ALINE JONES
Depois de algumas horas com as minhas amigas no hotel e de inúmeras ligações não atendidas dos meus pais e do meu irmão, resolvo ir embora para receber o meu amigo que me mandou uma mensagem dizendo que tem um presente de aniversário para me dar.
E é claro que não penso duas vezes antes de ir até ele...
Mateo Smith.
Somos amigos desde sempre e vamos dizer que sou boa em convencê-lo a fazer algumas coisinhas.
Ele é o herdeiro da fortuna da família Smith, irmão de Louise e primo das gêmeas, mas isso, para nós, nunca importou.
Dinheiro nunca foi um problema para as nossas famílias e o que nos interessa mesmo é a nossa amizade verdadeira, já que muitas pessoas se aproximam de nós, por completo interesse.
Mas isso é um fato com o qual aprendemos a conviver com o passar dos anos.
Me despeço das meninas e vou para o elevador privado da suíte onde estamos.
Assim que ele começa a descer para de repente, me assustando.
Eu já assisti muito filme de terror para saber como uma pessoa morre presa dentro de um elevador.
Meu Deus, eu vou morrer!
Começo a apertar o botão com desespero, mas nada funciona.
É como se o elevador estivesse parado e sido desligado, mas como isso aconteceu eu não sei.
Já estou prestes a gritar quando meu celular toca e ao tirá-lo do bolso vejo o nome de Ethan Parker brilhando na tela, fazendo o meu coração traidor do meu cérebro bater acelerado. Então, antes que o meu coração saia pela boca, atendo a ligação no estilo Aline Jones, criado especialmente para ele.
— O que você quer? — Esse é o estilo Aline Jones, direto e sem educação.
— Boa noite para você também. Liguei para saber como você está hoje, já que fugiu mais uma vez da p***a do seu jantar.
O sorriso que saí dos meus lábios é de pura satisfação.
— Tudo o que lamento é não ter visto a sua cara de raiva, afinal mais uma vez fui mais esperta do que você. Esse ponto é meu, Ethanzinho. — Eu o chamo pelo apelido que coloquei quando era criança e que ele odeia mais que tudo nesse mundo, porque na época todos começaram a chamá-lo assim, pois achavam bonitinho a maneira como o apelido saia dos meus lábios.
— Será mesmo? Não sou eu que estou trancado dentro do elevador.
Mas que desgraçado, filho da pu...
A tia Andreza não merece ser xingada desse jeito.
— Ethan Parker, é você que está segurando o elevador? — pergunto sem paciência nenhuma, olhando para os lados, tentando achar uma solução para sair daqui.
É claro que é ele que está fazendo isso.
— Acho que agora fui eu quem marcou o ponto e você vai ficar aí até a minha raiva passar. Já vou logo avisando que ela não é pouca.
Eu vou matá-lo com as minhas mãos, desgraçado, cretino.
Como ele ousa me prender dentro da p***a de um elevador?
— ETHAN, ME DEIXA SAIR AGORA MESMO DAQUI — grito no telefone, já sem paciência para as gracinhas dele.
— Nem pensar, você vai ficar aí e a partir de hoje vai pensar duas vezes antes de querer cruzar o meu caminho novamente.
Esse desgraçado não perde por esperar.
Eu queria pegar leve com ele, conversar como dois adultos civilizados, mas ele já começa a p***a do jogo pegando pesando, pois, que aguente as consequências então.
— Eu não quero nem ver o seu caminho, quanto mais cruzar com ele. Por mim, eu nem ouvia mais dizer no seu nome. Eu não gosto de você, eu não amo você e me casar com você vai ser a última coisa que vou fazer nesse mundo. — Despejo todas as minhas meias verdades na cara dele, sem nem respirar direito.
— Nisso estamos de acordo, Ratinha.
Mas que filho da mãe, i****a!
Como ele se atreve a me chamar de Ratinha?
— Ratinha!? Quero ver você ser homem de me chamar de Ratinha cara a cara, seu i****a. Agora me deixa sair daqui, tenho um encontro hoje.
De onde foi que eu tirei isso, meu Deus?
Mas esse homem tem o poder de me deixar louca.
— Você está no hotel com as minhas primas, que história de encontro é essa?
Eu chego a olhar para a tela do celular, apenas para ter certeza de que estou realmente falando com o Ethanzinho.
Será que eu senti mesmo uma pitadinha de ciúmes nessa pergunta dele?
— Eu não devo satisfação da minha vida a você, Ethan. Você não é nada para mim, apenas uma mísera poeira que vou limpar do meu caminho. Você é insignificante. — Agora consegui irritá-lo, tenho certeza disso.
Homem nenhum gosta de se sentir menosprezado.
— Você fugiu do maldito jantar para se encontrar com outro homem? —
A minha vontade é de fazer a dancinha da vitória, afinal o i****a está com ciúmes.
Ethan nunca sente ciúmes, ele é como se fosse um robô sem alma e sem coração.
— Larga de ser babaca, Ethan. Você faz muito pior do que eu, comendo uma p**a diferente a cada dia. Eu tenho as minhas necessidades, meu querido, assim como você.
Jesus, eu sou louca, mas ele não vai saber que sou virgem de jeito nenhum. Ele teve a chance dele e desperdiçou, i****a.
Ainda tem coragem de se envolver com outras mulheres e nem faz questão de esconder.
— Seus pais sabem disso? Sabem que a filha deles é...
— Olha lá o que você vai dizer, Ethan. Você não tem que se importar com isso. Em que século você vive? Agora me deixa sair desse elevador, já teve a sua chance e como sempre se comportou como um merda. Tenho um cara muito mais homem do que você me esperando. — Foi m*l Mateo, mas tive que envolver você para me salvar do elevador amaldiçoado.
— Eu vou f***r uma mulher bem gostosa para tirar todo o estresse que você me causo. Só quando eu terminar, vou até aí tirar você do elevador e te mostrar o homem que eu sou. Depois disso, não quero ver você nem pintada de ouro na minha frente. Hoje acaba para nós dois.
Desgraçado, ele sabe exatamente o que dizer para me ferir. Tenho que encontrar um jeito de tirar esse homem da minha vida e do meu coração, afinal a dor de amá-lo eu já não suporto mais e está me matando um pouquinho a cada dia.
— Não pode acabar algo que nunca começou, Ethan. Eu não suporto você e nunca suportei. AGORA ME TIRA DAQUI — grito para ver se ele entende de uma vez que tem que me deixar sair.
— Pode gritar e espernear o quanto quiser que ninguém vai te escutar, então, poupe seus esforços. Até daqui umas duas horas.
O infeliz desliga o telefone na minha cara, sem nem me deixar xingá-lo novamente.
Eu fico andando de um lado para o outro contando os minutos.
Se ele me deixar presa aqui por duas horas, vou até à mansão Parker chorar por duas horas nos braços da mãe dele, assim o i****a se lasca de vez.
Eu sei que ele está me vendo pelas câmeras de segurança do elevador, afinal ele é o melhor nessa coisa de hackear e por isso estou nessa situação lastimável.
Encaro a câmera e mostro o dedo do meio, como se fosse uma pirralha mimada, exatamente como ele me enxerga.
Os minutos passam e quando já estou entrando em desespero, o elevador começa a entrar em movimento para o meu alívio.
Essa gracinha vai custar muito cara para Ethan Parker...
Ah, mas vai!
Ele que me aguarde.
Saio do elevador já quase sem folego, é como se estivesse presa dentro de uma lata apertada.
Quando vejo Mateo me esperando me jogo nos braços dele, me sentindo protegida.
— Ethan me trancou dentro do elevador e fiquei apavorada, Mateo.
Ele levanta o rosto, olhando para algo que não vejo e passa as mãos nas minhas costas.
— Vamos jantar, já sei que fugiu de novo e encher a cara com a minha irmã e primas não vai resolver o seu problema. Seu presente de aniversário está no carro.
Olho para ele que beija a minha testa e nos conduz até o carro.
— Abre o porta-luvas — Mateo diz assim que coloca o carro em movimento.
Eu faço o que ele diz e vejo uma sacolinha linda.
— O que é isso? — pergunto pegando a sacolinha.
— Abra, espero que você goste. Mandei fazer especialmente para você, baixinha.
Eu abro e dentro tem um estojo de veludo.
— Mateo o que você fez?
— Abre logo o estojo de uma vez, desde quando você faz tanta cerimônia?
Acabo sorrindo e abro o estojo, encontrando uma linda gargantilha com um pingente com a letra A cravejada de diamantes.
É uma joia linda e fico emocionada, porque ele mesmo sendo um homem importante e muito ocupado tirou um tempo para mandar fazer um presente que teria um significado especial.
— Obrigada, Mateo. — Engulo o choro para ele não ficar fazendo pouco de mim e depois ficar me chamando de chorona.
— O que ele te deu de presente?
Eu sei muito bem a quem ele está se referindo.
— Nada, Ethan nunca me deu nada, Mateo. A única coisa que ele me dá é dor de cabeça e muita raiva.
— Como assim, ele nunca te deu nada, Aline? É a prometida dele.
Respiro fundo e balanço a cabeça.
— Os presentes que já ganhei foram a senhora Parker que me deu em nome dele. A última vez em que participei do meu jantar de aniversário, o escutei no telefone falando com alguém, dizendo que obrigá-lo a participar daquilo era uma perda de tempo e que os presentes que eu ganhava era a mãe dele que comprava, que ele é um homem ocupado demais para esse tipo de banalidade. Desde então, eu...
Ele me interrompe.
— Você foge dos jantares de aniversário.
Eu balanço a cabeça, concordando.
— Isso mesmo, eu fujo.
Ficamos em silêncio e tudo o que faço é acariciar a joia em minhas mãos, já Mateo está com uma cara de quem quer matar alguém.