DIANA NARRANDO Entrei na sala e parei de frente para a mesa, entregando a ele a parte contratual do processo. — Sente-se, doutora. Vou avaliar a documentação. A senhorita não precisa ficar em pé, pode demorar um pouco — ele falou e deu um sorrisinho de lado. Me sentei sem falar absolutamente nada, ficando quieta. Esperei ele ler um contrato que, como todos os outros que ele está acostumado a ver todos os dias, só muda nas informações pessoais. O juiz Salvador pegou os papéis com uma lentidão exagerada, como se cada movimento fosse calculado para mostrar sua autoridade. Enquanto ele lia, eu observava a sala fria e sem graça, igual a ele, tentando não deixar meu ranço transparecer. Cada segundo parecia uma eternidade. Ele virava as páginas lentamente, ocasionalmente levantando os olhos