Bruno
O que o Rael diz me preocupa, não posso acreditar nisso. Puxo o Beck tentando assim relaxar mas não adianta, mais uma vez deu merda pô, sempre da merda!
Júlia: O que tá acontecendo contigo!?
Bruno: Eu é que pergunto amor, vi tu vomitando ontem a noite, só ontem foi duas vezes cara. - digo soltando a fumaça
Júlia: Deve ser por que a minha cozinha tava banhada em sangue! E com uma língua atirada em um canto!
É, tinha esquecido que ela viu toda a sujeira da cozinha, mas também depois da notícia que o Rael me deu, não lembrei de mais nada, eu mudei bastente depois da Julia mas ainda vive um monstro dentro de mim. Monstro esse que me perturba e me faz ter atitudes que me envergonho muitas vezes.
Bruno: Tenho que te passa a visão dum baguio bem f**a! - ela ergue uma sobrancelha e cruza os braços
Júlia: Aí! Solta, já estou acostumada mesmo!
Ela diz e senta na cadeira em minha frente, é estranho ver minha pequena sentada aqui nesta cadeira mas não me admiro dela ter vindo atrás. Desde ontem não fui embora deu uma passadinha em casa e depois de um banho rápido sai e não voltei, fico pensando em tudo que o Rael me falou, penso e repenso em me livrar desse cara, temo pela minha família e sei que alguma coisa tenho que fazer. Só ainda não decidi como vai ser.
Bruno: É o seguinte, uma vez, isso antes de nós voltar, eu tava bem louco como tu já sabe né. Então eu vendi uns baguio aí, errado, só que de propósito pra um dos chefes de uma grande facção no Uruguai, e agora ele tá atrás de mim. Se eu, você, ou Vitória sair do morro e ficar andando por aí, morre!
Eu tento dizer tudo o mais rápido e o mais seco possível, Júlia não diz nada ouve tudo atenta, curiosa e furiosa. Eu sei.
Júlia: Eu... Eu... Vai toma no cu!!
Ela termina a linda frese e sai batendo porta, é irmão o baguio é f**a mesmo. Querendo ou não. Essa e a vida no tráfico. Luta em cima de luta e nada, absolutamente nada de bom. Mas a vida continua e estamos aqui pra lutar e vencer. Nem sempre tem vitoria mas lutamos independe do que aconteça.
Passo algumas ordens e checo algumas coisas depois pego o caminho de casa, só penso em dormir tô acabado. E ainda mais tarde quero ir no posto ver o Menor. Não curto essas parada de sentimento, sei lá véio, parece que to dizendo te amo, me importo. Na verdade eu ir ver ele significa isso, e é isso. Eu me importo é claro. O problema é que o ogro aqui não sabe demonstrar sentimentos.
Subo pra casa devagar, vendo as crianças brincarem no parquinho, alguns no campo jogando bola, semana que vem é dia das crianças e já mandei preparar uma festona pra criançada aqui.
***
Assim que abro a porta Vitória vem correndo me abraçar e eu abraço forte minha pequena, sentindo seu cheirinho maravilhoso, isso é tudo pra mim, minha calmaria e nada nem ninguém no mundo vai tirar isso. Prometi pra mim mesmo proteger minha filha de tudo e de todos.
Brinco um pouco com a Vitória, e depois subo ver o que a Júlia tá aprontando ja que não está na sala, digo que não é pra Vitória sair pra rua e dou um beijo carinhoso na minha pequena.
Abro devagar a porta, e ouço o choro da Júlia vindo do banheiro então caminho rápido até lá e forço a porta pra abrir, já que ta trancada
Bruno: Amor? O que foi? Se é por que não podemos sair do morro, foi m*l vida
Júlia: Foi m*l?! É isso que tu tem pra me dizer ridículo? E como fica minha vida? E minha filha? Esse cara pode ir atrás da minha família, boca aberta!
Bruno: Não Ju, ele nem sabe que somos casados, tenho x9 lá. Ele só vai saber se nós ficar andando por aí, tu pode sair do morro, com segurança junto é claro, quem não pode sou eu
Ela não diz nada apenas da um soco na porta do banheiro e chora. Caminho até a cama e me jogo deitando de barriga pra cima e suspiro pesado com um bolo em minha garganta, eu só faço merda cara! Depois de algum tempo ouço a porta do banheiro abrir e limpo as lágrimas que escorre pelo meu rosto.
Bruno: Desculpa Ju - digo assim que o pequeno ser senta na beira da cama
Júlia: Cala boca! Eu tô grávida
Bruno: Quê!? Como!?
Ela me olha com uma sobrancelha erguida e noto a cara vermelha de choro, mano eu não esperava por isso. Não mesmo
Abraço minha mulher e coloco a mão sobre sua barriga
Bruno: Então tu tá grávida e não gorda?
Ela me empurra e me olha incrédula, eu solto uma risada ao ver a expressão mais linda do mundo
Bruno: Eu te amo de qualquer jeito Ju, não é teu corpo que eu amo e sim a mulher que tu é, tu sempre vai ser minha pequena menina, a menina que vou proteger pro resto da minha vida. Eu prometo
Estranho eu falar isso. Meio viado no meu ver. Mas aprendi a ser diferente. Júlia começa um choro frenético, abraçada em mim e eu choro também, sou homem mais choro, pelas minhas meninas eu choro, mato e morro sem pensar duas vezes.
Acaricio seus longos cabelos negros e beijo seu ombro enquanto ela continua abraçada em mim
Bruno: Bamo fazer uma festa, quanto tempo será que tu tá?
Júlia: Não sei, amor que bom que tu reagiu bem, eu até fiquei com muito medo, lembrei do dia em que soube que tava grávida da Vic - diz de um jeito envergonhado
Bruno: Isso é passado vida, e meus filhos é o melhor presente que tu poderia me dar, eu te amo muito, obrigado por fazer de mim esse novo homem. Quando eu te vi pela primeira vez tu roubou meu coração. Me fez sentir coisas que eu jamais havia sentido e jamais pensei que fosse sentir.
Beijo minha mulher com carinho e com sentimento de agradecimento, e logo pego celular e ligo pro Rael que atende no quinto toque
Meu mano fica mó felizão por mim, só falta o Menor aqui pra completar minha felicidade quero meu mano bem
Bruno: E o Menor? Falou com a Amanda?
Eu deito e puxo a Júlia pra deitar no meu braço ficando de conchinha, enquanto fico cheirando seus cabelos
Júlia: Sim, ele tá bem tá reagindo super bem
Bruno: Que bom. Quero brota lá depois
Vitória: Ninguem foi brincar comigo
De repente ouço aquela linda voz, adentrando o quarto, puttz logo agora que eu ia dar uma trabalhada na patroa. Puxo Vitória pra cima da cama e quando eu ia contar a novidade a Júlia se entromete
Júlia: Vi, mamãe tá grávida tu vai ter um maninho filha
Vitória: Tu vai comprar um mãe? - minha pequena pergunta eufórica com um sorriso largo no rosto
Bruno: Filho a gente não se compra Vi, agente faz eles
A Júlia me cutuca com o braço e a Vitória me olha com uma carinha linda de quem não entendeu nada
Júlia: Teu maninho, ou maninha tá crescendo aqui na minha barriga. Depois quando ele tiver pronto o médico vai tirar
Vitória: Ah. Mas como ele entrou aí? Tu vai fica com barrigão igual quando eu tava aí dentro?
E lá vamos nós tentar explicar pra menina curiosa.
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Júlia
15 dias depois
Estamos aqui no consultório médico esperando nossa vez de sermos atendidos, o Bruno caminha de um lado pro outro tenso e eu reviro o celular vasculhando tudo pra vê se passa o tempo mais rápido, hoje vamos fazer uma ultrassonografia pra ver o bebê pela primeira vez. Já amo muito.
Bruno: Eu sou o chefe daqui p***a, devia ser atendido primeiro. Sou eu quem paga as contas daqui!
Júlia: Te aquieta vivente! Nós só vamos entrar na nossa vez, não é nada de risco pra eu passar na frente
Decidi fazer no posto do morro meu pre-natal que fica em anexo com a upa já que o Bruno ta enrolado com um cara lá da p**a que pariu.
Bruno: Eu tô em risco, tô quase infartando aqui!
Depois de uns 30 minutos somos chamados e adentramos uma pequena sala, seguindo uma enfermeira já de idade.
Bruno: Demoro em tia?!
******: Desculpa patrão, não vai se repetir
Júlia: Bruno! - bato de leve no braço dele
*****: Deita na maca minha querida, e levanta bem o vestido, talvez a doutora queira fazer uma ultra transvaginal, mas isso ela vai ver
Ela me arruma com paninhos em volta da minha calcinha pra não molhar com o gel, e sai
Bruno: Que é transvaginal?! - ogro me pergunta de braço cruzado e cara fechada - Pela v****a, ela enfia um negócio que tem uma pequena câmera na ponta, e dá pra ver o bebê
Bruno: Não mesmo! O único que enfia alguma coisa aí sou eu!
Ele diz fazendo sinal de não com o dedo eu caio na gargalhada, esse homem tem cada idéia
Não demora nada e a médica entra na sala, talvez a enfermeira já tenha avisado que o senhor manda chuva é estressadinho
Dr: Bom dia - diz sorridente
Bruno: Poderia ter sido melhor, se o atendimento fosse mais rápido né doutora!
Dr: Me desculpa, é que aqui é corrido. Hoje eu tava ajudando na sala de sutura. - ela diz sem jeito
Júlia: Tudo bem doutora, nós entendemos, desculpa meu marido, é que ele é meio ogro
Sorrio mas o Bruno continua de cara fechada, bravo, o criatura difícil
A doutora me faz algumas perguntas e diz que vai começar por cima e talvez se ficar difícil de enxergar ela faz a transvaginal, já que não sabemos de quanto tempo eu estou. Bruno não gosta nada, mas ele não tem quer
Dr: Vamos descobrir quanto tempo você está, e vamos ver esse bebê
A dr não é a mesma que fez meu pré natal da Vitória, mas é muito querida
Ela joga o gel e passa o negócio na minha barriga, o monitor não está virado pra mim e pro Bruno que agora está ao meu lado segurando minha mão.
A dr, mexe mais uma vez e nos olha, ela tá estranha
Júlia: Algum problema?
Bruno: Fala logo! - caminha pra perto dela nervoso
Ela não diz nada apenas vira o monitor para mim, dando a visão de duas manchinhas brancas em meio a grande escuridão
Bruno: Que isso aí?!
Dr: É gêmeos
Bruno: p**a que pariu! c*****o mano! Que daora, é sério isso ou tu tá de caô? Por que se tu tiver tu vai pro pneu!
Ele ameaça enquanto coloca uma mão no peito demostrando que esta assustado.
Dr: Não senhor, por favor eu tenho filhos. Vocês são jovens e os bebês vão nascer com saúde, eu não tenho culpa não!
A pobre da doutora tremia mais que vara verde coitada e seus olhos logo se inundaram
Bruno: Fica quieta tia, eu quero saber se é dois mesmo? Que show mano!
O Bruno tava muito feliz, eu também é claro mas estava em choque. E óbvio, com vergonha da cena que ele ta fazendo.
Dois? Eu não esperava por isso.
Dr: Sim é sério - afirma enquanto tenta se manter mais calma
Nossa pobre mulher, quase morreu do coração. Minha boca tá seca, tô paralisada na maca já o Bruno tá eufórico e aposto que já quer liga pro Rael.
Esse meu ogro não tem jeito.