Capítulo 4

1829 Words
A Rebeca ficou quieta só concordou, já era de noite, ela tomou banho chorando, quando saiu do banheiro a Estela estava deitada aparentemente dormindo, já tinha desligado a televisão e a luz, depois de ter amanhecido acordada na noite anterior, a Rebeca conseguiu dormir, mais acordou de madrugada agitada com um pesadelo, depois disso ela não dormiu mais, de manhã quando o despertador da Estela tocou, ela logo levantou, saiu do quarto, a Rebeca ficou deitada como se estivesse dormindo, logo foi para a cozinha dos empregados e ouviu do corredor a Estela falando dela - Por favor?! Ela é muito estranha, ficou chorando falando sozinha gritando a noite toda. Eu fiquei morrendo de medo, já viu a maneira que ela olha pra gente? Parece uma sociopata! Essa garota é perturbada. Não quero dormir mais nenhuma noite com ela! Enquanto ela ouvia foi se sentindo mau querendo chorar, resolveu voltar para trás, ao se virar bruscamente trombou com o Ramon que estava parado bem atrás dela em silêncio fazendo o mesmo que ela, espionando, ela se assustou quase caiu, ele falou baixinho - Você não devia ficar ouvindo a conversa dos outros. Ela estava chorando ficou quieta abaixou a cabeça e voltou para o quarto, logo a Iolanda foi lá chamar ela pra conversar, disse que ia mostrar a casa e passar a lista de tarefas dela, deu um uniforme igual da Estela, era uma calça preta confortável, uma camiseta lisa também preta e tênis, quando a Rebeca se vestiu a Estela falou se maquiando olhando ela pelo reflexo do espelho - Vai tomar café logo, o dia vai ser longo hoje. Ela foi para a cozinha sozinha, não tinha ninguém lá, a mesa estava arrumada com pães, bolo, suco, leite, ela pegou só café preto, encostou na pia ficou olhando para o nada distraída, o Ramon entrou mexendo no celular, ela abaixou o olhar evitando olhar, ele falou pra ela - Cadê seu celular? Ela disse que estava na bolsa, ele falou sério - E a bolsa vai conversar com quem? Em que mundo você vive menina? Ela o encarou falou irônica - Em um bem diferente do seu provavelmente. Ele falou bravo - Se ele te deu um celular, é pra você carregar junto de você. E atender quando te ligam! Vem, vamos lá fora. Ele foi andando na frente, atravessou o jardim pelos fundos, foram até o canil, tinham vários cachorros presos, todos de porte grande de raça, estavam agitados latindo bastante, ela ficou olhando reparando na estrutura do canil, logo o Ramon deu um assobio e os cachorros ficaram quietos, ele começou conversar no celular, passou pra ela, era o Noah, ele perguntou se ela tinha lembrado de algo, ela disse que não, ele respondeu - Tenta fazer as coisas, seguir com a vida, a Iolanda vai te manter ocupada, me falaram que você não tá comendo. Ela falou sem jeito - Eu tô tentando. Não vou ser um problema pra você, eu aprendo rápido e não vou falar nada pra ninguém. Não precisa se preocupar! Ele perguntou dos remédios, se ela estava tomando certo, ela disse que acabaram, ele respondeu - Vou pedir para o Ramon comprar, faz a lista de tudo oque precisa, qualquer coisa e entrega pra Iolanda! Vou demorar uns dias pra voltar ainda. Ela só disse " aham/ tá bom " ele pediu pra falar com o Ramon, deu algumas instruções, ela ficou olhando os cachorros entretida, acabou colocando a mão na grade e levou uma mordida da Nora, uma rotwailer enorme e traiçoeira, na hora ela gritou com o susto se afastou sentindo a mão arder pingando sangue, o Ramon correu até ela segurou na mão pra ver melhor, falou reclamando - Foi fundo, acho que vai precisar tomar ponto. Nora você não pode fazer isso, ela é nova aqui. Porque você tinha que ir mexer logo com ela? A Nora tá com cria, anda irritada e instável. A Rebeca ficou quieta aguentando a dor calada, ele a levou para dentro, chamou a Iolanda, rindo a Estela falou olhando a mão da Rebeca - A Nora fez isso?! Que levada, ela só gosta de quem a doutora gosta sabia. Tá bem feio, que nojo. A Iolanda falou mandando que era pra Rebeca ir pegar os documentos, pra ir no pronto socorro, ela falou sem jeito - Não estão comigo. Acho que não precisa de ponto, só vou tomar remédio, anti-inflamatório. A Iolanda falou - Leva logo essa menina daqui pra dar um jeito nisso. Aproveita e compra os remédios dela, já cedo tive que ouvir um monte, como se eu fosse babá da bonitinha. A Rebeca ficou quieta super desconfortável com tanto ataque gratuito, foi para o quarto pegar as receitas, a Estela foi junto pra ajudar, ficou lendo as receitas arqueou as sobrancelhas fez caras e bocas, o Ramon chegou na porta, falou - Tá pronta? A Rebeca balançou a cabeça que sim, foram saindo os dois juntos, ao chegar no carro ele abriu a porta pra ela, perguntou se ela estava se sentindo mau, se tinha medo de sangue, ela balançou a cabeça que não, ele respondeu - Você tá pálida, mais que o normal. Se quiser vomitar me avise que eu paro o carro. Se vomitar aqui dentro não vai ser bom! Ela respondeu irônica olhando para a janela - E oque seria bom vindo de mim nesse lugar? Vai esfregar minha cara no vômito, me fazer comer, deixar eu voltar a pé... Ele falou sério - Não, só vou fazer você limpar. Que tipo de pessoa faz alguém comer o próprio vômito? Tá assistindo muita televisão em! Ela ficou quieta todo o trajeto, quando chegaram no pronto socorro ele falou que ia esperar no carro, ela entrou meio perdida, logo ele foi atrás, chegou na recepção resolvendo tudo, ela já foi atendida, tomou alguns pontos, ao sair com mais uma receita de remédios, falou pra ele que precisava ir na farmácia, era do outro lado da rua, ao entrarem ele foi direto no balcão com as receitas, ela aproveitou pra dar uma olhada nos corredores, parou pra ler o rótulo de um shampoo, ele chamou por ela da ponta do corredor, o farmacêutico queria tirar algumas dúvidas, ela devolveu o shampoo na prateleira e foi lá ver, nem soube falar nada direito, só disse que tinha problemas para dormir, enquanto esperavam ele disse que era pra ela pegar o shampoo e qualquer outra coisa que precisasse, aproveitar que estava na cidade, ela foi pegar shampoo, absorvente, lâmina de barbear, desodorante, hidratante corporal, tudo do mais barato, nem cheirou ou escolheu nada, colocou na cestinha e ficou de canto, ele chamou uma atendente, foi trocando tudo por marcas melhores, a Rebeca ficou esperando no canto, ele se aproximou com a atendente, ela falou pra Rebeca - Você usa máscara matizadora? Quer um condicionador mais reconstrutor ou mais hidratante? Ela falou confusa - Não sei oque é isso, máscara. E eu não uso condicionador! Foi constrangedor a atendente dizendo com espanto - Como assim ?! Precisa usar, para selar as cutículas do fio. O shampoo ele abre limpando e é necessário o condicionador para fechar. A máscara vai tratar o cabelo, essa aqui tá na oferta olha. Se sentindo incomodada a Rebeca sorriu e falou séria - Eu só uso shampoo. Mais muito obrigada pela atenção! Desconcertada com ela, a atendente se afastou, foram para o caixa, ficou mais de R$600,00 tinham muitos remédios, alguns mais caros, de uso controlado até, ela falou para o Ramon quando saíram - Pra que vou passar algo laranja no meu cabelo se ele já é assim naturalmente?! As pessoas sempre acham que é fácil tirar vantagem de gente como eu. Viu como ela me tratou, como se eu fosse i****a. Ele falou irônico - E suponho que você não seja i****a? Ela respondeu séria - Gosto de achar que sou esperta, é difícil admitir a verdade as vezes. Ele concordou, disse que ia passar em um lugar rápido, mais que era pra ela ficar no carro, pegaram a rodovia ela acabou adormecendo, no pronto socorro tinha tomado remédios fortes, após ter mais um pesadelo, acordou assustada chorando se sentindo mau, ela estava sozinha fechada no carro, tirou o cinto de segurança as pressas, tentou abrir a porta, o vidro, não conseguiu, ela se encolheu chorando com a cabeça apoiada nos joelhos, logo as portas se destravaram, o Ramon abriu pelo lado do motorista, falou com ela perguntou oque tinha acontecido, ela levantou a cabeça estava perdendo o fôlego de tanto chorar, ele deu a volta correu abrir a porta pra ela, tirou ela do carro, ficou um pouco próximo, gritou pra alguém pegar água, logo uma moça se aproximou, a Rebeca tomou a água, se acalmou um pouco, devolveu o copo agradeceu, a moça se afastou, ele falou - Podemos ir? Tá melhor? Ela balançou a cabeça que sim, não disse nada o trajeto todo, nem dormiu mais, chegando de volta a casa, ela entrou calada a Iolanda fez perguntas, o Ramon que respondeu, a Rebeca só perguntou oque tinha pra ela fazer, a Iolanda falou com estranheza encarando ela - Nada não. Com essa mão nem vai adiantar. Vai para o quarto, andar no jardim, só não mexe em nada. Daqui a pouco vamos almoçar! Ela foi para o quintal, encontrou o Ayres vindo do canil, ele falou brincando - E aí? Tá doendo? Quer mais uma? Mordida? Ela respondeu séria - Não foi nada demais. Eles ficam presos? Dá pra entrar lá sozinha? Ele falou - Dá sim. Ficam quase sempre. Só não põe a mão neles! Ela sorriu mostrou a mão e disse indo em direção ao canil - É, eu já aprendi a lição. Ela foi até lá falou com a Nora - Achou que ia me evitar facilmente né?! Ela andou por lá, olhou todos os cachorros, sentou perto da Nora, ficou em silêncio pensando por mais de uma hora, até que a Estela entrou falando - Achei você, que droga. Tô te procurando a um tempão, não vai almoçar? Credo levanta desse chão! Não sei como você tem coragem de ficar aí perto depois do que ela fez. A Rebeca falou levantando - Você é sempre assim? Acelerada, uma matraca? A Estela falou irônica - É e você é sempre assim estranha? Prefere os animais do que as pessoas? A Rebeca falou no mesmo tom de voz irônica - As vezes, é que tem muita gente pior que animal. As duas foram entrando, na cozinha estavam almoçando o Ramon e o Ayres, a Rebeca foi beber água, os dois estavam conversando sobre um filme debatendo, a Estela entrou na conversa, começou rir contrariando o Ramon, foram interrompidos pela Iolanda que entrou na cozinha puxando a Estela pelo braço bruscamente, mostrou algo que estava nas mãos, deu dois tapas no rosto dela, falando muito brava - Oque é isso? Você tem muito oque me explicar!
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