Inveja

1456 Words
Sofia andava pelo jardim, ela estava atrás de Pedro e não demorou a encontrá-lo. Mia olhava pela janela de seu quarto e viu quando os dois se beijaram. -Maldita,sempre se metendo entre Pedro e eu. Mas ela pode ficar com ele agora, que eu vou me casar com o médico! -O que disse Mia? -Nada mãe, estava pensando alto. -Onde está Sofia? Não a encontro em lugar algum. -Ela está no...quarto dela. -Não está, eu já procurei por lá. Mia queria dizer a mãe que Sofia estava no jardim aos beijos com o jardineiro, mas achou melhor não contar nada, isso poderia estragar seus planos. -Eu vou procurar por ela. -Sim, e venha você também que eu preciso falar com vocês duas. Mia saiu sem responder a mãe, ela nem ao menos ouviu o que a mãe disse. Iria falar com Pedro e ele a ajudaria. Ela ouvira a mãe dizer a Matilde que planejava casar Sofia com Marcelo. Ela não permitiria, o médico seria dela. Sua irmã não iria tirá -lo dela como tirou Pedro. Ela viu o casal aos beijos de longe, e interrompeu derrubando um vaso de flores no chão. O barulho assustou os dois, que olharam para ela. -Mia! Que susto me deu! -Teve sorte de não ser a mamãe. A propósito, ela está procurando você. -O que ela quer? -Sei lá, só pediu para eu te chamar. Sofia deu de ombros, se despediu de Pedro com um selinho e correu na direção da casa. Mia olhou de braços cruzados até que ela passou pela porta, então se virou para Pedro e disse: -Sabia que a Sofia vai casar? -Casar? Não nos viu juntos? -Sim, eu vi. Mas minha mãe vai casá-la com Dr. Medeiros. -Ele é muitos anos mais velho do que ela, sua mãe não faria isso. - Ela já fez. Da última vez que estiveram juntos ele pediu a minha mãe e ela autorizou. -Mas Sofia é maior de idade. -Na nossa família não tem isso, minha mãe manda e a gente obedece. Você precisa falar com Sofia. -Se é como você diz, sua mãe me mataria. -Aí Deus! Você é burro ou o que? Olha, ela vai estar na garagem, vai ajudar a encerar o carro dela. Eu acho h******l que uma dama encere carros, mas... -E o que quer que eu diga a ela? -Quero que convença-a a ir embora com você. -Eu não acho que ela faria isso. -E por que não? Ela te ama. -Mas não desafiaria a sua mãe, a velha não perdoaria Sofia nunca. -Eu o que me importa? Eu quem vou me casar com médico e não ela. -Sua mãe vai aceitar? -Para honrar um compromisso? Tenho certeza que sim. Minha mãe dá muito valor a essas coisas. Mia desviou o olhar do rosto de Pedro e viu que sua mãe estava na porta da casa. Só o olhar da matriarca já demonstrava o que ela queria. Ela queria que Mia entrasse para comunicar sobre o casamento. Mesmo já sabendo do que se tratava a garota entrou, deixando o jardineiro sozinho. A tarde Sofia foi até a garagem, desta vez ela não iria ajudar a encerar o carro, ela pretendia sair com as amigas. -Oi Almir. Meu carro está pronto? -Quase, Isaque o está encerando. -Obrigado. Sofia foi até a vaga na garagem, mas não era Isaque quem encerava o carro. Pedro estava sem camisa encostado no capô. -Onde está Isaque? -Não casa grande, eu disse a ele que Mia estava chamando. -O que faz aqui? -Você não voltou hoje cedo, depois que Mia te chamou. -Eu... -Soube que vai se casar. -Quem te disse? -Mia. -Mia, linguaruda de uma figa! -Fuja comigo... -Eu não posso. Minha mãe está doente. -Vai ser infeliz? -Não. Vou dar um jeito, mas fugir não é uma opção. -Vai se casar com o velho, então? -Não...você sabe que é de você que eu gosto-falou Sofia se aproximando e tocando o peito nu de Pedro. Ele pegou as mãos dela e tirou dele. -Decida a sua vida e depois nos falamos. -Mas Pedro.... -Sofia? O que faz aqui? -Vim pegar o carro, mãe. -E esse rapaz? -Ele trabalha aqui, não? -Vá Sofia, Dr.Medeiros espera por você. -Mas eu ia sair. -Não vai mais. -Mas mãe... -Sem discussão Sofia, me dê a chave. -Mas eu... -A chave Sofia. -Aqui...-falou vencida e entregou a chave, caminhando vagarosamente na direção que sua mãe indicara. -E você rapaz? O que quer com Sofia? -Eu gosto dela, na verdade, eu a amo. -Se gostasse realmente dela se afastaria. -Para ela casar com o velho? -Para ela se casar com alguém da classe dela. -Não faça isso com sua filha, ela será infeliz. -Ela seria infeliz se se casasse com você. -Ela me ama. -Olhe em volta garoto, você nunca será capaz de proporcionar isso a ela. Acha que ela se acostumaria com a sua vida? Com a vida que você pode dar a ela? -A decisão deve ser dela... -Chega! Vá cuidar do seu trabalho, minha filha irá se casar com um homem de família tradicional e não com um...jardineiro. A mulher virou as costas deixando Pedro para trás. Ela não gostava de agir daquela forma, mas não podia dizer a verdade a ele. -Bruxa!-falou baixinho. -Como disse? - falou ela se virando para ele. -Nada... -Ótimo, agora volte ao trabalho antes que eu demita você. Pedro caminhou de volta para o canteiro,, onde restaurava o vaso que Mia havia derrubado no chão. Ele se sentia revoltado, nunca fora tão humilhado na vida. Mas não desistiria de Sofia, a não ser que ela não o quisesse mais. Ele chorava quando seu pai se aproximou. -O que houve? -Não foi nada. -Eu sei que é por causa da menina Sofia. Olha filho, eu sei que é difícil, mas você achou mesmo que a mãe dessa moça iria aceitar um empregado como genro? -Talvez eu tenha. Não me peça para esquecê-la. -Eu não vou, porque sei que não é fácil, mas quero que tenha cuidado, essa mulher não dá ponto sem nó. -Eu não tenho medo dela. -Mas a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco. -Pode ser... Sofia entrou na casa. Marcelo estava sentado no sofá e tomava uma xícara de café. Matilde o servia e saiu. Quando Sofia se aproximou ele apoiou a xícara na mesa de centro e se levantou. -Sofia. -Dr.Medeiros. -Eu vim saber da saúde de sua irmã e aproveitei para vê-la. -É o senhor tem feito isso muitas vezes. Mia já está ótima e o senhor continua insistindo que vem aqui apenas para vê-la. Assuma logo que é apenas uma desculpa para me ver. Marcelo ficou sem jeito. -Eu...não...quis... -Relaxa. Sofia não achava de todo r**m que ele viesse, ao contrário, sua companhia era agradável e ela não fazia idéia do motivo que a levava a sentir falta quando ele não vinha. A mãe de Sofia entrou na sala e pediu para que Matilde chamasse Mia. Assim que a mais nova chegou a mulher começou a falar sem rodeios. -Bom Dr.Medeiros, o senhor pediu minha filha em casamento e eu concedi. O noivado será na próxima semana, seguido do anúncio de casamento, que eu quero que seja em menos de três meses. -Como a senhora quiser. -Agora vou deixá-los para que conversem melhor, venha Mia. Mia que até então estava calada, seguiu a mãe sem dar um pio. -Sofia eu... -Eu não quero me casar, será que não entende? -Me dê uma chance... Sofia olhou para o homem a sua frente, ela via sofrimento em seu olhar e tinha medo de descobrir o motivo. Sofia correu para seu quarto e deparou com sua mãe no caminho. -Onde vai? Sofia com lágrimas nos olhos tentou argumentar com a mãe. -Mãe eu não o amo, não quero me casar com ele. Eu... -Você gosta daquele jardineiro imundo? Olha bem Sofia, se destratar o Dr.Medeiros novamente ou se recusar a se casar, eu vou demitir aquele garoto e o pai dele. -Você teria coragem? -Teria, e cuidarei para que eles não trabalhem para mais ninguém nesta cidade. Você entendeu? -Sim. -Ótimo, agora vá lá e se desculpe com Marcelo. Sofia chegou na sala e Marcelo ainda estava parado no mesmo lugar, como se não tivesse acreditado nela. -Eu...queria me desculpar. -Não precisa se casar comigo, se não quiser. Sou um i****a. Um alívio tomou conta de Sofia, mas antes que ela pudesse se alegrar, se lembrou da conversa que tivera com sua mãe. -Eu aceito me casar com você-foi só o que foi capaz de dizer.
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