Capítulo 5

1841 Words
Não sei quando, mas em determinado momento um monte de gente vem para a pista, o que é ótimo, porque agora estou dançando loucamente, e tenho certeza que batizaram meu suco. Ou estou ficando louca, por que em que vida real o Lucas estaria dançando comigo? Super colado, no meio de todo mundo(ou quase) da escola? Talvez o suco dele também tenha sido batizado, porque ele está perto demais. Não que eu esteja reclamando! Só estou dizendo isso porquê agora ele está me beijando. E eu estou retribuindo, claro! Suas mãos estão na minha cintura, na minha nuca, nos meus braços e... Seus lábios estão nos meus lábios, no meu pescoço, no meu ombro... - Ei! - Alguém grita por cima da música. Lucas para com os beijos e olha na direção da voz. Olho também e lá está Luna, sua namorada, nos olhando com um ódio que nem sei descrever. Mas ela continua linda, e parecendo literalmente uma princesa. Seus cabelos loiros ajudam bastante, e seu corpo, seu rosto... - Vocês são loucos ou o quê?! - Ela chega mais perto. Lucas se afasta de mim e fica entre nós duas. - Eu já terminei com você, sou livre finalmente! - Lucas grita com ela. - Me deixe em paz! - Mas você tem que ficar com essa gorda? E bem aqui na minha frente? - Não fala assim... - Ele avisa, num tom ameaçador. - Eu falo o que eu quiser! - Luna bate o pé e sai da pista. - b****a! Lucas se vira para mim, e eu engulo em seco, agradecendo mentalmente por ninguém ter parado de dançar para olhar o mini barraco. - Eu terminei com a Luna antes de vir dançar com você... - Ele tenta se explicar. - Não sei o que pensar. - sorrio fraco, um pouco constrangida com a situação. - Acho que... Não gostei de ver você gritando com ela. Eu... - Olho para os lados, tentando pensar em alguma coisa útil. - Depois eu falo com ela, pode ser? Vamos voltar à dançar... - Acho que vou me sentar um pouco. Mordo meu lábio e vou direto para a nossa mesa. Me sento e tomo um gole da bebida da minha mãe, sem ela ver. Quando ela pega a taça, e percebe que está vazia, olha diretamente para mim. Tento fazer minha melhor cara de anjo. - Você bebeu, Aurora? - Ela pergunta. Eu n**o com a cabeça. - Aurora Vieira... - Diz em tom ameaçador. Dou de ombros, mas ela não acredita. Ela chama o garçom e pega outra taça para si. Mamãe volta a conversar com o Gabriel e eu fico na minha, observando a festa e perdida em meus pensamentos. Luna e eu somos da mesma turma desde que chegamos no colégio, no primário. Sei bem como ela é chata, insistente, preconceituosa e mimada. Nós nunca fomos amigas, muito menos colegas. Mas comecei a observa-la quando começou a namorar o Lucas, uns oito meses atrás. Naquela época eu fiquei devastada, porque tinha acabado de descobrir minha paixão platônica por ele. Acho que foi por aí que comecei a ignora-lo. Mas, agora que ele está livre novamente e eu também, estou com certo receio. Óbvio que quero ficar com o Lucas. Ele é, literalmente, o cara dos meus sonhos. Mas ele está indo embora, além dele não estar demonstrando nada, sobre esse assunto. E eu ainda não esqueci que ele não disse nada, quando eu contei que o amo. - Auroraaa!!! - Ouço Eliza me gritar. Tomo um mini susto e a olho, vindo da pista um pouco suada. - Vem dançar! É sua festa de formatura, você quem deveria estar fazendo o maior show lá na pista, não o pessoal do primeiro ano; vulgo eu e Abby. Minha irmã está mais animada que o normal. Agora tenho certeza que batizaram o suco. Respiro fundo, tomo coragem e vou para a pista com minha irmã. Talvez eu tenha dançado até o chão, dado uns amassos, novamente, no Lucas, e bebido mais suco batizado. Mas, afinal, quando vou ter novamente 17 anos, uma festa maravilhosa de formatura, e um gato desses atrás de mim? *** Sonhando (Lucas) Abro os olhos e vejo um céu azul lindo. Tem algumas aves voando e nuvens branquinhas com formato de coração...? Caraca! Isso é um sonho! Me levanto, olho para os lados mas estou sozinho no que parece um quintal de uma casa velha e abandonada. Tem um balanço no quintal, então me sento nele e me balanço. Mas isso é infantil demais, então me levanto ao mesmo tempo que ouço passos atrás de mim. Me viro e vejo Aurora. Tão linda... Ela está com a mesma roupa da festa de formatura, mas descalça e com os cabelos um pouco bagunçados. Mas continua tão linda! Não consigo olha-la sem ter pensamentos parecidos com o de um garoto de treze anos, em plena puberdade. Sou tão i****a por não conseguir demonstrar o quanto gosto dela... Meu pai me diz que homem que é homem, tem coragem para enfrentar o que for, para ter o que quer. Ou nesse caso, para ficar com a mulher que ama. Mas eu sou tão covarde! Quando eu falei para o Daniel, meu ex colega de time, que estava ficando com a Aurora, ele disse um monte de m***a, tanto que fiquei com vontade de lhe dar um soco. Mas na época eu só ri junto e deixei passar. Peguei a Luna numa festa e no outro dia ela já me chamava de "docinho". No começo eu só queria esquecer a Aurora e aproveitar o corpo da Luna, além de sua popularidade. Mas fui fútil e me rebaixei à ela. Ainda não sei como suportei todos esses meses. - Eu já te disse que você está linda? - Dou um sorriso de canto quando ela está mais perto e eu consigo ver suas bochechas coradas. Amo saber que seu corpo reage à mim, mesmo sem toque. - Você parecia realmente uma fada. Ela assente e parece que vai dizer alguma coisa, mas é interrompida quando lhe puxo pela cintura e a beijo. Meu coração dispara e minha respiração fica acelerada. Infelizmente, não consigo sentir muita coisa, mas com o pouco, sei que ela enfia suas mãos no meio de meus cachos e os puxa de leve. Ela sempre faz isso, o que me deixa louco. - Você disse umas mil vezes. - Ela diz entre os beijos. Prolongo o beijo por mais um tempo. Nunca vou me cansar de sua boca, de seu gosto, de seu toque macio e quente. E o mais marcante, de seu cheiro de morango. Simplesmente único. - Nunca vou me cansar... Você é linda, Aura, você fica mais linda a cada dia. Ela da uma risadinha e se afasta um pouco para me olhar nos olhos. Parece que quer ter certeza de algo que só meu olhar pode confirmar. Não sei o que é, e esqueço na mesma hora que ela se solta de mim. Resmungo, por sentir meus braços frios e leves demais, sem seu corpo para entrelaça-lo. - Onde estamos? - Ela pergunta, mudando de assunto drasticamente. Olho em volta, depois volto a olha-la. - Não sei. - Respondo ao mesmo tempo que lhe puxo para dentro da casa, tendo a ideia de conhecer o lugar. Não tem nada dentro da casa. É apenas um quadrado amplo e vazio. Totalmente abandonado. - Que tal voltar para a clareira? - Aurora pergunta, um pouco desconfiada, e suspeito que também esteja com medo desse sonho estranho. Ela sempre fica com medo de sonhos estranhos como esse. - Clareira? - Paro de olhar em volta e a encaro. - Eu acordei no quintal. - Ela sorri de canto. Nem imagino o porquê. - Vamos lá, então? É bonito, e não bizarro, como aqui. - Ah... - Dou uma olhada em volta novamente. - Tudo bem... Ela dá meia volta e sai apressadamente da casa. Mas quando dou um passo em sua direção, tudo fica escuro. Ok, agora eu realmente acho que está tudo muito bizarro nesse sonho. - Lucas? - Ouço sua voz ao longe. - Aura? - A chamo, mas não parece ser alto o suficiente. Tento gritar mais e tateio o infinito preto, mas não obtenho sucesso em nada. Isso é uma m***a. Tem alguma coisa errada nisso. Já pesquisei algumas coisas sobre sonhos. Não achei nada que respondesse o porquê de nossos sonhos lúcidos, mas achei algumas coisas sobre significado. E isso aqui tá parecendo uma desconexão entre nós. De uma forma ou de outra vamos nos afastar, isso é fato, mas, pensando agora, isso não iria mesmo dar certo. Já estamos nessa de sonhos compartilhados à um ano, e a única coisa que continua a mesma é nossa paixão um pelo outro. Talvez se isso acabar, os sonhos também acabem. Mas se eu falar isso para a Aura ela não vai entender. Ela vai achar que eu não gosto mais dela. Na verdade ela já acha isso. Eu nem ao menos lhe respondi quando disse que me ama. Ah, que se dane! Vou ter que fazer isso por nós. Por nossa sanidade mental. De repente tudo começa a clarear e eu consigo enxergar novamente. Olho em volta e estou no meio da floresta. Aurora não está aqui. - Lucas?! - A ouço me chamar de algum lugar. Me viro na direção da voz e sigo aquele caminho, mato a dentro. É só um sonho, não tenho que ter medo. Eu acho. - Aurora?! - A chamo, para ter certeza que estou seguindo o caminho certo. - Onde você está? - Na clareira! E você? - Grita de volta. - No meio da Floresta! - Acho que agora estou, finalmente, me aproximando. E com isso consigo enxergar melhor tudo em volta também. Entro na clareira e fico maravilhado com a beleza do lugar. Mas não foco nisso, Aurora está bem no centro, me estudando com o olhar. Respiro fundo e vou até lá, decidido. E ela me observa, visivelmente tensa. Já percebeu que tem algo errado. - Tem alguma coisa errada - Digo à ela, quando chego perto, mas não tão perto. - Não tenho certeza, mas é com a gente. - O que...? - Eu... Eu preciso de um tempo. A culpa é minha, Aura. - Já vou logo dizendo. - Mas é melhor você não me procurar. Dizer isso parte meu coração, e ver Aurora triste, e sem entender nada, me mata por dentro. Eu sou um covarde. - Do que você está falando? - Ela fica desesperada, então sinto que vamos acordar em breve. É como um pesadelo; se tomarmos um susto, ou coisa pior, acordamos. - Isso tudo, assim, do nada?! - É. - Assinto, mas tento não olha-la nos olhos. Está sendo muito difícil dizer isso tudo. Machucar a Aurora é a mesma coisa que me machucar. E eu sempre faço isso, por ser um b****a. - E é sério, não me procure. E então acordo. Merda.
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