Por trás do seu sorriso doce e reservado, Maria Helena escondia toda a dor do trauma que tinha sofrido antes mesmo de se formar na Universidade.
Após 6 anos estava pronta para manter a sua vida apenas se dedicando ao trabalho. Graças aos conhecimentos de Isabella, Maria Helena teria uma entrevista na firma Soyer, e estava a um passo de conseguir o emprego dos seus sonhos.
Ela e Isabella partilhavam um lindo duplex na zona alta da Cidade de Bela Rosa, mas começar a trabalhar imediatamente era o objetivo de Helena que não queria mais depender da ajuda de seus pais. Com elas vivia também Benedita " Dita " que era como uma segunda mãe, além de ser amiga e conselheira.
Após terminar de verificar os documentos para a entrevista, Maria Helena desceu para o pequeno-almoço.
- Bom dia Dita.
- Bom dia Helena. Está tudo pronto. Bom apetite.
- Obrigada. Estou tão nervosa por causa da entrevista que preciso mesmo de comer alguma coisa.
- Vai dar tudo certo querida. Eu não tenho dúvidas disso.
Aliás, você está linda.
- Obrigada Dita. E onde está a Isabella?
- Ela hoje está de folga e saiu para caminhar e fará as compras do mês.
- Tudo bem. Eu ligarei para ela a caminho da firma.
- Querida! Eu sei que pode ser difícil agora, mas tente sorrir mais está bem? Um sorriso sincero vai ajudar muito em um momento como este.
- Está bem Dita. Você está certa.
Pela profissão que escolhi, vai ser mesmo necessário sorrir de vez em quando. Afinal, eu terei que ser profissional.
- Isso mesmo. Não deixe o passado atrapalhar o presente e a realização do maior sonho da tua vida. Agora vai. E dirija com cuidado.
- Obrigada Dita. Eu venho para o almoço e com excelentes notícias. Então capriche por favor.
Maria Helena mudou a sua disposição e saiu. Ela dirigiu até ao novo Edifício da Firma Soyer e ficou impressionada quando olhou para ele.
O Edifício não tinha apenas a sede da firma, mas também de todas as empresas dirigidas por Éric Soyer.
Helena dirigiu - se à recepcionista.
- Bom dia. Eu sou Maria Helena Menezes e tenho uma entrevista com o Senhor Paulo Linhares.
- Bom dia Senhorita Maria Helena. Por favor pegue o elevador até ao oitavo andar. Eu avisarei que está subindo.
- Muito Obrigada.
Maria Helena pegou o elevador e digitou para o oitavo andar.
A secretária de Paulo a recebeu e anunciou a sua chegada.
Helena entrou e teve uma óptima entrevista.
- Você concorda com as condições e benefícios que oferecemos?
- Claro que eu concordo. E agradeço muito a oportunidade.
- Por nada. Eu soube que você além das notas excelentes também foste a melhor nas aulas práticas e no estágio de uma semana na promotoria.
- Sim. Isso é verdade Senhor.
- Óptimo. Eu vou pedir que tragam os contratos para assinarmos. Quero que estejas aqui amanhã às 7 da manhã.
Quando chegares vais receber instruções sobre o que vamos fazer.
- Sim Senhor. Eu estarei aqui na hora certa.
- Excelente.
Helena foi embora meia - hora depois. Parou oara agradecer Mariana a secretária que a convidou para um café. Estavam a conversar e riam de alguma coisa quando alguém saiu do elevador.
Mariana reconheceu Éric.
- Bom dia Mariana.
- Bom dia Senhor Soyer.
Esta é a Doutora Maria Helena Menezes. Ela vai trabalhar na área jurídica a partir de amanhã.
- Seja Bem - Vinda Doutora.
- Muito Obrigada Senhor Soyer.
Vamos ao nosso café Mariana?...- Maria Helena perguntou consciente de que Éric olhava para ela.
- Vamos sim. Licença Senhor Soyer.
- Toda. Um bom café para vocês.
- Obrigada Senhor.
Elas pegaram o elevador e Éric percebeu que Maria Helena estava de cabeça baixa e evitou a todo custo o contacto visual com ele. Isso o deixou curioso, mas como tinha acabado de a conhecer não disse nada.
Foi ter com Paulo que o esperava e não evitou fazer a pergunta.
- Paulo! Estamos com pouco pessoal no departamento jurídico?
- Não exactamente. Mas a Maria Helena foi muito bem recomendada e ter alguém como ela na equipe será muito benéfico.
- Certo. Eu a conheci agora. Me pareceu bastante reservada.
- Ela é mesmo.Mas também é muito dedicada e profissional.
- Excelente. A tua avaliação é suficiente para mim. Os papéis estão prontos?
- Sim estão. Só tens que ler e dizer se devemos rectificar alguma coisa.
- Farei isso sim. Vou almoçar com a minha mãe e de noite terei uma missão ainda mais complicada.
- Relacionada com a Ana Sofia?
- Isso mesmo amigo. Ela acredita que a vou pedir em casamento, mas a verdade é que vou terminar tudo.
- Sabes Éric! Eu nunca gostei dela e sendo ainda mais sincero, se houvesse casamento, eu não estaria presente na cerimónia.
- Eu sei. E para falar a verdade após esse tempo todo juntos eu me acostumei com ela. Nunca foi amor ou Paixão.
- Não vou dizer que sinto muito porque seria mentira. Mas tenha muito cuidado. A Sofia não está acostumada a ser rejeitada.
- Eu sei. Mas não a deixarei fazer um escândalo.
- Sei que não. Mas ainda assim deves estar preparado para tudo.
- Assim será. Bem! Vou trabalhar agora. Preciso de fazer uma vistoria em alguns documentos.
- Podias aproveitar e passar os mesmos para a Maria Helena.
Vai ser bom fazer um teste sem que ela saiba.
- Excelente ideia. Amanhã eu farei isso. Até mais.
Da janela da sua sala, Éric viu Maria Helena ir embora acompanhada por Mariana.
Ela sorria e Éric sentiu - se encantado e ao mesmo tempo intrigado. Diante dele Maria Helena foi firme e m*l olhava para ele, e agora estava sorrindo e agindo de forma totalmente natural.
Éric teve a impressão de ter sentido uma barreira imposta por Maria Helena, mas a mesma era somente dirigida à ala masculina.
Sendo um homem que sempre soube respeitar o espaço pessoal de todos à sua volta, Éric decidiu que não iria interferir, mas observaria Maria Helena.
Estava com a sensação de que o problema dela era muito mais grave, e na hora certa saberia do que se tratava. Mas antes, teriam que conquistar e ganhar a confiança um do outro.
Por outro lado, Maria Helena entrou em casa sentindo - se muito feliz.
- Deu tudo certo Dita. Eu consegui e amanhã mesmo começo a trabalhar.
- Mas que notícia boa Helena. Eu sabia que daria tudo certo.
Obrigada pelo incentivo Dita.
- Não tens que agradecer.
E como é o teu Chefe?
- Um homem muito gentil.
Não tive a oportunidade de ter uma conversa oficial com ele, mas posso dizer que Éric Soyer é um homem bom.
- Eu tenho a certeza. A Isabella está lá em cima esperando para saber das novidades.
- Óptimo! Vou falar com ela.
Maria Helena entrou no quarto da aniga que trabalhava diante do computador.
- Oi Isabella.
- Helena! Como foi a entrevista?
- Foi óptima. Assinei o contrato e começo amanhã.
- Foi Éric Soyer quem te recebeu?
- Não. Mas eu já o conheci pessoalmente. E foi muito gentil.
- Gentil!? Helena por favor.
Eu não quero saber apenas do carácter dele.
- E o que queres saber?
- Se ele é tão lindo e atraente como dizem.
- Sim ele é lindo. Muito lindo mesmo.
- A sério!?
- Sim. Eu o verei sempre porque inevitavelmente vamos trabalhar juntos, mas será tudo a nível profissional.
- Ele tentou alguma coisa?
- Não. Claro que não. Mas eu mesma vou demonstrar isso e sem usar as palavras.
- Eu entendo. Mas você não pode ser injusta Helena e achar que todos são como aquele calhorda dos infernos.
- Eu sei disso. Mas, prefiro que as coisas aconteçam no meu ritmo.
Vamos almoçar? Estou morrendo de fome.
- Vamos sim. Eu também tenho novidades.
- Conta logo. Não me deixes curiosa.
- Fiz alguns contactos e se tudo der certo, eu também vou trabalhar com o Soyer, mas no departamento de relações públicas.
- O quê? Isto é óptimo amiga.
Eu vou adorar trabalhar perto de você.
- Eu também. Estou esperando um e-mail do Renato Russo.
- E quem é ele!?
- O braço direito do Éric Soyer.
- Estou impressionada amiga.
E com certeza ele vai dar uma resposta positiva.
- Obrigada pelo apoio. Eu me sinto mais optimista agora.
- E tem que ser assim sempre.
O dia das duas amigas seguiu.
Maria Helena organizou - se para o dia seguinte que seria o seu primeiro dia oficial de trabalho.
A presença de Éric Soyer mexeu com algo dentro dela. Algo que ela enterrou no passado.
Ele era agora o seu chefe e seria inevitável estarem sempre juntos.
Como advogada ela teria que estar sempre preparada para prestar apoio jurídico. Mas como mulher faria o possível para manter toda a distância dele.
Tinha sofrido demais. E agora apesar de estar a sentir - se mais forte para a vida, Maria Helena precisava de reaprender a confiar.
Mas será que isso seria fácil de conseguir, sabendo que o seu coração tinha sido literalmente feito em pedaços?
Apenas o tempo diria o que devia ser feito. Até lá, só lhe restava esperar e manter o foco no seu lado profissional.