Capítulo 2

1391 Words
Bruna narrando Cheguei na Praia Linda, e subi para a minha casa. Cheguei e não tinha basicamente nada para fazer, então mandei uma mensagem para a Maju, dizendo para ela vir aqui, ficar fazendo vários nadas. Tomei um banho e quando saí do banheiro, ela já estava na sala, assistindo TV. Bruna: Eai louca. - Dei um beijo na bochecha dela. Maju: Fala Bruninha, como foi lá? Bruna: Foi bom até, amiga... Tirando a parte de que meu coração apertou quando tive que me despedir dele, foi tudo de de bom. Maju: Que bom, poxa, fico feliz por vocês. - Deu um sorriso. - Não vejo a hora do Sombra sair da cadeia e colocar ordem nessa favela. - Revirou os olhos e eu dei um sorrisinho. Bruna: Falta pouco. - Fiz um coque no cabelo. - Mas e você e seus boys, como estão? Maju: Nada fora do normal, né? Só fico com quem me banca. Bruna: Cê não estava ficando com o marido de não sei quem? Maju: Marido da Flávia, e sim, estava, o problema é que o cara quer mer comer e não quer me bancar. Mulher dele chega no baile, toda linda, marquinha, unha acrigel, cabelo feito, roupa nova e o caralh* a quatro, enquanto eu, toda fodid*, e ele ainda quer me brecar Bruna: Misericórdia Maria, vai procurar um trampo, mulher, para com isso. Maju: Olha quem fala, né? Sombra te sustenta sem você trabalhar já vai fazer 5 anos, filha Bruna: Sustenta, mas com o dinheiro dele eu faço curso, e tenho casas no meu nome... Te garanto que sempre vou ter onde morar e nunca vou passar fome, com ou sem o Sombra. Maju: Ah, mas, até parece que você vai embora assim, né, você é louquinha por ele, e ele por você. Bruna: Nada dura para sempre, mas a gente faz o possível para durar o máximo. Maju: Mona, seu bofe te banca de dentro da cadeia, te dá o que você quiser, te trata igual rainha... Quem larga um cara desse? Bruna: Não tô dizendo que vou largar, só tô dizendo que se um dia acontecer de eu ter que me separar dele, pobre e fodid*, eu não fico. Maju: Então tá, né... Vamos descer lá na boca, um pouco? Bruna: Vou fazer o que lá, Maria? Maju: Ver os bofes, ué, você é patroa, tem que fazer isso, filha Bruna: Nada aver, Dirley odeia que eu vá lá. Maju: Ele só vai saber se você abrir a boca, filha. Bruna: Você sabe que todo mundo lá, trabalha para ele, né? Maju: Vamo logo, Bruna. Revirei os olhos e levantei. Coloquei um shortinho e desci o morro até a boca. Chegamos lá, eu sentei num barzinho em frente, enquanto a Maria Júlia entrou lá dentro para falar com os caras. Nunca vou conseguir entender essa obsessão da Maju por dinheiro e homem, tipo, ela literalmente só pensa nisso, e o pior é que não adianta falar nada, porque ela não dá ouvidos para isso. Pedi no bar um suco de maracujá, e tomei enquanto observava o movimento. É duro ver o tanto de nóias e viciados que entram nisso. Rico tem um preconceito gigante com a favela, mas, é visível para todos que são esses riquinhos que praticamente abastecem as biqueiras. Geralmente são meninos novos, de mais ou menos dezessete anos, que compram de tudo, até começar a ficar igual esses nóias da cracolândia. É sempre assim, começa dando uns tragos na maconha, pelo embalo dos amigos, depois dá um teco de leves no pó, e assim vai indo, de r**m para pior. Não sou feliz com o Dirley nisso, com o tempo a gente pega amor e aí cai a ficha de que, tudo isso é péssimo, meu sonho é ele sair disso tudo, o problema é que ele sempre deixou bem claro que não iria mudar, e eu prefiro assim, me falando a verdade, mesmo. Maria Julia saiu da boca toda sorridente e veio correndo até mim. Maju: Mona, acabei de marcar de pegar um bofe. Bruna: Então vai, ué. Maju: Mona, o bofe é casado. - Franzi o cenho. - Tem nada haver Bruna, a mulher dele é sonsa monga. Bruna: Queria ver se fosse com você, mas de boa, faz o que você quiser. Maju: Marquei na casa dele 16h20s, vou correr lá em casa para bater gilette. - Ri baixo da forma que ela falou. Ela saiu e eu continuei alí sentada, umas garotas passaram e me cumprimentaram, entre elas, estava a Grazi mulher do primo do Dirley, que me apresentou o mesmo. Grazi: Oi Bruninha. - Me abraçou. - Como está a nossa patroinha? - Dei um sorrisinho. Bruna: Eai amor, tô bem e você? Sumiu hein... Grazi: Nathan tá surtado filha, cismou que quer me privar de tudo, até de sair, vê se pode - Negou com a cabeça. Bruna: Dirley ainda não chegou nesse ponto, graças a Deus. - Ergui as mãos agradecendo. Grazi: E nem tem que chegar mona, eu hein, capaz de homem mandar em mim oxi, sou Grazi pra caralh*. Bruna: Errada não está, o fod* é ficar careca, né? - Falei rindo. Grazi: Se raspar meu cabelo eu faço ele comprar um novo. - Gargalhou. Conversei mais um pouquinho com ela e depois peguei meu rumo para a casa. Enquanto eu subia o morro, notei uma movimentação estranha e um monte de pessoas numa rodinha, que tinha uma gritaria danada. Me aproximei e quando eu vi, arregalei meus olhos ao ver a Maju apanhando muito de uma mulher, que gritava coisas do tipo " Sua vagabund*, você gosta de dar a bucet* para homem casado né? Dois safados" Maria Julia quando me viu, gritou um "Bruna, me ajuda" e eu na hora literalmente me desesperei e me intrometi separando a briga. ***: Acho que o Sombra não vai gistar de saber que a patroa anda passando pano para talarica, safada.- A mulher falou para mim. Bruna: Escuta aqui, vou dar dois minutos para todo mundo circular dessa porr*, antes que eu ligue para o meu marido, e mande estourar os miolos de cada um. - Falei séria. Mal terminei de falar e o povo já saiu circulando, olhei para a Maju e a mesma estava toda ensanguentada e machucada, mas, mesmo assim, não parava de xingar. Maju: Corn* do caralh*, não sabe dar a bucet* direito e quer bater em quem sabe. Bruna: Cala a boca antes que a mulher volte e eu largue você aqui para apanhar de novo... Não quero nem ver a hora que isso cair nos ouvidos do Dirley. Maju: Ajudou porque quis. Bruna: Vai se lascar, cara. - Soltei ela no chão e voltei a subir o morro. Vai a merd*, a gente tenta ajudar e a pessoa fica de graça, odeio ingratidão. Cheguei em casa e deitei direto no sofá, fiquei olhando para o nada, até pegar no sono e capotar. (...) Acordei com o meu celular tocando, olhei o visor tinha 12 chamadas perdidas do Dirley. Levantei no pulo e liguei de volta para ele. Bruna: Alô? Dirley: Qual foi Bruna? Que história é essa de tu sair metendo o louco, separando briga que não te interessa e ainda botando meu nome no bagulho? Já te falei uma par de vez que não quero tu metida nisso. Bruna: Que briga que não me interessa? Era coisa da Maju, e eu eu como uma boa amiga, vou ajudar, sim. Dirley: Já falei pra tu que eu não gosto dessa Maju, essa mina é talarica, se liga no que eu tô te falando... Bruna: Ai Dirley, na moral, você me cansa, cara, a amiga é minha, gosto dela pra caralh* Dirley: Já te avisei, ultima forma da próxima vez que acontecer de novo, fica esperta. Bruna: Tá bom. Desliguei o celular e olhei para cima, fitando o teto enquanto recaptulava todas as informações. Dirley desde que eu conheci a Maju, sempre teve essa neura com ela, eu de verdade, não consigo entender isso, de verdade mesmo. O mais fod* é que ele estava certo, ele sempre me fala para não me intrometer nos bagulhos dele e nem colocar o nome dele em nada, e eu fiz tudo isso. Mas tá de boa, a amiga é minha, e por ela, eu pulo na bala mesmo.
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