Cap 26
1130 Words
Emma
Porra, no casamento tinha um monte de gente, ninguém ia ficar exatamente reparando só em mim. Por mais que os noivos sejam a atração principal do casamento, nós sabemos que os convidados prestam atenção desde o guardanapo de papel até no lustre e na poeirinha do canto de parede, tudo pra comer e se fartar, mas sair reclamando da festa depois, só que na casa do Ítalo seria diferente, aí céus, como seria diferente...
Ele estava me pedindo fingir, ficar bem do lado dele, tocar na sua mão como se ela fosse minha, sentir o seu cheiro bem de pertinho e acho que até... beijá-lo como se eu realmente fosse a sua mulher
Só que eu nunca fiquei nem 20m do seu lado sem brigar, não sabia nem o que vestir, como agir. Que merda!
Decidi colocar um short rasgadinho, com as pernas larguinhas e soltinhas... uma camiseta básica, um r**o de cabelo despojado e acessórios. Acessórios tem o poder de deixar qualquer roupa básica em outro nível e mais um cinto trançado da mesma cor da sandália rasteirinha, um bracelete para ornar com o brinco grande, uma gargantilha com um pontinho de luz e sem esquecer a aliança. Se vamos brincar de casados, não podemos esquecer da aliança
Sim, eu estava me importando com todos os detalhes, mas era por causa do meu nervosismo, que no caso, eu estava quase conseguindo pegar ele com as minhas duas mãos
Uso todo o meu nervosismo para colocar em prática todo o que eu aprendi de moda nesse tempo fora, todo o meu curso de auto maquiagem e tento colocar uma cara saudável e bonita no rosto. Acho que a maquiagem e toda essa coisa de acessórios vai enganar a ansiedade do meu rosto
Pelo menos a do meu rosto porque não tem maquiagem que consiga disfarçar a tremedeira das minhas mãos
Quando saio do banheiro arrumada dou de cara com um Ítalo deitado na cama, encostado na cabeceira, despojado, sorrindo para o telefone. Uma sensação de familiaridade com a cena doce no coração e um amargo na boca pelo seu sorriso não ser meu, um ciúmes e um desejo de que eu e somente eu pudesse colocar um sorriso desses no seu rosto
O problema foi que no mesmo momento em que simplesmente delirei, em silêncio, com o seu sorriso, não consegui deixar de pensar se aquela história, a da Renatinha, era realmente verdade ou se era apenas eu tentando, desesperadamente, dar uma chance para o meu marido por ter ficado emocionada com as suas palavras
“Não, não é hora de pensar nisso”
Suspirei perdida nessa avalanche de sentimentos quando ele me olhou de volta de um jeito inexplicável, o Ítalo viu a minha alma e, de um jeito mais que natural, aquele magnetismo que me prendeu e me fez dormir com ele ao meu lado, estava novamente ali
O Ítalo veio na minha direção, quase hipnotizado, me prendendo dentro do seu olhar, me olhando de cima pra baixo, encenando aquela expressão “me comendo com os olhos” parou tão perto, que se um vento soprasse, eu estaria no seu abraço
Ítalo - Você está linda, Emma
Eu não consigo responder, engoli em seco, pisquei os olhos uma, duas, e milhões de vezes até que quando percebi, ele estava com a água do chuveiro ligada, a porta aberta, o vapor saindo de dentro do banheiro misturado com o cheiro de shampoo mentolado... eu quis espiar, quis ver como ele tomava banho, como era seu corpo, com consciência, com vontade e mais do que isso, com sua permissão. Tomei toda coragem que eu tinha, respirei fundo, mas quando dei por mim, sai correndo
Acontece que miséria pouca é bobagem, não é? Pelo menos é isso que o ditado diz...
No meu desespero de sair dali eu fui em direção à porta, mas quando abri, dei de cara com o casal de amigos deles rindo, abraçado, se beijando
“Mas é ela... então o Ítalo não estava mentindo, ele realmente não tem nada com ela...”
Senti alivio, mas também, tive ciúmes pela segunda vez do dia e não eram 10 horas da manhã. Eu queria ter um relacionamento assim, queria que o Ítalo sorrindo pra mim assim...
Renatinha - Bom dia, desculpa invadir sua casa dessa forma, nós tiramos a roupa de cama para levar para lavar. Vou mandar uma nova depois, prometo
Emma - Não precisa, está tudo bem
Aquiles – Não se se a gente já foi apresentado, mas se não... nós somos o Aquiles e a Renatinha, nos conhecemos no casamento de vocês
Emma - Claro, eu me lembro de vocês
Eu não consegui evitar de dizer a frade olhando diretamente para a Renatinha e nem sei bem o porque fiz isso já que a prova viva de que ela não tinha culpa de nada estava bem ali na minha frente, com a troca de olhares entre ela e o Aquiles, naquele sorriso
Emma - Eu estava indo tomar café da manhã, vocês querem?
Renatinha - Claro, não vamos atrapalhar?
Emma - Não, claro que não. Vou pedir pra algum menor comprar um pão fresquinho para nós, passo um café e coloco um bolo pra fazer na máquina que eu trouxe lá de fora, fica perfeito. Em meia hora a gente vai ter tudo prontinho
Aquiles - Então eu aproveito pra arrumar o que deixamos bagunçado lá fora
Eles se beijaram na minha frente e meu coração chegou a ganhar vida e agradecer pelo alívio. Não foi estranho, eu fiquei feliz por eles, dava para ver que eles se gostavam, que estavam felizes. Mas foi estranho não ter aquilo e eu ser a casada e... em lua de mel? Quanto tempo era para durar uma lua de mel?
Não demorou muito para o Ítalo descer, com short, blusa no ombro, sapatenis, aqueles dreads lindos para trás e um sorriso no rosto, sem desviar os olhos dos meus, como se tivesse só nós ali, até que o Aquiles chamou a atenção dele
Eles saíram para conversar e ficaram olhando para a minha direção. Senti o olhar do Ítalo em mim, de um jeito constrangedor, mas ao mesmo tempo, acolhedor
Antes da gente sair, ele parou perto de mim e me deu um beijo no rosto, estalado, perto da boca, eu dei um pulinho tímido, de susto
Ítalo – Só estou testando, treinando para na hora do churrasco, me ficar acostumado
Emma - Sei, claro!
Era tudo tão estranho, tão fora do que eu estava vivendo, tão conto de fadas que eu não tive forças para negar ou reclamar... só segui conforme a maré, mesmo porque, aquele era o meu sonho e mesmo que eu não tivesse a mínima noção de quando ia terminar, eu queria aproveitar
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