PVO DE LYLY
Cade sempre foi um rosto familiar. Ele era popular, um astro do futebol americano e sempre tinha uma garota nova em seu braço a cada semana. Nós nunca nos encontramos ou conversamos, mas sempre admirei sua graça carismática e aparência de bom moço. Quando ele sorria, nunca para mim, meu coração disparava. Nossos caminhos nunca se cruzaram. Flutuávamos em órbitas diferentes. Eu nem sabia que ele me via, que ele notou minha existência, até aquele dia em que eu queria desistir da minha vida completamente. Cade permaneceu em silêncio por alguns minutos, apenas acariciando meus cabelos escuros, macios. "Você não sente?" ele perguntou, segurando meus dedos e guiando minhas mãos até seu coração pulsante.
Minha respiração ficou agitada enquanto ele me olhava nos olhos, seus olhos profundos azul-azure, encontrando meus olhos verdes claros. "Você é minha, Lily. A deusa te destinou para mim. Eu sinto isso tão intensamente no meu peito, dói até mesmo olhar para longe de você. Você não sente?"
Engoli em seco e neguei com a cabeça. Não. Eu não conseguia sentir. Meu lobo era praticamente inútil em me ajudar com coisas normais de lobisomem, como mudar de forma, sentidos aprimorados e velocidade, muito menos encontrar meu par.
Ainda assim, sempre fui atraída por Cade. Sempre o procurava em uma multidão, mesmo quando ele nem sabia o meu nome.
Isso tem algum significado, certo?
"Não se preocupe. Vou esperar até você ter 18 anos para dizer 'eu te disse'", ele sorriu para mim.
Sorri calorosamente. 18 anos, quando até mesmo aqueles sem lobo conseguiriam sentir mais intensamente e encontrar seus pares, aqueles destinados a completá-los.
Sinceramente, esperava que fosse o Cade. Eu poderia passar o resto da minha vida, amando-o.
E então sua boca capturou a minha em um beijo apaixonado que senti até mesmo nos meus dedos dos pés. Foi uma sessão de amasso pesada, que poderia facilmente levar ao sexo, mas ele recuou e me abraçou, satisfeito em me segurar firme contra seu peito nu, enquanto seu m****o rígido esfregava contra minha b***a, coberto apenas pela minha simples calcinha preta.
Dormimos assim, entrelaçados, com suas pernas jogadas sobre a minha cintura e seus braços ao meu redor.
Mas quando acordei esta manhã... Cade não estava em lugar algum.
Uma sensação agonizante de angústia me dominou, mas a afastei e empurrei para o fundo da minha mente. Talvez ele tivesse algo importante para fazer e estivesse ocupado demais para me contar.
Pegando meu celular, mandei-lhe uma mensagem de bom dia e um "Eu te amo". E esperei.
Nada.
Nenhuma resposta. Ele costuma responder em questão de segundos.
Fechei o celular e dei de ombros.
Não importa. Não importa. Seja lá o que estiver acontecendo, descobrirei em breve e então conversaremos sobre isso. Ele não mentiria para mim. Certo? Ele não mentiria.
Meu coração apertou ao pensar em perdê-lo, em ficar sem o meu Cade para sempre. Em enfrentar mais o bullying. Não. Não posso pensar assim.
Fui para a escola, chegando ao meu armário com dez minutos de sobra antes da primeira aula. Estava apenas colocando os livros que eu precisava na minha bolsa quando senti.
Foi uma onda de desconforto que fez meu coração afundar no meu estômago.
"Você não ouviu? Ouvi dizer que ele transou com ela. Traidora é uma prostituta, assim como a mãe dela. Mostre um pouco de atenção para ela e ela vai te seguir como uma c****a moribunda. Corrigan jogou suas cartas certas."
Meu coração se apertou no peito, a dor me lavando quando ouvi seu nome.
Corrigan jogou suas cartas certas.
Mostre um pouco de atenção para ela.
Traidora é uma prostituta. Uma prostituta. Uma prostituta.
Com grande dificuldade, engoli em seco e fechei meu armário, minhas mãos tremendo quando peguei meu celular e tentei ligar para Cade.
Ele não atenderia. Ele não atenderia. Por que ele não está atendendo minhas ligações? Eu fiz algo errado? O ofendi de alguma forma? Será que ele sabe o que as pessoas estão dizendo?
Cade, onde você está?
Por favor... por favor atenda. Não faça isso comigo.
Não sabia que lágrimas ansiosas já rolavam pelo meu rosto até que meu celular apitou com uma mensagem. Meu coração se encheu de alegria e alívio quando vi que era do Cade.
Sempre houve algo estranho no meu relacionamento com Cade. Sempre pareceu bom demais para ser verdade. O garoto de ouro se apaixonando pela excluída e eles se tornando a inveja da escola. Nunca se deve confiar em algo que parece bom demais para ser verdade, e eu deveria ter sido mais esperta para pensar que um cara como ele se apaixonaria por uma garota como eu.
O nó em volta do meu pescoço afrouxou por um segundo antes de apertar com força novamente quando li sua mensagem.
"Pare de me ligar, Beauregard. Acabou entre nós. Tudo o que eu disse ontem à noite foi mentira. Tudo isso começou como uma aposta com os caras para ver se conseguíamos te destruir ainda mais. Eu sabia que você sempre teve uma queda por mim, mas você foi tão fácil, foi patético. Você caiu direitinho nas minhas mãos como eu sabia que cairia, implorando por sexo à noite, foi nojento. Não me ligue. Não me mande mensagens. O que tivemos não foi real. Eu diria que é um adeus, mas nem mesmo tivemos um olá decente."
Meu coração deu um salto gigantesco e meu celular caiu das minhas mãos trêmulas.
Não. Não. Não. Cade. Ele não pode fazer isso. Ele não pode!
Quando me abaixei para pegá-lo, alguém chutou longe do meu alcance.
Olhei para cima e vi as garotas que sempre me intimidaram desde o ensino médio sorrindo para mim.
Lana, a líder das garotas, se agachou na minha frente, segurando meu queixo, suas garras cavando na minha pele. Seus olhos vermelho-carnelian eram perversos e maldosos. "Reze para qualquer demônio que você sirva, Beauregard, porque as coisas estão prestes a ficar muito piores."
Antes de me socar no rosto, me nocauteando.
Mesmo enquanto a escuridão me consumia, mesmo enquanto caía no vazio, orei à deusa para que esta seja a última vez que eu tenha que abrir meus olhos e ver a luz novamente.