Italo
Eu podia ter ido atrás do Aquiles ou melhor, da Renatinha, pra me dar um conselho porque naquela hora, era tudo o que eu mais precisava, mas preferi ir atrás da mulher que sempre esteve e estava disponível pra mim, aquela que não media palavras ora me fazer sentir melhor, mas que me mostrava o que eu podia estar fazendo de errado não
Caty – O que você esta fazendo aqui, Italo?
Italo – Eu sei, eu não devia ter vindo te procurar aqui na escola, mas eu sabia que era o único lugar que eu poderia conversar contigo sem ninguém ficar fazendo um monte de perguntar
Caty – Ninguém que você fala é o teu pai, né?
Ainda estava cedo, quase sete horas da manhã, incrível como muitas coisas podiam acontecer sem nem o dia ter raiado direito
Ela se levantou e saiu de trás da grande mesa que fazia ela ainda mais superior naquela escola, com os braços estendido e veio direto pra me dar um abraço. Aquele abraço foi o meu mundo tantas e tantas vezes que ela nem imagina, o meu lugar de calma
Caty – Teu pai me contou que conversou contigo logo de manhazinha e o que te disse. Também contou que sentiu que você não ficou bem, agora ele está lá, andando de um lado a outro na casa, preocupado contigo
Ela se sentou no chão, no tapete felpudo e eu me deitei ali, colocando a minha cabeça nas suas pernas, igualzinho como eu fazia quando era criança
Italo – O Bento que é feliz, sabia? Vivendo longe daqui, vindo uma vez ou outra
Caty – Ele só está fazendo um curso fora, Italo, logo ele está voltando
Italo – Mesmo assim, ele pode ficar na Rocinha, pode ficar com vocês, ter o seu abraço e o teu aconchego quando quiser e eu, só de vez em quando
Caty – Quando quiser também, você não é diferente. Mas me diz, o que está acontecendo
Eu contei pra ela sobre o que eu senti com a conversa com o meu pai, o quanto meu coração se apertou e o quanto a minha mente viajou. Contei também o que eu fiz pra não brigar com a Emma e, devagarinho, a ficha começou a cair, aquele frio na barriga só por lembrar da Emma começou a aparecer novamente e mano, eu me senti o pior homem do mundo por ter ousado pensar qualquer coisa r**m da Emma
Claro que as palavras doces da minha mãe tiveram um grande peso, também aquele carinho no meu couro cabeludo e o jeito que ela me pedia calma, me pedia para pensar direito e deixar os meus pensamentos ruins
Por incrível que pareça, nós passamos horas ali, acredita? Horas e eu nem percebi de fato, só senti o colo da minha mãe mesmo
Caty – Está na hora de voltar pra casa filho e olha, peça desculpas para a tua esposa, ela é uma pessoa linda
Eu sorri e agradeci em silêncio por aquela mulher maravilhosa ser a minha mãe, senti um orgulho da porra
Dei um beijo de despedida já no portão da escola, porque ela me acompanhou até a saída, montei na moto, coloquei o capacete, dei uma última olhada na minha mãe e fui embora
...
Menor – Nossa hein chefe, que moto!
Eu já tinha visto aquele menor, só não me lembrava em qual momento, fiquei pensando se não tinha sido só de relance, dali da contenção mesmo
O cara era fã de moto e diga-se de passagem, a minha era um monstro mesmo, Kawazaki, verde bandeira com preto, pra chamar a atenção mesmo. Ele rodeou a moto todinha, mas não liguei não, quem é apaixonado por moto faz isso mesmo
Dei uma desculpa pra sair dali, eu queria ver a Emma, pedi desculpas pelo jeito que tratei ela, na verdade, eu estava com saudades
Acelerei e fui direto pro meu barraco e de longe vi ela, parada do lado de fora da casa, só que não estava sozinha e pela silhueta, era aquele cuzão do Marcos
Minha mente fechou, mas não estava pensando em nada, até ver aquela cena, até ver aquele desgraçado beijando a MINHA mulher
O mundo fechou pra mim, a minha visão escureceu, não consegui pensar, só fiz, joguei a moto em cima daquele filha da p**a, saltando da moto ainda ligada e assim que tive certeza que o cuzão estava imobilizado no chão, eu tirei a moto que tinha dado uma rasteira nele, do meu caminho, subi no seu tronco e soquei a cara daquele desgraçado até ver a sua boca toda ensanguentada, pedindo arrego