Assumindo o desejo

4079 Words
Como seria possível diferenciar o sonho da realidade? Para Theodore, era impossível. Mesmo que piscasse diversas vezes, ou então que repousasse suas mãos nos ombros de Gabriel para empurrá-lo, tudo parecia real demais para ser realidade. Tinha que ser um sonho. Por que não havia motivos para Gabriel beijá-lo. Permanecendo parado sem ser capaz de corresponder e nem de fugir, Theodore mantivera os olhos abertos catatônicos no alfa à sua frente. Quando o beijo fora findado e vira os cílios escuros e compridos se moverem em um piscar, o ômega perdera as palavras em sua cabeça a não ser por uma. — Gabriel... Sussurrando rouco aquele nome, notara um movimento em seus olhos como se recuperasse a sanidade outrora perdida. O alfa umedecera os lábios com a ponta da língua parecendo nervoso, no entanto não se distanciou do ômega loiro, o mantendo preso contra a parede. — Foi m*l, Theodore... Eu não sei o que me deu. — O alfa não tinha coragem de encarar o loiro, suas unhas curtas arranhavam a parede diante de sua confusão — Eu só precisava... Era completamente incompreensível as palavras de Gabriel, ainda assim o ômega se esforçava para entendê-lo. Suas mãos estavam repousadas em seus ombros, ainda sendo capaz de sentir os batimentos acelerados do alfa. O que deveria fazer quando notava o seu paquera tão nervoso daquela maneira? Não deveria ser a prova concreta de que fora real? De que sentira os lábios de Gabriel mais uma vez? — Foi por causa do meu cheiro? — Questionara o ômega, recebendo pela primeira vez o olhar escuro de Gabriel. — Não... Na verdade, não senti o seu cheiro. Eu só precisava te tirar daquele lugar. — Por quê? Theodore se surpreendia com o quão baixo soava a própria voz. Estavam os dois escondidos perto de uma porta de acesso aos funcionários, em um corredor pouco iluminado que virando a esquina tinha o movimentado vestiário. Como não sentir que estavam compartilhando de algum segredo? E apesar de estarem escondidos, Gabriel ainda se mantinha na frente de Theodore, com os braços impedindo sua fuga. Como se não bastasse o corpo inclinado perto o suficiente para sentir a sua respiração quente bater em seu rosto. Era um verdadeiro milagre que estivesse ainda em pé, pois suas pernas pareciam duas gelatinas. — Por que você queria me tirar do ginásio? Vira Gabriel engolir em seco, descendo os olhos para algum outro ponto de seu rosto para então voltar a sustentar as pérolas claras. — Porque eu... Porque eu não suporto ver o capitão perto de você. Empertigado, Theodore fazia o seu melhor para não transformar aquelas palavras em lindas ilusões. Ora essa, adoraria imaginar que Gabriel estaria com ciúmes de si com seu melhor amigo. Seria um claro sinal de que o alfa gostava de si. No entanto Theodore não queria se iludir mais do que já havia feito. Por que agora provara o gosto de Gabriel. E isso o tornaria viciado jogado no fundo do poço necessitando de um toque que jamais seria seu. — Isso não faz o menor sentido. — Sussurrava repentinamente, percebendo as sobrancelhas arqueadas do outro. — Ele é meu melhor amigo e você... É meu amigo também. — É assim que me enxerga, Theodore? Como o seu amigo? — Deveria haver algo à mais? — Nós ficamos, Theodore. — Respondia prontamente Gabriel, engrossando sua voz. Um arrepio de excitação percorrera o corpo de Theodore, o fazendo engolir em seco na tentativa em não fraquejar. — Eu apenas te ajudei, não precisa levar à sério aquilo. — Naquele dia em que chegamos atrasados e estava chovendo... Se o capitão não tivesse chegado, você teria me beijado? O corpo de Theodore tremera de surpresa ao se lembrar daquele doce momento. Como esqueceria? Ficara se perguntando por dias como teria sido o momento ideal para que um beijo fosse dado. Uma melodia romântica e a chuva caindo no lado de fora. O cenário perfeito para a lembrança perfeita. Se Gabriel tivesse tomado a iniciativa de beijá-lo, Theodore certamente não reclamaria. Aceitaria-o em seus lábios aproveitando a chance de transmitir uma parcela de seus sentimentos transbordantes. Guardara-os em seu peito por três meses desde que conversaram pela primeira vez. E tudo o que acontecia era aquele amor aumentar exponencialmente. — Não teria. — Respondera por fim, sentindo a pontada em seu peito quando aquele belo rosto parecera entristecido — Nunca teria coragem de te beijar, Gabriel. — Tudo bem, não teria coragem... Mas já quis? Quero dizer, quis me beijar? A conversa tomava um rumo caótico para Theodore. Por que ele queria saber os seus desejos? Eram vergonhosos por demasia... O que aconteceria se ele soubesse que desejava seus beijos, seus toques? Sua voz sussurrando exatamente daquela maneira. Suas grandiosas mãos lhe segurando com força como se temesse a sua fuga. Desejava tantas coisas que suas fantasias apenas dançavam lindamente em seus sonhos. Um rubor subia-lhe na face incontrolavelmente. Theodore desviara o olhar apertando a camisa regata do jogador tentando encontrar uma saída. Seu aroma adocicado começara a exalar para aquele alfa, que aspirava profundamente fechando os olhos momentaneamente. Mantendo da voz grossa e rouca, em um sussurro entregue apenas para aquele ômega loiro, o pressionou mais um pouco. — Me diga Theodore. — Impaciente, Gabriel segurara o queixo de Theodore o obrigando a lhe olhar. — Quando Milles disse que você estava afim de mim, era verdade? Formando um nó na garganta e perdendo a confiança em sua voz, Theodore apenas concordara com a cabeça. Os dedos que tocavam seu queixo se abriam dedilhando a mandíbula do ômega, até se espalmarem no pescoço enroscando suas pontas nos cabelos loiros. — Então você sente o mesmo que eu? Esse desejo insano e ardente... Vozes pelo corredor do vestiário aumentaram calando o alfa. Temendo serem descobertos em seu pequeno esconderijo, Gabriel encostara seu peito ao de Theodore o envolvendo com seu cheiro. O loiro baixara a cabeça tentando escutar as vozes dos participantes do campeonato, presumindo diminuírem ao entrarem no vestiário. Erguendo a cabeça lentamente novamente, se dera conta do quão próximo estavam. As mãos espalmadas deslizaram sobre o peitoral de Gabriel, continuando a sentir seu coração acelerado. Sob as pontas dos dedos percebia a firmeza e definição de seus músculos, ocasionando em mais rubores em suas bochechas. Já havia visto Gabriel sem camisa, e sonhava com aquela visão ao ponto de babar. Mas sentir era outra coisa, despertavam outras sensações. E quando dedilhava inconscientemente as laterais do corpo de Gabriel, estando prestes a deixar seus braços caírem em desistência, seus olhos não desviavam da beleza daquele alfa mais alto. Conseguia se ver refletido naqueles olhos escurecidos. Os lábios avermelhados e finos pareciam lhe convidar para um toque íntimo. Piscando algumas vezes tentando manter a consciência e controle dos próprios instintos, Theodore mordia o lábio inferior respirando ofegante. Queria beijá-lo. Pelos céus, necessitava daquilo. Seu cheiro se intensificava na medida em que a necessidade e o desejo cresciam dentro do seu peito. Os dedos seguravam tão firmes a blusa do alfa que soavam como um pedido silencioso. Então no mesmo instante em que o cheiro daquele ômega estava prestes a denunciar o seu esconderijo, as vozes aumentavam nos corredores mais uma vez. Gabriel baixara a cabeça na altura do ouvido do ômega, onde pudera lhe sussurrar: — Se continuar assim, vão nos encontrar. Não ajudou, nem um pouco, aquele aviso pois Theodore ficara ainda mais nervoso. Que voz era aquela? Por que ele estava falando daquela maneira? Era algum tipo de brincadeira? O sangue pulsava dentro do seu corpo em resposta para aquela voz digna de um alfa. Surpreendentemente o moreno não se afastara. Passara a ponta do seu nariz pelo pescoço alvo do ômega, inalando seu cheiro natural causando arrepios por onde passava. Theodore suspirava baixo com aquele suave toque, fechando os olhos em sua última tentativa de se controlar. No entanto o seu corpo denunciava o início de sua excitação. Gabriel deixara de se apoiar na parede para segurar a cintura de Theodore e o envolver completamente quando finalmente uniram seus lábios. Diferente das outras vezes o desejo era o ator principal daquele movimento. Gabriel mordiscava os lábios finos de Theodore, os sugando para deixá-los inchados e úmidos. O provocava de maneira que a gota de razão se esvaíra permitindo ao ômega a chance de retribuir ao beijo. Os braços de Theodore serpentearam a cintura do alfa, e suas mãos abraçavam suas costas. Entregando ao seu desejo, entreabrira os lábios no mesmo instante em que sentira a língua quente e úmida fazer um pedido audacioso. Suas línguas travavam batalhas ferozes, suspiros e gemidos eram abafados pelos lábios que se abraçavam sedentos. Os dois rapazes apertavam seus corpos uns nos outros, ansiando pelo máximo de contato que poderiam ter. Sentiam em suas mãos a temperatura aumentar insanamente. Necessitando de ar, o beijo precisou ser findado com selares molhados e demorados. Encostando suas testas sem ousarem abrirem os olhos, Theodore tentava buscar ar e razão para a bagunça que se encontrava em si. O polegar de Gabriel lhe acariciava as bochechas, mantendo o toque quente em si. Theodore subira os dedos pelo braço do alfa até chegar em seu mão e parar ali, como se provasse a realidade daquela situação tão explosiva. Seu rosto ainda sentia a quentura de sua respiração. Estava perto ainda, Gabriel não ousara se afastar. Até roçava a ponta de seus narizes em um beijo de esquimó, que resultara em um sorriso largo do ômega loiro. Contra seu peito podia sentir o corpo de Gabriel ofegar e acelerar as batidas. Pulsava igualmente ao seu compartilhando as sensações. Certo... Era real. Estava ficando com Gabriel. Erguendo o rosto o procurando silenciosamente, sentira a pressão sobre seus lábios em um selar demorado. O ômega ainda ousara sugar o lábio inferior de Gabriel, mordiscando-o suavemente e puxá-lo entre dentes para soltá-lo em uma provação. — Isso é muito melhor do que qualquer coisa que fantasiei. — Admitia em voz alta, fazendo o outro rir. Gabriel passara a ponta do indicador sobre o falso alargador, olhando atentamente a orelha de Theodore. Abrindo os olhos com o silêncio do maior, o ômega percebera a atenção que seus brincos haviam ganho do alfa. Um arrepio passara por seu pescoço quando os lábios de Gabriel foram até a cartilagem o mordiscando com a boca. Aqueles toques estavam se tornando cada vez mais intensos e prazerosos, um tanto quanto perigoso para um garoto ômega. — Eu desisto — Ouvira o alfa lhe sussurrar no ouvido, fazendo seu corpo tremer outra vez — Eu não resisto à nós dois. Lentamente os dois garotos trocavam olhares sem permitir que a distância os separassem. Teria imaginado tantas coisas com Gabriel, sobre como seria o momento em que se declarariam um para o outro ou como seria o beijo apaixonado. Nada se comparava aquele momento. Respirando fundo, o ômega espalmara as mãos nos braços de Gabriel para empurrá-lo levemente. Com a distância, finalmente retomara a razão sobrepujando seus desejos insanos. Mesmo que quisesse ficar ali por mais tempo, saciando cada fantasia sua com Gabriel. — Temos que voltar pro ginásio, ou vão dar falta de nós. O alfa respirara fundo e concordara com a cabeça, dando um fim à proximidade entre os dois. Ambos confusos e envergonhados sem saberem como agir na frente do outro, mas certamente conscientes do que havia ocorrido ali. Theodore fora incapaz de encarar o alfa. Precisava de mais alguns instantes para se recompor, ainda que recriminasse a si mesmo por ter colocado um fim naquele pequeno segredo. Quando virou-se para Gabriel, percebera que o mesmo já não estava mais ali. Farejando o ar, sentira seu cheiro indicando que fora para o vestiário. Agora que estava sozinho, Theodore encostava a cabeça na parede fechando os olhos coçando a nuca. — Aja naturalmente Theodore.... Naturalmente.   「 • • • 」 Quando se experimenta o desejo ele fica marcado na pessoa como uma tatuagem. Sempre visível para lembrar as sensações, sem opções de fugir do que poderia acontecer. Apenas para te mostrar que há algo a ser sanado. Quando havia sido beijado por um baixinho marrento, Milles havia se perdido completamente no misto de emoções. O primeiro pensamento era de um beta querendo arrumar briga consigo usando métodos sujos. Porém, o cheiro que sentira e as sensações que tivera quando Nicolas brincara com seus lábios para humilhá-lo apontavam para outros caminhos. Conexão. Se sentira conectado à Nicolas de uma maneira inexplicável. Muitas perguntas surgiam em sua cabeça o deixando na beira da loucura. Desde aquele maldito dia passara a procurar pelo seu capitão por onde quer que passasse. Imaginara que seria para evitar outra briga, ou golpes baixos, mas a verdade era que necessitava vê-lo mesmo que de longe. Tivera um momento em que o vira trocar de roupa no vestiário, sem perceber sua presença. Normalmente Milles aproveitaria aquela oportunidade para azucrinar o capitão para irritá-lo, mas daquela vez ele se escondera entre os armários para observar. Sem camisa, Nicolas era extremamente magro e pálido. Seus braços eram finos sem nenhuma musculatura aparente. A cintura era fina e seu abdômen liso como papel. Grudado em seu corpo haviam vários adesivos escuros, que no instante em que Nicolas tirara a camisa liberavam o cheiro típico de beta. No entanto, quando Nicolas passara pelos armários em direção às duchas, Milles sentira o rastro do aroma adocicado e delicioso que lhe baqueara imediatamente. Um aroma que já tinha sentido vindo de alguém, jamais sendo do capitão. O corpo do alfa loiro se movera silenciosamente seguindo sua presa. Suas pupilas dilatadas mostravam o desejo insano de possuir aquele corpo naquele mesmo instante. Tudo por causa da maldita conexão, que agora era seduzida por um cheiro doce. Estava prestes a esmurrar a porta do box para invadir a ducha. Seu corpo todo pulsava em um ritmo só, o calor envolvia cada m****o seu transformando o momento prazerosamente. Antes de tocar o box de vidro, Milles conseguira se conter. A partir daquele dia, suas noites se tornaram um verdadeiro inferno. Perdera as contas das vezes que preenchera o seu quarto com o aroma de um alfa dominador sedento para preencher o corpo de um certo híbrido. Das vezes que sua mente alucinara com aquele corpo pálido preso em seus braços. Jamais havia experimentado tal alucinação. Nenhuma garota fora capaz de lhe dar deixar tão sedento. Só poderia pensar que estava enlouquecendo. — Finalmente te achei, Milles! Nossa que cheiro é esse? A voz feminina despertara o alfa dos próprios pensamentos. Milles estava com os cotovelos apoiados nas próprias pernas, olhando fixamente para o sujeito que dormia serenamente no banco. Respirando fundo, o alfa olhara para a irmã mais nova que fazia careta tampando o nariz. — O que faz aqui? Pensei que o pai tivesse sido claro que não deveria zanzar por aí sozinha. — Eu vim com minhas amigas torcer pelo meu irmão mais velho. É claro que papai deixou claro que a função dos primogênitos seja proteger os mais novos. Fazendo uma careta, Milles levantara da cadeira para aproximar de Sadie. — Torcer pelo irmão mais velho ou torcer pelo cara que tá afim? — Fico até ofendida que pense desse jeito. — Ria Sadie olhando em volta. — Estou procurando Gabriel faz tempo, mas não o encontro de jeito nenhum. — Não tinha levado um fora? — Eu? De quem? — Diante da surpresa de Sadie, Milles arqueara a sobrancelha em resposta óbvia e silenciosa tendo sua irmã revirando os olhos — Não me lembro de ter confessado alguma coisa pra ter levado um fora. — Sei. — Quem tá dormindo aí? Olhando sobre o ombro, o alfa suspirava ficando na frente da irmã a impedindo de continuar olhando o seu capitão dorminhoco. — O capitão, o técnico pediu que eu ficasse de olho enquanto ele ia ver alguma coisa. Fazendo careta, Sadie cruzava os braços. — Deveria aproveitar a chance pra dar uma lição nesse traste. Onde está o namorado dele pra cuidar do que é seu ao invés de deixar isso pros outros? As pupilas dilataram e a respiração ficara pesada quando as ofensas à Nicolas chegaram aos ouvidos de Milles. Endireitando sua postura a tornando ameaçadora, toda a fisionomia do alfa se transformava na raiva crescente. Percebendo a mudança repentina no irmão mais velho, Sadie franzira a testa dando um passo para trás tentando esconder o súbito medo que lhe abraçava. — O que foi? Por que está me olhando desse jeito? — Repete o que disse. — Repetir? O quê? — Sadie inclinara a cabeça para o lado observando o sujeito adormecido de costas para si, então voltara a encarar o irmão mais velho — Que deveria dar uma lição nele? Ou a parte em que a loira do banheiro deveria vir cuidar dele. Milles dera um único passo na direção da irmã, franzindo as sobrancelhas irritadiço. — Sou eu quem está cuidando dele agora, não aquele... Argh! — O que deu em você, Milles? Nem Milles poderia compreender o que havia acontecido. O sangue fervia enciumado por Sadie dizer que somente Theodore poderia cuidar daquele baixinho irritante. Por acaso ela estava cega? Ele estava ali zelando seu sono como o técnico havia pedido. Tudo bem, o professor Marcos fizera o pedido ao se dar conta do sumiço repentino de Theodore. Milles sabia muito bem quem era responsável pelo sumiço do assistente, e por isso avisou ao professor que poderia ficar de olho por um tempo. Claro, depois de dizer dez vezes que não arranjaria brigas nem faria alguma brincadeira de mau gosto. De toda forma era ele quem cuidava de Nicolas. Era ele quem estava ao seu lado naquele instante. Por que deveria entregá-lo tão facilmente à Theodore? — Estão brigando? — A voz gentil e calma parecia trazer Milles de volta à razão, retrocedendo alguns passos longe da irmã. — Gabi! Estava te procurando... Nossa que cheiro é esse? É sério, todos os jogadores ficam fedendo desse jeito? Milles farejou o ar disfarçadamente, olhando na direção de seu amigo alfa. O mesmo cheiro de Theodore estava impregnado nas roupas do aluno transferido. Os dois alfas trocaram olhares silenciosos, e Gabriel apenas sorrira cordialmente para Sadie. — Por que me procurava? Imediatamente a ômega esquecera o cheiro incômodo, erguendo a bolsa térmica rosa que carregava consigo. Abrindo um imenso sorriso em seu rosto, ela logo fora ao lado de Gabriel abraçar seu braço. — Trouxe seu almoço. — Meu almoço? Você? Por quê? — É, por que trouxe almoço pra ele e não pra mim se veio aqui pra torcer por seu irmão? Recebendo um par de olhos castanhos arregalados ameaçadora, Milles sorria zombeteiro para sua irmã. — Você disse que o time iria preparar pra você, meu irmão... Não se lembra disso? — Eu não. Até porque eu lembro que você é uma negação na cozinha... — Ei! Não escute ele, Gabi, está sendo teimoso e birrento como sempre. — Tudo bem, mas não precisava se preocupar. O assistente do time trouxe alguns lanches pra gente... — Ah, mas quem garante que sejam comestíveis. Aqui, posso te garantir que está gostoso o que eu fiz. Sadie abrira a bolsa pegando o pequeno pote transparente com tampa branca, abrindo-o para mostrar o pequeno lanche saudável que havia dentro. Ovos mexidos misturados com calabresa, tomate e pimentão foram escolhidos pela garota para pegar uma pequena quantidade com o garfo e levar até a boca do alfa. Gabriel olhara de relance para Milles, que por sua vez assistia aquela interação sem muito interesse. Era nítido que o alfa estava desconfortável em ser emboscado por sua irmã, porém o loiro não quisera se mover para ajudá-lo. Jurava que a comida certamente estaria r**m por ter sido vítima das mãos desastradas de Sadie. Sem muita escolha, ou chance para fugir, Gabriel apenas aceitara e comera o ovo mexido. Milles segurara o riso em ver que o alfa mastigava lentamente realmente saboreando, até estalar os olhos surpreso. — Está bom. — É claro que está! — Tá de s*******m. Então não foi você quem cozinhou, Sadie. — Que bobagem, fui eu sim. Fiquei na cozinha por horas até acertar... Quero dizer, acertei de primeira. — Tem certeza? Pediu pra cozinheira fazer por você, não foi? — Provocava o irmão mais velho. Os irmãos começaram um bate boca, e mesmo ocupada xingando Milles, Sadie continuara a alimentar Gabriel que nem era ouvido por ela. A situação se tornara ainda caótica quando o cheiro doce se fizera presente e Milles percebia que seu amigo ficara tenso. Os três híbridos se viraram para o ômega loiro que havia acabado de chegar com a bolsa térmica em seus ombros, segurando dois lanches em suas mãos. Theodore olhara surpreso para Gabriel e Sadie, desviando-os rapidamente para o banco onde Nicolas parecia dormir. — Theodore... — Oh... Resolveu pentear o cabelo? Quase não o reconheci — Zombava Sadie, apertando o braço de Gabriel. — Finalmente veio fazer o seu trabalho? — Sadie, não provoque. — Não Gabi, você não sabe que ao invés dele cuidar do namorado dele, deixou isso pros outros pra sair por aí? Isso é muito irresponsável. Milles fechara as mãos em punho quando vira Theodore se aproximar do banco deixando a bolsa na cadeira. — Estava distribuindo o almoço, e vim aqui entregar os dos dois, mas já vi que trouxeram de casa. — Ao contrário de você, eu cuido bem dos meus meninos. Não precisa se preocupar com eles, faço questão de fazer do jeito certo. Milles percebera a troca de olhares entre o ômega e o alfa, e assim como havia cogitado quando seu amigo chegara, Gabriel teria ficado com Theodore logo após a partida. Não queria se intrometer no que havia entre eles, mesmo que ficasse com pena da própria irmã que estava alheia ao assunto, porém era um problema que Gabriel deveria resolver sozinho. O ômega soltara um riso baixo guardando os lanches na bolsa novamente, a fechando em seguida. — Que seja. Isso não é problema meu. — Theodore espera... — Que merda de barulheira é essa? — O sujeito que estava de costas se sentara preguiçosamente no banco, coçando os olhos parecendo ainda sonolento. Nicolas abrira os olhos escuros percebendo os três sujeitos que mais detestava perto de seu melhor amigo. — Resolveram fazer um piquenique? Era encantador como apenas a presença de Nicolas seria suficiente para fazer Milles se arrepiar por inteiro. Ficar atento em cada movimento seu causavam respostas imediatas de seu corpo. Sejam elas boas ou ruins. — A tampinha de garrafa resolveu acordar pra ajudar o namorado. Que patético. — A cocotinha já está agarrada na sua mais nova presa, que patética. — Retrucava Nicolas olhando para Gabriel com desprezo — Já está com o cheiro dela impregnado, isso me dá dor de cabeça. Milles percebia a ponta do nariz de Nicolas se mover, farejando algo no ar. Assim como notara o olhar rápido lançado o próprio amigo, que não tinha coragem de olhar Gabriel. O baixinho era astuto e rápido, provavelmente chegara na mesma conclusão que ele. O desconforto estava intensificando entre os híbridos. — Aliás, não deveria agradecer o meu irmão? Enquanto seu namorado ficou abanando o r**o pros outros jogadores, foi ele quem teve que ficar de olho em você, bela adormecida. Naquele instante Nicolas olhara para Milles. Geralmente os olhos escuros do capitão refletiam um vazio imenso e agonizante, mas naquele momento o alfa sentia algo a mais. Um brilho. Não um brilho qualquer, mas algo assustador. — Hm... Finalmente resolveu se aproximar, grandalhão? A pergunta tornara sombria a fisionomia de Milles, tendo suas segundas intenções sendo bem compreendidas pelo alfa. — Sempre estou por perto, tampinha. — Pois é... Sempre por perto desde então. O que foi? Já está caindo aos meus pés? — Sobre o que estão falando? — Intrometia-se Sadie desconfiada. Porém, Milles pouco se importara com a presença da irmã, ou de Gabriel e Theodore. Apenas se inclinara na frente de Nicolas mantendo os rostos próximos de uma maneira ameaçadora. Mesmo que sua presença de alfa estivesse intensa com a intenção de submeter aquele beta diante de si, Nicolas não movera um músculo. Interessante. Nicolas passara ser interessante para Milles. Abrindo um sorriso malicioso, o alfa então sussurrara algo que deixaria aquele capitão acanhado pela primeira vez. — Eu vou descobrir o que você esconde, e então veremos quem se ajoelhará primeiro. Até lá tente não gamar, capitão.
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