QUATRO - HUGO

1101 Words
HUGO PASSADO Fazia mais de uma semana que eu não via Paolla. Ela estava ocupada tendo aulas de etiqueta, segundo suas mensagens, e estava odiando isso mais que tudo, mas tínhamos que sofrer aquela tortura pois sua festa de quinze anos estava próxima, e mesmo que quisesse muito me ver - palavras dela - precisava se concentrar para acabar logo. "Vai vir a festa da Tia Virgínia?" Mandei a primeira mensagem do dia. Ela provavelmente viria com o pai, Tia Virgínia era famosa por suas festas, ela sempre fazia uma ou outra, e os portadores dos nomes mais poderosos da famiglia sempre estavam presentes. Paolla e seu pai eram um desses, mesmo que o homem estivesse decaindo cada vez mais por conta de uma doença degenerativa. — O que faz aqui tão cedo? - perguntei surpreso ao ver Vincenzo entrar na sala de luta vazia. Não era do seu feitio acordar tão cedo para treinar, ele gostava mais de estar preso numa sala resolvendo assuntos burocráticos, enquanto eu era o homem das cavernas dos dois. Deixei meu celular sobre meu casaco e cruzei os braços olhando para ele. — Cabeça cheia, precisava bater em alguma coisa - falou passando as mãos pelos cabelos. Havia apenas algo que o fizesse perder a paciência e ela começa com Katherine. — O que aconteceu dessa vez? - perguntei enquanto ele se livrava da minha jaqueta jeans e pegava as luvas de boxe. — O pai de Katherine pediu que meu pai escolhesse uma data para o casamento - respondeu e eu senti a raiva em suas palavras. Ele não devia falar assim do nosso Capo, sorte que a sala estava vazia, se algum superior estivesse ali, ele provavelmente seria punido, mesmo que fosse um Caccini. — É cara, game over. Sua família não pode desobedecer uma ordem do Capo. — Eu não vou me casar com Katherine - ele repetiu seguro de si, indo em direção a um saco de pancadas que sofreria uma pequena sessão de tortura agora. — Eu já disse para meus pais. Eles não podem me obrigar, sou maior de idade, p***a. — Você só pode assumir a cadeira de consigliere quando se casar, lembra? — Katherine não é a única mulher do mundo. — Não entendo você. Kathe é o melhor partido entre todas as outras, ela é perfeita pra você, cara - falei o óbvio e me afastei quando ele começou a socar o saco cheio de areia — Você é o Consigliere e ela a herdeira do Capo, não é perfeito? Você está sendo cabeça dura. — Case-se com ela, então. - disse entre socos. — Você sabe que não posso, eu tenho Paolla - me gabei dando de ombros — Você por acaso esta apaixonado? Amando alguém? Não que eu saiba, então, apenas vá em frente e se torne a p***a do homem mais poderoso do mundo. Sabe o que significa os sobrenomes Caccini e Benevintti juntos, não é? Nossa famiglia vai estar mais poderosa que nunca e- — Pare de falar como minha mãe - ele rosnou pra mim e eu revirei os olhos. — Se eu quisesse ouvir sermões eu teria ficado em casa. Certo. Tia Virgínia era bastante ambiciosa e Ângelo não ficava para trás, eles deviam estar tendo trabalho para convencer meu amigo teimoso a aceitar a proposta de casamento e, sinceramente, eu não entendia o motivo dele não querer. — Eu paro se você me contar porque não quer se casar com a Katherine. - provoquei e a resposta que ele me deu não era nada do que eu esperava. — Não a amo. Uau. Eu estava surpreso. Muito. E ele pareceu notar isso. — É errado querer se casar por amor? - sua voz saiu ácida. — Agora você está falando como uma adolescente, cara. - brinquei, mas eu não conseguiria me ver casando com outra mulher que não fosse Paolla. A ideia me deixava com náuseas. — Eu quero me apaixonar, quero me casar, ter uma família feliz. Sinto que não vou ter nada disso com Katherine. - ele deu de ombros. Certo. Eu não devia estar surpreso com isso, Vincenzo definitivamente era o tipo de pessoa que pensava assim e por alguns instantes eu me perguntei se, Paolla não existisse, eu sentiria isso também. — Ela não quer filhos, Hugo. Ela quer ser Capo e esse é seu único objetivo. — Ela precisa de um herdeiro. - eu disse o óbvio. Ela precisava de um herdeiro, um filho homem, para consolidar sua posição. — Ela não quer um. — Ela é louca. — É isso que estou tentando dizer, o tempo todo - ele me olha irritado — Não vamos ser felizes juntos e consequentemente, toda a famiglia vai sofrer. — Katherine não vai desistir de você - eu falei o óbvio novamente. Ela era um demônio obstinado. Todos sabiam disso. — Eu vou dar um jeito. - garantiu seguro. — Boa sorte - falei indo atrás do meu celular. Sorri ao ver que Paolla havia respondido. "Claro. Estamos indo ao ateliê ver um vestido" "E bom dia pra você também, Senhor Espósito!" Iria ver Paolla no fim de semana. Ótimo. Daria um jeito de rouba-la e passaríamos um tempo juntos. — O aniversário de Paolla está chegando não é? - Vincenzo comentou. — É. Ela vai fazer 15 em dois meses. — Peça ela em noivado - Vincenzo disse chamando minha atenção — Faça isso, antes que seja tarde demais. Suas palavras ecoaram por minha mente por instantes e o tempo pareceu parar. — Paolla é apaixonada por você. Isso é óbvio para todos. - ele continuou. — Aproveite a oportunidade e seja feliz. Pelo menos um de nós pode controlar a própria vida. Vincenzo estava certo. Meus pais nunca foram controladores e eu sempre fiz o que queria, depois que o grande Raul Espósito se foi, minha mãe acabou procurando várias formas de lidar com a perda e em poucos anos se tornou uma dependente química que provavelmente nem se lembrava que tinha um filho e muito menos que precisava controla-lo. Mas não a culpava por isso, nunca a culpei. Se eu perdesse Paolla, eu não sei o que seria de mim, provavelmente eu enlouqueceria. — Vai me ajudar a escolher um anel? - pergunto a Vincenzo abrindo um sorriso largo. Paolla é apaixonada por você. Meu coração estava pulando de alegria e eu não me importava se ele estava falando aquilo pra me consolar ou qualquer coisa, eu iria me prender aquilo para continuar até o dia em que ela se rendesse a mim.
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