JULIA
Chegamos aqui tem dois dias, este lugar é horrível, não é nada do que o Sérgio passou pra nós, foi tudo mentira, uma ilusão. Deito na cama morrendo de fome, enquanto Amanda tá " trabalhando" aqui nós só fizemos uma refeição por dia, e trabalhamos o tempo todo praticamente, sem receber nada por isso. E se reclamar passa fome e apanha. Sérgio pegou nosso celular e vem trazer ele uma vez por dia pra gente ligar pra casa, pra nossa família não desconfiar de nada. Aquele gentil também era mentira, Sérgio e m*l, na verdade é o cara mais m*l que ja conheci. Mesmo trabalhando anos no ramo da prostituição nunca havia passado por coisa parecida nem conhecido ser tão perverso como este.
Tem umas trinta meninas aqui, elas me disseram que às vezes vem compradores de fora busca garotas e que essa semana mesmo vem alguns deles. Pra ajudar em tudo ainda tem a possibilidade de ser vendida pra fora do país, ou ser morta pra ter os órgãos retirados.
Saio dos meu pensamento com o demo me chamando.
Sérgio: Vamo c****a! Levanta e pega esse celular e liga pra tua mãe, ela já ligou duas vezes, e não quero ficar me incomodando!
Pego o celular e disco o número, com preocupação.
Júlia: Oi mãe - digo assim que ela atende
Mãe: Oi ju, tu tá bem filha? Tive um sonho estranho contigo, tô tão preocupada
Naquele momento não consegui segurar as lágrimas, e comecei a chorar muito e logo senti o tapa em meu rosto, foi tão forte que caí da cama onde estava sentada deixando o celular cair e espatifar no chão.
Sérgio: Vagabunda, filha da p**a!
Ele pega em meus cabelos levantando assim meu rosto e começa a socar. Depois de uns três socos ele segura em meu pescoço e faz com que eu levante do chão, ele aperta com tanta força que a passagem do ar se torna cada vez mais difícil. Então ele me solta fazendo eu cair de volta. Ele vai até o celular cata as peças e sai do quarto caminhando devagar. Achei que estar aqui era horrível, mas horrível mesmo foi o que eu acabei de passar. Pensei que fosse morrer e isso me faz pensar que talvez eu seja vendida pra algum comprador maluco.
***: Tu ta bem? - uma das meninas vem me ajudar a levantar
Eu como garota de programa ja passei por muita coisa, mais apanhar nunca. Depois de me levantar deito novamente na cama e fico chorando baixinho pedindo em oração que tudo isso acabe de uma vez. De um jeito ou de outro.
Amanda: Quem fez isso n**a? - ela pergunta assim que vê meu rosto
Júlia: Sérgio, eu tava falando no celular com a minha mãe, ela disse que tava preocupada comigo. Eu não consegui segurar o chorro, e por isso ele me bateu
Amanda: Monstro! Eu quero que esse cara morra! Mas o pior tu nem sabe amiga. O cliente que eu tava agora disse tava só me experimentando, porque ele vai me comprar do Sérgio e vai me leva pra trabalhar na Rússia pra ele
Júlia: Meu Deus, isso não pode tá acontecendo!! Que pesadelo é esse que tá acontecendo na minha vida, por que isso?!
Amanda: Calma n**a, eu tenho um plano, eu vou ver se dona Maria me empresta o celular dela, e vou ligar pro Rael vou pedir ajuda
Júlia: Ela não vai empresta, ela tem tanto medo dele quanto nós. E Rael sabe de tudo? - perguntei tensa e já com vergonha. Não quero que ninguém saiba o que faço da vida
Amanda: Não. nunca disse que eu era garota de programa, mas só ele pode me ajudar. E tenho que tentar.
Quando deu 18:00 horas da tarde dona Maria entra no quarto, e eu e Amanda contamos tudo pra ela as meninas nos ajudam a convencer ela já que nenhuma de nós queria continuar ali iriamos tentar e tentar de todos os jeitos possíveis, dona Maria é a empregada do hotel das putas, como o lugar é conhecido, ela ficou horrorizada com o que Sérgio fez comigo e o que pretende fazer com a Amanda. Dona Maria apesar de trabalhar a tempo aqui não sabe muito bem o que acontece, o Sérgio mente pra ela ele engana e da desculpas o tempo todo, mas hoje nos contamos toda a verdade. Timtim por timtim. E sem pensar muito ela entrega o celular pra Amanda ligar pro Rael.
Dona Maria: Pega minha filha, eu não posso aceitar uma coisa dessas. Esse cara é um monstro, eu nunca podia imaginar uma coisa dessas.
Amanda: Rael?
Nesse momento Amanda ja chorava muito, mas o mas difícil é que não podia ouvir toda a conversa, o que me deixava muito aflita
Amanda: Sim, tô no hotel das putas, Rael, eu tô sendo obrigada a f********o, sou espancada e abusada todos os dias desde que cheguei aqui, e agora o dono me vendeu, sábado que vem eu vou pra Rússia, me ajuda por favor - ela ouve alguns segundos - Olha, você briga comigo depois, agora por favor, chama a polícia, sei lá faz alguma coisa. - assim que desliga Amanda entrega o celular pra dona Maria
Júlia: A senhora também dona Maria, vai na polícia e fala o que acontece aqui.
Dona Maria: Não! Se o Sérgio for mesmo como vocês falaram ele pode me fazer m*l também. Eu já ajudei emprestando o telefone. Agora tchau! - ela sai do quarto rápido
***: Velha covarde!
Júlia: Tá e aí,? Ele vai ajuda? - pergunto aflita
Amanda: Sim n**a, ele disse que hoje mesmo vem tira nos daqui
Júlia: E ele vai fazer como? Isso é cheio de segurança
Amanda: Não sei, mas ele ficou muito, muito puto mesmo e me passou confiança.
Então o que me resta é confiar também. E torcer pra eu poder voltar pra casa e sair desse maldito pesadelo, no dia em que eu cheguei aqui uma das meninas a Marina me contou que o Sérgio já havia vendido uma menina pra traficantes de orgãos.
Eu fiquei horrorizada com a história e até achei que fosse conversa dela, mas agora depois de tempo vivendo nesse inferno eu vejo que o desgraçado do Sérgio é capaz de tudo mesmo. E então só me resta orar e acreditar que realmente o Rael venha com a polícia tira nós daqui.