Capítulo - 4

2630 Words
Vincent — Uau! Você merece uma salva de palmas, hein! — A menina atrevida que descobri se chamar Kelly, passou as mãos sob todo meu abdômen enquanto fazia caras e bocas, sem um pingo sequer de vergonha — Eu sempre quis fazer isso, sabia? Confesso que se Kelly não estivesse saindo com meu melhor amigo com toda a certeza investiria nela. Ela é uma mulher bonita, divertida e decidida, o tipo de mulher que tem as mesmas intenções que eu. No fim das contas busca apenas o prazer, sem cobranças ou complicações. Mas considero Mike um irmão, portanto suas ficantes pra mim são como homens, quero distância. — Sinta-se à vontade. — Falei descontraído para receber um olhar reprovador de Chiara. — Kelly pelo amor de Deus, não me mata de vergonha! — Ela repreende a amiga. Percebo que as atitudes de Kelly a deixam constrangida. — Aí, desculpa. Esqueci que estava falando em voz alta! — Argumentou sorrindo, então se afastou. — Ei, gata, eu sei que meu amigo é irresistível e tudo mais, só que seu deus grego está aqui. — Manifestou Mike, tomou um gole do seu whisky e acrescentou — Aliás não recomendo sair com ele, Vincent tem herpes. Kelly foi em sua direção e passou as mãos sobre seus músculos. — É nada m*l — sorriu desinibida e o beijou. Não me importo com as brincadeiras de Mike, por mais pesadas que muitas vezes sejam, nos ofendemos, trocamos farpas, queimamos o filme um do outro, mas isso nunca foi um problema, somos muito mais que amigos, e mais companheiros que irmãos. Não troco sua amizade por nada. A risada divertida de Chiara reverberou meus ouvidos, estreitei os olhos em sua direção vendo-a franzir o cenho. Apesar da carinha de recatada, tem algo nela que soa provocante. Cara de quem vai para igreja durante o dia e à noite, em quatro paredes às escondidas, assiste vídeos pornô enquanto se masturba. — Ao menos não tenho problema com ejaculação. — Herpes é pior, acredite, é nojento. — Mais uma vez essa loirinha travessa me alfineta. Poderia calar essa linda boquinha com um beijo, fazê-la engolir esse ar ardiloso em seu rosto. Mas não irei fazer isso agora, não quero assustá-la. — Se você não fosse tão irritante eu te daria uma chance. — Ah, meu Deus, Vincent Mitchell, o homem da minha vida, por quem sou completamente apaixonada acabou de me dar um fora. — Chiara soou dramática. A música satisfaction de Benny Benassi começou a tocar na pista agitando a multidão. Ouvi-la me fez voltar ao tempo, essa música foi um marco na vida de muitos adolescentes dos anos dois mil, principalmente dos garotos que assistiam o clipe apenas para ver as gostosas sensualizando. Naquela época eu era um adolescente retardado que colecionava uma lista extensa de "foras", e bem, olhando minhas fotos posso entender o motivo, eu era uma coisinha horrorosa com o rosto repleto de espinhas, aparelhos nos dentes e o corpo logo e magrelo, parecia uma espécie de aberração. Graças a Deus passei dessa fase! — Vamos brindar? — Kelly sugeriu — Um brinque à felicidade! Pedir champanhe ao barman e brindamos todos juntos. — É hora de beber e fazer coisas das quais vamos nos arrepender amanhã. E você — Kelly apontou o dedo na direção de Chiara — deixe de ser careta! Pelos números de copo com vodca que viraram, Kelly e Mike já estão um pouco alterados. Os dois saem juntos em direção ao outro ambiente da boate, eles sentam-se no sofá e sem qualquer lenga, lenga se beijam. — Então quer dizer que sou careta? Quanta cara de p*u em Kelly! — Chiara esbravejou consigo mesma. Então, levantou e caminhou em direção ao bar. Ela falou algo no ouvido do barman, ele assentiu e se virou pegando uma bebida e de pronto a entregou. Chiara engoliu fazendo careta e antes de caminhar de volta em minha direção ela pegou duas bebidas. — Pra você. — Me entregou o copo com líquido transparente. — O que é? — Bebida alcoólica. — Retrucou e tomou um gole. — Sério? Se não estivesse falando não teria perdido. — É Malikita. Olhou pra mim, e hesitou antes perguntar temerosa: — Você quer dançar? — Cerrei os olhos observando-a e percebendo o quanto Chiara ficou sem graça — Está bem, por favor? — sorri internamente — Ah, qual é, já que vim para este lugar tenho que aproveitar, não é? — Sim, tem razão, vamos aproveitar, beber, beijar na boca, viver intensamente. Ela revirou os olhos com minha observação, mas não hesitou em me acompanhar quando eu a puxei para dançar. Primeiro apenas dançamos normalmente igual a todos à nossa volta, uma música eletrônica em que a voz da vocalista era rouca e sexy o suficiente para parecer erótica e assemelhar a música a sexo. Bebemos e dançamos compulsivamente, o suor dominava nossos corpos, o cabelo dela grudado, e percebi que ela não era tão acostumada com álcool, ali depois de alguns copos conheci uma outra Chiara, diferente da ranzinza e metida de horas atrás. Tentei evitar que ela exagerasse na bebida, o último gole ela me respondeu, e como não quis me ouvir, apenas lhe acompanhei e fiquei perto para que nenhum espertinho quisesse se dar de bem às custas dela. Ignorei o mundo lá fora, motoristas estressados, a melancolia do meu apartamento solitário, ignorei até mesmo que amanhã é dia de trabalho e que tenho uma agenda extensa. O DJ colocou salsa, e começamos a dançar no mesmo ritmo Caliente. Me perdi na multidão, na música e na alegria nostálgica que de repente tomava conta do meu corpo, como se eu estivesse alcançado um nível de felicidade extrema, mas sabia que a bebida que havia me proporcionado aquela sensação. Peguei sua mão e lhe virei para ficar de costas para mim, segurei sua cintura e suas mãos acompanharam as minha ficando por baixo, rebolamos juntos, como dizia a letra da música, e de forma mais sensual possível ela rebolou mais uma vez e me deixou louco de t***o. Sua b***a fazia movimentos lentos e batia em meu m****o disfarçadamente, proferindo um palavrão eu a girei de volta e pus a mão e sua coxa, levando sua perna esquerda até minha cintura, vendo seu corpo se inclinar para trás. A essa altura já era o centro das atenções, mas não me importei, sei que amanhã todos irão falar, exibir nossas imagens, pedir posicionamento, porque se você é famoso e sair com alguém ou ter amigos precisa se explicar. E talvez, Chiara me mate amanhã, mas estou gostando de tê-la aqui em meus braços, é um jogo divertido. — Você pisou no meu pé — sussurrei em seu ouvido, meus lábios bem próximos do lóbulo de sua orelha, senti ela estremecer em meus braços. — Pisei? — Inquiriu com um ar dissimulado. A cada embalo da música, nossos corpos faziam a mesma coreografia, sem ao menos ter ensaiado pra isso. Desci minha mão de seu pescoço pelo colo, passando pelo seio, barriga e parando novamente pela cintura, trazendo-a bruscamente para mim. Ela sorriu. — Tentando me seduzir Senhor Mitchell? — A danada falou no meu ouvido, me provocando. Mesmo alterada pelo álcool, Chiara sabe bem o que estava fazendo. — Eu acho que está acontecendo exatamente o contrário aqui — eu respondi olhando diretamente em seus olhos. Eu tentava seduzi-la, mas acontecia exatamente o contrário, ela com esse jeitinho, meigo, ingênua, felina, e ao mesmo tempo esperta demais, me atrai de forma incontrolável. — Ponto pra mim! — Exclamou orgulhosa. — Ah, então admite que está tentando me seduzir? — Não, mas como sei que é exatamente isso que quer fazer comigo. Eu posso tentar o mesmo, não é? Falou a centímetros de distância da minha boca. — Acho que vou gostar de ter você em quatro paredes todinha para mim. Pode me seduzir! — Ela pareceu pensar e depois negou balançando a cabeça. — Não estou falando de sexo, Vincent. — Mas pensou! Apertei ainda mais seu corpo contra o meu, percebi que a respiração de Chiara ficou entrecortada de repente. Seus p****s subiam e desciam, dava pra vê pelo decote e que decote, que merda, seus s***s espremidos naquela roupa fizeram meu p*u pulsar. A vontade de abocanhá-los e chupá-los se apossou de mim, imaginei o quão lindos devem ser, ficariam perfeitos dentro da minha boca. De repente voltei a olhar em seus olhos, e seu semblante era indecifrável, ela ainda me mirava, então cheguei mais perto e não ouvir protestos, o que era o sinal verde para o que eu queria fazer agora. Beijá-la! — Ora, Ora! — Filho da Mãe. Mike. Tinha que ser esse corno, nos separamos rapidamente, antes mesmo de dar tempo de ao menos sentir seus lábios nos meus. Chiara deu um pulo para trás com o susto, ficando vermelha de vergonha pois a amiga lhe olhava atentamente e ria de forma maliciosa e irônica. — Sabia que ela disse que te odeia, que não te suporta? — Kelly revelou, e todos rimos, com exceção de Chiara, que estreitou os olhos pra amiga. Aposto que a vontade dela era de estrangulá-la bem na nossa frente. — Aposto que ela é a fim de mim e tem vergonha de assumir — segurei em seu queixo. Tirando de forma rude minha mão de seu rosto, Chiara me olhou como se eu fosse um i****a. Mas bem que faz sentido, ela vive me esnobando, lançando olhares enojados como se não me suportasse, e parece que tem medo de ficar comigo e se apaixonar. — Eu tô aqui viu! — Se manifestou. — Bom, nós vamos ali. — Mike começou. Kelly que não consegue conter o riso, e riso de quem vai t*****r — E vamos demorar. Por favor, fiquem a vontade, e podem se beijar, eu não ligo. — Ah, cala a boca cara! — Resmunguei. Voltamos à mesa onde estávamos antes de dançar e, Chiara não falou mais nada, nem ao menos fez suas gracinhas e piadas sem graça sobre minha aparência ou impotência. Ela me ignorou por completo, o que não consigo entender. Chiara faz questão de preservar essa imagem de virgem imaculada, sempre calculando seus passos e falas. Fala sério, estamos no século vinte um, onde sexo casual entre duas pessoas é a coisa mais normal do mundo, no entanto ela tem essa ideia i****a de que pessoas que transam sem ter qualquer envolvimento emocional não vale nada. Ah, por Deus, quem diabos prefere está em casa lendo um livro ou preservando a castidade ao invés de esta transando e aproveitando a melhor coisa da vida? Eu prefiro gozar a ficar na vontade. Os pais delas devem ter criado ela como a princesinha da Disney que deve ser amada e cuidada, que precisa se casar virgem aos trinta anos de idade. Ou posso estar enganado e talvez ela apenas tenha medo do que as pessoas irão achar ao saberem que está fodendo, de julgarem-na, principalmente por ter sido criada em meio as câmeras. Para todos Chiara sempre será aquela garotinha dos programas infantis, das músicas que embalavam a criançada, não uma mulher bonita, inteligente e atraente. Percebi que ela estava nervosa, aposto que era pelo "quase beijo", então começou a beber sem parar, tentei fazê-la parar, mas Chiara não me ouviu, e sem bem onde isso vai parar. Terei que bancar a babá e levar a donzela bêbada para casa. Ótima forma de passar a noite em claro! Chiara Sim, eu deveria ter me policiado noite passada, talvez assim me pouparia de acordar com um gosto amargo na boca, como se estivesse comido ferrugem. E ao contrário do que dizem que o primeiro "porre" a gente nunca esquece, eu devo ter batido minha cabeça em algum lugar entre o bar e a minha cama pois ainda não consigo me lembrar de como vim parar aqui. Sinceramente, não sei o que me deu na cabeça, não bebo, nunca bebo. Pra mim as pessoas bebem apenas para suprir algum vazio, fugir de seu mudinho triste, abrandar a raiva, ou quando simplesmente desejam fazer algo impulsivo. Posso estar errada, mas é o que penso. O pior é essa sensação de vergonha que estou sentindo, vergonha de coisas que ainda nem sei que fiz. Não sei se vomitei em meio a multidão, ou se dei em cima de alguém, será que sou o tipo de bêbada chata que fica o tempo todo falando besteira ou se sou do tipo tarada que dar em cima de geral? Será que tirei minha roupa? E se tiver tirado, será que filmaram? Céus, amnésia alcoólica é a pior coisa que existe! Afundo minha cabeça no travesseiro e fico imaginando o que devo ter feito noite passada. Decido que não devo perder meu sono, bom, ao menos não por agora, não quero sofrer por antecipação. E depois de dormir, mais uma vez, por quase uma vida, crio coragem para levantar, tomar um banho e encarar meus pais. Não sei como ele ainda não invadiu o quanto o e me deu um sermão, isso é bem a cara dele, me tratar como uma pirralha que ainda mija na cama. — Aí, que droga! — Abro meus olhos e massageio minha têmpora fitando o teto. Há algo de estranho nos fletes de luz que adentra o quarto pelas persianas e atingem meu rosto. Olho em volta e por mais que tente reconhecer, o cômodo onde estou ainda é completamente estranho para mim. E imediatamente meu sangue esfria, sinto como se fosse morrer, um embrulho insuportável me toma a barriga e minha vontade é de sair correndo. A ideia de ter transado com alguém estando inconsciente é intragável demais para mim. Faço um esforço mental, tentando recordar o que aconteceu para que viesse parar em um quarto de um apartamento que não é o meu? Inferno. Inferno. Inferno... Como pude ser tão i****a? Com muito esforço, conseguir ter uns flashbacks da noite anterior. A Festa na La Fira Club. Kelly e Mike Juntos. Eu e Vincent dançamos. Eu e Vincent quase nos beijando! Eu me estatelando no chão do banheiro. — Bom Dia! — Vincent cumprimentou-me ao abrir a porta e sorriu para mim. Lá estava ele lindo, em uma calça jeans e uma camisa social azul-marinho que estava com três botões abertos. Ignorei a vontade de beijá-lo, cruzei os braços e resmunguei: — Nada de bom dia, o que estou fazendo aqui? — Indaguei raivosa e sem um pingo de paciência para aturar suas gracinhas. O vi rir cinicamente e se aproximar de mim com cautela. — Você estava bêbada, e eu a trouxe para minha casa. Sua amiga sumiu com Mike. Boa amiga Kelly me saiu, bufei. Odeio quando ela faz isso, marca de nos divertirmos em seguida me joga para escanteio e vai curtir com seus paqueras, típico dela. — E o que eu estou fazendo com essa... Essa camisa é sua? O olhar dele caiu sob minhas pernas, ele analisou-as com as mãos no queixo, e só voltou a olhar nos meus olhos quando me cobrir com o lençol. — Sim, essa camisa é minha. Você estava tão bêbada que não conseguia nem andar. Ah, e belas pernas a camisa ficou ótima em você! Piscou para mim e senti vontade de cavar um buraco e enfiar minha cara dentro. — Não precisa ficar com vergonha, não depois de ontem, não depois de tudo o que aconteceu. Engoli a seco, com medo de perguntar o que havia acontecido e não me agradar da resposta. — E você não lembra? — Ele perguntou e sentou ao meu lado. Balancei a cabeça para os lados negando. — Não mesmo? — Fala logo o eu fiz, odeio esse suspense!
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