Capítulo 2 | Testemunha secreta

1561 Words
E agora, cá estava ela mergulhada num cenário de sonho vivendo o conto de fadas de outra... Rina era professora de crianças do ensino fundamental e também dava aulas particulares. As três se conheciam desde o nascimento, pois as mães haviam sido colegas de escola e continuado amigas mesmo depois de adultas. Eram como irmãs para ela e já havia se acostumado em ser "a amiga engraçada" da turma, vivendo desde cedo com essas duas beldades que pareciam mais umas modelos. Ela, com seu corpo cheinho e sua pequena estatura logo era catalogada pelos outros como a sem graça" das três, nunca a incomodou de verdade, pelo contrário, parecia lhe dar certo poder em desconstruir padrões e criar suas próprias regras, sem contar que sua aparência tão diferente das amigas jamais havia sido um obstáculo para amizade entre elas ou mesmo para que ela chamasse a atenção dos garotos, por mais que ela, na verdade, sempre estivesse mais interessada em se apaixonar por personagens literários ou super heróis de quadrinhos... A funcionária do hotel logo comunicou a chegada delas e avisou sobre as outras convidadas que já haviam chegado e esperavam para um drink de boas-vindas num dos diversos salões privativos do lugar. O hotel havia sido reservado exclusivamente para o evento que, segundo Valentina seria bem íntimo, apenas com os familiares e amigos mais chegados do noivo. Vários eventos seriam realizados para que as famílias pudessem "confraternizar" e culminaria com a cerimônia realizada ao pôr do sol dali a uma semana na praia particular do hotel que, segundo havia ouvido, na verdade era somente uma das muitas propriedades da família do noivo. _Ainda bem que deixei você me comprar umas roupas senão ia passar vergonha...- comentou olhando em volta conforme iam avançando em direção ao quarto destinado a elas. _Ainda bem mesmo! - concordou Clara – Com aquelas roupas de tia velha dos gatos que você usa eu ia fingir que não te conhecia! _ Seria um favor que você me faria. - respondeu revirando os olhos. _Vocês duas vão começar de novo? - reclamou Valentina fazendo os saltos altos de seus sapatos ecoarem pelo corredor. E implicância só não prosseguiu por que a funcionária chegou até uma porta dupla de madeira ricamente entalhada e abriu deixando ver o lugar mais lindo que elas já tinham visto na vida. Chamar aquilo de quarto parecia uma afronta – pensou esquecendo por instantes a picuinha com Clara. _Estes são os aposentos da noiva os de suas irmãs ficam nas portas laterais logo em frente – disse a funcionária fazendo um gesto amplo com os braços para todo o cômodo que até um piano tinha dentro e seguiu explicando todas as comodidades do lugar e inclusive comunicando que havia uma casa de modas e uma equipe de salão de beleza a disposição 24h para elas. Também mostrou um livreto com a programação das diversas atividades e explicou que, além de uma concierge particular para ela, uma organizadora de eventos viria encontrá-la para discutir os últimos detalhes da cerimônia. Tinha que admitir que Fabrício havia marcado pontos valiosos ao incluí-la na programação como "irmã" da noiva, mas diante daquela ostentação toda, foi impossível para ela não se sentir intimidada e desconfiada. Ela era uma pessoa simples, com gostos simples e uma vida comum; essas coisas não faziam parte da rotina dela... _Gente....Ou esse homem era muito rico mesmo ou era um mafioso...- pensou, mas nem teve tempo de absorver tudo, pois assim que a funcionária saiu, duas primas e uma tia de Valentina invadiram o cômodo vindo da ampla varanda e começaram a gritar e rir feito loucas. _ Acabamos de saber que vocês haviam chegado e viemos correndo! - anunciaram examinando a "suíte da noiva". - Claro que nossos quartos não chegam nem aos pés disso aqui comenta - Mas juro por Deus, Tininha, quase me urinei quando vi isso tudo!! - disse a tia admiradíssima; justamente a tia que tinha mania de riqueza porque tinha se casado com um político e se achava "a viajada" porque tinha um filho que estudara no exterior– Ainda bem que eu já estava por aqui com seu tio e pude chegar mais cedo para aproveitar! - completou – m*l posso esperar para ver a cara da sua mãe!! - a mulher nem respirava direito – Filha! O homem não é rico, não. Ele limpa a b***a com dinheiro!!! Tia Marta era totalmente s*******o, mas elas a adoravam, afinal a mulher tinha trazido Sandro ao mundo...não precisava fazer mais nada... _ Tia! Pelo amor de Deus controle sua língua! - e cochichando para Sarina completou – Espero que os parentes dele não entendam uma palavra de português... _ Eu também, amiga... Senão você está ferrada... Valentina se refrescou trocou de roupa e seguiu para o primeiro compromisso que seria um encontro com uma das irmãs de Fabrício que Tina já conhecia, a priori Fiorela iria apresentá-la as demais mulheres da família que a noiva ainda não conhecia e Rina acompanhou a amiga rezando para todos os santos que não dessem nenhum vexame e estragassem tudo, mas diante da natureza de algumas parentes da amiga e das quantidades galopantes de bebida que eram servidas, a chances de um eminente desastre eram enormes... Rina tentava como podia agir "minimizando os impactos" e, para seu grande alívio apenas Fiorela e uma outra prima conheciam um pouco da língua portuguesa permitindo que elas "driblassem" as asneiras ditas. No final da noite já na suíte da noiva as três se sentaram bebericando a última taça de champanhe e ela sentia mais cansada do que se tivesse passado os três turnos correndo com seus alunos em alguma gincana escolar maluca _ Obrigada amiga! - Não sei o que faria se não fosse você. _ Você já sabe como me pagar, né? Me arranja um Clark Kent da Calábria, um Jacob Black napolitano ou um Wolverine da Toscana... _Tá certo! - respondeu Valentina _ atirando para longe as sandálias de salto alto – Vamos pedir ao Concierge. – brincou - Esse lugar é tão espetacular que, de repente, batem na sua porta com deles amarrado com um laço de fita... _Nem precisa, irmã! Se o Sandro bater na porta dela, já está bom para ela! – Clara provocou sabendo que Sarina e Alessandro, o primo Sando, tinham uma história. Sarina atira uma almofada na irmã caçula da amiga e apanha umas revistas ignorando-a. _Meu gatão chega ainda hoje! – comenta Valentina com um brilho apaixonado no olhar – Disse que quer me namorar um pouco antes da chegada da mãe e alguns outros parentes mais velhos. - riu lendo a mensagem que com certeza dizia alguma coisa picante... _ Olha! Aqui diz que o hotel/castelo possui uma ampla biblioteca datada da época Bizantina com exemplares raros! - Rina admirou a foto do rico ambiente destacado no folheto do hotel que ela apanhara para se distrair. _Ai! Pelo amor de Deus! Não tem nem 24 horas que chegamos e você vai se enfiar numa droga de biblioteca mofada! – reclamou Clara sem mesmo dar chance a ela de responder. - Só falta agora você procurar aí uns muquifos caindo aos pedaços na cidade e umas feirinhas xexelentas cheia de gente pobre e fedida para a gente visitar... - reclama – Francamente... _ Mofado está o seu cérebro Clara! "Gente pobre"? Parece que a princesa Ana de Arandele acabou de chegar ao Castelo de Frozen !!! - provocou - Até parece! Quem ouve pensa que é uma milionária esnobe... Além do mais, não vou perder meu tempo explicando a você o apelo das coisas culturais e típicas de uma região... Essa sua cabecinha de vento só serve para roupas, maquiagem e sapato. _ Eu quero uma "coisa típica italiana", morena alta e com o bolso cheio de grana igualzinho ao meu cunhadinho!! - falou a outra bebendo mais um gole do seu drinque - Você se apaixona por homens que não existem, que só vivem dentro dos livros e eu é que sou cabeça de vento? - responde ácida atirando uma almofada em sua direção. - Você devia aproveitar que as festividades e ver se "pega" algum primo ou amigo do noivo... quem sabe um primo cego, caolho ou corcunda...Talvez um velho cheio de filhos remelentos para você tomar conta igual ao filme daquela freira que canta... _Meu bom Deus?! Você acaba de fazer uma referência cinematográfica? - Sarina exagerou na admiração - Estou chocada! _Meninas, vamos parar? - Valentina pedia e como sempre seguiam as picuinhas entre ela e a irmã mais nova da amiga sem saber que em um recanto discreto bem próximo delas, alguém escutava atentamente a conversa... PRÓXIMO CAPÍTULO... "... Tentou voltar a dormir, mas sem sucesso. Decidiu então por um passeio e seus passos foram aos poucos conduzindo-a até a beira da praia. Não soube quanto tempo ficou ali embalada pelo hipnótico som das ondas, perdida em pensamentos, mas subitamente seu corpo se arrepiou por inteiro e ela foi tomada por uma sensação estranha...olhou em volta assustada, mas tentou afastar aquela sensação pesada que de repente tomava o ar a sua volta. Já havia decidido dar por terminado seu passeio dando meia volta quando além de sentir a "presença" ela distinguiu um vulto na escuridão... ..." ❤Espero que tenham gostado! ❤Não esqueça do meu coraçãozinho (rs).❤
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