CAFUNÉ

1112 Words
SAMY O dia amanheceu nublado, iria chover a qualquer momento. O clima estava frio e úmido e só por este motivo a passei a madrugada observando Nico dormir. Na noite anterior, havíamos firmado algo, não um namoro sério, só tínhamos uma coisa nossa. E pela primeira vez, em muito tempo, eu não sabia como agir, eu estava com vergonha, confusa e estranhamente feliz... O misto de sentimentos era grande demais para poder ser explicado. Nós entramos na sua casa de mãos dadas e comprimentamos algumas pessoas, a maioria delas falava com Nicolas, já que ele era o anfitrião da festa. Então, depois, ele me arrastou até seu local particular, onde estavam Klaus e Liam. Nico fez um toque com os dois meninos, que não disfarçaram o olhar pra nós e nossas mãos dadas, o que me fez querer soltar, mas Nico estava segurando forte demais para que eu pudesse. Era como se ele soubesse que eu estava prestes a fugir como uma gatinha assustada. — Liam - eu acenei pro moreno bonito que sorriu de lado pra mim — Oi, gatinho... - dei um beijo na bochecha de Klaus que retribuiu o gesto. Nos quatro começamos uma conversa normal. Até, Klaus arrastar Liam pra longe, me deixando sozinha com Nico. Nós nos olhamos e rimos. Ele estava tão sem graça quanto eu, mas então, ele começou a fazer perguntas bobas. Ele me fez perguntas banais, que segundo ele, eram importante pra nos conhecermos melhor. Passamos a noite toda nisso, cada um perguntava uma coisa e o outro tinha que responder. Depois, começaram as piadas sem graça de Nico, eu rachava de rir, eram tão bobas que acabavam ficando engraçadas. Nossos amigos, estavam ocupados demais com sua vida para prestar atenção em nós... Era isso que eu queria que fosse, mas parte de mim dizia que eles estavam fazendo isso de propósito, para dar um tempo pra nós. Era quase duas da manhã quando o cansaso me venceu e eu deitei minha cabeça em seu ombro. Nico entrelaçou nossos dedos de forma carinhosa. — Quer ir pro meu quarto? - perguntou. Eu aceitei de bom grado, eu só queria deitar e relaxar. Subimos pro seu quarto, mas quem acabou dormindo foi Nico. Ele acabou adormecendo com a cabeça em meu colo, quando eu tomei a iniciativa de fazer carinho em seu cabelo macio. Mas, mesmo com ele adormecido, eu continuei sentada na cama, perdida nos pensamentos que povoavam minha mente conturbada: Como vai ser daqui pra frente? Eu um dia vou ama-lo? Eu o amo? Sinto só atração? O que ele sente? É verdadeiro? Vai durar? Vamos sofrer? Eu vou sofrer? Eu vou faze-lo sofrer? — No que tanto pensa, Samy? - A voz rouca e sonolenta de Nico me fez voltar a realidade. — Nada importante... - sussurrei e comecei a fazer carinho em seu cabelo novamente. Eu gostava daquilo. Seu sorriso discreto me fez notar que ele também. — Você dormiu? — Ah, eu cochilei.. - menti. Não ia dizer que tinha passado todo a madrugada observando seu sono. Eu ri comigo mesma. Ele chegava a ser angelical dormindo. — Tá com frio? - Perguntou. — Só tá usando esse pedaçinho de pano.. - ele apontou pro meu top, que fazia conjunto com a calça preta que estava jogada em algum canto do quarto. Sim, eu só estava de calcinha, mas não me sentia desconfortável com isso. Nico não me deixava desconfortável em momento algum. — Não muito... — Vem aqui... - ele me puxou de uma vez, me fazendo deitar ao seu lado. — É estranho agir assim... - disse, mas pela sua cara, percebi que era mais pra ele do que pra mim. — Assim? - perguntei movida pela curiosidade. — É... Tipo, assim.. - ele apontou pra ele mesmo. — Tão carinhoso. Eu não sou assim. Mas eu quero ser assim com você. Não parece muito brega pra você? Eu ri. Também achava estranho tudo aquilo. E era completamente brega, breguissímo. Mas Nico não estava forçando a barra, eu sentia que era tudo espontâneo. E eu realmente gostava daquilo. Gostava pra c*****o. — Eu não conto pra ninguém. - respondi por fim. Nico gargalhou me fazendo sorri. Eu gostava da sua risada e gostava mais ainda de como seu cabelo ficava todo rebelde e bagunçado quando acordava. — Do que você tá rindo? - perguntou. — Oi? - franzi o cenho — Eu não tô rindo. — Tá sim... Fiz careta pra ele. — CARA! - a porta do quarto de Nicolas foi aberta de uma vez, por Jason, ele sorria. Seu sorria ia de orelha a orelha, mas um pouco e partiria seu rosto ao meio, era quase assustador. Eu olhei para Nico, que continuava na mesma posição e franzi o nariz mostrando a ele meu desgosto, mas ele só riu. Jason não pareceu se importar comigo na cama com o melhor amigo e entrou quase saltitante no cômodo. - Eu e a Amanda fizemos as pazes, finalmente! — Que bom cara, tava na hora! - Nico levantou e fez um toque com o amigo. Eu me afundei mais nos travesseiros, revendo os olhos com a notícia. — E agora é tudo sério, bro, vamos preparar o terreno e contar tudo pra minha irmã... - Jason disse novamente eufórico, ele parecia nas nuvens. — Eu vou indo, desculpa pelo incômodo, vou deixar os pombinhos a sós! Eu saiu do quarto tão rápido e alegre quanto entrou. — Espero que ele não machuque minha amiga... — Ele gosta da Amandinha - Nico disse sentando-se novamente — Tipo, muito mesmo. — Ela também gosta dele, mas isso não vai me impedir de arrancar as bolsas dele se ele magoar minha amiga - ameacei séria. Nicolas começou a rir feito um louco. — Eu estou falando sério - eu disse cruzando os braços. — Eu sei. — Pode me dar minha calça? - pedi e ele fez rapidamente, me entregando a peça de roupa — Eu acho que já vou indo. - anunciei me levantando da cama. — Já? - fez beicinho. — É. - eu caminhei até o banheiro e me tranquei lá, me encostando na porta. Eu não sabia como agir, o que falar, o que pensar. Eu não queria me apegar, mesmo com toda aquela "declaração", eu estava com o pé atrás. Talvez Breno tivesse razão, talvez Nico. fosse como meu ex b****a. Balancei a cabeça. — Para de pensar besteiras, Samantha... - liguei a torneira e lavei meu rosto. — Não seja tão paranóica - eu olhei meu reflexo no espelho — Nicolas não é como ele. Ele é um garoto incrível. Um garoto estupidamente incrível.
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