Capítulo Dois

1235 Words
Sophie Cassano O clima em casa tem andado muito estranho, eu não sei o que está acontecendo, eles nunca me contam mas seja o que for é algo realmente grave para provocar uma discussão entre os meus pais. Alguma coisa relacionada a cosa Nostra e a Bratva o meu pai sempre me fala para ficar longe de russos, como se isso fosse algum dia acontecer, pessoas normais da minha idade não conseguem sequer chegar a um metro de mim, quem dirá um russo, as chances de isso acontecer está entre um em milhões. — Acordou cedo hoje, o que houve caiu da cama — minha mãe entra no quarto com seu sorriso costumeiro. Ela é uma mulher muito elegante, calma, doce como um anjo, alegre. Para todas as pessoas que convivem conosco, ela é a pessoa mais feliz do mundo, mais eu sei que tem algo que aflige o coração dela. Ela guarda um segredo, eu não sei qual, mas é algo muito grave ao ponto de pintar seu rosto com uma sombra de tristeza, mesmo que seu sorriso seja o mais lindo e sincero. Eu me recordo do primeiro dia em que ele veio em nossa casa, eu tinha cinco anos, não tinha começado a falar ainda, assim que vi seus olhos cheios de tristeza, iguais aos meus, eu pensei que ela fosse um anjo, falei minha primeira palavra que foi mamãe. Mesmo sabendo que não era ela. Eu não cheguei a conhecer a minha mãe pessoalmente, ela morreu ao me dar a luz, meu pai nunca me culpou mas as outras crianças sempre jogaram na minha cara. — Oi mãe, como dormiu? Parece estar animada hoje — cumprimento com um sorriso enorme nos lábios. Estou de frente ao espelho organizando o meu cabelo, tenho que fechar um acordo com a universidade de Roma, para que eu estude de casa. Infelizmente, ser a princesinha da Camorra tem muitas desvantagens. Uma delas é ser tratada igual a uma prisioneira. — Eu dormi maravilhosamente bem, estou muito animada e você também vai ficar já já — ela me abraça por trás. Parece que a notícia é realmente boa para mim, nem parece que a casa está um caus. O sorriso nos lábios da senhora Isabella Cassano é realmente assustador de tão lindo que é, ela aprontou ou vai aprontar alguma que vai deixar o papai com os cabelos em pé. — Uuuuuuhm! O que será minha mãe, estou ansiosa, fala logo — me viro de frente para ela compartilhando da mesma animação que a dela. Isabella Cassano, me solta dá algumas voltas no meu quarto sorrindo igual uma hiena do Simba, até que, fala o que tanto esperei. — Bom! Eu, sua linda e incrível mãe, convenci o rabugento do seu pai, a te deixar viajar para estudar em Roma — minha mãe solta a bomba, pulando igual a um coelho. Meus olhos esbugalham-se de emoção, eu não posso crer que ela conseguiu isso, como é que ela convenceu Matteo Cassano a me deixar estudar em Roma, eu sempre estudei de casa, sempre, nunca fiz coisas sozinha, sempre faço acompanhada por milhões de seguranças e agora, eu vou poder realizar o meu sonho de estudar em Roma e sem a sombra dele para me atrapalhar, eu terei a chance de viver como uma jovem normal de vinte e um anos. — Mãe! Eu não posso crer, a senhora é a melhor mãe do mundo, aaaaaah! Não posso crer que conseguiu isso — abraço minha mãe com todas as minhas forças, ela é simplesmente a melhor mãe do mundo, a melhor de todas. Ela conseguiu o impossível, conseguiu convencer o meu pai a me deixar viver como uma pessoa normal. Solto seu corpo e damos voltas no quarto gritando e festejando com isso. — Vamos comer que temos que organizar suas malas, você precisa de roupas novas, pois, por quatro anos você vai viver como uma jovem normal — minha mãe me puxa até a sala. Descemos as escadas sorrindo e falando sobre todas as possibilidades para mim, sobre todos os lugares que vou visitar, sobre todas as lojas em que poderei fazer compras. Todos os museus e bibliotecas que vou visitar. Eu vou finalmente passear em Roma sem medo de levar um tiro na cabeça. Nos sentamos na mesa, nos serviços ainda animadas e fofocando até que o meu pai surge para interromper o nosso bate-papo. — Bom dia, o que as mulheres da minha vida estão fofocando? — meu pai da um beijo na minha testa e dá um beijo nos lábios da minha mãe. Ele senta em seu lugar, sua postura altiva e destemida, ele não teme absolutamente nada. Ele é o senhor da Camorra, o senhor do mundo, todos estão a sua mercê. — Estamos comentando sobre sua decisão magnífica em me deixar estudar em Roma, muito obrigada pai, eu nem sei o que dizer, estou tão feliz por isso — falo animada batendo as palmas. — Espero que dê tudo certo lá, eu repensei e com a ajuda da sua mãe, eu percebi que estava sendo muito duro em te manter presa aqui — meu pai fala com convicção, minha mãe concorda abanando a cabeça. Eles pensam que me enganam, eles acham que sou tonta, está mais do que claro que essa mudança de comportamento do meu pai, não foi porque ele é um bom pai que só quer me ver feliz estudando longe dele, eles estão escondendo algo de mim. Essa viagem é só uma forma de me manter o mais longe possível de casa. Parece que não é mais seguro ficar em casa, eu tenho que ficar longe para que eles possam resolver os problemas sem se preocupar com a minha segurança. Talvez eu pense que vá encontrar liberdade em Roma, mas é tudo fachada, talvez eu esteja mais presa lá do que aqui. Nascer na Máfia não é fácil, ainda mais sendo mulher, você nasce com seu futuro já planejado e traçado, você nasce só para casar com alguém, sem amor nem nenhum tipo de sentimento. Eu tive muita sorte por ter pais tão bons. Algumas primas foram forçadas a casar com alguns homens mais velhos, só para garantir uma aliança. — Obrigada papai, você é o melhor pai do mundo — falo com um sorriso lindo e falso. Eles acham que sou um anjo, não só eles, todos da Camorra. Eu sou conhecida como o anjo imaculado da Camorra. Mas a verdade é que às vezes eu sinto vontade de desmentir todos eles e mostrar minha verdadeira face. Eles acham que sou uma cabeça de vento que não vê o que se passa a sua volta, mas existe uma vantagem grande em ser uma criança calma. Todos menosprezam você e substimam a sua força. Eu sempre fiquei nas sombras, observando e vendo o que ninguém viu ou vê. Meus pais podem pensar que estão conseguindo me enganar por me mandar para longe, mas eu sei que alguma guerra está por vir. Talvez seja com a Rússia ou a Cosa Nostra, ou quem sabe os dois, visto que eles estão unidos agora. — Bom! Vamos comer, que você ainda tem de arrumar as malas — meu pai encerra o assunto com um sorriso forçado. Sua fresa só aumenta ainda mais a minha teoria, eles querem que eu viaje ainda hoje, como se estivesse fugindo. Como eu pensei, seremos atacados.
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