Abigail Heart
Trabalhar para James está sendo uma prova de fogo. Como mascarar os efeitos devastadores que esse homem exerce sobre mim? O destino não poderia ser tão cheio de surpresas. Nunca passou pela minha cabeça que o veria outra vez, ainda mais como meu chefe.
Após o nosso almoço no meu primeiro dia de trabalho, eu o evito totalmente.
Resistir a sua proximidade, seu olhar intenso e cheio de promessas, aquele sorriso p********o, capaz de me fazer derreter em geleiras, não dá para mim.
Não posso me deixar envolver outra vez e ter meu coração destruído, Henrique deixou marcas profundas e difíceis de serem apagadas.
Observo alguns layouts quando ouço meu celular vibrar dentro da bolsa.
Olho a tela e vejo ser um nome privado.
Reviro os olhos. Não irei atender, sei que é Henrique. Ele não desiste, mesmo falando que não quero vê-lo nunca mais.
Mantenho meu telefone desligado e retorno para o trabalho. Nas próximas duas horas fico imersa em esboços e projetos quando percebo que já é hora do almoço. Recolho minhas coisas saindo da minha sala.
— É impressão minha ou a senhorita está me evitando? — Me surpreendo com a voz irritantemente rouca em minha orelha.
James pressiona o seu corpo contra o meu e segura minha cintura discretamente.
Ofego, sem conseguir pronunciar uma palavra coerente.
Olho para os lados, com receio que alguém nos veja em um contato tão… íntimo.
— É impressão sua, senhor Scott. — Sussurro, encarando seus olhos azuis, selvagens.
— Estou cheia de trabalho para fazer, apenas isso.
Me afasto do seu agarre, puxando uma respiração lenta.
Ele pende a cabeça e com um movimento rápido, segura meu pulso direito me levando para a sala de reuniões que se encontra vazia.
— O que o senhor pensa que está fazendo? — Pergunto, recuando, a cada passo seu em minha direção.
— Não se preocupe, Abby. Só quero conversar com você. — informa com um sorriso malicioso.
Fecho os olhos, sentindo o efeito que esse sorriso tem em minha i********e.
Estou completamente molhada.
Ele se aproxima, e observo quão tentadora é sua beleza.
Em um terno azul bem alinhado, acentuado em cada músculo do seu corpo. Só desperta ainda mais a vontade de saboreá-lo sem roupa. Seu cabelo sedoso, penteado para trás, imagino a delícia que seria enroscar meus dedos em seus fios e puxá-los levemente.
Estou pegando fogo só com esses pensamentos insanos.
Quando está perto o suficiente de mim, espalmo minhas mãos no ar impedindo que avance.
Balanço a cabeça negando.
— Ja… — n**o. — Senhor Scott, não devemos nos envolver. O senhor é meu chefe, e não preciso acrescentar mais drama em minha vida.
Ele franze o cenho.
— Drama, é a única coisa que você teria comigo, Abby — Rebate.
Ele pega em uma mecha do meu cabelo, passando a língua sobre seus lábios macios.
— Teríamos dias e noites de prazer e luxúria, como preferir. Te mostraria o lado bom da vida. Um que não temos que complicar com rótulos e sentimentalismo.
James acaricia minha clavícula por cima do fino tecido verde da minha blusa de seda.
— Seríamos dois adultos, Abby. Aproveitando a companhia um do outro.
Me afasto andando para o outro lado.
— Desculpa senhor James, mas como eu já havia dito, não tenho interesse.
Tento controlar o vendaval de sensações que está dominando todo meu corpo.
Tesão, excitação, luxúria, anseio.
— Abby, peço que reconsidere. — Sussurra, com um sorriso sedutor.
Desvio o olhar saindo praticamente correndo da sala, fugindo da tentação que é James Scott.
— Não, James. Espero que respeite minha decisão. — Murmuro, antes de abandoná-lo na sala.
Seja forte Abby. O demônio tem várias faces e umas delas é atraente demais, quase Irresistível.
Caminho a passos largos encontrando Théo no caminho.
— Abby, estava te procurando. — Murmura com um sorriso.
— Gostaria de convidá-la para almoçar comigo, o que acha?
Sorrio um pouco sem jeito, dando uma rápida olhada em direção a sala de reuniões.
E resolvo aceitar o convite de Théo, antes que James apareça.
— Eu aceito — Olho no relógio em meu pulso e ainda tenho alguns minutos.
— Mas não posso demorar. Podemos ir naquele restaurante da esquina.
Ele sorri estendendo seu braço direito.
— Perfeito.
Seguimos para o restaurante em meio a conversas aleatórias. Theodoro é um verdadeiro cavalheiro, além de ser muito bonito.
— Então, está gostando do trabalho? — Assinto com um sorriso genuíno.
— Muito. Aliás, não tenho como lhe agradecer por tudo, Théo.
Ele se aproxima acariciando minha face. — Foi um prazer.
De repente somos interrompidos.
— Tire suas mãos da minha mulher. — Henrique rosna, partindo para cima de Théo, desferindo socos em seu rosto.
Começo a gritar desesperada vendo sangue jorrar do nariz dele.
— Para com isso, Henrique! — Grito, tentando puxá-lo para longe de Theodoro.
Mas minha tentativa é em vão.
— Seu infeliz, para com isso! — continuo a gritar.
Logo surgem alguns seguranças que tentam conter o b****a do meu ex noivo.
E James que ao ver o estado do seu irmão parte para cima o derrubando no chão e desferindo alguns pontapés.
Sua fúria é incontrolável, os seguranças tiveram muito trabalho para conseguir controlá-lo.
— Abby! — Grita sem parar.
— Você vai voltar para mim, meu amor. Eu não vou desistir de você. Não pode se envolver com nenhum desses dois imbecis, sou eu quem você ama. Eu! — Berra, cuspindo sangue.
Começo uma crise de choro por está no meio de toda essa confusão.
Me abaixo e acaricio o rosto de Théo me sentindo culpada por todo esse estrago.
— Théo, me perdoa. Foi minha culpa.
Ele respira fundo, enxugando minhas lágrimas e eu o ajudo a se levantar.
— Não precisa se desculpar, Abby. Não foi sua culpa, ok? Esquece isso.
James se aproxima com um olhar assassino.
— A Partir de hoje, você andará com um segurança. Esse cara está fora de si, completamente louco.
— Quê? — Pergunto, chocada.
— Isso mesmo que ouviu, senhorita Heart.
— Não precisa se preocupar com…
— Abby, escuta meu irmão. Ele está certo.
Você ficará segura.
— Até meu irmão concordou, está vendo.
Não se fala mais nisso— Decreta, praguejando sem parar.
— Maldito!
Levamos Théo para dentro e James liga para um médico amigo da família.
— Eu sinto muito, Théo. Eu devia me demitir, Henrique não vai parar. Agora ele sabe onde trabalho.
Ele balança a cabeça negando.
— Não. Podemos ir à delegacia prestar uma queixa contra ele, pedir uma medida protetiva, não sei. Mas se demitir é a última coisa que você fará— sussurra, me puxando para um abraço.
James assiste tudo sem esboçar uma emoção sequer.
Seus olhos azuis estão gélidos, sombrios, eu diria.
— Não precisa se preocupar, senhorita Heart. Eu cuidarei dele pessoalmente— murmura, saindo sem olhar em nossa direção.
— James é arrogante na maioria das vezes, mas é leal quando faz promessas. Acredite quando ele diz que se encarregará desse assunto. — Sussurra, beijando o topo da minha cabeça.
Assinto, sem entender a reação hostil de James.
Melhor assim, quanto mais distante estivermos um do outro, menos chance terei de sucumbir aos desejos incontroláveis que ele provoca.
James é como uma chama ardente: consegue seduzir, aquecer, e queimar, assim que alcançada.
Para mim, ele se tornou inalcançável.