Capítulo 1 - Uma Mulher Forte

1568 Words
Por trás do seu sorriso doce e reservado, Maria Helena escondia toda a dor do trauma que tinha sofrido antes mesmo de se formar na Universidade. Após 6 anos estava pronta para manter a sua vida apenas se dedicando ao trabalho. Graças aos conhecimentos de Isabella, Maria Helena teria uma entrevista na firma Soyer, e estava a um passo de conseguir o emprego dos seus sonhos. Ela e Isabella partilhavam um lindo duplex na zona alta da Cidade de Bela Rosa, mas começar a trabalhar imediatamente era o objetivo de Helena que não queria mais depender da ajuda de seus pais. Com elas vivia também Benedita " Dita " que era como uma segunda mãe, além de ser amiga e conselheira. Após terminar de verificar os documentos para a entrevista, Maria Helena desceu para o pequeno-almoço. - Bom dia Dita. - Bom dia Helena. Está tudo pronto. Bom apetite. - Obrigada. Estou tão nervosa por causa da entrevista que preciso mesmo de comer alguma coisa. - Vai dar tudo certo querida. Eu não tenho dúvidas disso. Aliás, você está linda. - Obrigada Dita. E onde está a Isabella? - Ela hoje está de folga e saiu para caminhar e fará as compras do mês. - Tudo bem. Eu ligarei para ela a caminho da firma. - Querida! Eu sei que pode ser difícil agora, mas tente sorrir mais está bem? Um sorriso sincero vai ajudar muito em um momento como este. - Está bem Dita. Você está certa. Pela profissão que escolhi, vai ser mesmo necessário sorrir de vez em quando. Afinal, eu terei que ser profissional. - Isso mesmo. Não deixe o passado atrapalhar o presente e a realização do maior sonho da tua vida. Agora vai. E dirija com cuidado. - Obrigada Dita. Eu venho para o almoço e com excelentes notícias. Então capriche por favor. Maria Helena mudou a sua disposição e saiu. Ela dirigiu até ao novo Edifício da Firma Soyer e ficou impressionada quando olhou para ele. O Edifício não tinha apenas a sede da firma, mas também de todas as empresas dirigidas por Éric Soyer. Helena dirigiu - se à recepcionista. - Bom dia. Eu sou Maria Helena Menezes e tenho uma entrevista com o Senhor Paulo Linhares. - Bom dia Senhorita Maria Helena. Por favor pegue o elevador até ao oitavo andar. Eu avisarei que está subindo. - Muito Obrigada. Maria Helena pegou o elevador e digitou para o oitavo andar. A secretária de Paulo a recebeu e anunciou a sua chegada. Helena entrou e teve uma óptima entrevista. - Você  concorda com as condições  e benefícios que oferecemos? - Claro que eu concordo. E agradeço muito a oportunidade. - Por nada. Eu soube que você além das notas excelentes também foste a melhor nas aulas práticas e no estágio de uma semana na promotoria. - Sim. Isso é verdade Senhor. - Óptimo. Eu vou pedir que tragam os contratos para assinarmos. Quero que estejas aqui amanhã às 7 da manhã. Quando chegares vais receber instruções sobre o que vamos fazer. - Sim Senhor. Eu estarei aqui na hora certa. - Excelente. Helena foi embora meia - hora depois. Parou oara agradecer Mariana a secretária que a convidou para um café. Estavam a conversar e riam de alguma coisa quando alguém saiu do elevador. Mariana reconheceu Éric. - Bom dia Mariana. - Bom dia Senhor Soyer. Esta é a Doutora Maria Helena Menezes. Ela vai trabalhar na área jurídica a partir de amanhã. - Seja Bem - Vinda Doutora. - Muito Obrigada Senhor Soyer. Vamos ao nosso café Mariana?...- Maria Helena perguntou consciente de que Éric olhava para ela. - Vamos sim. Licença Senhor Soyer. - Toda. Um bom café para vocês. - Obrigada Senhor. Elas pegaram o elevador e Éric percebeu que Maria Helena estava de cabeça baixa e evitou a todo custo o contacto visual com ele. Isso o deixou curioso, mas como tinha acabado de a conhecer não disse nada. Foi ter com Paulo que o esperava e não evitou fazer a pergunta. - Paulo! Estamos com pouco pessoal no departamento jurídico? - Não exactamente. Mas a Maria Helena foi muito bem recomendada e ter alguém como ela na equipe será muito benéfico. - Certo. Eu a conheci agora. Me pareceu bastante reservada. - Ela é mesmo.Mas também é muito dedicada e profissional. - Excelente. A tua avaliação é suficiente para mim. Os papéis estão prontos? - Sim estão. Só tens que ler e dizer se devemos rectificar alguma coisa. - Farei isso sim. Vou almoçar com a minha mãe e de noite terei uma missão ainda mais complicada. - Relacionada com a Ana Sofia? - Isso mesmo amigo. Ela acredita que a vou pedir em casamento, mas a verdade é que vou terminar  tudo. - Sabes Éric! Eu nunca gostei dela e sendo ainda mais sincero, se houvesse casamento, eu não estaria presente na cerimónia. - Eu sei. E para falar a verdade após esse tempo todo juntos eu me acostumei com ela. Nunca foi amor ou Paixão. - Não vou dizer que sinto muito porque seria mentira. Mas tenha muito cuidado. A Sofia não está acostumada a ser rejeitada. - Eu sei. Mas não a deixarei fazer um escândalo. - Sei que não. Mas ainda assim deves estar preparado para tudo. - Assim será.  Bem! Vou trabalhar agora. Preciso de fazer uma vistoria em alguns documentos. -  Podias aproveitar e passar os mesmos para a Maria Helena. Vai ser bom fazer um teste sem que ela saiba. - Excelente ideia. Amanhã eu farei isso. Até mais. Da janela da sua sala, Éric viu Maria Helena ir embora acompanhada por Mariana. Ela sorria e Éric sentiu - se encantado e ao mesmo tempo intrigado. Diante dele Maria Helena foi firme e m*l olhava para ele, e agora estava sorrindo e agindo de forma totalmente natural. Éric teve a impressão de ter sentido uma barreira imposta por Maria Helena, mas a mesma era somente dirigida à ala masculina. Sendo um homem que sempre soube respeitar o espaço pessoal de todos à sua volta, Éric decidiu que não iria interferir, mas observaria Maria Helena. Estava com a sensação de que o problema dela era muito mais grave, e na hora certa saberia do que se tratava. Mas antes, teriam que conquistar e ganhar a confiança um do outro. Por outro lado, Maria Helena entrou em casa sentindo - se muito feliz. - Deu tudo certo Dita. Eu consegui e amanhã mesmo começo a trabalhar. - Mas que notícia boa Helena. Eu sabia que daria tudo certo. Obrigada pelo incentivo Dita. - Não tens que agradecer. E como é o teu Chefe? - Um homem muito gentil. Não tive a oportunidade de ter uma conversa oficial com ele, mas posso dizer que Éric Soyer é um homem bom. - Eu tenho a certeza. A Isabella está lá em cima esperando para saber das novidades. - Óptimo! Vou falar com ela. Maria Helena entrou no quarto da aniga que trabalhava diante do computador. - Oi Isabella. - Helena! Como foi a entrevista? - Foi óptima. Assinei o contrato e começo amanhã. - Foi Éric Soyer quem te recebeu? - Não. Mas eu já o conheci pessoalmente. E foi muito gentil. - Gentil!? Helena por favor. Eu não quero saber apenas do carácter dele. - E o que queres saber? - Se ele é tão lindo e atraente como dizem. - Sim ele é lindo. Muito lindo mesmo. - A sério!? - Sim. Eu o verei sempre porque inevitavelmente vamos trabalhar juntos, mas será tudo a nível profissional. - Ele tentou alguma coisa? - Não. Claro que não. Mas eu mesma vou demonstrar isso e sem usar as palavras. - Eu entendo. Mas você não pode ser injusta Helena e achar que todos são como aquele calhorda dos infernos. - Eu sei disso. Mas, prefiro que as coisas aconteçam no meu ritmo. Vamos almoçar? Estou morrendo de fome. - Vamos sim. Eu também tenho novidades. - Conta logo. Não me deixes curiosa. - Fiz alguns contactos e se tudo der certo, eu também vou trabalhar com o Soyer, mas no departamento de relações públicas. - O quê? Isto é óptimo amiga. Eu vou adorar trabalhar perto de você. - Eu também. Estou esperando um e-mail do Renato Russo. - E quem é ele!? - O braço direito do Éric Soyer. - Estou impressionada amiga. E com certeza ele vai dar uma resposta positiva. - Obrigada pelo apoio. Eu me sinto mais optimista agora. - E tem que ser assim sempre. O dia das duas amigas seguiu. Maria Helena organizou - se para o dia seguinte que seria o seu primeiro dia oficial de trabalho. A presença de Éric Soyer mexeu com algo dentro dela. Algo que ela enterrou no passado. Ele era agora o seu chefe e seria inevitável estarem sempre juntos. Como advogada ela teria que estar sempre preparada para prestar apoio jurídico. Mas como mulher faria o possível para manter toda a distância dele. Tinha sofrido demais. E agora apesar de estar a sentir - se mais forte para a vida, Maria Helena precisava de reaprender a confiar. Mas será que isso seria fácil de conseguir, sabendo que o seu coração tinha sido literalmente feito em pedaços? Apenas o tempo diria o que devia ser feito. Até lá, só lhe restava esperar e manter o foco no seu lado profissional.
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