ETHAN PARKER
“Não pode acabar algo que nunca começou, Ethan. Eu não suporto você e nunca suportei.”
Essas palavras ecoam na minha cabeça repetidamente, sem me deixar concentrar na p***a do meu trabalho que já não é pouco.
O que passa na cabeça dessa menina?
Ela vem mudando muito ultimamente e vem ser mostrando pior do que já era antes.
Mas que p***a!
Como assim, ela não me suporta se sempre esteve atrás de mim?
Tem alguma coisa errada com...
— Chefe!
Sou tirado dos meus pensamentos com um dos seguranças da boate batendo à porta do meu escritório e entrando.
— O que aconteceu?
— O seu primo, Mateo, está aí fora. Ele quer vê-lo.
— Pode deixá-lo entrar.
— Sim, senhor. — Ele balança a cabeça e sai.
Segundos depois, Mateo entra.
— Ethan.
— Mateo, o que te atrás aqui a essa hora da noite? — Levanto e vou até o bar que tem na sala, então nos sirvo de um excelente uísque.
Entrego o copo para ele que logo em seguida se senta no sofá e eu me encosto na minha mesa.
— Acho que sabe muito bem com quem eu estava — ele diz me encarado, tomando um gole do uísque, enquanto eu apenas sorrio.
— O que estava fazendo com ela? — pergunto bebendo também.
Ele me encara como se estivesse surpreso com a minha pergunta.
— Estava fazendo um papel que era para você fazer, levando a sua garota para jantar.
Essa conversa não vai acabar bem.
— Ela fugiu do nosso jantar, Mateo, de novo, pelo terceiro ano consecutivo. Eu não vou mais me prestar a esse papel, Aline foi longe demais — digo lembrado da raiva que senti quando soube que a infeliz tinha escapado de novo.
— E por algum acaso você já perguntou a ela o porquê diabos ela vem fazendo isso nos últimos anos?
— Eu não preciso perguntar, sei muito bem o porquê. Ela faz isso para me enlouquecer. Mas vou acabar com essa palhaçada de jantares de aniversário, esse foi o último que me prestei a isso e já ensinei uma lição a ela. — Lembro da expressão dela trancada dentro do elevador.
— Acha mesmo que Aline Jones aprendeu a lição só porque você a trancou no elevador? Ethan, achei realmente que você fosse mais esperto já que tem a cabeça de um gênio. Você apenas a deixou mais chateada do que já estava com você.
— Eu não me importo, Mateo. Sinceramente, não entendo o que se passa pela cabeça da Aline. Eu nunca dei nenhuma a******a para que ela pudesse vir a desenvolver sentimentos por mim, nunca fiz isso, cara, e ela... — Eu paro de dizer sem saber como explicar a p***a da situação a ele.
— Você deixou isso ir longe demais, Ethan — ele diz como se essa merda toda fosse ideia minha.
— Eu, Mateo? Sabe muito bem que isso é ideia dos nossos pais, essa menina já nasceu comprometida comigo. Aline Jones nasceu para ser a minha esposa. — Mas que merda é essa que estou falando?
— Mas você não quer isso.
— Não, Mateo, eu não quero isso. Eu não quero esse compromisso. Não quero esse noivado e muito menos o casamento.
— Você, como homem, e como o mais experiente nessa relação de ódio de vocês dois deveria já ter colocado um ponto final nisso. Aline vive para te provocar apenas para chamar a sua atenção, porque só fazendo isso para você olhar para ela. Esse foi o meio que ela encontrou de ter você por perto.
— Acha mesmo que eu já não queria ter acabado com isso? Eu tento me livrar desse compromisso há anos, mas parece que os meus pais não me escutam e os dela também não.
Mateo apenas sorri e termina de beber o líquido que tem no copo que ele segura.
— Eu não queria estar na sua pele, primo. Entendo o seu lado, mas também entendo o lado de Aline. Ela é minha amiga e tenho um apreço muito grande por ela.
— Então já que gosta tanto dela assim, por que não se casa com ela e me livra desse problema de uma vez?
Ele coloca o copo na mesinha que tem ao lado do sofá e se levanta vindo até mim. Quando estamos próximos o suficiente, ele limpa uma sujeira invisível do meu terno.
— Porque ela não nasceu para ser minha, mas para ser sua. Sua mulher, sua responsabilidade e sua esposa. Agora, se você não quer isso, aja como um homem de verdade e termine esse compromisso de uma vez. Deixe a Aline livre para viver a vida dela, assim como você vive a p***a da sua.
Eu entendo muito bem o que ele diz.
Aline viver a vida dela, como eu vivo a minha, eu não seu porquê, mas não gostei muito dessa ideia.
— Eu nunca a proibi de viver, nunca fui empecilho para ela fazer nada que quisesse. — O que eu digo é verdade, nunca fui empecilho para Aline fazer o bem quisesse da sua vida.
Agora, se ela não viveu foi porque não quis.
— Você pode não ter impedido e nem ter sido empecilho para que ela vivesse e fizesse o que bem entendesse, mas o compromisso que vocês dois tem, a palavra dada entre as famílias a impediu de fazer muita coisa, de ter experiências que ela precisava viver para amadurecer. Então, Ethan, se você realmente não quer nada disso, faça um favor para si mesmo e para ela, termine com tudo, acabe com tudo e coloque um ponto final nessa história.
Essa é a primeira vez que Mateo conversa comigo sobre Aline e a nossa história de ódio, e eu realmente não estou entendendo onde ele quer chegar.
— Foi ela quem te mandou vir até aqui para dizer isso tudo? Ela não grita para os quatro ventos que já é adulta o suficiente para ter uma opinião própria. Então, por que ela não veio aqui dizer comigo pessoalmente? Ela não é mulher o suficiente para fazer isso?
Mateo acaba sorrindo do que eu digo.
— Tem certeza de que quer Aline vindo aqui na sua boate para conversar com você? Sabe muito bem o caminho que ela iria ter que fazer até aqui no seu escritório.
Porra!
Esse babaca tem razão, essa não é uma boa ideia.
— O que é então, Mateo? Veio aqui para quê?
Ele se aproxima mais ainda de mim, me segura pela lapela do terno e me encara de um jeito que nunca tinha feito antes.
— Eu vim aqui apenas para dar uma ordem a você. Escute bem, Ethan, é uma ordem e não um pedido e tenho certeza de que você não vai querer ir contra mim.
— Que p***a é essa, Mateo? — Tento me soltar, mas ele não permite.
— Você vai comprar todos os presentes de aniversários que Aline Jones merece ganhar, todos os presentes que você nunca teve coragem de dar a ela em todos esses anos e não é qualquer presentinho não. Você vai comprar o que tiver de melhor e vai dar a ela amanhã. Eu vou saber se fez isso ou não. Eu te garanto que você não vai me querer amanhã à noite na sua sala acompanhado dos seus pais.
Mas que desgraçado, filho de uma mãe!
— Mateo, você não ousaria fazer isso?
Ele me solta e se afasta.
— Devemos respeito e obediência aos nossos pais, Ethan, ou você tem a ilusão de achar que a minha vida é perfeita?
“Eu tenho que baixar a cabeça para todas as decisões que o meu pai toma e ainda dizer: “sim, senhor”, porque assim como você, sou apenas o presidente de uma grande empresa, que faz todo o trabalho pesado, mas a ordem final é do CEO, o meu pai.
“Mas você, Ethan, tem mais liberdade do que eu, então tente fazer as coisas diferentes.
“Você está a um passo de se tornar o CEO da Shield Security, já manda e desmanda em tudo.
“Você triplicou a fortuna do tio Dylan, ele confia em você.”
— Você tem razão, primo, meu pai confia em mim, para fazer tudo, exceto tomar a decisão de romper com a p***a desse compromisso de casamento.
— Então, você tem um grande problema. Porque pelo que entendi você joga a bomba da decisão para Aline, assim como ela joga para você. Estão os dois um esperando pelo outro e assim os anos vão passado.
Mais uma vez ele tem razão no que diz.
— Eu não vou comprar presente nenhum, a minha mãe já deve ter feito isso.
Mateo me encara e sorri.
— Você vai sim. Vai comprar e vai comprar muitos presentes, todos os que você deveria ter comprado em todos esses anos. E não me faça ter que vir aqui amanhã para ter que arrastá-lo apenas para fazer isso. Eu tenho trabalho demais na empresa e se eu me estressar com a p***a do seu problema, vai dar muito r**m para o seu lado, Ethan.
— Por que está fazendo isso, Mateo? — pergunto e nos encaramos.
— Porque a baixinha merece muito mais do que você dá a ela, Ethan. E, no fundo, você sabe disso. Ela estava lá para você quando ninguém mais estava e mesmo contra a sua vontade, ela ficou do seu lado quando precisou dela.
Ele deveria ter começado por isso desde a hora que chegou, assim já teria me convencido e economizado tempo.