Capítulo Dezasseis ( Felícia Santos)

1642 Words
 Hoje completo uma semana sem frequentar as aulas, os hematomas no meu rosto sumiram todos, mas os hematomas que estão na minha alma serão eternos. Depois que terminei com Vasco, ele não tentou se aproximar mais de mim, mas mesmo assim, parece que a todo momento eu estou sendo vigiada, sinto como se ele estivesse esperando o momento certo para me atacar. Eu não contei nada para a minha mãe, as únicas pessoas que sabem o que realmente aconteceu são minhas amigas, não que eu não confie na minha mãe, mas eu sei que se contar para ela o que aconteceu, ela vai ficar preocupada e vai querer abrir uma queixa contra Vasco e isso pode despertar a fúria dele, ele foi bem claro no hospital, se alguém soubesse o que realmente aconteceu naquela madrugada, ele acabaria com a minha vida e a do meu irmão. Nessa semana que fiquei em casa, o estranho que mandou a flor no hospital, voltou a deixar outras na minha casa, todas as manhãs, eu acordo com um lírio cor-de-rosa e um bilhete na minha cómoda. — Oh! Um girassol, que lindo — sussurro admirada. Pego no ramo de girassol extremamente amarelo, cheiro o mesmo e parece que o perfume da flor é intensificado quando fecho os olhos e as duas esmeradas verdes de Dylan vêm em minha mente, o perfume preenche minha narinas e me dá uma sensação de paz e conforto. Como alguém pode ser tão bonito? Devia ser um crime, alguém ser tão bonito exalar tanta testosterona a cada passo e movimento que faz, Dylan Neith é um verdadeiro pecado e Deus que me perdoe, mas eu adoraria ser corrompida por aquele pecado. Estou com bastante medo de abrir o bilhete e não ser do meu admirador secreto, todas as manhãs o meu admirador secreto, deixa um lírio cor-de-rosa, mas diferente de outros dias que sempre encontro lírios, hoje o estranho deixou um girassol, grande amarelo e muito bonito, tomo coragem e abro o bilhete, o que pode ser pior que ter um estranho invadindo a minha casa? Ser um estranho f**o? Achei está flor enquanto procurava pelos lírios, achei ela parecida com você, porque além de ser bonita, ela persegue a luz, como você, toda a vez que sorri para o nada ou para uma palhaçada que seu irmão faz. Assinado: Seu rei. Leio o bilhete com calma e um sorriso bobo no rosto, o bilhete foi escrito a mão, a grafia da pessoa é tão bonita que chega a ser assustadora. Eu sei que os sinos da minha mente estão soando para que eu fique atenta, essa pessoa provavelmente deve ser um psicopata ou pior ele pode ser igual ao John da série YOU, nunca se sabe né? — Oi meu amor, já está pronta? — assim que escuto a voz da minha mãe no corredor do meu quarto, trato de esconder o girassol e o bilhete, se ela descobre que um estranho tem invadido a nossa casa e tem deixado flores e bilhetes de amor para mim, é bem capaz de ela ter um piripaque antes dos cinquenta anos. Minha mãe entra em meu quarto, eu estou parada com a minha melhor cara de paisagem. Faço todo o possível para transparecer segurança e calma, caso contrário, é o fim do meu relacionamento com o meu rei. Que horror eu estou pensando? Ele não é nada meu. — Oi, terra chamando Fefé — minha mãe estala os dedos em meu rosto para me despertar da viagem ao país das maravilhas. — Eu estou aqui mamis, onde eu estaria? Na lua? — falo fazendo minha melhor cara de surpresa, por estar a ser interroga logo de manhã. Na verdade, eu acho que minha mãe sabe o que aconteceu, ela só está esperando o momento certo para tratar comigo o assunto, saber que ela respeita o meu tempo e o meu momento, só faz com que eu a ame mais do que tudo. — Uhm! Está bonita, vamos que o Xitique vai começar — completa e sai do meu quarto. Hoje é o último sábado do mês e em todos os últimos sábados de todos os meses, a minha mãe nos obriga a acompanhar, nos Xitiques dela. O xitique é uma espécie de poupança de dinheiro em que um grupo de pessoas, estipula um valor que deve ser retirado para a poupança e a frequência com a qual o mesmo valor é retirado, no final de cada mês uma pessoa recebe todo o valor que foi contribuído ao longo do mês e é feita uma festa na casa da pessoa que receberá o valor. Eu não gosto de ir aos Xitiques, sempre fica cheio de senhoras fofoqueiras que tentam empurrar os filhos delas para mim, como se estivesse nos anos sessenta. — Feféeeee! Vamos pha! Não quero me atrasar — minha mãe grita do outro cómodo da casa e eu saio correndo para que eu não fique para trás. Minha mãe e Kevin já estão dentro do carro, eu fico do lado de fora para poder trancar as portas de casa e garantir que ninguém invada a mesma, mesmo sabendo que é uma ilusão pensar isso. Assim que tranco todas as portas e os portões, entro dentro do carro. O carro da minha mãe, é um Nissan vermelho, um modelo recente, ele parece um besouro e é muito esquisito. A viagem corre sem nenhum problema, no rádio do carro, está tocando a música “A nossa dança dos Calema” — Quero bailar, colado a ti, tudo fica mais fácil tudo fica mais lindo Ooooh! — cantarolamos todos juntos, eu, minha mãe e Kevin. Minha mãe ama os Calema, consequentemente influenciou nós dois, mas mesmo gostando deles, ninguém tira a minha Yaday Angel do meu coração. A cantoria dentro do carro contínua, até que o meu celular toca, informado que entrou uma mensagem. Você está muito bonita, esse vestido só deixou mais evidente as suas curvas, a cada dia que passa, só me apaixono por você. Você é tão bonita que devia ser um crime tamanha beleza numa só pessoa. A mensagem é estranha, não tem remetente, então pode ser de qualquer pessoa, inclusive de Vasco, só pensar que pode ser dele, começo a suar e tremer. É possível ser dele está mensagem. Eu estou de um vestido comprido que vai até o chão, ele tem um detalhe no meu b***o, uma espécie de elástico, o que deixa a minha cintura destacada, a parte superior é de alça e o decote do mesmo é em V, mas devido a minha falta de peito, ele ficou colado a mim e não precisei vestir um soutien. O vestido é todo comportado, então, só Vasco para gostar dele. — Quem é você? E o que quer? — digito com as mãos tremendo, não quero ser covarde, mas só de passar pela minha cabeça, que pode ser Vasco quem está me vigiando, fico desesperada e aterrorizada. Fico a espera da resposta dele e ela não tarda a chegar. Sou eu meu girassol, não fiques nervosa, não sou o desgraçado do seu ex-namorado. A mensagem deixa-me mais surpresa ainda, como é que ele sabe que estou nervosa, como é que ele está me vendo agora, não vou me fazer de rogada, eu vou perguntar isso para ele. — Você é o meu rei? Como sabe que estou nervosa nesse momento? — envio a mensagem. Estou mais tranquila agora, em saber que não é Vasco quem está me vigiando. Sim, eu sou louca de ficar tranquila por saber que é um estranho quem está me vigiando e não alguém conhecido, mas entre o desconhecido e o abusivo do meu namorado, eu prefiro um desconhecido. Eu Estou de olho em você, tudo que envolve o seu bem estar, eu sei. A mensagem dele devia me deixar assustada, mas muito pelo contrário, ela me deixa tranquila, com ele me vigiando, Vasco não chegará perto de mim para me fazer m*l. — Quem é você? — mesmo que ele tenha dito que não é Vasco, eu não consigo ficar tranquila, preciso me certificar que é alguém em que possa confiar. Já já, você vai saber, agora vá se divertir. Ele decretou sem me dar espaço de contestar, eu não sei por quê mas, a ordem dele provocou um calor estranho entre minhas pernas e isso me obriga a cruzar minhas pernas. Como eu posso ficar excitada com uma simples mensagem? Eu devo estar doente. Não cruza as pernas dessa forma, não posso fazer nada por você, agora. Recebo outra mensagem dele, parece que ele está me assistindo agora, ele está vendo as minhas reacções em tempo real. Eu preciso testar. — Você faria se fosse em outro momento? Eu estou muito excitada — envio a mensagem para ele e para testar a minha teoria, aperto ainda mais minhas coxas e mordo meu lábio inferior. Não devia fazer uma coisa dessas, estando perto da sua mãe e irmão mais novo, que coisa f**a Girassol. Pronto, minha teoria está certa, ele está me vigiando a partir de algum aparelho eletrônico do carro da minha mãe, para irrita-lo, passo um dedo com ** de arroz na pequena câmera que tem. — O que foi — minha mãe questiona surpresa quando me vê fazendo isso, parece a atitude de uma louca com certeza. — Estou a tapar essa câmera, ouvi que podem nos vigiar a partir daí — retruco e volto ao meu lugar com um sorriso travesso nos lábios. Você é uma verdadeira feiticeira, girassol, você não perde por esperar. A mensagem dele, arranca um sorriso involuntário de mim. A ameaça dele, só me deixa ansiosa para voltar logo para casa, e saber o que ele fará comigo. Eu devo ter perdido a cabeça, por estar tão ansiosa por uma ameaça de um desconhecido.
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