota. Ele atende com um sorriso amistoso e cordial, foi graças a esse sorriso e o jeito dele com as pessoas que o contratei. Jay, ou melhor, James Juaréz é meio mexicano meio norte-americano. Ele vive nos Estados Unidos desde os dez anos e passou boa parte desse tempo tendo empregos de verão para ajudar em casa. Não teve condições de ir para uma universidade e resolveu apenas trabalhar e ajudar a sua família, já que é o mais velho entre quatro irmãos e quer que os pequenos sigam um caminho diferente dele. Lembro dele chegar aqui no bar a procura de um emprego quando o lugar ainda estava sendo reformado, tinha material e caixas espalhadas por todo lado estava tudo o maior caos então no momento pedi que ele ajudasse a carregar algumas materiais e no meio disso ele parou para ajudar uma senhora que havia furado o pneu do carro, ele a ajudou com esse mesmo sorriso cordial que atende os clientes, não precisei de muito mais para contratá-lo. Fora o sorriso cordial, a sua marca é o cabelo preto que ele mantém o sempre muito bem penteado para trás usando gel e camisas de botão impecavelmente bem passadas, tenho certeza de que é a mãe dele a responsável pelas camisas. — Ainda não sei — murmuro em resposta quando ele volta a se aproximar. — A ideia é ficar aqui apenas o suficiente para me atualizar das coisas e decidir o que fazer depois. Talvez eu deva explorar um outro continente. — Mamá diria que você tem um espírito de andarilho que vive andando sem rumo, procurando algo que não sabe o que é . — E ela provavelmente está certa no primeiro ponto, ficar em um lugar só exige muito esforço e a simples ideia de ter uma rotina já me cansa. Quanto a procurar algo, não. Estou bem assim, gosto da vida que tenho e da liberdade — Até o dia que você conhecer alguém que te faça desejar rotina e dias tranquilos. — Nem vem com essa agora Jay. Não estou muito a fim de relacionamento, tampouco de deixar a minha liberdade por ninguém, não depois de Melissa. — Aguarde e verás, meu caro, aguarde e verás — murmura em tom de sabedoria que definitivamente não existe num cara de vinte e três anos. — Alguma novidade enquanto estive fora? — indago mudando de assunto. — Nada de muito interessante, o dia hoje foi tranquilo, exceto peça história que chegaram contando agora a pouco. Disseram que um maluco de moto quase atropelou uma dessas garotas da University of Miami. É impossível prender o riso nesse momento, chegava a ser irônico. Me tornei o “maluco de moto” do nada. Jay me olha confuso enquanto tomo outro gole de cerveja ainda rindo um pouco. — Acho que mudei de nome, cara, agora é “maluco de moto” — respondo a sua pergunta silenciosa ainda com um sorriso. — Você está zoando não é, cara? — Ele parece desacreditado, mas um riso de deboche é perceptível. — Nenhum pouco irmão. — Como? Antes que eu possa iniciar a minha breve explicação, um cara nos interrompe e posso reconhecer como um dos que estavam em companhia da garota a qual eu quase atropelei. Jay o atende e antes que ele possa ir embora, eu agarro uma das garrafas de cerveja sobre o balcão e chamo a atenção dele. — Hey, cara!—Ele olha em minha direção e se aproxima, então lhe entrego a garrafa — Entrega para a loirinha ali, diz que é um pedido de desculpas por hoje cedo. Ele apenas me olha confuso antes de dar de ombros e fazer o seu caminho de volta até a mesa. Me acomodo melhor para observar ele estendendo a garrafa para ela e indicando a minha direção com a cabeça, é bem a aparente como o cara sentado ao lado dela não gosta da situação. Bem, não há nada que eu possa fazer sobre isso meu caro. O olhar dela logo recai sobre mim e eu apenas aceno com a cabeça em um gesto cordial para segundos depois ver o seu rosto ganhar um olhar de pura raiva. Parece que alguém ainda está irritada. Tá legal, não tem a necessidade real de um pedido de desculpas quando ela que havia atravessado a rua sem olhar como se fosse a própria Mulher Maravilha, mas uma cortesia e um breve pedido de desculpas não faria m*l não é mesmo? Além disso o olhar raivoso dela na minha direção é divertido de ver.

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