EVA NARRANDO
Domingo à tarde e estou aqui, largada no meu quarto. Hoje é dia de folga, graças a Deus. Meu irmão deu um churrasco para os amigos dele do comando, nem sei o que ele está comemorando, até porque a vida do Felipe não me interessa, mas comi tanto que estou mole.
Cheguei da balada às 6:00 da manhã, só consegui dormir até às 9:00 porque o idïota do meu irmão ligou o Som, o lado bom desse churrasquinho, foi que dei uns beijos no Tucano, o Sub aqui da quebrada, eu sento pra eles, as vezes.
Estava de boas, pensando se Aceito o convite do tucano para a gente sair hoje, ou se dou um perdido nele e vou na festa que vai ter no apê do meu gerente, bem que eu já fiquei com o Murilo ontem. Acho que vou dar um perdido nos dóis. E deixar a Xerolaine descansar.
Até que um furacão chamado Maria, vulgo minha mãe, entra no meu quarto gritando.
— Eva, vamos para a igreja, Jesus quer falar com você, minha filha — é sempre a mesma história.
— Mãe, a senhora sabe que eu não gosto daquela igreja, nem daquelas pessoas, nem daquele pastor — falei revirando os olhos.
A igreja que minha mãe vai só tem velhos e muitas velhas fofoqueiras. Minha mãe é uma delas, a famosa irmã do coque que usa saia no meio da canela, mas não pode ver ninguém deslizando que já acha que é obra do inimigo. Minha mãe não cansa de dizer que eu e Felipe estamos debaixo do julgo de Satanás. Quando ela começa a falar, a gente já termina a frase de tanto que minha mãe repete isso, e também do tanto que ela entra no meu quarto de madrugada para orar.
— Vamos, filha. Faz tanto tempo que você não vai à igreja. Hoje vêm os irmãos da sede para apresentar um novo pastor, o pastor Balbino vai se jubilar — minha mãe falou levantando as duas mãos para cima, como se isso fosse o maior marco na vida do pastor Balbino se aposentar.
— Mãe me deixa descansar um pouco quero aproveitar que o Felipe desligou o som para dormir um pouquinho, se eu acordar a tempo eu vou com a senhora — falei isso só para ela sair do meu quarto.
Minha mãe saiu escorando a porta, quando já estava cochilando Alexandra abriu a porta do quarto, me chamando, porr@ hoje eu não durmo.
— Fala pïranha — Falei ainda com os olhos fechados.
— Amiga LP me pediu um beijo — Ela falou como se isso fosse grande coisa, beijar o Felipe eca.
— E tu beijou? Perguntei desinteressada total no assunto, Mas se eu não perguntar ela vai ficar com raiva.
— Claro, teu irmão beija muito bem — Ela falou e deu uma gargalhada.
Quando ouvimos a voz do Felipe na porta do meu quarto, chamando a Alê , que foi correndo. Com certeza vai dá pra ele, Alexandra é apaixonada no Felipe desde sempre. Meu irmão não passa de um püto.
Consegui cochilar 10 minutos, quando a minha mãe entrou no meu quarto já gritando me mandando levantar senão a gente ia ficar sem lugar para sentar na igreja.
Eu senti vontade de dizer que não ia, mas algo dentro de mim me cutucou me encorajando a me levantar e cuidar.
Tomei banho, lavei meus cabelos, hidratei, só tava cheirando a fumaça. Também esfoleei e hidratei a minha pele. Sequei o meu cabelo, e na hora de escolher uma roupa foi o meu maior problema.
Eu não tenho roupa decente, se a parte de baixo for uma calça comprida Pode acreditar que na parte de cima eu vou colocar uma blusa decotada, ou transparente. Gosto de chamar atenção com as minhas roupas porque sei que tenho um corpo perfeito e invejável.
Então decidi colocar um vestido que fica no meio da coxa, e tem tipo um x formando um grande decote, nas costas dele também tem um pequeno decote. Coloquei um salto alto com os meus cabelos soltos, fiz uma make bem simples e passei um batom clarinho.
Coloquei as argolas de Jezabel que nem minha mãe fala, algumas pulseiras em um braço me perfumei e saí do quarto.
— Misericórdia, vai vestir uma roupa decente Eva — Falou a minha mãe se escandalizando com o meu look.
— Ou eu vou com esse vestido para a igreja, ou eu vou para a balada, senhora que decide — falei sorrindo.
Mesmo com a minha mãe reclamando por causa da minha roupa, Fomos Para a igreja olha que programão de Domingo.
No caminho a minha mãe falou que o Felipe estava trancado com o Alexandra no quarto, e que ele não é companhia para ela.
— Ainda bem que a senhora sabe que o seu filho não vale nada — Falei mesmo.
— Mas eu tenho fé que Jesus vai ter um encontro com vocês dois — Começou!
A Igreja fica na parte baixa aqui de Paraisópolis, minha mãe assumiu o volante e eu fui no carona, até tentei botar uma música, mas no som do carro só tem corinho de fogo.
Assim que a gente chegou na frente da igreja, tinham muitos carros. Minha mãe estacionando a parte de dentro do pátio tem uma vaga já para ela, nem preciso dizer por causa de quem.
Saímos do carro com minha mãe me mandando arrumar o vestido, só passei a mão. Assim que a gente entrou na igreja eu vi um homem lindo. Pensa num coroa gato, até arrepiei.
— Mãe, Vamos sentar ali na frente, aqui perto da porta ninguém consegue prestar atenção as pessoas conversam muito — falei convencendo a minha mãe que eu estava interessada no culto.
Sentamos na primeira fila, esperei o coroa olhar para mim e dei aquela cruzada de perna maravilhosa, Ele abriu um pouco a boca eu fiz uma carinha sexy e ele desviou o olhar.
Não sei nada do que cantaram, do que o pastor Balbino falou. Só vi minha mãe chorando e as outras irmãs também.
O melhor foi no final do culto, quando o pastor presidente apresentou coroa gato como um novo pastor da congregação, PR. Ivan, esse vai ser meu pastor.