CAPÍTULO 05

2439 Words
NATHALIE Depois de tomar banho, pego minha roupa e a visto. Seco meus cabelos com o secador fazendo várias ondulações nele. Coloco meus brincos de pérolas, passo um lápis no olho e um rímel. Pego meu batom vermelho mate e passo-o nos lábios, coloco meus saltos, pego minha bolsa de mão da mesma cor do vestido e estou pronta. Pego meu celular e vejo que são 19h50min. Saio do meu quarto e vou direto para a sala de visitas. Chegando lá, me deparo com meu pai, minha mãe e ele. O que ele faz aqui? – Mãe, eu vou sair. – Digo chamando a atenção de todos, incluindo a de Christian, que devo confessar, está superlindo nessa calça jeans escura combinando com a blusa polo branca. Os cabelos estão bagunçados e isso o deixa mais sexy do que já é. Foco Nathalie, foco! – Sair? Com quem, querida? – Pergunta meu pai, que parecia incrédulo. – Com Holly. Ela já está a caminho, vamos a uma boate. Ela me disse que é a única da cidade, mas é muito boa. – Mas a essa hora, minha filha? Que horas vai voltar? – Adônis. – Fala minha mãe dando uma leve cotovelada no meu pai. – Desculpe, filha. É que é muito novo para mim ter uma filha adulta, dona do próprio nariz. É difícil acreditar que minha menina, que antes vivia me pedindo para contar histórias, está uma mulher..., e uma mulher linda. – Meu pai diz fazendo minha mãe sorrir. – Oh pai, sempre serei sua menina e se for para te deixar tranquilo, prometo chegar cedo. – Abracei-o. – A que horas? – Ele insistia no questionamento. – Não vou dizer, porque te conheço bem e sei que não vai dormir até que eu chegue na hora que eu disser e o senhor precisa de descanso, lembra? – Ele me olha fazendo careta e eu sorrio. – Agora até você? Já não basta sua mãe me cobrando isso? – Não basta não. Eu prometo não chegar tarde, papai. – Fico na ponta dos pés, lhe dou um beijo na testa e ele me retribui. – Se quiser, eu posso acompanhá-las, tio Adônis. – Oferece-se Christian, que até então se manteve quieto, apenas observando tudo. – Isso seria ótimo. – Concordou meu pai. Olho para minha mãe que me encara com uma expressão do tipo “Não me peça ajuda, não sei o que fazer”. – Não, Christian. Sinceramente eu não vejo necessidade disso, sou bem grandinha e posso me cuidar sozinha. Sua irmã e eu vamos ficar bem. – Filha, não precisa falar assim com ele. – Continua meu pai, o defendendo. – Eu só queria fazer um favor. Só isso. – Christian responde. Não conseguindo mais me conter, solto uma risada fazendo todos me olharem. Quando paro de rir, me aproximo dele e digo olhando bem nos seus olhos em um tom frio e áspero: – Não preciso dos seus favores. Nem agora, nem nunca. – O sorriso que antes tinha em seu rosto some, dando lugar a uma expressão triste. Quase que me deixei levar por aquela cara triste, mas não posso, eu tenho que me vingar dele. – Nathalie, minha filha, isso não é jeito de falar com as pessoas. – Falou meu pai me repreendendo. – Pai, eu vou sair e prometo chegar cedo e ponto. – Escuto uma buzina, que suponho ser Holly. Me despeço dos meus pais e saio de casa indo até o carro dela. Entro em seu automóvel e, antes que ela pergunte, eu começo logo a falar: – Seu irmão é um babaca. – Um babaca que amo, logo pensei. – O que ele fez? – Ela questionou tentando entender minha revolta. – Ele teve a ousadia de se prontificar a nos levar para sair. – E por que ele fez isso? – Porque ele é um intrometido. – Não escondo a minha irritação. – Sei. – Ela ri e me olha de uma forma estranha. – Por que você está me olhando assim? – Assim como? – Holly se faz de desentendida. – Quer saber? Deixa isso para lá. Vamos logo para essa boate que hoje estou a fim de me divertir. – Coloco o cinto de segurança e me encosto ao banco. – É assim que se fala. – Ela falou animada, fazendo-me rir. Meia hora depois já estávamos em frente da tal boate, que pelo visto parecia estar bem lotada, pois a fila para entrar estava enorme. Entretanto, Holly é amiga do dono, então entramos sem problema algum. As luzes da boate piscavam de acordo com a música que estava tocando, e neste momento é Faded – Alan Walker. O ritmo desta música é superdançante, então nem perco tempo. – Holly, segura a minha bolsa, preciso dançar essa música. – Digo praticamente jogando a bolsa em cima dela e corro para a pista de dança. Começo a rebolar e mexer com o ritmo da música, fecho meus olhos e me entrego ao momento. Nossa, como eu precisava disso! Continuo a rebolar e quando abri meus olhos, vi que me tornei o centro das atenções. Os homens estavam me observando como se fossem me comer viva, porém um em especial me chamou a atenção. Ele era alto e, se não me engano, moreno; nossos olhos se encontram e, quando o fito com atenção, o reconheço. Eu não acredito! Aproximo-me dele, que me olha da cabeça aos pés; chego bem perto para ver se ele irá me reconhecer, mas além de falarem que estou irreconhecível, as luzes dificultam isso muito mais. – Oi. – Diz ele com uma voz grossa. Nossa, ele mudou mesmo. – Oi. – Respondi. – É nova na cidade? Nunca te vi por aqui, e olha que conheço todo mundo desse lugar. - Ele sorriu ao falar comigo. – Digamos que sim. – Continuei meu jogo. – Você é muito linda. – Ele se aproximou mais. – Obrigada, você também é muito bonito. – Bonito? Ele está supergostoso! O tempo fez muito bem para ele. – Quer ir a um lugar mais tranquilo para conversamos? – Perguntou já pegando a minha mão. – Claro. – O sigo até a área VIP. Quando chegamos lá, vimos Holly, Johnny, Logan e Wanda. – Owen, você achou a Nathalie! – Expressou Holly, fazendo Owen me olhar confuso. – Como assim, Holly? – Você não contou a ele? – Holly me pergunta admirada. – Achei engraçado ele não me reconhecer. – Todos me observam com os olhos arregalados quando entendem. – Oh, Meu Deus! Nathalie! – Grita Wanda, praticamente se jogando em cima de mim. – Oi, Wanda. – Retribuo ao abraço superapertado que ela me dá. Será que vou ser rude se disser “Wanda, sua louca, você está me sufocando”? – Penso enquanto sou esmagada por ela. – Wanda, solte-a, quer matá-la? – Diz Johnny, tirando-a dos meus braços. – Desculpe, é que é difícil acreditar que você está aqui, já se passaram tantos anos... Wanda é uma amiga minha, não mais que Holly, mas mesmo assim uma boa amiga; é uma mulher linda, de cabelos enrolados até a cintura e de pele escura, olhos esverdeados e com um corpo de dar inveja em qualquer uma. Johnny é irmão de Wanda, irmão gêmeo para ser mais exata, então a beleza que ela tem, ele tem de sobra; os mesmos olhos, o mesmo formato da boca, tudo, Johnny é a versão masculina dela. Já Logan é amigo de Owen e também de Christian. Logan é branco com um corpo malhado, olhos pretos e cabelos da mesma cor, queixo quadrado e um sorriso de arrancar calcinha. Ele tem covinhas, e é superfofo isso! – Nossa Nath, você está uma gata! – Falou Logan. Johnny e ele assobiam me fazendo corar, já Owen me olha sem saber o que dizer. – É, realmente você está muito linda e é uma mulher de sucesso. Aqui em Lawrence não se fala em outra coisa a não ser sobre a sua revista, ela é muito comprada aqui. – Wanda concluiu. – Fico feliz em saber disso. – Voltou a morar aqui? – Perguntou Owen, que finalmente conseguiu dizer algo. – Infelizmente não, vim apenas passar uns tempos aqui, tenho uma vida em Los Angeles. Além da revista tenho minha editora lá. – Explico. – Que legal! Isso é muito show! Nossa, eu tenho uma amiga famosa. – Falou Wanda cheia de orgulho e sua atitude fez com que todos rissem. De todos nós, Wanda sempre foi a mais doida. – Não n**a que é pobre. – Caçoa Johnny, fazendo com que continuássemos a rir. Wanda lhe retribui fazendo uma careta. A conversa entre nós fluiu superbem. Conversamos sobre diversas coisas até que Owen se aproximou mais de mim e sussurrou no meu ouvido: – Por que não me disse quem você era? – Achei engraçado você não me reconhecer. – Eu sorri e ele acabou rindo junto comigo. Parecia estar tudo bem. – Vocês dois ainda continuam formando um casal muito bonito. – Wanda falou ao nos observar, chamando a atenção de todos, e acabou recebendo uma cotovelada de Holly. – Ai, o que foi? Só disse a verdade. – Ela tentou se defender. – Não sei por que vocês nunca namoraram. – Ninguém sabe, mas eu sei bem o motivo. – Preciso tomar um ar. – Levanto-me e vou em direção ao bar, pego uma vodca e dirijo-me até a saída. Assim que chego do lado de fora, respiro fundo e tomo a bebida de uma vez só, sentindo o líquido descer quente em minha garganta. – Ela tem razão – Ouço aquela frase que parece ser direcionada a mim. Giro meu corpo e vejo Owen se aproximando até ficar frente a frente comigo. – Wanda só diz besteiras. – Emendo logo, tentando não dar brecha a ele. – Ela só disse a verdade, Nathalie. Só que infelizmente não mandamos no coração. – Owen fala manhosamente. – Como assim? – Seu falatório me deixa um pouco tensa. – Não se faça de boba, eu sei que nunca tive chance com você por causa do Christian. – Seu tom era contundente. – Mas é claro que não, Owen. Você sabe muito bem que não é só isso, o seu ciúme descabido era demais, e olha que a gente nem namorava! – Despejo a verdade para não prolongar a situação. – Eu mudei, Nath. – Começa a se aproximar de mim enquanto fala, causando-me certa preocupação. – Seu ciúme me custou uma cicatriz no pulso que quase não dá para ver por causa da tatuagem que fiz. – Comecei a expressar meu nervosismo. – Aquilo foi um acidente. – Tentou se desculpar. Teve uma festa na casa de Johnny e Wanda, eu não queria ir, mas ela e Holly praticamente me arrastaram até lá. Me senti muito perdida, pois a maioria que estava ali era maior de idade, então resolvi dar uma volta, apreciar o jardim. Um rapaz desconhecido me abordou e, como foi educado, eu continuei a conversa com ele, até hoje não me lembro do seu nome. Ele foi muito legal comigo e me fez rir por horas, até o Owen chegar e estragar tudo. Ele estava bêbado e já chegou socando o rosto do menino, logo vi que ele segurava uma garrafa de cerveja quebrada na mão. Tentei tirar a garrafa de suas mãos, mas ele acabou me ferindo no pulso, o que causou uma grande confusão. Meu pai ficou louco ao saber o que aconteceu, inclusive levei alguns pontos para fechar o machucado. Eu disse ao meu pai que Owen estava bêbado e não sabia o que estava fazendo, mas meu pai não me deu atenção e me proibiu de falar com ele. Meses depois, meu pai o perdoou e voltamos a ser amigos, só que já não era como antes. Eu tinha acabado de completar quinze anos nessa época. – Acidente ou não, tudo foi causado pelo seu ciúme, Owen. – Preferi ser bem direta com ele. – Sempre amei você, Nathalie, e sempre vou amar, isso nunca vai mudar. – Segurou o meu rosto em suas mãos, mas tentei me afastar. As coisas pareciam querer tomar um rumo que não me agradava. – Sabe que sempre te vi como um amigo, um irmão. Isso não mudou ainda e nem vai mudar. – Subitamente, ele soca o vidro de um carro, o quebrando. Sua atitude me assusta, fazendo-me pular. – Você ainda ama aquele i*****l do Christian. – Owen não pergunta, afirma. Havia cólera em suas palavras. – Isso não é da sua conta. – Eu já não estava mais à vontade ao lado dele. – Você não percebe que ele não ama você? Ele é um i****a que te humilhou e te rejeitou e você ainda continua o amando? – Ele se expressa, me segurando pelos braços e os apertando. – Você está me machucando. – Tento me soltar. – Você deveria me amar, Nath. – Ele parecia fora de si. – Não mandamos no coração. – Ele tenta me beijar à força, luto para me soltar, mas ele é mais forte que eu. – Owen, me solta! – Grito. – Eu só quero um beijo. – Ele mantinha sua insanidade. – Mas eu não quero te beijar, me solta! – Logo sinto Owen saindo abruptamente de perto de mim, me fazendo cair no chão. Olho para a direção de Owen e vejo Christian distribuindo diversos socos em seu rosto. Owen tenta revidar, mas Christian é mais rápido e desvia de seus socos. – Não ouse nem chegar perto dela, seu infeliz, senão eu mato você. – Christian vem em minha direção e me ajuda a levantar, me amparando em seus braços. – Não precisa me carregar. – Digo meio grogue, pois quando caí no chão acabei batendo a cabeça. Christian não diz nada, simplesmente me coloca no carro e sai em disparada; só percebo que chegamos quando o carro para. Analiso o local e percebo que não estou na fazenda dos meus pais. Ele me pega novamente nos braços e, sinceramente, naquele momento não estou com força para nada, principalmente para discutir. Minha cabeça parece que vai explodir, de tanta dor que estou sentindo. Quando chegamos a um cômodo que suponho ser um quarto, ele me coloca na cama, vai até o banheiro e volta com um kit de primeiros socorros. Christian passa o álcool na minha testa, sinto o local arder e logo me assusto quando ele me mostra o algodão com sangue. Eu ia colocar a mão na testa, mas ele me impediu, segurando-a. – Calma, eu cuido disso. – Falou sem demonstrar nenhum tipo de emoção. Quando Christian termina de limpar e fazer o curativo, ele sai por uma porta e demora alguns minutos. Retorna trazendo um copo com água e um comprimido na mão. – Beba isso. Vai fazer passar a dor de cabeça. – Pego o comprimido, coloco na boca e bebo a água toda. – Obrigada. – Entrego o copo a ele, que o coloca em cima do criado-mudo ao lado da enorme cama. – Papai. – Olho para trás e vejo uma pequena menina de cabelos loiros compridos, olhos azuis, usando um pijama cor-de-rosa e com um ursinho na mão nos encarando. – Já vou, filha. – Ele responde ao chamado da garotinha. – Eu já volto. – Christian fala comigo, se levanta e pega a menina no colo. Papai?! Filha?! Deus, ele é pai? O que está acontecendo aqui?!
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