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4978 Words
"Suas digitais ainda queimam em minha pele" Yoongi tinha tudo para desistir. Mas reuniu toda a força que ainda tinha pra lutar. Com a mãe com câncer em tratamento, um irmã problemática e uma casa pra manter, ele não vê outra escolha a não ser se desdobrar em dois empregos: faxineiro de uma universidade durante o dia e garçom durante a noite. Jimin teve todas as regalias que poderia ter. É dono de uma universidade, rico e bem sucedido. Mas vê seu mundo mudar em uma noite quando vai com seus amigos a um bar, e pressionado e desafiado por eles, da um beijo no garçom e entrega um número de telefone errado. Mas um acidente em seu escritório alguns dias depois leva um faxineiro a ir ao seu encontro. O que ele não esperava era que esse faxineiro era o cara que ele beijou no bar. Mundos opostos que se cruzam numa explosão de sentimentos e obstáculos que vão surgindo. Será que eles terão forças pra enfrentar tudo por amor? "Talvez gostemos da dor, porque sem ela, eu não sei... talvez nós simplesmente não nos sentíssemos reais." - Grey's Anatomy A vida nunca tinha sido fácil. Desde criança, a primeira memória de Yoongi era uma discussão dos pais. Ele chorava, abraçado a um travesseiro, enquanto ouvia o pai dizer que ia embora e que seria melhor assim. Talvez, se naquele dia, ele tivesse ido embora mesmo, as coisas teriam sido realmente melhores. O relacionamento de seus pais não era nada bom. O pai era instável, sem base familiar, não sabia ser uma figura paterna a quem Yoongi poderia se espelhar, desde que ele era criança cobrando o filho de coisas que ele próprio não tinha conseguido conquistar... o abuso psicológico era tanto, que muitas vezes na adolescência, Yoongi entrava no banheiro e pedia para que quem regesse o universo o levasse daquele lugar. Muitas e muitas vezes pensou em parar de viver, sem forças para continuar. Os pais brigavam mais do que ficavam em paz, com o tempo Yoongi começou a se acostumar com as brigas, com as discussões altas, tentando de todo jeito que a irmã mais nova não ficasse sabendo de nada do que acontecia. Quando Yoongi fez 13 anos, o pai começou a encrencar que sua esposa tinha um amante, e tentava de todo jeito convencer Yoongi também, dizendo que tinha provas - as quais o próprio Yoongi nunca chegou de ver. E mesmo assim,mesmo com as palavras que machucavam, com os socos que levava, a mãe de Yoongi nunca se separou. E além de ter que lidar com os problemas familiares, Yoongi também tinha sua própria carga para carregar. Cresceu se sentindo estranho, como se não se encaixasse em lugar nenhum. Teve que amadurecer muito cedo pra lidar com os pais, por isso, as conversas da sua idade não o interessavam, e era taxado como o chato, o careta. Foi quando o bullying começou, junto com as mudanças de escola - 11 vezes pra ser mais exato. Como o pai era autônomo, eles nunca tinham residencia fixa, vivendo de aluguel e se mudando constantemente. Pelo menos Yoongi cresceu sem se apegar a nada, seja casa ou bens materiais. Claro que ele sonhava com um dia em que não ia ser expulso de onde morava pela falta do p*******o do aluguel, ou de que na janta teria mais do que um sache de ketchup velho com um pedaço seco de pão. Por muitas vezes, deitado a noite em sua cama, pensando em tudo, ele desejava ter nascido em outra família. Ele via a vida dos outros amigos, não era ingenuo de pensar que não tinham problemas, porque afinal, todos tem, mas sabia que eles tinham casa própria, os pais empregos fixos, e um relacionamento que talvez pudesse se espelhar. Ele desejava, mas então chorava, com peso no coração por pensar em trocar de família, porque, apesar de tudo, era sua família, e ele a amava com toda a força de seu ser. Não demorou muito para Yoongi começar a trabalhar, e então os pais se acomodarem em suas costas. Ele fazia o ensino médio de manha, e a tarde trabalhava em um supermercado. O único com salario fixo em casa, então por isso ele assumiu o aluguel. "Pelo menos um mês eu vou ter paz sabendo que tenho um teto sob minha cabeça." Começou a se dedicar mais aos estudos nas horas vagas, que eram das 23 da noite ate as 6 da manha. Queria prestar vestibular, entrar em uma faculdade boa, ter um futuro diferente, poder dar uma vida melhor a sua família. Foi quando seu pai sumiu da face da terra. Até os dias de hoje ele ainda não sabe onde ele esta. Se vivo ou morto, rico ou pobre, no pais ou em outro. Um dia ele estava lá, reclamando de tudo, no outro não estava mais. Acabou não passando de primeira no vestibular, e com o passar dos anos acabou se acomodando. Mas então, quando ele achou que finalmente teria paz, depois que o pais tinha ido embora, a noticia de que sua mãe estava com câncer abalou ele completamente. Ele tinha 21 anos, sem expectativa de futuro, trabalhando em um supermercado em período integral, com uma irmã de 14, uma mãe com câncer que ia começar um tratamento intenso e não tinha ninguém pra cuidar... Ele não podia virar as costas agora... não quando sua mãe precisava tanto dele... Ela conseguiu tratamento pelo governo, pelo menos o começo. O primeiro ano regido a quimo terapias, remédios e idas e vindas ao hospital. Yoongi acabou perdendo o emprego no supermercado pelas faltas para acompanhar a mãe no médico. Então o governo cortou o beneficio, a mãe começou a piorar sem os remédios. Yoongi conseguiu um emprego de garçom em um bar muito famoso da cidade, que até pagava bem, mais as gorjetas, e com isso, conseguiu colocar a mãe de volta ao tratamento... Tinha dias em que ele saia do bar, trocando de roupa no pequeno vestiário do local, e ia andando e chorando de volta pra casa, sentindo o peso do mundo em suas costas. Ele suspirava e olhava para o céu, desejando ser qualquer outra pessoa da face da terra, até o mendigo que estava deitado embaixo do toldo de uma loja. Se sentia egoísta, então chorava mais, porque, se não fosse ele, quem seria? Quem iria aguentar passar por tudo que ele passava? Quem iria conseguir carregar o peso daquele mundo nas costas? Apesar de tudo, Yoongi era humano. Com pele e osso, que se machucavam, que se quebravam, que jorrava sangue, que tinha cicatrizes eternas cravadas. Ele não conseguia imaginar uma vida sem dor, talvez tivesse se acostumado a ela. Nenhum dos seus relacionamentos era normal. Seu amigo mais antigo - e único - era Jung Hoseok, que conheceu quando tinha 13 anos, em uma das escolas que estudou. Ele que por tantas vezes dizia que Yoongi precisava sair de casa e viver sua própria vida, dizia que Yoongi se auto sabotava, não deixando ninguém se aproximar... e estava certo, por tudo que viveu - e vivia - Yoongi se escondeu em volta de uma casca de auto proteção, e só entrava quem conseguia quebrar essa casca. Mas ninguém tinha paciência pra isso. Julgavam Yoongi por fora, sem nem ao menos conhecer ou saber algo sobre a vida dele, o porque dele ser assim. Ele sentia que não tinha mais esperanças pra ele. Aos 22 anos ele estava cansado. Cansado da vida, cansado de tudo. Cansado e ao mesmo tempo com peso na consciência por estar assim. - Preciso arranjar outro emprego durante o dia, só o de garçom não ta dando pra pagar os remédios e ainda manter a casa - ele disse a Hoseok em um dia em que estavam os dois sentados em frente ao bar onde Yoongi trabalhava após o expediente. Hoseok fez uma careta - Olha... lá na faculdade onde eu trabalho estão precisando de faxineiros... mas não sei se você... - Eu quer! - Yoongi disse sem pestanejar, se virando para o amigo - eu preciso de algo Hobi, qualquer coisa, não me importo de limpar chão. - Não é só chão Yoongles, são pátios, salas, privadas... é um trabalho digno, porém tem que ter estomago, não que eu esteja dizendo que você não tem, só não consigo te ver assim... - Eu não tenho escolha... - Falta muito pro tratamento da sua mãe acabar? - Eu não sei... ela não mostrou nenhuma melhora... o retorno no médico é só daqui dois meses... Hoseok suspirou - Não vejo a hora dela ficar boa logo pra você poder viver um pouco sua vida. Me machuca você se auto negar, nem sai, nem vai ver gente em algum lugar, não arranja ninguém pra... sei lá... pelo menos dar uns beijos, umas pegadas, passar a noite... - Lá vem você com essa historia de novo - ele disse rindo. - É porque né... você precisa... perder o cabaço. Yoongi empurrou o amigo pelo ombro - Vai acontecer Hobi, e quando acontecer você vai ser o primeiro a saber. - Mas vai acontecer quando? Você vive e respirar trabalho e família. Eu tenho medo de você ficar doente... - Não vou, estou saudavel. - Não to falando do seu eu de fora ô tapado, to falando do seu psicológico... Yoongi suspirou - Eu to bem Hobi, não precisa se preocupar. Foi a vez de Hoseok suspirar - Ok, vai querer mesmo a vaga de faxineiro? - Vou. - Yoongi disse firme. - Certo, amanhã faço seu ligamento pelo RH - Hoseok era o coordenador do setor na faculdade, ao contrario de Yoongi, vinha de uma família bem estruturada, que o permitiu fazer a faculdade de psicologia que tanto queria. Ele tinha começado como estagiário, agora já era quase o que comandava o setor inteiro, coisa que ficaria oficial depois de sua formatura dali 6 meses. - Obrigado Hobi. - Fazer o que né? Agora vem - disse se levantando do meio fio onde estavam sentados - Vamos achar uma cerveja pra você beber, to convidando, ou seja, eu p**o, e não aceito não como resposta. Yoongi riu, se deixando ser puxado por Hoseok, andando na rua com um sentimento estranho no peito. Ele estava mais ferrado que nunca, ia ter que trabalhar em dois empregos e dar conta de tudo. Trabalho braçal, que iria exigir muito de si. Mas ele precisava, sua família precisava...~ Mas ele também não conseguia controlar o pequeno fio de fogo que acendia em seu coração cada vez que pensava em viver sua vida, encontrar alguém, ter suas primeiras experiencias. Ele só tinha uma certeza: estava muito longe de acontecer... Ou não. ? "Ninguém vai acertá-lo tão forte quanto a vida. Não importa como você bate, e sim o quanto aguenta apanhar e continuar lutando; o quanto pode suportar e seguir em frente." - Rocky Balboa O horário das 16:30 era o pior para Yoongi. Não que ele fosse frescurento, ou que tivesse nojo de alguma coisa, apenas porque, ele não pensava que a vida um dia chegaria naquele nível. Ele suspirou, vestido seu uniforme que consistia em um macacão azul de mangas compridas e botas galocha pretas, trazendo consigo o carrinho de limpeza com seu famoso esfregão, baldes, luvas amarelas e esponjas. Parado ali em frente ao banheiro do bloco C, o primeiro do prédio que ele era encarregado de lavar, ele sentiu uma imensa tristeza ao ver um aluno sair de dentro antes dele colocar o famoso "não ultrapasse, piso molhado" na porta. O garoto devia ter sua idade, e estava ali estudando, coisa que era pra ele estar fazendo. Ele nem reparou quando as lagrimas começaram a cair enquanto dava descarga em cada privada, uma de cada vez, jogando sabão em pó e desinfetante, então colocou as luvas e começou a esfregar a pia. A vida era injusta as vezes, pensou, levando o antebraço ate a testa para secar o suor. Os alunos o olhavam com reprovação, as vezes cochichavam quando ele passava, e ate teve uma vez que, depois que trocou de roupa e estava indo embora, sem o uniforme de faxineiro, uma menina o olhou diferente, e ele pensou que talvez... apenas talvez... se a realidade fosse outra, ele teria alguma chance de ser feliz. Porque era isso, ele não via possibilidade nenhuma de ser feliz. Ele vivia a vida empurrando com a barriga, arcando com as consequências das escolhas de outras pessoas, vivendo e trabalhando pra sustentar outros. E como era difícil conviver com ele mesmo! Sua cabeça o acusava só de pensar que talvez ele estava pensando que uma vida diferente seria melhor, afinal, essa foi a vida que foi dada a ele. Já tinha cerca de dois meses que ele tinha arrumado esse novo emprego. Apesar dos quilos que perdeu por não estar comendo certo, pelas olheiras profundas de dormir as 3 da manha e acordar as 6, o cansaço e a fraqueza mental, financeiramente estava tudo bem. O aluguel tinha sido colocado em ordem, os remédios da mãe tinham sido comprados e a geladeira estava com comida novamente. Ele já estava no ultimo banheiro do quarto andar quando seu celular apitou mostrando que faltavam dez minutos para as 18 horas. Ele entrava no bar as 18:30. Terminou de jogar água e rapar o chão, deu descarga novamente agora nas privadas limpas e cheirosas, e saiu até o vestiário dos empregados, guardando o carrinho e desabotoando os primeiros botões do macacão e abrindo seu armário. Pegou a toalha que guardava ali e a roupa que tinha chegado e foi ate o banheiro dali. A água caía em suas costas, relaxando seus músculos e Yoongi daria tudo por uma comida quente e uma cama naquele momento. Mas lavou o rosto tentando dispersar o cansaço, pois era sexta feira, e o bar costumava pegar fogo nesse dia. Se vestiu e saiu, pegando sua mochila. Nesse dia, de tão cansado, acabou gastando o dinheiro da janta para pegar o ônibus, afinal eram três bairros de distância, ele não ia chegar a tempo se fosse a pé como costumava ir. No ônibus ele sentiu vontade de chorar novamente. Não entendia de onde saia todas aquelas lagrimas, ou tanta dor em seu coração. Tinha 21 anos e se sentia cansado, cansado da vidam cansado de tudo. Isso era normal? Sentir tudo isso nessa idade era normal? Querer desistir de tudo nessa idade era normal? As pessoas olhavam de fora, pra Yoongi com todas as suas cargas e responsabilidades, com a síndrome do panico que o pegou, a fobia social, o transtorno de ansiedade, viam por fora e falavam "você nem começou a viver pra saber que sente tudo isso". Era difícil viver sem saber que podia contar com alguém. Ele não podia desabafar isso com sua mãe, no estado em que ela estava, só se sentiria mais culpada por não poder fazer nada no momento para ajudar. A irmã...bem... vivia bem sem saber de tudo, ele não queria traumatizar a irmã ou faze-la ter a vida que ele tinha... Ele desabava com Hoseok, mas o amigo dizia as coisas mais malucas como "você precisa sair de casa", "precisa achar uma boca pra beijar e distrair" "só se vive uma vez, você ta desperdiçando sua vida". Yoongi riu de encontro ao vidro do ônibus. O amigo não estava de todo errado, mas, onde ele arranjaria tempo pra "viver a vida" como ele tanto falava? Quando não estava trabalhando estava dormindo. E era só o que queria e conseguia fazer no momento. Ele desceu do ônibus no ponto que ficava na esquina do bar requintado onde trabalhava. Pelo menos ter uma aparência mediana lhe concedeu um emprego na área nobre da cidade. Andou um pouco rápido demais para os fundos do lugar onde os funcionários entravam e sentiu a visão embaçar e escurecer. Se escorou na parede. "Era só o que faltava eu passar m*l agora" pensou consigo mesmo sentindo a barriga roncar e as mãos tremerem. Ele tinha almoçado uma maçã e um pedaço de batata assada do outro dia. Respirou fundo. - Mas que merda Yoongi, sempre isso. - Rose, uma garçonete do lugar o viu e pegou em seu braço. - Eu to bem. - Não ta não - ela sussurrou com raiva - entra no banheiro logo que eu já vou la. Consegue chegar? - Yoongi assentiu, tateando a parede e indo ate o banheiro dos funcionários. Se sentou da privada esperando a tontura passar, e então ouviu a porta ser aberta e trancada logo depois - Aqui - Rose disse colocando um sanduíche em sua mão - Tem suco aqui também, meu Deus Yoongi, você ta branco, você almoçou hoje? - Almocei - disse de boca cheia, ainda sem abrir os olhos, saboreando o gosto do pão com presunto e queijo, suspirando ao cair em seu estomago e escorando na parede atras de si. - Arroz, macarrão, algo assim? - Yoongi ficou em silencio ainda mastigando - Sabia... aqui, vai engasgar - disse colocando o suco em sua mão - Você vai acabar caindo doente Yoon, precisa se cuidar. - Eu sei ta, eu sei, to fazendo o que posso. - disse abrindo os olhos e encontrando a amiga abaixada a sua frente. - Não da pra conversar com você - Ela suspirou se levantando - trouxe seu uniforme, ta em cima da pia, junto com uma banana. Come depois que terminar, ajuda nos músculos. Eu trouxe bolo pra nós dois pra hora do intervalo. - ela foi ate a porta. - Rose? - ela o olhou - Obrigado. As vezes Yoongi podia contar com a sorte de ter amigos assim. ? Já eram mais de onze da noite e o bar fervia. Porções de aperitivos eram pedidos e as bebidas alcoólicas rodavam e rolavam soltas pelo ambiente. Yoongi equilibrava a bandeja na mão, andando de um lado para o outro, anotando pedidos e levando drinques, não tinha nem ideia de quantos passos já tinha dado aquela noite, com certeza mais que um maratonista em corrida, certeza. Do canto de olho ele observou o grupo de amigos no canto que gritava e ria batendo palmas para o alto e dançando a musica que tocava batendo no ombro um do outro. Deviam estar comemorando alguma coisa, pelo que Yoongi percebeu. Ele franziu a testa e voltou para a cozinha. - Ah, que bom que chegou, vem cá - Jinki disse o chamando com a mão. - Ta tudo bem? Tudo em ordem? - ele era o mais velho, e era como o "líder" dos garçons, sempre querendo saber de tudo e manter a ordem. - Tudo... - Yoongi disse desconfiado. Jinki não dava ponto sem nó, ele sabia que tinha algo ali. - Certo, certo... vou direto ao ponto - "sabia!" Yoongi pensou - Você sabe que é contra a politica da empresa que funcionários tenham relacionamento entre eles certo? - Certo...- disse sentindo o braço de Jinki rodear seu ombro pra sussurrar em seu ouvido. - Longe de mim querer sem empata fora Min, mas você e a Rose precisam parar de se agarrar no banheiro antes que alguém descubra. Yoongi arregalou os olhos - Não estamos... - Qual é, sempre vocês se trancam lá antes do expediente começar, todo mundo sabe, só, tomem mais cuidado ok? Eu apoio, formam um lindo casal. - disse dando uma piscadela e se afastando. Yoongi ficou parado no lugar sem acreditar no que tinha ouvido, sem conseguir esboçar alguma reação. - Pela sua cara ele veio te alertar sobre nosso romance secreto - ele ouviu Rose dizer ao seu lado com uma risada. - Não te incomoda? Ela deu de ombros - Esse emprego não é a minha vida, não quero levar nenhuma dessas pessoas pra minha vida pessoal então não, não me importo. E você é bem gatinho,eu pegaria. - ela disse rindo e se afastando como Jinki se afastou, com uma piscada. Yoongi outra vez ficou parado analisando aquelas palavras. O que estava acontecendo naquele dia afinal? Tomou um copo de água e voltou para o bar. Logo viu a mão de um do grupinho que ele observava antes se levantar, chamando um garçom. Ele caminhou ate lá, pegando seu bloquinho - Pois não? Um dos caras riu, segurando um copo de Whisky na mão - Meu amigo Jimin tem algo pra te dizer - disse rindo mais ainda e os outros o acompanhando. Ele olhou para cada um deles, confuso, nenhum parecia dizer nada, talvez, nenhum deles era o tal Jimin. Ate que virou de costas, dando de cara com um rosto que ele tinha certeza que já tinha visto em algum lugar. Tentou puxar da memoria mas não conseguiu se concentrar porque do nada os lábios do homem a sua frente pressionaram os seus. Ele ficou parado, sem reação, coisa que parecia que estava acontecendo muito aquela noite, enquanto os lábios levemente macios ainda estavam sobre si, as mãos do homem segurando seus ombros sem apertar, até que as mãos foram ate as suas e ele sentiu um papel ser colocado em uma delas - Me liga - o homem sussurrou quando se afastaram. Yoongi sentiu todo seu sangue esvair de seu corpo, assim como seu coração bater mais rápido do que ele estava acostumado, ele virou os pés, fazendo o caminho de volta a cozinha, ouvindo a gritaria que deixou na mesa quando se afastou. Amaçou o papel e jogou no lixo. E, mais do que nunca, queria que aquele dia terminasse logo. ? "Não são nossas habilidades que mostram quem realmente somos, são nossas escolhas." - Harry Potter e a Câmara Secreta Jimin tinha apenas 20 anos. Apenas. E tinha tudo o que queria. Na verdade, até mais do que precisava. Os Park eram bem conhecidos em toda Coreia do Sul, sendo donos de uma Universidade particular de respeito, ricos e bem vistos, exceto, talvez, pelo rebelde Jimin. Apenas 20 anos e parecia que tinha o mundo em suas costas. As pessoas diziam que ele não podia reclamar, que tinha muito mais do que alguém pode pedir, e isso era fato. As melhores roupas, os melhores carros, os melhores aparelhos tecnológicos. Um cartão de crédito sem limite. Mas um buraco no coração. As vezes ele daria tudo o que tinha pra ter nascido em uma família normal. Nem se passasse necessidade, nem se tivesse que trabalhar limpando chão, ele queria. Dividia sem tempo entre a faculdade de Administração e a administração de uma faculdade. Seu pai, o reitor Park, estava passando os comandos da universidade ao filho, alegando que o mesmo tinha que se interessar pelos assuntos e negocios da familia, já que futuramente seria o dono de tudo aquilo. Jimin achava que aquele dia estava mais proximo que nunca já que o pai fumava enlouquecidamente, e quando não estava fumando estava tossindo, ou gritando com alguém e com falta de ar. O pai estava perto de ter um ataque cardiaco e ele nem ia se surpreender quando acontecesse. Por isso não o contradizia, três vezes na semana lá estava ele na sala do reitor, vendo a papelada, tentando resolver os assuntos que já estava envolvido desde os dezoito anos, coisa que não era muito dificil agora, ele se acostumou com o trabalho. E fazia bem, o pai só ia como representante nas grandes reuniões, que Jimin acompanhava em todas, e já o apresentava para os sócios como o futuro reitor da Universidade. E era ali que ele estava, em meio aos papéis, resolvendo problemas dos coordenadores de curso, enchendo sua cabeça de coisas, sentindo sua juventude se esvair de suas mãos. E de detalhe: era seu aniversario. A única coisa que recebera da mãe naquele dia foi um: "esteja em casa as 19 para o jantar, os amigos do seu pai virão." Jimin bufou, outro jantar onde fingiam ser a familia perfeita para todo mundo quando ele sabia que o casamento dos pais estava fadado ao fracasso há anos. A mãe era uma compradora compulsiva, vivia de roupas de marcas e salão, uma verdadeira madame rica da sociedade, mas que era uma péssima mãe. Jimin sabia que ela só tinha tido ele pelas aparências, até porque não teve mais ninguem depois, e ah, como ele queria uma familia grande e barulhenta. [ Grupo: Squad - Jimin Birthday ] [ Taemin 16:48 ] É HOJEEEE! [ Taemin 16:48 ] TA PREPARADO? Jimin riu pela primeira vez naquele dia, era o grupo de amigos loucos dele, eram loucos, mas eram seus amigos. [ Sungwoon 16:50 ] Esperando qual desculpa Jimin vai dar essa vez... [ Kai 16:50 ] Sempre tem! [ Kai 16:50 ] E EU SEI QUE VOCÊ TA VISUALIZANDO E NÃO RESPONDENDO SEU NANICO Jimin riu de novo, não ia responder porque não sabia o que responder, com certeza não iria conseguir ir a seja la o que eles estivessem planejando então, sumiria hoje a amanhã daria alguma desculpa, como sempre. [ Sungwoon 16:53 ] Ele vai sumir hoje e dar uma desculpa qualquer amanhã gente, como sempre [ Timóteo 16:56 ] Bom, estaremos aqui, qualquer coisa grita Jimin-ssi [ Timoteo 16:56 ] Feliz Aniversario [ Taemin 16:57 ] Feliz Aniversario Jimin-ssi, que esse ano novo você consiga se livrar do carma que são seus pais [ Sungwoon 16:58 ] Taemin! [ Taemin 16:58 ] Falei alguma coisa errada por acaso? Jimin travou o celular rindo e voltou para os papeis. Ainda tinha algumas horas ate voltar pra casa, esperava que passassem bem devagar. ? Para seu desespero, não passou, quando viu já estava la, de terno e gravata, sentado na mesa ridiculamente chique e arrumada, com seu pai dando um discurso qualquer sobre como a economia ajudava no andamento do país. Os amigos o olhavam com admiração nos olhos, afina, era o mais rico ali, e Jimin olhava para o prato a sua frente pensando se aquele mísero pedaço de carne mataria a fome que estava sentindo. Na verdade ele daria tudo por um pedaço de pão com ovo, que ele pudesse comer com um copo de refrigerante. Depois do jantar com certeza pediria a cozinheira para fazer um. Bufou. - Mas Jimin esta indo bem, com certeza daqui alguns meses já vou poder me aposentar. - ele ouviu a voz do pai dizer. - Mas é isso mesmo que quer Jimin? - a voz deconhecida de uma mulher chegou ao seus ouvidos fazendo-o levantar o rosto. - Você é tão jovem pra assumir uma responsabilidade dessas... - ela continuou, tomando um gole da bebida em seu copo. Jimin tentou reconhecer o rosto da mulher mas não conseguia, de onde ela tinha saido afinal? - Jimin sabe que esse é o futuro dele, não tem escolha. - o pai disse duramente. - Eu acho que preferia ouvir o que Jimin tem a dizer... - ela o enfrentou. Quem era essa mulher? - Eu..ah.... eu.. - Jimin tentou falar. - Ele não tem nada o que dizer, é isso e pronto. Vamos servir o jantar? - o pai chamou os empregados para começar a servir a comida e o assunto morreu. Dentro de Jimin parecia que uma explosão tinha acontecido, a verdade era que nunca tinha pensado no que realmente queria pra vida, tinha se acostumado tanto com o posto, com a faculdade de adminitração, com o ambiente da faculdade, os papeis e a vida regida por seu pai que nunca realmente parou pra pensar se era isso mesmo que queria. Mas o que ele realmente queria? Naquele momento ele só conseguia pensar que que queria um hambúrguer, olhando para a gosma verde em seu prato. Ele levantou os olhos encontrando a mulher olhando de volta a ele como se o desafiasse, como se esperasse que ele explodisse por fora a explosão que estava acontecendo por dentro. Ele não conseguiu comer, de repente parecia que aquele lugar não era dele, que a casa parecia estranha demais, a voz do pai começou a embrulhar seu estomago, as risadas começarama embaçar sua visão, então ele se levantou da cadeira, fazendo um barulho enorme. - Eu..hmmm... não estou me sentindo bem, vou para o quarto. - deu uma curta reverencia e saiu correndo, a conversa continuando na cozinha. Queria ser diferente. Queria ser louco, fazer loucuras, estava fazendo 21 anos, finalmente a maior idade oficial e ainda não tinha aproveitado nada da juventude, só trabalhado. Então ele se decidiu, pegou a chave do carro e saiu pela saida da cozinha, no caminho mandou uma mensagem. [ Grupo: Squad - Jimin Birthday ] [ Eu 21:39 ] Bar Wings? [ Taemin 21:39 ] ISSO [ Kai 21:40 ] Quem é você e porque esta com o celular do Jimin? [ Sungwoon 21:40 ] Vamos logo antes que ele desista [ Timoteo 21:42 ] Estamos a caminho Jimin-ssi Ele dirigiu com uma espécie de motivação diferente, ia ficar louco aquela noite e que se danem seus pais, não ia agir como o mauricinho p*u mandado, não ia ficar com medo das consequencias, ia agir como um jovem impulsivo e fazer besteiras pela primeira vez na vida. E foi nessa idéia que ele já tinha perdido a conta de quanto soju tinha bebido. - Menino Jimin ta animado - Taemin bateu em suas costas, tambem bebado. Eles riam, conversavam, faziam guerra de aperitivos sem estar nem ai pra nada. - E se a gente começasse uma sessão de desafios? - Kai disse se aproximando no grupo. - Uuuuhhhhh, vai arrumar alguem pro Jimin t*****r? - Sungwoon disse. - Ele ta precisando - Timoteo riu. - Parem -Jimin já estava vermelho e ria descontroladamente. - Jimin - Kai disse e todos se aproximaram pra ouvir - Você vai dar um beijo naquele garçom gatinho e passar um numero errado pra ele e pedir pra ele te ligar.
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