Um Presente Para Dois

CAPÍTULO 11

O silêncio no carro depois que Dakota saiu fez Levi questionar quanto tempo ele duraria. 1, 2, 3, 4, 5…. 10, 20, 30 segundos…

— Gostou do presente de aniversário?

Sim, mas a mãe dele podia vir junto.

— Ela me disse que tomava pílula. — argumentou, como se essa desculpa fosse o suficiente para ter relações sem p******o. — Olha, nós estavamos bêbados, foi uma coisa muito inconsequente mas eu jurei que não tinha acontecido mais nada. Eu não peguei nenhuma doença depois disso e nenhuma menina entrou em contato pra falar de gravidez, o que eu devia achar?

Paola suspirou, negando com a cabeça. Era para ser um dia normal.

— Agora que descobrimos que você pode ter um filho, o que vai fazer se ela aceitar fazer o teste e o resultado for positivo?

Não tinha muito o que pensar.

— Vou assumir.

Paola virou no banco, olhando diretamente para ele.

— Uma criança não precisa de um pai ausente que só manda dinheiro. Uma criança precisa de amor. Se você não quiser ter um filho pra arcar com toda a responsabilidade de um pai, é melhor nem continuar com isso.

Levi apertou o volante com força.

— Se o resultado for positivo, eu vou querer conhecer ele e… — a ficha começou a cair. Tudo isso se tratava de uma criança. Uma criança que vai crescer e pegar tudo o que aprendeu e recebeu na infância, e aplicar no seu futuro. Levi não quer ser responsável por coisas ruins, quer ser um bom exemplo. — E se eu não conseguir?

— Se não conseguir ser um bom pai?

— Sim. — resmungou. Não era bem essa reflexão que ele queria ter aos 25 anos. — E se eu não conseguir ser um pai? Não quero ser distante dele, se eu tiver um filho, eu quero ser o que o meu pai foi comigo.

Sua mãe não respondeu de imediato. Ela pensou por longos minutos, porque também não sabia bem como lidar com aquela situação. Ter um filho, mesmo que seja uma gravidez não planejada, os pais costumam aprender a amar durante a gestação, mas Levi estava conhecendo um possível filho que já tinha 7 meses e a mãe dele não era a mulher que ele havia conhecido.

— Eu não devia ter feito aquilo. Devia ter acordado pra vida e lembrado que isso é uma m***a completa. Eu nem lembro do rosto dela!

— Não pode mudar o que já aconteceu.

Não dava para mudar qualquer sentimento r**m que aquela mulher teve durante a gestação, sem saber nada sobre o pai da criança, grávida de um cara que ela não lembrava o nome.

— Não muda o fato de que eu me sinto um completo i*****l.

Paola havia pensado bem mais em como Dakota se sentiria com tudo isso acontecendo na vida dela do que como Levi estava lidando. Ele parecia estar com as coisas sob controle, pedindo um teste no meio do shopping e decidindo que queria descobrir se era ou não pai da criança. Porém, ele estava com medo, estava inseguro com tudo aquilo.

— Eu não sei se eu tô pronto pra ser um bom pai.

Sua mãe o olhou, tentando achar palavras que o fizessem entender tudo aquilo.

— Acha que as pessoas nascem prontas? Acha que o seu pai sabia o que estava fazendo quando tivemos você?

— Vocês tiveram 9 meses e me conhecem desde o útero. Eu conheço um possível filho há uma hora e ele já tem quase 1 ano.

Ele tinha razão.

— Não tem como se preparar pra ser um bom pai. Quer dizer, você pode estudar e aplicar uma educação saudável ao seu filho, mas o resto vem de você. Se você quiser ser pai daquela criança você vai conseguir amá-lo.

Não devia ser difícil. Pais que adotam seus filhos os amam como se eles tivessem nascido deles, se Levi quisesse, ele podia amar seu filho. Se Dominic for seu filho, ele poderia tentar.

— Se ela aceitar… acha que é uma boa ideia eu pedir pra ter um contato com ele antes de decidir de uma vez por todas se vou entrar na vida dele? — Fazia sentido, já que ela deixou bem claro que não queria nada dele.

— Acho. Eu acho sim que seria uma boa ideia. Você não deve nada a ela, e ela deixou isso claro. Acho sim que é bom vocês conversarem.

Levi estacionou no portão de casa, mas não desligou o carro e nem deu indícios de que sairia.

— Vamos.

— Eu já vou pra casa.

Paola ergueu uma sobrancelha para ele.

— Você vai contar ao seu pai que provavelmente tem um filho.

— Você pode fazer isso.

— Quem fez o filho foi você e quem vai dar a noticio para o seu pai de que ele vai ser avô, o que você sabe que é um dos maiores desejos de velho dele, vai ser você. Anda.

Levi bufou, mas desligou o carro e seguiu para dentro da casa.