Italo
Eu não vi nada, aliás, nem achei que estava batendo em um rosto de verdade, só soquei com todas as forças que tinha dentro de mim, me deixei liberar, fiz do cara um saco de pancadas, mas lógico, não demorou muito pra comunidade achar aquilo o show da vez, eu só escutei a gritaria
Buiú – Pita que pariu, Ítalo, tu vai matar o moleque
Ítalo – Não tinha nem aí, é uma merda a menos no mundo pra ficar soltando catinga
O Buiú era uma dos gerentes do Alemão, um dos únicos que tinha conseguido me fazer um pouquinho de confiança, claro que tudo que ele falava, eu tinha um pé atrás, afinal, a gente estava no Alemão e não na Rocinha, mas no mesmo tempo, o que saia da boca dele acontecia
Ítalo – Já chega carai, o chefe vai querer saber o que aconteceu
Emma – ELE NÃO VAI QUERER SABER NADA, NÃO OUSE ATRAPALHAR O SOSSEGO DELE COM ESSE ASSUNTO
Até aquele momento, eu não tinha colocado a Emma no meu pensamento, no caso, só queria meter o louco e arregaçar a cara do desgraçado do Marcos, mas aquele pedido me incomodou
Ítalo – E por que não? Posso saber?
Eu achei que ela viria com tudo, do mesmo jeitinho que ela sempre faz quando alguma coisa começa a incomodar ela, achei que a Emma iria mesmo me peitar, mas ao invés disso, ela entristeceu o semblante e seus olhos, começaram a lacrimejar
Que p***a de Marcos o que, que explicação que nada, eu queria saber era o que estava acontecendo com a minha mulher
Eu respirei fundo, lógico que eu estava puto, ainda sentia o coração pulsar na minha garganta, minha mão ainda sentia a necessidade de sentir cada osso da cara daquele i****a se quebrando com o impacto dela, pra mim, ainda não tinha sido o suficiente, fora que eu estava tentando jogar o pensando de que vi a minha mulher beijando outro cara pra casa do c*****o, tudo por causa daquele olhinho cheio de lágrima
Ítalo – O que aconteceu?
Emma – Ele não está bem Ítalo, não está bem mesmo, por favor, vamos conversar lá dentro, por favor...
Eu olhei pro seu rosto cheio de súplica e nem percebi quando meus pés me levaram na direção dela, pra gente se atracar em um abraço. Eu já tinha esgotado a minha cota de mágoa contra a Emma naquele dia, minha mãe me avisou, era melhor eu me acalmar, sentar e conversar com ela, afinal, é assim que os casais se resolvem né
Só que no meio caminho pra dentro de casa, eu meio que sem querer vi o Marcos agonizando no chão, mano, o ódio subiu pelo meu peito de novo, me fez soltar o abraço da Emma e voltar pra terminar o trabalho, só que dessa vez, eu fui foi na bicuda mesmo, dei umas três só pra conseguir respirar melhor. Eu até que conseguia dar mais, mas o Buiu me segurou
Buiú – Bora lá carai, vai cuidar da tua mulher e deixa que com esse daqui a gente se resolve
Me segurei de novo e cedi a situação, agarrei na mão da Emma e pronto, achei que a situação estava resolvida, pelo menos aquela, porque o dia estava longe de acabar
Antes mesmo de eu entrar no meu barraco, veio um outro gerente, aos berros, acelerando a moto a toda, vindo na minha direção e na da Emma
Lenon – Mano, o Arqueiro carai
A Emma que estava toda corada por causa do choro, simplesmente ficou branca
Emma – O que aconteceu com o meu pai?
O i****a ficou calado, só soltou a notícia depois de ter ganhado um berro na orelha
Lenon – Ele não está bem e o medico não está no pontinho agora, ficou preso na linha vermelha, parece que ele estava de plantão em outro lugar
Ítalo – Vem Emma, eu te levo lá
Lenon – Não cara, pode deixar que eu levo, a gente precisa do médico aqui, senão...
Eu já sabia o final da frase e não estava nem um pouco a fim de escutar. Me virei pra Emma, deu uma abraço apertado nela e sussurrei um “fica tranquila, vai ficar tudo bem”. De resposta, ela me deu um “volta pra mim logo, eu preciso de voce”, aquilo me doeu moleque, a mina não estava bem
Dei uma última olhada na minha mulher e fui atrás do tal médico, só assim pra acalmar o coração da Emma. Eu ia voltar logo, pelo menos, era isso que eu pensava