Sol após uma tempestade

4160 Words
Segurando um guarda-chuva, um garoto ômega descia do ônibus carregando uma mochila nas costas e uma bolsa grande na mão. Olhando em volta, Theodore sentia cada parte do seu estômago se revirar ao seguir o caminho de estrada de terra já tão conhecido por si. A única coisa boa de se visitar o pai era que ele vivia em um sítio fora da cidade pequena. O problema era ter de pegar ônibus para chegar perto da estrada, e a longa caminhada até encontrar o portal que lhe desejava boas vindas. Se fosse em outros tempos certamente o seu pai o buscaria na porta da escola com a caminhonete. Mas aqueles tempos não voltariam mais. Seu pai nem passara mensagem perguntando que horas o loiro chegaria. Theodore não reclamou de sua longa caminhada, apesar de seus pés e costas doerem ao ponto de precisar fazer algumas paradas antes de continuar. Quando avistara o portal azulado com emblemas de touros, o garoto se preparava para mais alguns metros de caminhada até a casa principal, escondida entre árvores ao fundo. Na medida em que caminhava, não fora capaz de reprimir as lembranças de sua infância. Vivia correndo entre as plantações enquanto seu pai e os funcionários da cooperativa trabalhavam na colheita. Ou então das vezes que levara o almoço até seu pai à pedido de sua mãe. Eram bons tempos. Theodore agradecia a bela lembrança. O sol já se punha quando a casa amadeirada fora alcançada. Theodore deixara a bolsa no tapete de boas vindas e respirara fundo para dar três batidas na porta. Por um instante desejara que não fosse atendido, que não houvesse gente na casa para que pudesse entrar e ir direto ao seu antigo quarto se trancar. Mas a porta fora aberta. Uma mulher a abrira. O sorriso jovial da mulher ômega de cabelos compridos e escuros surpreendiam o loiro. Ela abrira a porta e tinha os olhos brilhando em alegria sem esconder uma centelha, quando dera um passo em direção do garoto. — Theodore, não é? O loiro piscara algumas vezes, se sentindo tímido com a aura brilhante que aquela mulher emanava. Timidamente concordara com a cabeça, apertando a alça da mochila em seu ombro. — Ahn... — Sou Maggie, a noiva. — Ria ela se agachando para pegar a bolsa no chão a puxando para dentro, dando passagem pro rapaz. Fechando o guarda chuva, Theodore retirara os sapatos lameados antes de entrar na casa. Olhando em volta, percebia que a casa parecia mais iluminada do que se lembrava. — Já estava preocupada com a sua demora em chegar. Pensei que tivesse tido algum problema no caminho. Voltando a olhar a ômega, Theodore percebia que ela era mais baixa que ele. — A chuva deixou o caminho bem escorregadio, caminhei com calma. — Você veio... Andando? — Percebendo os olhos esbugalhados da moça, Theodore apenas concordara com a cabeça. — Deveria ter ligado, eu poderia ter te buscado. — Não quero incomodar. — Não é incomodo. Seremos uma família em breve, não é mesmo? As bochechas de Theodore ruborizavam ao se deparar com os olhos brilhantes daquela mulher reluzirem felicidade. Pelos céus, como ficava sem graça perto de uma mulher daquelas. Elas sempre pareciam bonitas que m*l saberia o que dizer em resposta. Então o rapaz limitou-se em sorrir e acenar. Fugindo daquele brilho pessoal da mulher, Theodore passara a olhar em volta da casa notando o silêncio. Não havia visto a caminhonete na garagem, e pela ausência da aura intimidadora, certa pessoa não deveria estar em casa. — Ele ainda não chegou. — Sussurrava a mulher deixando a bolsa de Theodore sobre o tapete da sala — Na verdade hoje chegará tarde, já que a cooperativa quer planejar a próxima temporada. — Ah... Certo... — Não precisa ficar nervoso. — Ria ela, fazendo um leve afago no ombro de Theodore. — Na verdade eu estava bastante ansiosa pra te conhecer, já que seu pai tem fotos suas no escritório dele. Inconscientemente Theodore olhara para a estante da televisão, onde costumavam ter fotos suas e de sua mãe. No lugar haviam retratos do pai e de Maggie. Se ele tivesse jogado fora suas fotografias, o ômega não ficaria surpreso como agora. — Bem... Aqui estou. — Obrigada por ter vindo. Já comecei a fazer o jantar, o que acha de ir pro seu quarto tomar um banho? — Certo, então eu vou. Com licença. Ansioso para se livrar daquela sensação constrangedora, Theodore tornara a pegar sua bolsa e fora para as escadas subir até o seu quarto. Maggie parecia ser uma boa pessoa, pelo menos em suas primeiras impressões. Não que Theodore temesse o modelo de madrasta má que torna a convivência de pai e filho um inferno. Isso nem seria necessário, já que o inferno fora instaurado antes da chegada dessa ômega. Se ela fosse boa pessoa, pelo menos Theodore poderia encontrar certa paz naquele final de semana. Assim que entrara em seu antigo quarto, percebera que seus brinquedos e móveis continuavam no lugar. Sorrindo nostálgico, Theodore se sentara na cama dedilhando os brinquedos arrumados na cabeceira da cama. Como adorava brincar com eles, dedicar horas e horas de imaginação e diversão em seu pequeno mundo. Antes de ir tomar um banho, o rapaz se lembrou de ligar para sua mãe avisando que havia chego na casa do pai. Assegurou de que estava tudo bem, e qualquer coisa ligaria pedindo ajuda. Depois de meia hora conversando no telefone, o rapaz abrira a mala pegando uma roupa leve e seguiu para o seu banheiro. Depois de um banho quentinho e roupas confortáveis, Theodore descera as escadas para ir até a cozinha onde vinha o cheiro delicioso do jantar. Parara no último degrau observando Maggie fritar os pedaços de carne, enquanto cantarolava sorridente. “Tente agir naturalmente, Theodore. Naturalmente”. Respirando fundo, o rapaz entrara na cozinha sendo recebido por aquele brilho alegre de sua futura madrasta. Ela apontava para a mesa quase pronta, onde algumas panelas já estavam postas. — Está aquecido? Se tomou chuva, deve se cuidar para não ficar doente. — Estou bem, obrigado. — Deixarei o prato do seu pai pronto no micro-ondas, pra que ele esquente quando chegar — Sussurrava a mulher ao pegar um prato e servir um pouco de cada coisa, sendo constantemente observada por Theodore. — Ultimamente ele tem comido muito tarde, imagino que as coisas no trabalho estão difíceis. — Nessa época é normal. — Não é? Haha. Depois de ter guardado o prato no micro-ondas, Maggie voltara ao fogão para pegar os últimos pedaços de carne que fritara. E então ela se sentou de frente ao rapaz loiro, que começara a se servir. Inicialmente nenhum deles falara alguma coisa, porém a atmosfera não era tensa. Theodore se sentia confortável com a mulher, percebendo o seu esforço em recebê-lo bem. Apesar de deixá-lo um tanto quanto tímido na sua frente, ele se esforçara para puxar assunto. — Como vocês se conheceram? — Maggie erguera os olhos escuros para Theodore — Digo, você e o meu pai? — Ah.. Ele veio dar uma palestra na minha turma de graduação, e eu peguei o seu telefone para fazer estágio na cooperativa. No começo ele era bem fechado e não conversava, mas depois a coisa foi fluindo. — Quanto tempo estão juntos? A mulher mastigou lentamente enquanto pensava então apontou o garfo para o rapaz. — Fazem dois anos que nos conhecemos, mas faz um ano que começamos a ter algo sério. — Encarando o adolescente, ela então baixou os olhos para o seu prato abrindo um sorriso envergonhado. — Parece que fomos rápido demais, não? Theodore negou com a cabeça enquanto cortava a carne em seu prato. Não se lembrava do pai ter comentado alguma coisa à respeito de um novo relacionamento antes daquela fatídica noite. Questionava o quanto ela saberia da briga entre pai e filho, e o que pensava à respeito. Infelizmente nem sempre era fácil perguntar alguma coisa. Comendo silenciosamente, Theodore não desgrudava os olhos de seu prato. Somente quando terminara de comer é que chegara à conclusão de que deveria perguntar. Fazia um ano que não via seu pai e ele tinha curiosidade em saber se havia comentado alguma coisa. Afinal, era o seu pai. Erguendo os olhos para a mulher ômega, a vira comer o restante da salada de tomate em silêncio. Parecia ainda feliz e confortável perto de si, o que lhe dera a pitada de coragem que precisava. — Meu pai... Falou alguma coisa sobre mim? Maggie erguera o rosto para o adolescente, concordando silenciosamente enquanto engolia. Ela puxara um guardanapo de papel para limpar os lábios cruzando os braços sobre a mesa. — Seu pai é bastante conhecido na região, então quando comecei a demonstrar interesse nele alguns colegas já me avisaram que ele era divorciado e tinha um filho. Então, quando as coisas começaram a ficar mais sérias eu pedi que ele me falasse de você. — E então? — Foi a primeira vez que vi Bill parecer tão bobo. — Ria Maggie com um riso baixo — Digo, ele sempre teve a cara amarrada, parecendo frio. Mas quando começou a falar de você parecia apenas um pai feliz e orgulhoso. — E agora, ele fala de mim? A pergunta desfizera o sorriso no rosto de Maggie, e ela apenas negou com a cabeça. Theodore não ficara surpreso, contudo a ponta de tristeza ficara nítida em seus olhos claros. — Na verdade eu insisti muito pra poder te conhecer, porque vamos nos tornar uma família. Digamos que eu venci pelo cansaço. — Imaginei. Fiquei muito surpreso quando minha mãe disse que ele ligou pedindo pra que eu viesse, e que estava para se casar. — É estranho para você? Ver seu pai se casando com outra pessoa? Theodore negou com a cabeça. — Na verdade fico feliz por ele ter alguém do seu lado. Minha mãe casou depois do divórcio e logo engravidou da minha irmã. Então... Não acho estranho que meu pai siga em frente também. — Fico feliz em saber disso, de verdade. Te conhecer é um passo importante para mim, mesmo sabendo que você e seu pai estão passando por um momento delicado. Theodore erguera os olhos para a mulher, que lhe direcionou um sorriso amigável. Suas bochechas ruborizavam na hora. — Você sabia... Do que aconteceu? Lentamente ela balançara a cabeça. — Ele me ligou completamente bêbado. Fiquei preocupada e vim vê-lo, encontrando seu pai em uma situação bem deplorável. Cuidei dele e na manhã seguinte me contou o que havia acontecido. O garoto nunca havia imaginado como o seu pai poderia ter ficado depois daquela noite. Ficara completamente emergido na própria dor, tornando-se cego ao mundo em sua volta. Queria saber mais. Queria entender como foi aquele ano para o pai. Mas tinha receio. Assim como tinha receio de falar tão abertamente com aquela mulher na sua frente. — Ele contou... tudo? — Não guardo segredos do meu noivo. — E você está bem com isso? — Você parece ser um bom garoto, Theodore. Admito que estou mais preocupada que você não me aceite como esposa do seu pai, do que com sua vida s****l. Theodore soltara um riso baixo com tamanha sinceridade da mulher. Aquele riso espantara quaisquer receio entre aqueles dois. O rapaz loiro chegara à conclusão de que ter uma madrasta não seria tão r**m, principalmente quando ele já tinha um padrasto. Então o barulho de um motor anunciava a chegada do assunto principal. Theodore sentira o nervosismo incomodar ao ansiar a porta da frente ser aberta. Sem coragem para vê-lo, o rapaz se levantara juntando a louça suja a levando para a pia, onde começara a lavar. Pudera ouvir a porta ser aberta e a aura pesada entrar na casa amadeirada. — Bem vindo de volta, meu bem. O alfa de cabelos acinzentados olhara na direção da cozinha, onde vira a jovem noiva sentada na mesa de jantar, e logo atrás dela um ômega alto e loiro que não ousara lhe olhar. Pigarreando, o homem apenas apontava para as escadas. — Vou pro quarto, depois eu desço. Sem dar tempo para o momento constrangedor, nem pai e nem filho compartilhavam do mesmo cômodo. Theodore só respirara aliviado quando mais tarde fora para o seu quarto, depois de desejar boa noite à Maggie. Quando finalmente deitara em sua cama, imaginara que o silêncio e o desencontro seriam as melhores formas de evitar o seu pai. 「 • • • 」 No sábado de manhã o g**o cantava às seis da manhã, mas não fora o pobre animal que despertara Theodore de seu sono. O motor barulhento da caminhoneta fora quem o trouxera à realidade. Girando no colchão macio, o rapaz ponderava em dormir até tarde e descer só para almoçar. Por outro lado ficar o dia todo preso no quarto só para evitar seu pai parecia uma ideia bem injusta. Quem tinha lhe convidado fora Maggie, e a ômega parecia ansiosa para que se dessem bem. Então, com um resmungo preguiçoso Theodore se obrigara a levantar da cama e tomar um banho gelado para descer até a cozinha. O seu maior problema era ter alguma discussão com o pai, como na outra vez. No entanto não poderia fugir da realidade, pois era concordar que ele estava errado. Theodore não achava que estava errado. Descendo as escadas, chegara na cozinha sem encontrar ninguém. O rastro do aroma de café e pães frescos levavam para a porta dos fundos, onde havia uma varanda com mesa posta com o café da manhã. Lá estavam sentados seu pai e Maggie de mãos dadas conversando enquanto olhavam a paisagem natural. Não haviam notado a sua presença, e Theodore optara em observá-los por um instante. Enquanto não houvesse tensões, silêncio e mágoas, seria daquele jeito que seu pai sorriria para a sua jovem noiva? Eles pareciam cúmplices que segredavam sussurros. Combinavam, de certa forma. Maggie virou a cabeça para trás alargando o sorriso ao chamar Theodore com a mão. — Bom dia, Theodore. Venha, resolvemos tomar café da manhã aqui fora pra aproveitar a brisa fresquinha. Theodore se direcionou até o casal, evitando olhar para o pai. Maggie puxou sua cadeira para ficar entre os homens estendendo uma xícara para o loiro, que agradecera baixinho. — Gosta de café puro? — Na verdade só tomo com leite... — Imaginei, igual a mim. Aqui querido, leite fresquinho. Nossa Mimosa concedeu um pouco hoje de manhã. — Mimosa? — Ter uma vaca holandesa e não chamá-la de Mimosa é um verdadeiro desperdício, não acha? — Ria a mulher ao servir do leite dentro da xícara de porcelana. Bebericando um gole do leite com café, Theodore também passara a olhar a paisagem do sítio. O gramado verde bem cuidado, as árvores folhosas que proporcionavam uma sombra gostosa e fresca. O som dos pássaros e dos animais. Ao longe conseguia ver algumas cabeças de gado soltos. Por um instante ele sentira uma paz de espírito ali. Até ver alguém se aproximando. Theodore não reconhecera a figura que caminhava em direção deles, mas percebera ser um rapaz jovem. Usava roupas típicas de um peão, não se esquecendo do chapéu característico. Baixando os olhos para a xícara em suas mãos quando ouvira o pai pigarrear, Theodore tentava não mostrar nenhum interesse. — Bom dia Bill, Maggie — Cumprimentava o rapaz, baixando a cabeça em um aceno. Logo arqueando a sobrancelha para o jovem loiro de cabeça baixa — esse é... — Meu filho — Sorria Maggie, passando o braço no ombro de Theodore, fazendo o loiro erguer a cabeça para fitar o rapaz desconhecido. — Theo esse é Beto, filho do meu compadre e nosso peão. Theodore acenava com a cabeça em cumprimento silencioso, arrancando sorrisos do tal Beto. — Sabia que tu tinha filho desse tamanho não. — É filho do Bill, então é meu também. Estamos nos conhecendo melhor. O peão logo notara os belos traços de um jovem garoto. Seus olhos claros, a pele branquinha de alguém que se esconde do sol e os cabelos loiros. Bastante diferente de seu chefe, que tinha a pele bronzeada e os olhos castanhos claros. Beto olhava para Bill, que cruzava os braços e cerrava o cenho para si. — O que veio fazer tão cedo por aqui? — Trabalhar, ora essa. A festa da colheita será hoje à noite, pediram pra matar alguns leitões pra festança. — Veio pedir ajuda é? — Que isso patrão, eu dou conta. Sou homem de força. Bill abrira um sorriso ladino carregado de deboche, e então assentira com a cabeça ao se levantar da cadeira. — Deixa isso comigo. Vá cuidar do gado, logo o sol ficará forte. — Sim senhor! Virando-se para a noiva, Bill lhe afagara os cabelos suavemente. — Volto pro almoço. — Tudo bem... Até mais tarde. Prestes a sair da pequena varanda, Beto arqueara a sobrancelha apontando para o adolescente que permanecera sentado na cadeira. — Ué, patrão... Vai levar o menino com você não? Arregalando os olhos diante do convite surpreendente, Theodore começara a suar de nervoso. Era um tanto quanto comum que os pais levassem seus filhos para ajudarem no trabalho, com a intenção de mostrá-los o que fariam no futuro. Trabalhar em sítio costumava ser algo passado de geração em geração, chegando a dar briga quando o patriarca vinha a falecer. Então a pergunta de Beto não era estranha. No entanto, causara estranheza. A última coisa que gostaria de fazer era ficar sozinho com seu pai em um silêncio constrangedor. De maneira alguma deveria ficariam ficar sozinhos. — Vá logo fazer o teu trabalho. Beto coçara a nuca e acenara antes de seguir o seu caminho silenciosamente. Bill também deixara a varanda, fazendo com que os outros dois suspirassem aliviados pela surpresa. — Essa foi por pouco... — Tome mais um pouco de café com leite, você parece pálido de susto. — Oferecia Maggie, empurrando a leiteira para o rapaz que se servia. — Hoje vocês tem compromisso? — Festa da cooperativa. Apesar de conhecer as pessoas de lá, minhas amigas não estarão. Segundo motivo pelo qual te convidei pra vir aqui. Theodore rira contra a xícara. — Acha que é uma boa ideia eu ir? Digo... É o local de trabalho do meu pai. Ele não deve me querer por lá. — Farei companhia para você, então não precisa ter medo. Ah, geralmente essas festas vão até tarde, os homens adoram beber muito. Então descanse bastante de tarde, viu? — Eu trouxe dever de casa, então acho que vou estudar um pouco... — Ah eu vou deixar o meu notebook no seu quarto caso queira usar. Enquanto isso farei compras na cidade, tudo bem em ficar sozinho por um tempinho? — Tudo bem, pode ir tranquila. E assim fora feito. Depois do café da manhã Maggie saíra com o seu pequeno carro para a cidade deixando Theodore em casa sozinho. Quando retornara para seu quarto encontrara um notebook Dell sobre a escrivaninha, provavelmente deixado enquanto o rapaz fora lavar a louça. Sem muita vontade para estudar de manhã,o loiro ligara o notebook e abrira o navegador para acessar o seu perfil no Orkut. Havia uma solicitação de amizade que não saía de sua página. A foto de perfil do garoto de cabelos escuros e o sorriso gentil fizeram o coração de Theodore bater acelerado afastando as tempestades emocionais. O nome de Gabriel parecia brilhar na tela do computador. Não havia aceitado o seu convite até então, pois imaginava que não iriam se aproximar depois do trabalho que fizeram na biblioteca. Mas no final das contas o jogador continuava a estar sempre do seu lado, e ainda quase haviam se beijado no dia anterior. Só de lembrar a proximidade deles, e o toque do polegar de Gabriel sobre seus lábios... Ah, poderia sonhar acordado. Então ele aceitara a solicitação de amizade, e Gabriel se tornara seu amigo na rede social. Ficou um tempo navegando nas comunidades do orkut, em especial a de web novelas fakes que tanto gostava de perder suas horas lendo. Escolhendo uma nova história mau escrita pra acompanhar, surpreendeu-se quando uma janela do chat subira em sua tela. — Oh céus.... Ele me chamou no chat. O que eu faço? O que eu faço? Clicando para abrir o chat, Theodore lia a mensagem com a mão no peito. “Oi Theodore, pode me passar seu msn?”. — MSN... Ok... Respira fundo. Theodore respondera a mensagem enviando o seu email para o amigo, porém logo se lembrou de não estar logado em sua conta. Rapidamente abrira o programa no computador, saindo da conta de Maggie. — Me desculpe, Maggie, prometo deixar tudo no lugar depois que eu terminar de usar. Assim que entrara em sua conta, recebera o convite vindo de Gabriel. Tão logo aquela manhã já fizera o seu coração acelerar à todo vapor, graças a uma única pessoa. Mordendo os lábios, Theodore não chamara o amigo para conversar, aguardando sua iniciativa com ansiedade. Logo a janela se abrira, e mais uma vez um sorriso bobo crescia no rosto de Theodore. “Gabriel diz: Oi de novo! Aqui é melhor pra conversar. Como está? Theodore diz: Estou bem, e você? Acordou cedo Gabriel diz: Dia de limpeza, fui feito de escravo pela minha mãe. Você também levantou cedo... Theodore diz: Sou um bom garoto, levanto cedo sempre. E o treino ontem, deu tudo certo? Semana que vem sai a chave das eliminatórias. Gabriel diz: Finalmente entendi porque Milles chama o capitão de capiroto. Ele pegou pesado no treino ontem, mas estou vivo.” Arqueando a sobrancelha sem entender direito, logo Theodore se lembrara o motivo, ou possível motivo, para seu melhor amigo ter ficado bravo. Suas bochechas ficaram vermelhas enquanto os dedos se apressavam em digitar. “Theodore diz: Ele falou alguma coisa contigo ontem? Gabriel diz: Não. Deveria? Theodore diz: Claro que não! Só estou perguntando mesmo Gabriel diz: Por acaso ele brigou com você? Por estar comigo?” Theodore mordia os lábios novamente ao pensar em uma resposta. Poderia dizer a verdade, que Nicolas havia pedido para não gostar de Gabriel, mas isso soaria como uma confissão romântica, não? Balançando a cabeça, o rapaz logo tornara a digitar. “Theodore diz: Sabe da briga que ele tem com a Sadie, então Nico sempre pede pra eu ter cuidado. Gabriel diz: Que merda, também ficam pressionando você? Theodore diz: Como assim? Gabriel diz: Vou ser sincero contigo, já que somos amigos agora. Estou ficando de saco cheio de ficarem me pedindo pra me afastar de você. Entendo que rolou alguma coisa no ano passado entre você e o primo da Sadie, mas eu não tenho nada a ver com isso. Já disse que se eu quiser ser o seu amigo, eu vou ser. Ponto.” Encostando-se na cadeira da escrivaninha, Theodore relia a mensagem se questionando o que teria acontecido na tarde anterior para Gabriel parecer tão irritado. Não seria por culpa sua? Por eles dois serem vistos juntos? Será que Gabriel estava sendo pressionado por culpa de Theodore? Se não bastasse aquela pequena culpa em seu peito, a palavra amigo era como um espinho. Como ele poderia considerar Gabriel apenas um amigo, quando desejava ser abraçado e beijado por ele? Rindo de si mesmo pateticamente, o ômega então tornara a digitar. “Theodore diz: Não precisa ficar irritado com esse tipo de coisa. Quando as pessoas descobrem sobre mim, elas já pensam que irei seduzir todo homem bonito que vejo pela frente. Então seus amigos estão sendo cuidadosos com você, assim como Nico é preocupado comigo. Tente ver o lado positivo disso, eles se importam com você. Gabriel diz: ... Então você me considera bonito o suficiente para seduzir?” Imediatamente Theodore se engasgara com a própria saliva, tossindo alto dando leves batidas no peito. O rubor não somente tomara sua face, tornando até as pontinhas das orelhas quentes. — Mas que merda você está pensando? Sem acreditar no que lia, Theodore enterrara o rosto entre as mãos, choramingando de felicidade e vergonha. Ficara alguns minutos sem conseguir voltar a encarar a tela do computador, sendo obrigado a fazê-lo quando a janela da conversa tremera chamando sua atenção. Respirando fundo, ele voltara a responder. “Theodore diz: Estou aqui, não precisa chamar minha atenção seu grosseiro. Gabriel diz: Hahaha foi m*l, não resisti Pensei que tivesse te deixado com vergonha e que fugiria de mim. Theodore diz: E eu tenho alguma chance de fugir? Gabriel diz: De mim? Não mesmo :)” — Se ficar me procurando enquanto tento fugir, como não seria capaz de apaixonar por você? Seu i****a. Com um sorriso nos lábios, Theodore continuara a conversar com Gabriel por toda a manhã. Só saíra de sua conta quando ouvira Maggie voltar das compras, e logo descera para ajudá-la a preparar o almoço.
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