Capítulo 05

1325 Words
Capítulo 05 _ Erick _ Mais que merda eu fui fazer com ela? Por mais que tivesse ficado irritado por entrar em seu quarto e não lhe encontrar, não me via no direito de levantar a mão para Malia, pois estava me transformando na pessoa que desprezei minha vida inteira. Estava me deixando levar e ser como meu pai. Antes… Vê-la sair por aquela porta deixava visível sua mágoa, doeu mais que os tiros e ferimentos que sofri nessa minha vida. Por mais que tivesse ficado longe durante a maior parte da sua vida,tinha sempre informações de seus passos, contudo há alguns meses atrás, acabei perdendo todo contato com ela. Essa garota era a minha vida inteira, confesso que na época em que soube que seria pai, quase tive um infarto. Eu e Lorena éramos muito jovens,pelo menos eu era mais novo que ela, não estávamos preparados para termos um filho e nunca estaríamos. Meu relacionamento com a mãe de Malia era aqueles passageiros, não nos gostávamos o suficiente, não era amor que existia na relação que tínhamos, mas não seria por uma coisa do passado que deu errado,uma coisa que não era para ter acontecido naquela época, que iria desprezar a minha maior felicidade. Durante esses anos que me mantive afastado, os senti como os mais dolorosos da minha vida,nada se comparava a dor que sentia ao lembrar das suas brincadeiras - que não eram correspondidas - quando me via,dos seu sorriso incrivelmente lindo. Ela é e sempre será a minha razão de viver. O dia passou rapidamente e nada dela descer, apenas se trancou no quarto. Optei por não abrir aquela porta com a chave reserva, Malia estava atrás de sua paz e tranquilidade. À meia noite decidi passar em seu quarto, estava na hora de Lia sair um pouco daquele quarto,pelo menos para comer algo. Mas ao abrir a porta de seu quarto,o encontro vazio e com algumas roupas sobre a poltrona no canto inferior. Meus olhos não acreditavam no que aquela garota havia feito. Me mantive sentado naquele sofá na sala de estar aguardando sua chegada até altas horas,mas ao ver que ela chegaria somente pela manhã,me retirei para meu quarto. Se fosse ela,faria mil e uma orações! [..] Ao olhar pela sacada do meu quarto após tomar um banho matinal e me arrumar, encontro Malia sentada na borda da piscina com os pensamentos longe de qualquer coisa ao seu redor. Sem muito questionar qual seria seu castigo, desço as escadas em direção a área de lazer. Você acha que pode simplesmente me enganar por trancar aquela maldita porta? - vendo que ela não se importou em se virar em minha direção,minha raiva por ter sido feito de i****a aumenta. Me aproximei dela a pegando pelo braço na intenção de levá-la para seu quarto. Ao entrar na cozinha, encontro Luísa que nos observa preocupado, talvez por saber que a minha forma de castigo não lhe agradaria nem um pouco. Deixando a minha raiva falar mais alto,acabei fazendo as mesmas coisas que meu pai fazia comigo, eu ousei a lhe bater. Vê-la deitada da mesma forma que a joguei na cama e as lágrimas em seu rosto abatido e pálido,me arrependo amargamente, tudo que um dia me neguei a fazer com meus filhos, acabei fazendo com minha garotinha. Ela não se moveu, não chorou além das lágrimas que molhavam seu rosto,ao menos me olhou,ela simplesmente ficou deitada sobre a cama sem se importar com minha presença. Passei o dia inteiro trancado em meu escritório, ao menos percebi o dia passar. Sr Mille? - desviando minha atenção para Luísa que estava me observava da porta, faço sinal para que ela entre - Sei que não é da minha conta,mas…- entendendo onde Luísa queria chegar, assinto abaixando meu olhar para a mesa apoiando meus braços sobre a mesma. Eu fiz com minha filha o que jurei nunca fazer, Luisa? Eu a ameacei no aeroporto quando fui buscá-la,mas não faria nada com ela,era apenas para deixá-la ciente que odeio que quebram minhas regras. Agora por uma simples travessura,eu me atrevo a bater nela? - sentindo meu peito se apertar ao me lembrar de como a deixei,me permito sentir-me como um merda. Nem mesmo aos meus soldados eu tratava assim, sempre procurei manter a ordem com apenas palavras e nunca com ações, exceto pelos cadetes desobedientes,mas sempre tentei manter a calma. Eu fiz as mesmas coisas que a v***a da mãe dela estava fazendo. Ela estava dormindo, coloquei um cobertor sobre ela mais cedo,mas acho que deva ter despertado, pois ouvi um gemido de dor vindo de lá - assenti me levanto de minha cadeira passando por Luisa indo em direção a minha cozinha - leve essa bandeja com o jantar para ela. Lia está sem comer nada desde ontem de manhã. Estou preocupada com essa menina, senhor - assenti pegando a bandeja seguindo para as escadas. Eu cuidarei da minha pequena menina como não cuidei por todos esses anos. Agora... Deitado em minha cama, observando o teto de meu quarto, deixo os poucos momentos que tive com a minha filha surgirem, momentos esses que presenciei quando ela ainda era uma criança. Mas hoje,a vendo desta forma,fria, magoada e insegura,vejo o quão m*l lhe fiz,devia ter lutado pela guarda dela,devia ter me esforçado mais para fazer parte da sua vida. Ao me virar para o lado, ouço a porta do meu quarto se abrir lentamente, pensei ser Luísa que me avisaria estar indo se deitar. Luísa é casada e com dois filhos,o marido sempre a busca nos dias de quinta feira,pois às sextas e fins de semana ela não trabalha. A tenho como melhor amiga, ela e o marido. Pai? - a surpresa em ouvir a sua voz baixinha e arrastada não era possível esconder. Vê-la parada na porta do meu quarto como a garotinha de anos atrás que tentava a todo custo chamar minha atenção,me fazia sentir-me pior do que já estava. Ela estava com medo,estava com medo de mim. Oi, minha princesa - me sento na cama vendo-a me observar com seus olhinhos azuis em um brilho diferente. As malditas lágrimas estavam em seus olhos incrivelmente azuis,os olhos que mais amo no mundo e que nunca poderá ser substituído. Você pode dormir comigo? - Um sorriso fraco surge em meu rosto ao vê-la me encarar implorando para que fosse um "sim" a sair de minha boca. Me levantando da cama,caminho em sua direção pegando em suas mãos,mas me surpreendo ao tê-la abraçada em mim. Minhas mãos acaricaram seus cabelos longos e negros enquanto fecho a porta com o pé. Me desculpa? Eu não devia ter feito o que fiz praguinha…- um soluço escapa por entre seus lábios enquanto deixo um beijo no topo de sua cabeça. Era incrível que, com menos de uma semana,havia conseguido me aproximar da minha filha, enquanto Lorena,com uma vida inteira conseguiu apenas afastá-la. A mamãe sempre me castigava assim antes de se casar com Ricardo…- a puxo em direção a minha cama a fazendo se deitar, fechando a cortina da sacada,me deito ao seu lado - ela nunca gostou de mim,ela cansou de me dizer isso. Não entendo o porquê de ficar com minha guarda, poderia ter me posto em um colégio interno ou algo do tipo - sua voz estava rouca por ter parado de chorar, suas mãos brincavam com as minhas, seu rosto em meu pescoço me fazia ter a melhor das sensações. Amanhã eu te explico tudo que mais quiser,mas agora você precisa descansar…- assentindo, Lia se arruma com o rosto entre meu pescoço enquanto me abraça apertado como se quisesse ter a certeza de que eu estava ali. Mesmo estando como está, Malia não havia deixado a essência da minha garotinha morrer dentro de si, apenas a escondeu das pessoas que julgou ser más e expondo somente para as pessoas que a minha doce menina confiava. Fico feliz por saber que ainda sou uma delas.
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