Italo
Caty – Oi filho, e então, você quer ajuda?
Já tinha se passado quinze dias desde o dia em que a Emma veio ao meu encontro e lógico que tanto minha mãe como o meu pai, ficaram sabendo o que ela veio fazer aqui. Afinal, a sabida dela foi liberada pelo dono do morro, então, não tinha como eh esconder
Eu contei que a Emma estava determinada a atender ao último pedido do pai e que, por isso, não a julgava, já que faria o mesmo por qualquer um deles ali, mas que meu coração, apesar de ter seguido o conselho da minha mente e aceitado o que a Emma me disse naquele dia, a minha vontade era de preparar tudo, dar uma p**a festa, mas na hora h, dizer um belo de um não. Claro que ganhei uma bronca da dona Catherine
Caty – Você está ficando maluco? Sério mesmo que não se importa nem um pouquinho com i comando do teu pai? Imagina como os inimigos iriam ver isso, todo o esforço que o Preto faz para deixar a podridão longe da Rocinha, iria por água abaixo
Era exatamente por isso que aquele pensamento só estava na minha mente e iria ficar guardado ali, até cair no esquecimento. Por mais aversão que eu tenha da Emma, jamais faria alguma coisa para prejudicar ela e que ao mesmo tempo, prejudicaria a minha família
Não retruquei quando a minha mãe me deu a bronca, simplesmente porque ela estava certa, ao contrário, respondi que não sabia o que deveria fazer, eu nunca tinha caso e nem ido a um casamento, aliás, eu quero dizer, um casamento de responsa mesmo
Caty – Quanto a isso, não se preocupe, eu vou conversar com a Emma e acertar os detalhes, mas você tem consciência que tudo vai acontecer no Alemão, né?
Ítalo – Isso é uma coisa que eu não aceito e a senhora não pode me dizer que estou errado. Por que eu não podia ser o herdeiro da Rocinha e o Bento do Alemão? Eu sempre sonhei com isso aqui, não em ter que cuidar de casa de gente desconhecida
Eu pude ver a caída de olhar da minha mãe, era como se eu realmente não entendesse, mas para mim, eu entendia, aquilo só tinha sido um jogo de poder, só que colocaram o meu nome no meio. Sério mesmo que meu pão não achou que, no futuro, eu não concordaria? Sério mesmo?
Como eu conhecia o grande Preto, sabia que o melhor era seguir com aquela baboseira, mesmo porque, seria por pouco tempo, pelo menos era assim que eu acreditava
...
Ítalo – E ae, como eu estou?
Aquiles – Eita, caprichou hein, nem tá parecendo que não quer?
Eu coloquei uma calça cargo na cor caqui, uma camisa de linho fino na cor bege, bem clara, uma sandália de couro. Dividi meu cabelo em dois e na parte de cima, fiz um r**o de cavalo, deixando a parte de baixo solta. Ficou legal, tenho que admitir
A roupa quem escolheu foi a Emma, ela disse que queria que tudo ficasse com uma vibe leve, como se a gente estivesse na praia, no caso, ela até decorou o quintal da mansão da casa do Arqueiro como se fosse um lual, mas de dia
Mano, pensa numa casa gigante, aquilo ali não era um barraco só não, era mansão mesmo, tipo de novela da globo
Caty – Por favor, filho, não estrague as coisas ok
Ítalo – Não vou fazer isso
Preto – Espero mesmo que não faça
Minha mãe há estava ali e meu pai, tinha ido recepcionar os caras do comando. Ele fez questão de convidar cada um, mas principalmente, o Zeus, porque aquilo ia marcar o cumprimento da sua promessa junto com o Arqueiro, além de deixar os inimigos avisados. Qual aviso? A que a Rocinha e o Alemão estavam juntos mermão
Eu quase que não conseguia olhar para os seus olhos, mas eu queria, eu estava procurando a força que ele sempre me deu durante a minha vida
Preto – Eu sei que agora, você está com raiva de mim, mas escuta o que eu vou te falar, se fizer tudo direitinho, se honrar a educação que eu te dei junto com a tua mãe, logo eu vou te ouvir agradecer, escreve
Pra mim, era só baboseira, nunca que eu ia me apaixonar pela Emma, na verdade, o meu único peso era estar me casando desejando horrores que o pai da minha futura mulher morresse logo, para que eu pudesse voltar para casa
Todos ali, eu conseguia ver de longe, meus pais do meu lado direito, junto com o Aquiles, a Renatinha, meu irmão e uma mina que ele tinha trazido, eu não conhecia quem era
Do outro lado, os pais da Emma, só eles mesmo. O Arqueiro estava magro, pálido, até me fez sentir culpa por desejar a sua morte
Um juiz de paz foi chamado para fazer o nosso casamento e mano, tinha gente saindo pela culatra, os caras todo do movimento estavam ali, me dando olhar de morte, mas não liguei, eles não eram minha família e eu não queria aquele morro
Juiz – Vocês trouxeram os seus votos?
Emma – Sim
Eu fiquei surpreso com a resposta dela, porque não, eu não tinha trazido voto nenhum, eu só queria dizer sim e acabar com aquele teatro todo, mas daí, ela começou a falar
“Eu prometo ser sua companheira de aventuras, sua confidente e seu porto seguro. Eu te amo por quem você é agora e por quem você ainda vai se tornar.”
Não posso negar, fiquei surpreso, seus olhos tinham um brilho diferente, o mesmo brilho que eu fiz questão de apagar há anos, quando ela teve a ousadia de dizer que me queria. Aquelas palavras... pareciam tão sinceras... eu só, deixei a minha boca falar
“Eu prometo fazer tudo o que estiver ao meu alcance para fazer você feliz. Amo a forma com que você enxerga a vida, o seu jeito de olhar e seu sorriso, amo também a sua forma de acreditar... A sua forma de você acreditar em mim. Confesso que ainda não sei o que é amar e que... estou com medo, mas com você ao meu lado, talvez...”
Eu respirei fundo antes de continuar
“Prometo estar contigo, compartilhar suas alegrias e tristeza e... pelo menos, tentar”
De onde saiu aquilo? Não faço a mínima ideia, só deixei sair mesmo e, quando minha mente me mostrou o que eu fiz, eu fui para tentar concertar, mas encontrei o olhar do meu pai, me lembrei do que ele disse e só deixei a coisa como estava
Eu me casei com a pessoa que mais odiava e agora, estava preso aquela falsa felicidade, até a morte decidir me libertar