Festa do pijama

1622 Words
Mãe do Lucas pensando Lucas está estranho ultimamente, ele não desgruda daquele garoto chamado Matheus. Tudo que ele faz, aquele garoto está com ele. Lucas olha para aquele garoto e para o Ryan de maneira muito estranha, parece que Ryan está com ciúmes dele. Quando ele e o Ryan estão sozinhos, eles ficam rindo e brincando demais, parecem namorados. — Roberto, você está acordado? — O que foi? — perguntou ele. — Tem uma coisa que tá tirando o meu sono. — O que foi? — perguntou ele, sonolento. — O nosso filho tá estranho ultimamente, ele não desgruda daquele garoto chamado Matheus e também do Ryan. Eles ficam o tempo todo rindo e brincando um com o outro. Não acha que isso tá errado? Será que ele é o que tô pensando? — Ele não trouxe uma garota pra casa uma vez? — pergunta ele. — Acho que sim. — O Ryan não namora? — pergunta ele. — Sim — digo a ele. — Eles são só amigos, é normal nesta fase levarem tudo na molecagem — diz Roberto. Eu começo a escutar risadas lá embaixo. — Vão para a cama — diz Ricardo — Já ta tarde. — Talvez seja coisa da minha cabeça, deve ser como eu na minha idade, mais retraído. Ricardo já estava em sono profundo e eu voltei a dormir. Narrador narrando Lucas se deita no meio de Ryan e Matheus. Os dois olham para ele e ele começa a sorrir. — Eu proponho um desafio a vocês dois — diz Lucas. — O quê? — perguntam os dois ao mesmo tempo, se olhando. — Que vocês dois se abracem — diz Lucas. — Não! — diz Ryan, emburrado. — De jeito nenhum! — diz Matheus. — Por favor — diz Lucas — Vocês são meus amigos, quero ver meus melhores amigos juntos! Matheus olhou para Ryan e Ryan para Matheus. Ryan se aproxima um pouco e Matheus também, e eles se abraçam olhando para Lucas. — Desse jeito, não — diz Lucas, sorrindo — Olhem um para os olhos do outro. Ryan olha, mas tenta desviar o olhar e Matheus também. Aí, Lucas abraça os dois — Aêê, isso que eu gosto de ver, meus amigos juntinhos. — Satisfeito? — pergunta o guaxinim emburrado. — Não, proponho que você faça outro desafio. Quero que você dance na frente da gente — diz Lucas, rindo. — Não! — diz Ryan. — Vai, Ryan, acredito em você — diz Lucas — Ah, tá bom — diz Ryan. O guaxinim vai para frente do colchão e faz alguns movimentos enquanto os dois riam. Matheus tapou a boca enquanto ria e Lucas também. Ryan estava emburrado. — Agora, — disse Lucas — duvido você mostrar a cueca Hihihi. Os dois ficaram rindo. — O quê? — pergunta Ryan, vermelho de vergonha. — Eu duvido — diz Lucas, e Matheus ficou rindo. Desconfiado, Ryan, como não gosta de ser desafiado, topou o desafio. — Aqui está, prontinho — ao mesmo tempo que disse isso, ele encarou os dois com um olhar s****o. Ryan só tinha 14 anos e já tinha um corpo bem definido por praticar esportes, já Lucas e Matheus eram mais sedentários. O Ryan é tão bonito — pensou Lucas. Tô sentindo uma sensação estranha. Eu odeio esse cara, mas ele é muito bonito, até mais que o Lucas — pensou Matheus. Lucas olha para Matheus, sorrindo, e diz: — Agora é a sua vez. — Quê? — perguntou Matheus surpreso. — Eu não tenho coragem. — Vai, Matheus — disse Lucas, dando um tapinha nas costas dele. Matheus se levantou do colchonete em que estava sentado e ficou na frente dos dois. — Ele não tem coragem — diz Ryan. — Vai, Matheus — eles dizem baixinho, para os pais não escutarem. Matheus tira a camisa e depois o calção. Os dois começaram a rir sem parar com sorrisos abafados. Matheus era bem magro e um pouco alto, ele estava usando uma cuequinha e quase não tinha volume algum. Lucas e Ryan ficaram rindo, apontando pra aquele lugar. Matheus levanta o calção, com o rosto vermelho e envergonhado, até que do nada, Lucas beija Ryan. Matheus fica vendo aquilo e fala sussurrando — Meus Deus, se os pais deles descobrem. — Vem aqui, Matheus — diz Lucas — Duvido agora vocês dois se beijarem. Os dois se entreolham. Ryan fica vendo Matheus com uma cara s****a. — E se seus pais descobrirem — diz Matheus — Além do mais, isso não é coisa de gay, nem nada? — diz Matheus É só uma brincadeira de amigos, vai ficar em segredo. — disse Lucas. Matheus se senta no colchonete, aí Lucas segura ele por trás e Ryan beija ele. — Não foi nada de mais. — disse Lucas, sorrindo. Matheus ficou desconfiado, Ryan então passou o braço ao redor do pescoço dele e esfregou a outra mão fechada na cabeça dele. Matheus gostou daquilo, mas não disse nada. Lucas foi se deitar na cama dele e Ryan se deitou ao lado de Matheus. Alguns minutos depois. — Lucas, você tá acordado? — diz Ryan. — Tô sim, não consigo dormir de jeito algum. — diz Lucas. — Também tô acordado. — diz Matheus. — Vamos ficar conversando pra ver se o sono chega. — diz Lucas. — Sobre o quê? — pergunta Ryan. — Sei lá. — diz Lucas. — Me fale sobre você, Matheus. Você fala pouco. — diz Lucas. — Sobre o quê? — pergunta a hiena. — Pode ser sobre sua vida, como você foi parar na nossa escola? — diz Lucas. — Bem — diz Matheus — Meu pai me transferiu, eu não me dava muito bem na escola antiga, tinha uns moleques que ficavam me atentando. — Por quê? — pergunta Ryan, meio curioso. — Eu tinha um outro amigo e a gente era muito próximo, ele se chamava Júlio e era um gato cinzento. Aí, tinha uns moleques que viviam implicando com ele, até que teve um dia que ele não queria dar o lanche pra eles e os moleques queriam bater nele no percurso pra casa. Aí quando fiquei sabendo disso, peguei um pedaço de p*u e bati nos dois garotos. Eu peguei uma suspensão e os pais dos garotos reclamaram por seus filhos terem chegado em casa machucados. Tive que sair da antiga escola e fui transferido para de vocês. Quanto ao Júlio, ele se mudou pra Curitiba e nunca mais nos vimos. Eu me lembro do último dia dele na nossa cidade, o carro partiu e ele ficou me vendo pelo vidro na parte de trás do carro e dando adeus. Ele estava bem triste e chorando assim como eu também estava. — Como vocês se conheceram? — perguntou Lucas. — Ah — diz Matheus — Foi em um aniversário meu, em 2007. Eu fiz uma festa e convidei várias pessoas, mas ninguém foi. Aí eu fiquei na frente de casa chorando, até que eu vi um gatinho cinza se aproximando, era o Júlio. Ele perguntou o porquê que eu estava chorando, aí eu disse que era porque ninguém tinha vindo no meu aniversário. Aí a partir daquele dia, nos tornamos grandes amigos — Matheus já estava quase chorando quando disse aquilo. — Não fica assim, Matheus — consolou Lucas. Ryan ficou calado, vendo tudo aquilo. — Como vocês se conheceram? — pergunta Matheus. — Somos amigos desde criança, só não sei bem quando — respondeu Lucas. — Você tinha cinco anos — disse Ryan lembrando e rindo — Você estava até chorando porque eu queria um pouco do seu sorvete de casquinha e você não quis me dar, eu derrubei ele no chão e você ficou chorando. — Aí minha mãe brigou comigo, comprou outro sorvete e disse pra mim pedir desculpas. Eu fiz o que ela mandou, depois de levar umas palmadas, aí eu dei a você. Agora tô me lembrando — diz Ryan. — Você estava emburrado e eu até dei um pouco do sorvete a você, aí a gente ficou amigo — diz Lucas. — É mesmo — diz Ryan. — Aí depois, a gente conheceu o Raul. — Raul era engraçado — diz Lucas — Ele era muito esquentadinho, todo mundo atentava ele. Ele era bem baixinho, aí esfregavam a mão na cabeça dele e ele odiava. Aí a gente conheceu a Bianca e depois, a Mariana — Lucas cita o nome dela com um sorriso. — Somos amigos de longa data — diz Ryan. Depois da longa conversa, todos já estavam sonolentos e foram, enfim, dormir. Matheus sonho Eu sonho com minha mãe, ela está chorando muito ao lado do meu pai. Espera, aquele parece ser o meu irmão, um lobinho e ele tá vivo. — Mãe, o que tá acontecendo? — pergunto a ela. Ela não responde e continua chorando. — O que tá acontecendo, pai? Ele parece não ouvir e eu fico desesperado. — Por favor, alguém me diz o que tá acontecendo. Minha mãe e meu pai olham para mim e depois olham em uma direção. Quando olho para a direção, vejo que eu tinha morrido no lugar do meu irmão. — Não pode ser — eu digo, em prantos — Por favor, mãe, pai, digam que isso não aconteceu. O cenário muda e eu vejo meu corpo sendo enterrado. — Não, eu não morri, eu tô vivo! — falo gritando. Depois, vejo uma lápide ligando a data do meu nascimento e da minha morte: Matheus 2002 – 2006. Aí eu acordo, com o coração a mil. — O que foi, Matheus? — pergunta Lucas. — Nada — digo eu — Eu só tive um pesadelo, só isso, nada mais.
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