Capítulo - 7

1708 Words
Chiara São seis da manhã. Acabei de tomar banho, me encolho dentro do roupão, o ar frio que permeia o ar faz meu corpo tremer, odeio frio. Austin vem em minha direção, esgueirando-se por entre minhas pernas. O focinho úmido a parte inferior da minha coxa. Agacho e o pego, ele geme de alegria enquanto sua língua áspera desliza por minha bochecha, Austin se debate em meus braços como se estivesse angustiado. — Oi, meu amor — ele latiu e balançou o rabinho. — Você estava com saudades? A mamãe estava morrendo de saudades de você. Austin deixa a cabeça em meu ombro debruçando-se sobre mim. Acaricio seu pelo felpudo, ele fica quietinho enquanto ainda gemi todo manhoso. Ele está louco de saudades e eu também. Ontem quando cheguei em casa não pude lhe dar atenção, estava morrendo de cansaço e dormi me pareceu o mais sensato a fazer, agora, o vendo tão feliz e exultante com minha presença, me sinto culpada, principalmente por ter que passar dias fora de casa, mesmo aos cuidados dos meus pais, deixo meu coração aqui a cada partida. Austin é um bebê de seis meses, eu o amo tão intensamente que não imagino mais minha vida sem ele, meu pet é meu filho, sei que me ama incondicionalmente, e diferente dos humanos, ele nunca irá me magoar, não importa o quanto destrua meu quarto, minhas roupas, meus sapatos favoritos, ou que infeste meu quarto com seus pelos. Por fim concluir meus projetos, agora posso dizer que estou oficialmente de férias. Eu já havia feito planos de passar o dia inteiro com Austin comendo e dormindo, mas como nada na vida é como queremos, resolvi de aceitar o convite de Kelly, ela me encheu tanto o saco e prometi a ela que iria, agora terei que passar arrumar as malas novamente. Pus uma calça jeans, um cropped branco e uma jaqueta por cima. Mike havia me mandado uma mensagem avisando que em quarenta minutos eles passariam aqui para me buscar, então corri contra o tempo para arrumar todas as coisas que irei levar. — Filha, me deixa te ajudar com a mala — meu pai disse já pegando a enorme mala da minha mão e descendo as escadas. — Aí meu amor, eu vou morrer de saudades — minha mãe resmungou, tão dramática, coitada, até parece que irei passar um ano do outro lado do continente. — É só um mês, mamãe — lhe dei um abraço apertado. — Mesmo assim, se cuida filha. Te amo. Beijei sua bochecha. Um som incessante de buzina ecoou no lado de fora da minha casa. Kelly, tenho certeza, ela é tão exagerada, por Deus. — Tchau papai — o beijei, meu pai me puxou e apertando-me em seus braços. — Se cuida minha princesinha — revirei os olhos recebendo seu abraço. — Tome cuidado minha pequena, não deixei nenhum marmanjo encostar em você. Não estarei lá para protegê-la. Sempre que ouço esses pedidos do meu pai, a vontade que sinto é de dar para o primeiro cara que esteja a fim de t*****r comigo. Só algumas horas de viajem e eles fazem esse drama todo. — Melhor assim, papai, poderei aprontar bastante, fazer tudo o que não faço quando vocês estão por perto — rebati com sarcasmo. Ele fechou a cara junto ao meu irmão. — Vocês dois deveriam se envergonhar por agirem feito dois primatas — bronqueei, mas como sempre eles ignoraram e voltaram a discutir sobre o que é melhor para mim.   — Você tem certeza de que sabe por onde está indo? — Perguntei preocupada. Faz quase duas horas que nós estamos rodando uma estrada de piçarra e até agora nenhum sinal de fazenda. — Claro que sei, ano retrasado quando vim com meus pais lembro que entramos em na estrada que passa pelo riacho. O problema é que por todas as estradas onde passamos parece ter algum rio ou córrego que atravessa a estrada. O caminho é cheio de aventura, mas está começando a ficar tarde, tenho receio de escurar e não acharmos o caminho certo. Mike está tão perdido quanto eu, e olha que nunca vim aqui. — Droga Mike, por que não usa o GPS? — Kelly perguntou já sem paciência. — Nossa, você merece o óscar, tão inteligente, ufaaaaa — ele ironizou, abafei o riso quando percebi que Kelly havia destinado a Mike um olhar mortal. -- Acho que o GPS está com problema, está variando a localização. — Você já veio aqui várias vezes e não lembra do caminho? — Eu não acredito, como Mike é e******o. — Como eu já havia dito não sou muito bem em gravar as coisas, mas sei que a estrada passava por um riacho — retorquiu. — Lerdo! — Kelly lhe deu um tapa na nuca. — Eu não lhe dei permissão para me bater fora da cama, isso é abuso. Havia malicia em seu tom de voz. — Mas já bati em você várias vezes dentro do carro — ela lançou um olhar cínico para Mike. E eu só acho que estou sobrando aqui. Bem, esse é o meu papel, não é? Segurar vela! — Ei, meu povo, roupa suja se lava em casa, tem menores de idade aqui — chamei atenção dos dois. Mike me lançou um olhar de puro deboche. — Até parece que você não sabe o que é sexo — Mike disse, me olhando pelo retrovisor, abrindo aquele sorriso com covinhas. Ele é um homem bonito e charmoso, admito. — Chiara é a pessoa mais pura que conheço, fez até votos de castidade — brincou minha amiga, virou o pescoço para me olhar no banco traseiro do carro —, bom, ao menos era, não sei depois daquela noite em que fomos à boate... Talvez eu deveria ter ficado mesmo, ao menos assim teria gozado e feito jus ao posto de nova amante de Vincent. —Então ela continua pura, Vince me jurou de pé junto que não rolou nada entre eles. — Vocês não têm nada importante para falar além da minha vida s****l? — Tem sobre o p***o do Mike ser menor do que imaginei que seria, imagina o susto que levei quando olhei pessoalmente. Céus, por foto parecia tão... imenso. Mas Mike não gosta de falar sobre isso, não é chuchu? É isso que dá ter amigos que só falam em sexo, orgasmos, p*****g, voyeurismo, sadismos e tudo relacionado a esse mundo. Mike e Kelly não levam nada a sério, o que aumenta minhas suspeitas de que eles são o par perfeito. As vezes quando estou com eles fico om vontade de conversar sobre a vida, o universo, sobre tudo à nossa volta, mas tudo o que elas denotam são as posições da cama sutra. Ao menos quando chegar minha vez vou poder aproveitar minha performance com as dicas que eles me dão. Fiquei olhando através da janela do carro, a natureza ainda pouco explorada, pouco sinal da mão do homem por ali. Respirar ar puro, longe das longas filas de carros, do som incessante das buzinas, longe das redes sociais e de toda aquela energia pesada que ela nos passa. Acho que esses dias longe de minha habitual rotina pode me surpreender. Poderei ser eu mesma, longe das câmeras, sem correr o risco de ser fotografada e ter minha privacidade violada. — Ei? — Mike chamou minha atenção — Você vai ficar aí? Olhei a nossa volta, o carro havia parado em uma linda casa de veraneio cercada por uma imensidão de verde, do outro lado, mesmo de longe pude notar um curral. — Estava perdida em pensamentos, nem percebi que tínhamos chegado. Acho que cochilei. Desci e peguei minha frasqueira enquanto Mike pegava nossas malas no porta-malas. De repente meus olhos se concentraram em um homem que conversava animadamente com uma mulher na sacada da casa, ele é alto, forte, de costas largas. Sua calça jeans apertada marcando o seu belo traseiro, uma camisa social azul marinho de marca cara, com certeza, a camisa é apertada e marca bastante seus músculos braçais, seus cabelos perfeitamente penteados para trás, ele com certeza não é desse lugar, ao menos não aparenta, ele está vestido como um CEO gostoso dos livros de eróticos. Percebi que passei tempo demais o admirando, e só quando desvio a atenção do homem é que me dou conta de que Kelly também me observa, mas em seus lábios há um sorriso amarelo. Fiquei confusa. — Ele disse que viria, e como é meu amigo eu não vi problema nisso, você não se importa, não é? — Mike perguntou, e eu continuei assim aérea. — Não — respondi sem entender. — Mike! Vincent, é ele, essa voz... — Ei, cara, como você está? — Ansioso, aposto que esses dias aqui serão interessantes. Revirei os olhos, senti como se suas palavras fossem algum tipo de indireta. Então de repente ele estava ao meu lado, com um sorriso nos lábios, sorrindo para mim de uma forma que me deixou tonta. Claro que a presença dele me incomoda, não sei dizer o porquê, mas me irrita o fato de ele está perto de mim. Não me sinto à vontade, tampouco confio em mim mesma quando estou perto de Vincent Mitchel. Ele cheira a problemas e à perfume amadeirado. — Chiara — ele soletrou cada letra do nome com a voz carregada de entusiasmo. Seus olhos recaíram sobre mim, Vincent me fitou de cima a baixo. Odeio quando me olha assim, como eu estivesse despida, é assim que sempre me sinto quando ele me lança esses olhos cor de amêndoa. Ele elevou minha mão e seus lábios tocaram-me docemente a minha pele. Cínico. Puxei-a de volta e limpei na blusa. — Sem formalidades Vincent, não finja ser um cavalheiro, porque isso sei que não és. Ele riu. — Kelly — cumprimentou minha amiga, que como sempre fez piadas ao respeito da beleza dele e o Mike pareceu não se importar. — Acho melhor entrarmos, daqui a pouco vai anoitecer. — Mike avisou e completou — Acho bom se prepararem, não quero ver ninguém indo dormir cedo hoje, abasteci o freezer, então vamos encher a cara. Não sei se estou preparada para mais um porre.                                                                                                                                                
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