PAR PERFEITO

1538 Words
NICO Acordei com Samantha abraçada ao meu corpo, normalmente, era o contrário, ela quem acordava cedo e eu quem estava abraçado a ela, mas eu estava tão eufórico que não nem conseguido ne dormir direito. Na noite anterior, ela disse que confiava em mim, e eu senti a garota que antes dava um passo atrás toda vez que eu me aproximava, totalmente entregue a mim. Eu sabia que ela não gostava de mim na mesma medida que eu era louco por ela, mas eu sentia que podia faze-la me amar. Olhei para seu rosto iluminado pelos poucos raios de luz que ultrapassavam a janela, ela era incrivelmente linda. Eu queria ficar ali, o dia todo, tendo-a perto ao meu corpo, mas, ela sempre saia quando acordava. — Nico? - chamou baixinho abrindo os olhos cor de mel lentamente. — Bom dia - sussurrei beijando o topo de sua cabeça e ela sorriu sem mostrar os dentes. — Bom dia - bocejou — Que horas são? - perguntou passando as mãos nos olhos. — Dez e pouquinho. — p**a m***a! - exclamou sentando-se de uma vez na cama. — Que foi? - perguntei assustado. — Eu tenho trabalho pra fazer, marquei de encontrar com Klaus na biblioteca, eu devia estar lá já! - ela levantou e calçou os coturnos rápido. - Eu tenho que ir, ele vai me m***r, que inferno! - Sabina correu pro banheiro e saiu de lá poucos minutos depois. Eu ainda estava na cama, odiando ter que deixa-la ir. — As nove eu te pego... - avisei vendo ela se aproximar. — As nove. Sabina deixou um selinho em meus lábios e saiu do quarto correndo, mas voltou antes de fechar a porta. — O que a gente vai fazer mesmo às nove? - ela abriu um sorriso inocente e eu bufei. — Nosso encontro? — Certo. Nosso encontro. E ela saiu outra vez. × Parei o carro em frente ao prédio do dormitório onde Samantha vivia com as meninas. Eu já havia mandado mensagem avisando que tinha chegado, mas nada dela aparecer, quando peguei o celular para enviar outra mensagem, ela apareceu, mas não saia do dormitório, estava chegando. — Nico... - ela acenou. Seu rosto estava triste e cansado. Imediatamente, fui de animado para preocupado. — O que aconteceu? - perguntei ao sair do carro e caminhando até ela. — Você não parece bem. — Jessie está passando m*l desde cedo... - respondeu me abraçando. — Fui comprar remédio pra ela - ela ergueu uma sacola de papel — Vou levar isso pra ela, me visto e já venho. — Se você quiser ficar com a Jessie pode ficar - eu disse antes que ela se afastasse — Eu entendo. — Jessie deixou claro que ou eu vou nesse encontro com você, ou, não seremos mais amigas. Ela está apenas de ressaca. -explicou — Eu desço em quinze minutos. — Te espero. Vi ela entrar no prédio correndo e sair alguns minutos depois. Ela estava vestida exatamente igual. Um moletom, mas o que antes era preto virou um branco com capuz, uma calça jeans clara e um tênis. Seu cabelo liso estava amarrado em um r**o de cavalo alto e ela trazia nas mãos apenas o celular. Eu adorava o quanto ela ficava linda totalmente produzida para festas ou simplesmente usando roupas "normais". Ela ficava linda de qualquer jeito. — Onde vamos? - ela perguntou entrando no carro e se inclinou para me dar um beijo, mas se afastou antes que eu pudesse corresponder a altura. — Eu não sei. - admiti dando a partida. — Não sabe? - me olhou indignada. — Pensei que poderíamos, sei lá, só dar uma volta por aí... - limpei a garganta, voltando a olhar para frente. — Está me escondendo algo? - perguntou. — Oi? — Pra onde vamos? — Não sei. — Nico! — Tudo bem, vamos pra um drive-in abandonado ver as estrelas. — Mesmo? - sua voz estava cheia de animação, isso me deixou feliz. — Mesmo. — Eu nunca fui em um cinema ao ar livre. - ela revelou procurando algo no rádio. — Você gosta? — Eu ia sempre quando era pequeno com a minha mãe, ela amava ir - expliquei surpreendendo-me. Eu não falava daquele assunto pra ninguém. Mas com Sabina era sempre assim, as coisas fluiam naturalmente. — Então deve ser muito importante pra você... — Sim. É. - assumi. Sam não disse mais nada e eu agradeci por isso. Passaram quase meia hora até que chegássemos ao lugar abandonado. Ouvi Samantha cantar praticamente o caminho todo. Vez ou outra, eu fazia uma pergunta qualquer, as vezes ela. Ficamos em silêncio boa parte do tempo, mas era confortável. Ela saiu primeiro do carro, super animada. — Cuidado, tá escuro. - alertei saindo do carro e pegando no porta-malas algumas sacolas que eu havia trazido comigo com coisas que usariamos essa noite. — Onde vamos ficar? - ela perguntou. — Ali. - apontei pra uma caminhonete no meio do mato baixo, que crescia no local que antes era o drive-in que eu costumava frequentar com a minha mãe. Eu tinha alugado a caminhonete, para que ficássemos na parte de trás, deitados. Eu tinha estado ali antes e coberto o piso com alguns edredons, várias almofadas, repelente e spray pra insetos. Samantha subiu num pulo, antes que eu pudesse agir como um cavalheiro e ajuda-la, então me ajudou com as sacolas e em seguida eu subi. — O que achou? - perguntei. — Eu amei, Nico - ela disse já sentada tirando seus tênis. Me sentei ao lado dela e comecei a tirar as coisas de dentro das sacolas. Eram vários pacotes de doces, salgados e algumas bebidas. — Eu gosto disso... - Samantha disse pegando um pacote de bala de goma meio agridoce, meio cítricas, que começavam açucaradas e então, ficavam amargas, era uma explosão de sabores. Ela abriu rápido e embalagem e colocou um na boca. Ela pegou um levou até minha boca, deixei que ela me desse e senti o ardor em seguida. - Gosta? - assenti. - Umas das melhores coisas dos Estados Unidos são isso aqui - ela disse enfiando outro na boca. — No México não tem desse tipo, e olha que eu procurei... — Já esteve aqui antes da faculdade? — Algumas vezes. Breno vive viajando, e eu o ia com ele algumas vezes, principalmente depois de me formar no Ensino Médio... - explicou pegando uma latinha de refrigerante de uva. — Não sente falta de casa? — Meu lar é aqui, ao lado das pessoas que eu gosto e que gostam de mim. — Penso exatamente como você... - me deitei, apoiando minha cabeça em suas coxas, Sabina não pareceu se importar, pelo contrário, ela sorriu. — Você não se dá bem com sua família? Você nunca fala deles. — Você também não. - ela acusou. - Parece que nos conhecemos a tanto tempo, mas tem coisas que não fazemos ideia um do outro... — Tem razão. O que quer saber de mim? - perguntei. Eu estava disposto a contar qualquer coisa a ela. - Não sei. Me fala da sua família, sei lá. - Meu pai é advogado, tem seu próprio escritório. - comecei — Minha mãe morreu quando eu era bem pequeno e isso afetou muito meu relacionamento com meu pai. - Eu sinto muito Nico, não precisa me falar nada se não quiser... — Tá tudo bem, Sam - respondi olhando para céu escuro. — Ela morreu em um acidente de carro, segundo meu pai, eu sou o culpado, por isso não nos damos bem, ele foi um péssimo pai. Acho que nem se ela ainda estivesse aqui, as coisas seriam diferentes, existem algumas pessoas que simplesmente não nasceram para a paternidade - eu falei. Eu estava surpreso por simplesmente por esta contando tudo aquilo para Sabina. Era uma coisa só minha, mas eu estava disposto a dividir com ela. — Nico - Samantha me olhava perplexa. Senti sua mão macia apertar a minha. — Ele me batia muito quando eu era pequeno, se não fosse pela minha avó, eu não sei como estaria hoje - continuei — Ela me levou pra casa dela e cuidou de mim, só minha mãe tinha cuidado de mim com tanto carinho e amor. Eu a perdi alguns anos atrás. — Sinto muito - ela se curvou e beijou minha testa com carinho — Você não merecia ter que passar por isso. Ficamos em silêncio por algum tempo. — Vamos aproveitar o resto da nossa noite? - perguntou de repente. — Como você quer aproveitar? — Uuuuhm... - fez cara de pensativa e abaixou seu belo rosto, deixando-o bem próximo do meu meu. — Quero ficar agarradinha com você... - deixou um selinho em meus lábios. — Eu sou o que pra você? Um travesseiro?! — Sim - ela riu. Bufei deitando minha cabeça na almofada. Samantha desceu e deixou a cabeça em meu ombro. — Você entende de astronomia? - perguntou com o olhar vidrado no céu. — Não. Eu só vejo um monte de estrelinhas longe. — Eu também - assumiu frustrada e eu ri. — Viu, só? Somos o par perfeito.
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