Sofia andava pelo jardim, ela estava atrás de Pedro e não demorou a encontrá-lo.
Mia olhava pela janela de seu quarto e viu quando os dois se beijaram.
-Maldita,sempre se metendo entre Pedro e eu. Mas ela pode ficar com ele agora, que eu vou me casar com o médico!
-O que disse Mia?
-Nada mãe, estava pensando alto.
-Onde está Sofia? Não a encontro em lugar algum.
-Ela está no...quarto dela.
-Não está, eu já procurei por lá.
Mia queria dizer a mãe que Sofia estava no jardim aos beijos com o jardineiro, mas achou melhor não contar nada, isso poderia estragar seus planos.
-Eu vou procurar por ela.
-Sim, e venha você também que eu preciso falar com vocês duas.
Mia saiu sem responder a mãe, ela nem ao menos ouviu o que a mãe disse.
Iria falar com Pedro e ele a ajudaria. Ela ouvira a mãe dizer a Matilde que planejava casar Sofia com Marcelo. Ela não permitiria, o médico seria dela. Sua irmã não iria tirá -lo dela como tirou Pedro.
Ela viu o casal aos beijos de longe, e interrompeu derrubando um vaso de flores no chão. O barulho assustou os dois, que olharam para ela.
-Mia! Que susto me deu!
-Teve sorte de não ser a mamãe. A propósito, ela está procurando você.
-O que ela quer?
-Sei lá, só pediu para eu te chamar.
Sofia deu de ombros, se despediu de Pedro com um selinho e correu na direção da casa.
Mia olhou de braços cruzados até que ela passou pela porta, então se virou para Pedro e disse:
-Sabia que a Sofia vai casar?
-Casar? Não nos viu juntos?
-Sim, eu vi. Mas minha mãe vai casá-la com Dr. Medeiros.
-Ele é muitos anos mais velho do que ela, sua mãe não faria isso.
- Ela já fez. Da última vez que estiveram juntos ele pediu a minha mãe e ela autorizou.
-Mas Sofia é maior de idade.
-Na nossa família não tem isso, minha mãe manda e a gente obedece. Você precisa falar com Sofia.
-Se é como você diz, sua mãe me mataria.
-Aí Deus! Você é burro ou o que? Olha, ela vai estar na garagem, vai ajudar a encerar o carro dela. Eu acho h******l que uma dama encere carros, mas...
-E o que quer que eu diga a ela?
-Quero que convença-a a ir embora com você.
-Eu não acho que ela faria isso.
-E por que não? Ela te ama.
-Mas não desafiaria a sua mãe, a velha não perdoaria Sofia nunca.
-Eu o que me importa? Eu quem vou me casar com médico e não ela.
-Sua mãe vai aceitar?
-Para honrar um compromisso? Tenho certeza que sim. Minha mãe dá muito valor a essas coisas.
Mia desviou o olhar do rosto de Pedro e viu que sua mãe estava na porta da casa. Só o olhar da matriarca já demonstrava o que ela queria.
Ela queria que Mia entrasse para comunicar sobre o casamento. Mesmo já sabendo do que se tratava a garota entrou, deixando o jardineiro sozinho.
A tarde Sofia foi até a garagem, desta vez ela não iria ajudar a encerar o carro, ela pretendia sair com as amigas.
-Oi Almir. Meu carro está pronto?
-Quase, Isaque o está encerando.
-Obrigado.
Sofia foi até a vaga na garagem, mas não era Isaque quem encerava o carro. Pedro estava sem camisa encostado no capô.
-Onde está Isaque?
-Não casa grande, eu disse a ele que Mia estava chamando.
-O que faz aqui?
-Você não voltou hoje cedo, depois que Mia te chamou.
-Eu...
-Soube que vai se casar.
-Quem te disse?
-Mia.
-Mia, linguaruda de uma figa!
-Fuja comigo...
-Eu não posso. Minha mãe está doente.
-Vai ser infeliz?
-Não. Vou dar um jeito, mas fugir não é uma opção.
-Vai se casar com o velho, então?
-Não...você sabe que é de você que eu gosto-falou Sofia se aproximando e tocando o peito nu de Pedro.
Ele pegou as mãos dela e tirou dele.
-Decida a sua vida e depois nos falamos.
-Mas Pedro....
-Sofia? O que faz aqui?
-Vim pegar o carro, mãe.
-E esse rapaz?
-Ele trabalha aqui, não?
-Vá Sofia, Dr.Medeiros espera por você.
-Mas eu ia sair.
-Não vai mais.
-Mas mãe...
-Sem discussão Sofia, me dê a chave.
-Mas eu...
-A chave Sofia.
-Aqui...-falou vencida e entregou a chave, caminhando vagarosamente na direção que sua mãe indicara.
-E você rapaz? O que quer com Sofia?
-Eu gosto dela, na verdade, eu a amo.
-Se gostasse realmente dela se afastaria.
-Para ela casar com o velho?
-Para ela se casar com alguém da classe dela.
-Não faça isso com sua filha, ela será infeliz.
-Ela seria infeliz se se casasse com você.
-Ela me ama.
-Olhe em volta garoto, você nunca será capaz de proporcionar isso a ela. Acha que ela se acostumaria com a sua vida? Com a vida que você pode dar a ela?
-A decisão deve ser dela...
-Chega! Vá cuidar do seu trabalho, minha filha irá se casar com um homem de família tradicional e não com um...jardineiro.
A mulher virou as costas deixando Pedro para trás. Ela não gostava de agir daquela forma, mas não podia dizer a verdade a ele.
-Bruxa!-falou baixinho.
-Como disse? - falou ela se virando para ele.
-Nada...
-Ótimo, agora volte ao trabalho antes que eu demita você.
Pedro caminhou de volta para o canteiro,, onde restaurava o vaso que Mia havia derrubado no chão.
Ele se sentia revoltado, nunca fora tão humilhado na vida. Mas não desistiria de Sofia, a não ser que ela não o quisesse mais.
Ele chorava quando seu pai se aproximou.
-O que houve?
-Não foi nada.
-Eu sei que é por causa da menina Sofia. Olha filho, eu sei que é difícil, mas você achou mesmo que a mãe dessa moça iria aceitar um empregado como genro?
-Talvez eu tenha. Não me peça para esquecê-la.
-Eu não vou, porque sei que não é fácil, mas quero que tenha cuidado, essa mulher não dá ponto sem nó.
-Eu não tenho medo dela.
-Mas a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco.
-Pode ser...
Sofia entrou na casa. Marcelo estava sentado no sofá e tomava uma xícara de café. Matilde o servia e saiu.
Quando Sofia se aproximou ele apoiou a xícara na mesa de centro e se levantou.
-Sofia.
-Dr.Medeiros.
-Eu vim saber da saúde de sua irmã e aproveitei para vê-la.
-É o senhor tem feito isso muitas vezes. Mia já está ótima e o senhor continua insistindo que vem aqui apenas para vê-la. Assuma logo que é apenas uma desculpa para me ver.
Marcelo ficou sem jeito.
-Eu...não...quis...
-Relaxa.
Sofia não achava de todo r**m que ele viesse, ao contrário, sua companhia era agradável e ela não fazia idéia do motivo que a levava a sentir falta quando ele não vinha.
A mãe de Sofia entrou na sala e pediu para que Matilde chamasse Mia. Assim que a mais nova chegou a mulher começou a falar sem rodeios.
-Bom Dr.Medeiros, o senhor pediu minha filha em casamento e eu concedi. O noivado será na próxima semana, seguido do anúncio de casamento, que eu quero que seja em menos de três meses.
-Como a senhora quiser.
-Agora vou deixá-los para que conversem melhor, venha Mia.
Mia que até então estava calada, seguiu a mãe sem dar um pio.
-Sofia eu...
-Eu não quero me casar, será que não entende?
-Me dê uma chance...
Sofia olhou para o homem a sua frente, ela via sofrimento em seu olhar e tinha medo de descobrir o motivo.
Sofia correu para seu quarto e deparou com sua mãe no caminho.
-Onde vai?
Sofia com lágrimas nos olhos tentou argumentar com a mãe.
-Mãe eu não o amo, não quero me casar com ele. Eu...
-Você gosta daquele jardineiro imundo? Olha bem Sofia, se destratar o Dr.Medeiros novamente ou se recusar a se casar, eu vou demitir aquele garoto e o pai dele.
-Você teria coragem?
-Teria, e cuidarei para que eles não trabalhem para mais ninguém nesta cidade. Você entendeu?
-Sim.
-Ótimo, agora vá lá e se desculpe com Marcelo.
Sofia chegou na sala e Marcelo ainda estava parado no mesmo lugar, como se não tivesse acreditado nela.
-Eu...queria me desculpar.
-Não precisa se casar comigo, se não quiser. Sou um i****a.
Um alívio tomou conta de Sofia, mas antes que ela pudesse se alegrar, se lembrou da conversa que tivera com sua mãe.
-Eu aceito me casar com você-foi só o que foi capaz de dizer.